PROPRIEDADES DE PASTA DE PRODUTOS DERIVADOS DA MANDIOCA. RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo analisar as propriedades viscoamilográficas de

Documentos relacionados
PROPRIEDADES DE PASTA DE MISTURAS EXTRUSADAS DE POLVILHO AZEDO E FARINHA DE SOJA INTEGRAL

PROPRIEDADES VISCOAMILOGRÁFICAS DE MISTURAS EXTRUSADAS DE POLVILHO AZEDO E FARELO DE MANDIOCA

EFEITO DE PARÂMETROS DE PROCESSO NA DUREZA DE BISCOITOS EXTRUSADOS DE POLVILHO AZEDO E SOJA

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PROPRIEDADES DE PASTA DE FARINHAS DE MANDIOCA

CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E REOLÓGICAS DE VARIEDADES DE MANDIOCA CULTIVADAS NA BACIA DO AMAZONAS

VERIFICAÇÃO DA TEMPERATURA DE GELATINIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE POLVILHO AZEDO DE DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CLASSIFICAÇÃO FÍSICA DE FARINHAS ORIUNDAS DO ESTADO DO ACRE/BRASIL

ESTUDO DE PROPRIEDADES DE PASTA DE AMIDOS DE MANDIOCA MODIFICADOS COM TRIPOLIFOSFATO (STPP) E TRIMETAFOSFATO (STMP).

ESTUDO DOS AMIDOS MODIFICADOS DE MANDIOCA COM PROPRIEDADES DE EXPANSÃO

ESTUDO DE MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SECAGEM DE POLVILHO AZEDO

EFEITO DA EXTRUSÃO SOBRE O ÍNDICE DE EXPANSÃO E VOLUME ESPECÍFICO EM PRODUTOS À BASE DE POLVILHO AZEDO, MILHO E MANDIOCA

PERFIL VISCOAMILOGRÁFICO DE AMIDOS MODIFICADOS TERMOPLASTICAMENTE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Acta Scientiarum. Technology ISSN: Universidade Estadual de Maringá Brasil

Ciência e Tecnologia de Alimentos ISSN: Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Programa Analítico de Disciplina CAL471 Processamento de Cereais, Raízes e Tubérculos

Usos do amido de mandioca nas indústrias

Desenvolvimento de Amido Modificado com Característica de Expansão

EFEITO DE PARÂMETROS DE MENEGASSI, EXTRUSÃO B. et al. NA COR E PROPRIEDADES DE PASTA DA FARINHA DE MANDIOQUINHA-SALSA (Arracacia xanthorrhiza)

Estudo Comparativo das Propriedades Físico-químicas e Tecnológicas de Amido de Mandioca Nativo e Fermentado

AVALIAÇÃO DA VISCOSIDADE APARENTE DE PASTAS DE AMIDOS NOS VISCOSÍMETROS BROOKFIELD RVDV-II+ PRO E RÁPIDO VISCO- ANALISADOR RVA-4

PROPRIEDADES DE PASTA DE MISTURAS DE FÉCULA, FARELO DE MANDIOCA E FARINHA DE SOJA PARA USO EM EXTRUSÃO

AVALIAÇÃO FÍSICO QUÍMICA E FUNCIONAL DE POLVILHO AZEDO COMERCIALIZADO NA REGIÃO METROPOLITANA MINEIRA

USO DA FARINHA DE MANDIOCA EM PANIFICAÇÃO CASSAVA'S FLOUR IN BREAD-MAKING

Orientador e docente do Centro de Raízes e Amidos Tropicais - FCA/UNESP Botucatu/SP Brasil

Profa. Carmen C. Tadini. Depto. de Engenharia Química Laboratório de Engenharia de Alimentos

Poder de inchamento e solubilidade de amido de arroz submetido ao tratamento térmico com baixa umidade

ISSN Palavras-chave: Extrusão, amido, viscosidade. Botucatu, vol. 25, n.4, 2010, p.50-71

Programa Analítico de Disciplina TAL437 Processamento de Cereais, Raízes e Tubérculos

COMPORTAMENTO DA MASSA DURANTE A ETAPA DE PRENSAGEM NA FABRICAÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA

ANÁLISE SENSORIAL DE EXTRUSADOS SABOR PIZZA PRODUZIDOS A PARTIR DE TRÊS DIFERENTES MATÉRIAS-PRIMAS

EFEITO DE VARIÁVEIS DE EXTRUSÃO EM PROPRIEDADES FíSICAS DE EXTRUSADOS DE FARINHA INTEGRAL DE TRIGO GERMINADO (FITG) Resumo

Efeito da concentração de fibra e parâmetros operacionais de extrusão sobre as propriedades de pasta de misturas de fécula de mandioca e polpa cítrica

Resumo. Introdução. Fernanda Jaqueline Menegusso 1, Amauri Anzolin Viecili 1, Tatiane Pauly², Dermânio Tadeu Lima Ferreira³

ESTUDO DA MARGEM DE COMERCIALIZAÇÃO NOS PREÇOS DE FARINHA DE MANDIOCA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

Área: Ciência de Alimentos CARACTERIZAÇÃO DE AMIDO DE DIFERENTES CULTIVARES DE TRIGO

MODIFICAÇÃO DE AMIDO DE MANDIOCA COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO E ÁCIDO LÁTICO EM DIFERENTES PROCESSOS DE SECAGEM

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, QUÍMICA E TECNOLÓGICA DO POLVILHO AZEDO

EFEITO DAS CONDIÇÕES DE ESTRUSÃO SOBRE A COR DE MISTURAS INSTANTÂNEAS DE FARINHA DE SOJA, FARELO E FÉCULA DE MANDIOCA

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA FARINHA DE MANDIOCA PRODUZIDA EM DIFERENTES ESTADOS DO PAÍS.

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ENROLADINHOS DE SALSICHA A PARTIR DA SUBSTITUIÇÃO DE PARTE DA FARINHA DE TRIGO POR MANDIOCA COZIDA

Produção de biscoitos extrusados de polvilho azedo com fibras: efeito de parâmetros operacionais sobre as propriedades físicas

Estudo Sobre Polvilho Azedo: comportamento do ph da massa fermentada e variação da expansão em diferentes métodos de secagem

AVALIAÇÃO DOS GRÂNULOS DE AMIDO EM PLANTAS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) PROVENIENTES DE AUTOFECUNDAÇÃO

Estudante de química de alimentos, Universidade Federal de Pelotas,

ANÁLISES REOLÓGICAS DE FARINHA MISTA DE FARINHA DE TRIGO (Triticum aestivum) COM FÉCULA DE MANDIOCA (Manihot esculenta) EM DIFERENTES PORCENTAGENS.

APLICAÇÃO DO MIXOLAB NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE REOLÓGICA DE FARINHAS REFINADAS E INTEGRAIS DE TRIGO

CORRELAÇÃO ENTRE MIXOLAB TM E ANÁLISES REOLÓGICAS DE FARINHA DE TRIGO REFINADA

ESTUDO DO EFEITO DA SECAGEM POR RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA NAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DA FÉCULA DE MANDIOCA FERMENTADA

COMPORTAMENTO DA ACIDEZ TOTAL E AMIDO NA PRODUÇÃO DA FARINHA DE MANDIOCA DO GRUPO SECA

APLICAÇÃO DE AMIDOS EM MAIONESE. Walter Tsutomu Yamamoto Setembro, 2005

TESTE DE PANIFICAÇÃO EM PEQUENA ESCALA: RELAÇÃO COM PARÂMETROS REOLÓGICOS EM ANÁLISE DE FARINHA DE TRIGO

CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE DIASTÁSICA DA FARINHA DE CARÁ-DE-RAMA (DIOSCOROEA BULBÍFERA)

EFEITO DOS GRÃOS GESSADOS NOS TEORES DE AMILOSE E PROPRIEDADES DE PASTA DO ARROZ INTRODUÇÃO

Cláudia Simone BALTAZAR

TEMPO DE COZIMENTO DE RAÍZES DE MANDIOCA CULTIVADAS NA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA

APROVEITAMENTO DO GENGIBRE (zingiber officinale) DE QUALIDADE INFERIOR COMO MATÉRIA-PRIMA AMILÁCEA Low quality ginger as a source of starch

Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rod. Admar Gonzaga, 1.346, CEP , Florianópolis - SC.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA FARINHA DE MANDIOCA DO GRUPO D ÁGUA COMERCIALIZADA NA CIDADE DE BELÉM, PARÁ

1 Introdução. Alvaro Renato Guerra DIAS 1 *, Moacir Cardoso ELIAS 1, Maurício OLIVEIRA 1, Elizabete HELBIG 1. Resumo. Abstract

IV WORKSHOP SOBRE TECNOLOGIAS EM AGROINDUSTRIAS DE TUBEROSAS TROPICAIS

Rheological profile of the texture of dough and cheese bread

Palavras-chave: tuberosa, amiláceas, macaxeira. Introdução

REMOÇÃO DE SUBSTÂNCIAS CONTAMINANTES DO ÁLCOOL ETÍLICO POR ADIÇÃO DE CARVÃO ATIVADO

VISCOSIDADE DA FÉCULA DE VARIEDADES DE, MANDIOCA ( 1 )

APLICAÇÃO DO AQUECIMENTO ÔHMICO NA GELATINIZAÇÃO DE AMIDO DE MILHO G. Z. CAMPOS, J. A. G. VIEIRA*

EXPANSÃO DE BISCOITOS Á BASE DE FARINHA DE SOJA, FÉCULA E FARELO DE MANDIOCA EXTRUSADOS SOB DIFERENTES TEMPERATURAS E ROTAÇÕES

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO LÁTICO SOBRE A PROPRIEDADE DE EXPANSÃO EM AMIDOS MODIFICADOS FOTOQUIMICAMENTE

Propriedades de Pasta de Amidos de Arroz Nativo e Acetilados

DESCRIÇÃO DO PROCESSAMENTO DE ELABORAÇÃO DO BEIJU EM AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE MARI-PB

CARACTERIZAÇÃO DA COR INSTRUMENTAL DE FARINHAS DE MANDIOCA COMERCIALIZADAS EM JANAÚBA, MG

EFEITO DA EMBALAGEM NA QUALIDADE DE FARINHAS DE MANDIOCA TEMPERADAS DURANTE O ARMAZENAMENTO

EFEITO DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS DO PROCESSO DE EXTRUSÃO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE SNACKS DE POLVILHO AZEDO

EFEITO DA UMIDADE E ADIÇÃO DE FEIJÃO NAS PROPRIEDADES DE PASTA DE EXTRUDADOS A BASE DE MILHO UTILIZADOS PARA A ELABORAÇÃO DE SOPAS

TEMPO DE COZIMENTO DE RAÍZES DE GENÓTIPOS DE MANDIOCA DE MESA (Manihot esculenta Crantz) SOB SISTEMA IRRIGADO E DE SEQUEIRO)

Aditivos e ingredientes e seus reflexos sobre as propriedades viscoamilográficas de amido de milho

ITEM DESCRIÇÃO NCM IVA-ST SP PRESENTE NOS ACORDOS

ANÁLISE DO TEOR DE HIDROXIMETILFURFURAL DO MEL DE Melipona flavolineata NO DECURSO DO PROCESSO DE DESUMIDIFICAÇÃO POR AQUECIMENTO

CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE VARIEDADES DE SOJA (Glycine max (L.) Merril) EM PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO

AVALIAÇÃO DO TEOR DE CAROTENOIDES TOTAIS E COMPOSTOS CIANOGÊNICOS EM FARINHA DE RASPA DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE EXPOSIÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO LÁTICO NAS CARACTERÍSTICAS DE EXPANSÃO DO AMIDO DE MANDIOCA MODIFICADO

EXTRUSÃO TERMOPLÁSTICA DE ALIMENTOS

TECNOLOGIA DE AMIDOS E DERIVADOS

I - CHOCOLATES MVA AJUSTADO % - 12% MVA Original % ITEM DESCRIÇÃO ,29 50,56 52,41 64,24 66,27 1.2

ACEITAÇÃO SENSORIAL DE CHIPS DE BATATA-DOCE (IPOMOEA BATATAS) E INHAME (DIOSCOREA SPP) FRITOS EM OLEÍNA E ESTEARINA DE PALMA

CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO DE MANDIOCA PARA PRODUÇÃO DE BIO-ETANOL.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE CHIPS DE MACAXEIRA

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DO AMIDO DE MANDIOQUINHA-SALSA (Arracacia xanthorrhiza)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE EMULSIFICANTES SOBRE OS PARÂMETROS DE TEXTURA DA MASSA CONGELADA DE PÃO FRANCÊS ATRAVÉS DE UM PROJETO DE MISTURA

Área: Tecnologia de Alimentos USO DO TESTE DE PELSHENKE PARA PREDIZER A QUALIDADE TECNOLÓGICA DO TRIGO

GRANULOMETRIA E ATIVIDADE DE ÁGUA DE FARINHA DE TRIGO, POLVILHO E TRIGO MOÍDO.

Caracterização química e rendimento de extração de amido de arroz com diferentes teores de amilose

Desenvolvimento de bolos de chocolate a partir da incorporação de produtos da mandioca na farinha de trigo

Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Medicina e Ciências da Saúde Nutrição Trabalho de Conclusão de Curso

ANEXO 1 AO COMUNICADO: SÃO PAULO E SANTA CATARINA ALTERAÇÃO DE ACORDO DE ST.

medium, hard), difficulty in cut in long thin pieces with a manual machine, being those in a

O uso do Amido Modificado Oxidado com características Hidrofóbicas para garantir o baixo teor de umidade em papéis reciclados

Transcrição:

PROPRIEDADES DE PASTA DE PRODUTOS DERIVADOS DA MANDIOCA Bruna Letícia Buzati PEREIRA 1, Magali LEONEL 2 RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo analisar as propriedades viscoamilográficas de diferentes produtos derivados da mandioca, sendo estes (farinhas, farofas, tapioca, sagu, polvilhos, biscoito de polvilho e biscoito mini pão de queijo), de diversas marcas e classificações, comercializados em diferentes localidades do país. Foi determinado o comportamento dos produtos comerciais a base de mandioca quando submetidos a aquecimento utilizando-se o Rapid Visco Analyser (RVA- 4 Newport Scientific) Os resultados mostraram diferenças significativas para os produtos derivados da mandioca para as propriedades de pasta. Foi possível concluir que, as farinhas produzidas no estado de São Paulo (P1, P3 e P9) apesar de apresentarem classificações diferentes mostraram propriedades de pasta semelhantes. As farofas (P5 e P10) apresentaram os menores valores de propriedades de pasta, o que pode ser devido à interferência dos ingredientes adicionados a estas para o tempero. Palavras chave: viscosidade, biscoitos, amido, polvilho azedo SUMMARY: CHEMICAL COMPOSITION OF CASSAVA PRODUCTS. The study aimed to examine the viscosity properties of different products derived from cassava (flour, seasoned flour, tapioca flour, sago, starch and mini-biscuit with cheese flavor) of various brands and grades, marketed in different localities of Brazil. It was determined the behavior of the commercial products when subjected to heating using the Rapid Visco Analyzer (RVA-4 Newport Scientific) The results showed significant differences for derivatives of cassava to the viscosity properties. It could be concluded that the flours produced in São Paulo state (P1, P3 and P9) showed similar properties of viscosity independent of their classifications. Seasoned cassava flours (P5 and P10) had the lowest values of viscosity properties, which may be due to the interference of added ingredients in the stage of seasoning. Key words: viscosity, biscuit, starch, sour cassava starch INTRODUÇÃO Produzida nas mais diversas regiões do país, a mandioca tem sua produção dirigida tanto para consumo direto como para indústria de transformação, onde é utilizada na elaboração de 1 Estudante de Nutrição do Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu/SP. bruh_leticia@hotmail.com 2 Pesquisadora Doutora- CERAT/UNESP, Botucatu/SP. mleonel@fca.unesp.br XIII Congresso Brasileiro de Mandioca 941

diversos produtos como farinha de mesa comum, farinha d água, a farinha panificável, raspas, goma de tapioca, (SARMIENTO, 1993), farinha de raspas, polvilho azedo, mandioca congelada, minimamente processada, farinha seca e mista, mistura da massa ralada e fermentada, que podem ser branca ou amarela, beiju, tucupi, tacacá, entre outros (CARDOSO et al., 2001). A viscosidade é uma das propriedades mais importantes dos materiais amiláceos. A curva de viscosidade representa o seu comportamento durante o aquecimento e permite avaliar as características da pasta formada, devido às modificações estruturais das moléculas de amido e a tendência a durante o resfriamento (SEBIO, 1996). As mudanças que ocorrem nos grânulos de amido durante a gelatinização e a são os principais determinantes do comportamento de pastas desses amidos, as quais têm sido medidas principalmente pelas mudanças de viscosidade durante o aquecimento e resfriamento de dispersões de amido usando equipamentos como viscoamilógrafo Brabender e mais recentemente o viscoanalisador rápido (RVA). Segundo Franco et al. (2001) a viscosidade de pasta do amido, avaliada em viscoamilógrafo, parece ser determinada por dois fatores: o grau de inchamento dos grânulos e a resistência desses à dissolução pelo calor ou a fragmentação pela agitação mecânica. Diante da importância dos produtos derivados da mandioca e da necessidade de conhecimento de suas propriedades de pasta para um melhor controle de processo e também para uma possível valorização destes como ingredientes, este trabalho objetivou analisar as propriedades viscoamilográficas de diferentes produtos derivados da mandioca. MATERIAL E MÉTODOS Os produtos comerciais derivados da mandioca foram: farinhas de diferentes classificações, farofas, polvilho doce e azedo, biscoitos de polvilho e sagu, provenientes de diferentes cidades brasileiras, totalizando 20 produtos. Para a análise das propriedades de pasta as amostras dos produtos amiláceos foram desengorduradas em aparelho Soxleht, desidratadas à 35ºC em estufa de circulação de ar e posteriormente analisadas. Foi utilizado o Rapid Visco Analyser (RVA- 4 Newport Scientific). As suspensões das amostras (2,5g amostra seca em 25mL de água), corrigidas para a base de 14% de umidade, passaram pela programação tempo/ temperatura: 50ºC por 1 minuto, aquecimento de 50 a XIII Congresso Brasileiro de Mandioca 942

95ºC a uma taxa de 6ºC/min, manutenção da pasta a 95ºC por 5 minutos e resfriamento de 95 a 50ºC a uma taxa de 6ºC/minuto. A viscosidade foi expressa em RVU. Do gráfico obtido foram avaliadas as seguintes características: viscosidade máxima (pico), quebra de viscosidade (diferença entre a viscosidade máxima e da pasta mantida a 95 C por 5 min.), viscosidade final e tendência a retorgradação (diferença entre as viscosidades final e da pasta a 50 C por 5 min.). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos mostraram diferenças significativas para os produtos derivados da mandioca para as propriedades de pasta (Tabelas 1,2 e3). O pico de viscosidade se refere ao pico de viscosidade após o início do aquecimento e antes do início do resfriamento da suspensão no viscoamilógrafo. Para as farinhas o maior pico de viscosidade foi observado na farinha seca, média, branca, tipo de Macaíba-RN (P17) e o menor pico, que indica maior degradação da fração amilácea, foi observado na farinha branca comercializada á granel de Salvador-BA (P15). Já nas farofas, a farofa temperada com pequi (P18) foi a que apresentou maior pico de viscosidade, indicando a influência da adição deste sobre a viscosidade do produto. Para os polvilhos e seus produtos, os menores picos de viscosidade foram observados no biscoito mini pão de queijo e no sagu, o que já era esperado devido às características de temperatura dos processos de fabricação. Plevicz (2007), determinando propriedades viscoamilográficas dos amidos de mandioca nativos e modificados em viscoamilógrafo Brabender, verificaram diferença entre amostras de polvilho azedo onde o pico de viscosidade variou de 260 a 320 UB, valores esses que estão abaixo dos encontrados para os polvilhos doces no presente estudo (335,69 e 400,28RVU, para P6 e P7, respectivamente). Este fato ocorre devido às alterações causadas pelo ácido nos grânulo de amido durante a fermentação, resultando em grânulos danificados. Tabela 1 - Médias das propriedades de pasta de farinhas de mandioca comerciais. P1 269,67 117,58 245,42 93,33 P3 110,58 12,67 148,67 50,75 P4 120,08 24,00 154,92 58,83 P9 260,61 126,53 249,69 115,61 P11 230 87,25 249,33 106,58 P12 313,5 212 184,58 83,08 P13 200 64,08 249,33 113,42 XIII Congresso Brasileiro de Mandioca 943

P14 145,42 2,42 275,5 132,5 P15 73,33 8,42 149,08 84,17 P16 325,17 248,83 139,58 63,25 P17 387,08 275,5 199,08 87,5 Tabela 2- Médias das propriedades de pasta das farofas de mandioca. P5 69,47 0,28 140,36 71,77 P10 44,33 20,33 35,5 11,5 P18 230,25 96,17 231,92 97,83 Tabela 3 - Médias das propriedades de pasta dos polvilhos, sagu, tapioca e biscoitos de polvilho. P2 110,17 53,08 66,83 13,74 P6 131,17 22,42 174,92 66,17 P7 168,67 87,58 126,75 45,67 P8 89 11,33 122,83 45,17 P19 244 75,92 274 105,92 P20 116 12,75 172,25 69 A quebra de viscosidade permite avaliar a estabilidade do produto em altas temperaturas, sob agitação mecânica e está diretamente relacionada com o pico de viscosidade. As maiores quebra de viscosidade foram observadas na farinha seca, média, branca, tipo de Macaíba-RN (P17), na farofa temperada com pequi (P18) e no polvilho doce (P7) de São José do Rio Preto-SP. A viscosidade final (VF) é uma característica que vai depender das modificações que ocorrem nas estruturas do grânulo de amido e das moléculas durante o processamento (EL-DASH, 1982). Os resultados obtidos mostraram baixas viscosidades finais nos produtos P2 ( farinha de tapioca de Paranavaí-PR), P16 (farinha torrada amarela de Cláudio-MG) e P10 (farinha temperada bijusada de Garça-SP). A tendência a mede a diferença entre a viscosidade final e o menor valor de viscosidade após o pico. Esta propriedade permite avaliar o comportamento da pasta durante o resfriamento. As menores tendências à dos produtos analisados foram observadas na farinha de tapioca de Paranavaí-PR (P2), na farinha temperada bijusada de Garça-SP (P10) e na farinha seca bijusada amarela de Garça-SP (P3). CONCLUSÃO XIII Congresso Brasileiro de Mandioca 944

A partir dos resultados obtidos foi possível concluir que, as farinhas produzidas no estado de São Paulo (P1, P3 e P9) apesar de apresentarem classificações diferentes mostraram propriedades de pasta semelhantes. A farinha de tapioca (P2) apresentou perfil viscográfico semelhante ao obtido para os polvilhos doces (P6 e P7). O sagu (P8) apresentou perfil semelhante à farinha seca bijusada (P3), contudo, com menor tendência a. As farofas (P5 e P10) apresentaram os menores valores de propriedades de pasta, o que pode ser devido à interferência dos ingredientes adicionados a estas para o tempero. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, E. M. R.; MÜLLER, A. A.; SANTOS, A. I. M.; HOMMA, A. K. O.; ALVES, R. N. B.; Processamento e Comercialização de Derivados de Mandioca no Nordeste Paraense. EMBRAPA Amazônia Oriental. Documentos nº 102 28p. Belém-PA. Junho 2001. EL-DASH, A. A. Aplication and control of thermoplastic extrusion of cereals for food and industrial uses. In: POMERANZ, Y.; MUNCH, L. Cereals a renewable resource: theory and pratice. St. Paul: AACC, 1982. CAP.10, P.165-216. FRANCO, C. M. L. et al. Propriedades do Amido. In: Culturas de Tuberosas Amiláceas Latino Americanas, Propriedades Gerais do Amido. Campinas: Fundação Cargill, 2001. v.1. PLEVICZ, Krischina Singer; DEMIATE, Ivo Mottin. Caracterização de amidos de mandioca nativos e modificados e utilização em produtos panificados. Ciênc. Tecnol. Aliment., v. 27, n. 3, 2007. SARMIENTO, F. M. Z.; Utilização de farinha de macaxeira (Manihot esculenta Crantz) obtida pelo método HEIM em panificação. Fortaleza UFC, (Dissertação de mestrado) 71p, 1993. SEBIO, L. Efeito de alguns parâmetros operacionais de extrusão nas propriedades físicoquímicas da farinha de inhame (Dioscorea rofundata). Campinas, 1996. 106p. Dissertação (mestrado) Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. XIII Congresso Brasileiro de Mandioca 945