Dinâmica populacional e distribuição espacial de Tricolia affinis (Mollusca: Gastropoda) associados a Sargassum spp. no litoral norte de São Paulo.

Documentos relacionados
F. A. Moschetto. Moschetto, F. A. 1

NOTA PRELIMINAR SOBRE A COMPOSiÇÃO DA FAUNA DO FITAL Jania rubens Lamouroux, 1812

Crustáceos associados à macroalga Ulva spp. em praias com diferentes características ambientais

10327 CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA DA ZONA HIPORREICA EM UM TRECHO MÉDIO DO RIO IPOJUCA

ZOOBENTOS DA BARRAGEM DO JAZIGO, SERRA TALHADA, SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO

Resumo. O objectivo deste trabalho foi caracterizar a comunidade bentónica de

Universidade Federal do Rio Grande Programa de Pós-graduação em Oceanografia Física, Química e Geológica. Dinâmica de Ecossistemas Marinhos

ASPECTOS DA BIOLOGIA POPULACIONAL DO TUCUNARÉ (Cichla piquiti) NO RESERVATÓRIO DE LAJEADO, RIO TOCANTINS

COLONIZAÇÃO DA MEIOFAUNA EM SUBSTRATOS ARTIFICIAIS EM ECOSSISTEMA LÊNTICO NO SEMIÁRIDO PARAIBANO. Fábio Lucas de Oliveira Barros

PEA Projeto em Engenharia Ambiental

EDITAL Nº 01, DE 29 DE JANEIRO DE 2016 EDITAL DE CHAMADA DE TRABALHOS

Macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores da qualidade da água em uma lagoa do IFMG - campus Bambuí

Identificação da biodiversidade encontrada no costão rochoso da praia do Caramborê, Peruíbe, São Paulo, Brasil

O melhor lugar para se viver: o caso do camarão-ferrinho 1. Danielle Mayumi Tamazato Santos*

PELD-FURG Reunião nr. 4: nov. 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS. Sandra Cristina Deodoro

RISSO,, 1826 (PHASIANELLIDAE-

Biologia populacional de Parhyale hawaiensis associada ao fital, Itanhém, São Paulo. Lucas Alegretti

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS TIAGO FOGAÇA DE CARVALHO

Dimensão fractal e métodos quantitativos aplicados ao estudo de comunidades do macrobentos marinhos

Composição qualiquantitativa. Halimeda opuntia (Linnaeus) (Chlorophyta) do recife de coral da Pajuçara, Maceió, Alagoas, Brasil

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO COMPORTAMETO DE ANFÍPODES EPIBENTÔNICOS MARINHOS (HYALE SP) EXPOSTOS AO CLORETO DE CÁDMIO

09 a 11 de dezembro de 2015

BIB 124 Diversidade e Evolução dos Organismos Fotossintetizantes Instituto de Biociências Universidade de São Paulo

Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Arquitetura S/N Cidade Universitária Recife (PE), CEP Recife, PE

Dieta de Chelonia mydas (L.) no litoral do município do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

RAFAELA CRISTINA DE SOUZA DUARTE


RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

MICROGASTROPODA CAECIDAE ASSOCIATED WITH MACROALGAE PADINA GYMNOSPORA

ASPECTOS DA BIOMETRIA, FISIOLOGIA E REPRODUÇÃO DE NEOCORBICULA LIMOSA (MOLLUSCA, BIVALVIA) NO LAGO GUAÍBA (PORTO ALEGRE, RS)

Dinâmica da Vegetação Aquática Submersa no estuário da Lagoa dos Patos (Projeto DIVAS)

Biologia Reprodutiva do Siri Exótico Charybdis Hellerii no Litoral Central do Estado de São Paulo, Brasil

DISTRIBUIÇÃO DO ICTIOPLÂNCTON NO MÉDIO RIO URUGUAI: INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS REGIONAIS E LOCAIS

Biodiversidade e Funcionamento de um Ecossistema Costeiro Subtropical: Subsídios para Gestão Integrada. BIOTA/FAPESP - Araçá

USO DA ANÁLISE FAUNÍSTICA DE INSETOS NA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

Malacofauna de três fitais da Praia de Caiobá, Matinhos, Paraná Malacofauna of three phytals from Caiobá Beach, Matinhos, Paraná

Carmen Helena Borges A. Almada¹, Yocie Yoneshigue-Valentin² & Cristina Aparecida Gomes Nassar² * 1

Diagnóstico Qualitativo de Macroinvertebrados Bentônicos no Rio Caramborê - Reserva Sustentável da Barra do Una Peruíbe - SP

Mestrando: Leonardo Martí. Orientador: Dr. Marcos E. C. Bernardes

LISTA DE FIGURAS Figura 1. Área de estudo constituída pelo lago Jaitêua e sua réplica, o lago São Lourenço, Manacapuru, Amazonas, Brasil...

Mapeamento de serviços dos ecossistemas marinhos no PNSACV. Odemira, 11 de Outubro de 2016 Sessão workshop

Conchas bivalves depositadas em três praias de uma unidade de conservação do litoral sul de São Paulo

ESTUDOS DOS MACROINVERTEBRADOS ASSOCIADOS À VEGETAÇÃO AQUÁTICA NO RIO NOVO - FAZENDA CURICACA, POCONÉ, MT

Variabilidade da Precipitação Pluviométrica no Estado do Amapá

Anais III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O SUL DO NORDESTE BRASILEIRO ( ) PARTE 1 ANÁLISE ESPACIAL RESUMO

CARACTERIZAÇÃO DA MACROFAUNA BENTÔNICA EM UM CANAL DE MARÉ DO ESTUÁRIO DO RIO ACARAÚ-CE

VARIAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS DO ICTIOPLÂNCTON EM UMA SUB-BACIA REPRESADA DO SUDESTE DO BRASIL

OBJETIVO: MATERIAIS E MÉTODOS:

TÍTULO: ANÁLISE DE PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS DA ÁGUA E SUA INFLUÊNCIA NA SOBREVIVÊNCIA DOS ORGANISMOS DA PRAIA PEREQUÊ-MIRIM UBATUBA-SP.

DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA MEIOFAUNA EM SARGASSUM POLYCERATIUM MONTAGNE (FUCALES, SARGASSACEAE) DE UM COSTÃO ROCHOSO DO NORDESTE DO BRASIL

Biologia populacional das espécies de Ampithoidae (Crustacea, Fucales)

Caracterização da zonação do costão rochoso da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una

ANÁLISE COMPARATIVA DA ATUAÇÃO DO FENÔMENO EL NIÑO /OSCILAÇÃO SUL ENTRE AS CIDADES DE RIO GRANDE E PELOTAS-RS PARA O PERÍODO DE

COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE COPEPODA (CRUSTACEA) NA COLUNA D ÁGUA EM AÇUDE DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

Macroinvertebrados Bentônicos Bioindicadores

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Níveis de organização da vida. Professor: Alex Santos

45 mm PALEOQUEIMADAS NO HOLOCENO DA REGIÃO DE CABO FRIO, RJ

Influência da Complexidade do Habitat e da Sazonalidade sobre a Fauna Associada a Macroalgas de um Manguezal Hipersalino

Variações Granulométricas durante a Progradação da Barreira Costeira Holocênica no Trecho Atlântida Sul Rondinha Nova, RS

ALIMENTAÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DE PEIXES DO CÓRREGO ITIZ, MARIALVA, PARANÁ

Ecologia Marinha. Programa/Conteúdo/Métodos Ensino Teórico e Prático. Pedro Ré (Teóricas) 2007/2008

(GASTROPODA: MELONGENIDAE)

TÍTULO: LEVANTAMENTO DE BRIÓFITAS NA VEGETAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BAURU-SP

A VARIABILIDADE ANUAL DA TEMPERATURA NO ESTADO DE SÃO PAULO 1971/1998: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO MUNDO TROPICAL

TÍTULO: LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DA CLASSE ASTEROIDEA EM PRAIAS DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Marque a opção do tipo de trabalho que está inscrevendo: (X) Resumo ( ) Relato de Caso

DETERMINAÇÃO DE DENSIDADE POPULACIONAL DE Callichirus major NA PRAIA DE JOSÉ MENINO SANTOS E ITARARÉ SÃO VICENTE.

Variação temporal dos isopoda (Crustacea: Peracarida) associados à alga Sargassum vulgare

ICTIOFAUNA DO RIACHO DO JAPIRA, BACIA DO TIBAGI, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR

ENTRE A TERRA E O MAR

Field script for sampling the benthic macrofauna of the intertidal regions of oceanic beaches

Macroinvertebrados bentônicos em riachos de cabeceira: Múltiplas abordagens de estudos ecológicos em bacias hidrográficas

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

ALGAS COMO BIOINDICADORES DE POLUIÇÃO

ESPECTRO BIOLÓGICO DA VEGETAÇÃO DE DUNAS E DE RESTINGA DA ILHA DO CARDOSO, SP

PADRÕES DE TAMANHO E VARIABILIDADE DO DIÂMETRO DE ZYGNEMATALES FILAMENTOSAS DE RIACHOS E RELAÇÃO COM FATORES AMBIENTAIS

CARACTERIZAÇÃO DE DISTÚRBIOS ONDULATÓRIOS DE LESTE EM ALCÂNTARA: ESTUDO DE CASO

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Ecologia e funcionamento de ecossistemas de água doce: ênfase em macroinvertebrados bioindicadores e decomposição de matéria orgânica

TAFONOMIA DE FORAMINÍFEROS NA SUBSUPERFICIE DO TALUDE CONTINENTAL INFERIOR DO ESTADO DA BAHIA Tânia Maria Fonseca Araújo 1 ; Bruno Ribeiro Pianna 2

TENDÊNCIAS DE VARIAÇÃO DA AMPLITUDE TÉRMICA NO BRASIL EM FUNÇÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

CÉLIO ROBERTO JÖNCK INFLUÊNCIA DE UMA QUEDA D ÁGUA NA RIQUEZA, COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA TRÓFICA DA FAUNA DE DOIS REMANSOS DE UM RIO DA MATA ATLÂNTICA

Evidências do Efeito Moran na Sincronia Populacional: Uma Demonstração em Microcosmo Experimental

TÍTULO: PAPEL DOS MACROINVERTEBRADOS NA FRAGMENTAÇÃO FOLIAR E A INFLUÊNCIA DO APORTE DE FOLHAS DE EUCALIPTO EM UM RIACHO TROPICAL.

Análise do aquecimento anômalo sobre a América do sul no verão 2009/2010

Consulta por Classificação / Área Avaliação

Brachyura (Decapoda, Crustacea) of phytobenthic communities of the sublittoral region of rocky shores of Rio de Janeiro and São Paulo, Brazil

EFEITO DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE INSETOS AQUÁTICOS DE UM RIACHO DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

DIETA ALIMENTAR DE Genyatremus luteus (BLOCH, 1790) - (TELEOSTEI, PERCIFORMES: HAEMULIDAE) NA BAÍA DE SÃO JOSÉ, MARANHÃO, BRASIL

Estrutura das Algas Perifíticas na Planície de Inundação do Alto Rio Paraná

A B C D E. ONTOGENIA INICIAL DA PIABANHA (Brycon insignis), Souza, G (2003).

VARIABILIDADE CLIMÁTICA DA TEMPERATURA NO ESTADO DE SÃO PAULO. Amanda Sabatini Dufek 1 & Tércio Ambrizzi 2

Relação entre a precipitação pluvial no Rio Grande do Sul e a Temperatura da Superfície do Mar do Oceano Atlântico

Workshop sobre Atividades com Interferência em Áreas com Presença de Rodolitos. 17 e 18 de agosto de 2015 Rio de Janeiro

CAECIDAE GASTROPODS FOUND IN BEDS OF THE MUSSEL Perna perna (BIVALVIA: MYTILIDAE), ON THE ROCKY SHORES OF BENEVENTE BAY, ESPÍRITO SANTO STATE

ANÁLISE PRELIMINAR DO IMPACTO DO RESERVATÓRIO DE ITÁ NO CLIMA LOCAL. Maria Laura G. Rodrigues 1 Elaine Canônica 1,2

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA MEIOFAUNA NO ESTUÁRIO DO RIO FORMOSO, PERNAMBUCO, BRASIL

INFLUÊNCIA DE LA NIÑA SOBRE A CHUVA NO NORDESTE BRASILEIRO. Alice M. Grimm (1); Simone E. T. Ferraz; Andrea de O. Cardoso

Transcrição:

ISSN 1517-6770 Dinâmica populacional e distribuição espacial de Tricolia affinis (Mollusca: Gastropoda) associados a Sargassum spp. no litoral norte de São Paulo. Pedro Henrique C. Pereira 1, Patrícia Castilho de Biasi 2 & Giuliano Buzá Jacobucci 3. 1 Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Centro de Tecnologia e Geociências - Cidade Universitária - 50670-901, Recife - PE. E-mail: pedrohcp2@yahoo.com.br 2 Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos - UNIFEOB - Avenida Dr. Octávio Bastos s/n - Jardim Nova São João. São João da Boa Vista São Paulo 3 Laboratório de Ecologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia - Rua Ceará s/n - Campus Umuarama - 38400-902, Uberlândia - MG. Abstract. Population dynamics and spatial distribution of Tricolia affinis (Mollusca:Gastropoda) associated with Sargassum spp. in the north coast of São Paulo. This work investigated the population dynamics and spatial distribution of the gastropod Tricolia affinis associated with the brown algae Sargassum spp., in three beaches of the north coast of São Paulo state (Fortaleza, Lázaro e Perequê-Mirim). To examine the spatial variation of T. affinis 15 fronds of Sargassum were randomly collected in the infralitoral region of each beach. To examine the population dynamics of the gastropods as well as the variation of Sargassum biomass and epiphytes, monthly collections were made between June 2000 and May 2001 at Fortaleza beach. Differences in gastropod density were only registered between Lázaro and Perequê-Mirim. The abundance of gastropods recorded at Perequê- Mirim, and the biomass of Sargassum and epiphytes proved to be different from Lázaro, probably due to the influence of environmental factors. With regard to population dynamics, we observed the presence of T. affinis juveniles in all sampling periods, with an increasing trend in November and December 2000 and a wide variation in gastropod size structure. This data suggest continuous reproduction of the species throughout the year; a relatively common pattern for the phytal macrofauna of tropical and subtropical regions. Key words: Phytal gastropods, seasonal variation, epiphytes and southeastern Brazil. Resumo. No presente trabalho foi investigada a dinâmica populacional e a distribuição espacial do gastrópode Tricolia affinis associado à alga parda Sargassum spp., em três praias do litoral norte do Estado de São Paulo (Fortaleza, Lázaro e Perequê- Mirim). Visando analisar a distribuição espacial de Tricolia affinis, foram coletadas aleatoriamente 15 frondes de Sargassum na região do infralitoral de cada praia. Para analisar a dinâmica populacional do gastrópode, assim como a variação da biomassa do Sargassum e das epífitas, foram realizadas coletas mensais entre junho de 2000 e maio de 2001, na praia da Fortaleza. Foi registrada diferença entre a densidade de gastrópodes somente entre as praias do Lázaro e Perequê-Mirim. A abundância de gastrópodes registrada na praia do Perequê-Mirim, assim como a biomassa de Sargassum e das epífitas mostrou-se diferente da praia do Lázaro, provavelmente devido à influência de fatores ambientais. Com relação à dinâmica populacional, observou-se a presença do de juvenis de Tricolia affinis em todos os períodos de coleta, com uma tendência de aumento em novembro e dezembro de 2000 e uma grande variação na estrutura de tamanho dos gastrópodes. Esses dados sugerem reprodução contínua da espécie ao longo do ano, padrão relativamente comum para a macrofauna fital de regiões tropicais e subtropiais. Palavras-Chave: Gastrópodes de Fital, Variação Sazonal, Epífitas e Sudeste do Brasil.

8. Pereira et al. Introdução O costão rochoso é considerado um dos mais importantes ecossistemas marinhos e o fital nele presente é primordial para a cadeia trófica costeira (Jones, 1988). As macroalgas e suas epífitas fornecem energia e matéria orgânica tanto para as comunidades não-residentes como para as residentes (Tararam et al., 1986; Dubiaski-Silva, 1999; Ruitton et al., 2000). Os organismos residentes são aqueles que dependem do fital durante grande parte do ciclo de vida (Song et al., 2010). Crustáceos e moluscos são os grupos mais estudados atualmente, por serem os mais abundantes no fital de macroalgas marinhas (Jones, 1988; Güth, 2004), no entanto, os peixes também possuem grande importância relativa nesse ambiente (Ferreira et al., 2001; Pereira & Jacobucci, 2008). As macroalgas bentônicas não disponibilizam para suas comunidades apenas alimentos e refúgio. Elas também fornecem abrigo contra o impacto de ondas (Norton, 1971; Moore, 1978; Hicks, 1980), proteção contra dessecação (Chavanich & Wilson, 2000) e predadores em geral (Güth, 2004). Fatores como hidrodinamismo (Fenwick, 1976; Hicks, 1980; Masunari, 1982; Dean & Connel, 1987), disponibilidade de alimento (Werner & Hall, 1977; Marx & Herrnkind, 1985), complexidade de habitat (Bell et al., 1984; Leite & Turra, 2003) dentre outros, são agentes reguladores importantes das comunidades fitais. A complexidade de habitat é um intensificador da diversidade e densidade de organismos em ecossistemas de água doce e marinhos, por favorecer a ocorrência de refúgios e aumentar a disponibilidade de recursos alimentares (Da Rocha et al., 2006). Algumas espécies de algas podem representar um substrato específico para muitas espécies da epifauna e, por isso, afetam sua abundância e distribuição em determinado ambiente (Hicks, 1980; Chemello & Milazzo, 2002). Muitas espécies de invertebrados que vivem associadas a algas, especificamente gastrópodes do fital, possuem uma característica comum em seu ciclo reprodutivo que é o aumento de densidade com o aumento da biomassa da macrófita, além de uma sincronização de seus ciclos de vida com as flutuações sazonais da alga (Mukai, 1976; Toyohara et al., 1999). O gastrópode Tricolia affinis (C. B. Adams, 1850) (Tricoliidae) possui tamanho que varia de 0,2 a 4,0 mm. Na costa brasileira foi registrado de Fernando de Noronha até Santa Catarina. Estes animais alimentam-se do perifíton (algas e bactérias microscópicas) existente na superfície das algas cobertas por detritos (Marcus & Marcus, 1960). É a espécie de gastrópode mais abundante no litoral norte do estado de São Paulo em bancos de algas pardas do gênero Sargassum, ocorrendo principalmente nas áreas basais das algas onde há maior acúmulo de sedimento (Montouchet, 1979; Lima, 1996). No presente trabalho foi avaliada a distribuição espacial do gastrópode T. affinis associado a Sargassum em três praias de Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Além disso, foi avaliada a dinâmica populacional de T. affinis e a existência de relações entre a abundância desse gastrópode e a biomassa de Sargassum e de suas algas epífitas. Área de Estudo Material e Métodos As coletas foram realizadas em bancos de algas com predomínio de Sargassum spp. (Phaeophyta,

Dinâmica populacional e distribuição espacial de Tricolia affinis.9 Fucales), na região de infralitoral das praias da Fortaleza, Lázaro e Perequê-Mirim, na região de Ubatuba, litoral norte de São Paulo (Fig. 1). Figura 1 Mapa de área de coleta e localização das três estações, em três praias do litoral norte de São Paulo (Fortaleza, Lázaro e Perequê-Mirim). A praia da Fortaleza (23º32 S, 45º10 W), localizada na Enseada da Fortaleza, apresenta em sua porção sul uma feição rochosa estreita que avança na direção sudoeste-nordeste. O costão onde foram realizadas as coletas apresenta cerca de 2,5 m de profundidade, podendo ser considerado moderadamente protegido da ação das ondas, segundo critério utilizado por Széchy (1996). A praia do Lázaro (23º30 S, 45º08 W), também localizada na Enseada da Fortaleza, é uma praia de bolso (Curvêlo, 1998). O costão nordeste, onde foram realizadas as coletas, pode ser considerado moderadamente exposto à ação de ondas (Széchy, 1996) e possui cerca de 4 m de profundidade. A praia do Perequê- Mirim (23º29 S, 45º08 W) está localizada na Enseada do Flamengo, local com grande fluxo de barcos de pesca e de lazer. É uma praia com baixa a moderada exposição às ondas (Széchy, 1996). Coleta e tratamento das amostras Para analisar a dinâmica populacional do gastrópode, assim como a variação da biomassa de Sargassum spp. e das epífitas ao longo do ano, foram realizadas coletas mensais entre junho de 2000 e maio de 2001, na praia da Fortaleza. Visando evidenciar padrões de variação espacial na ocorrência de T. afinnis, foram realizadas coletas nas três praias em dezembro de 2003. Em cada praia foram previamente delimitados setores com 50 m de extensão. Nestes setores, foram sorteados 15 pontos, nos quais foram coletadas individualmente 15 frondes de Sargassum spp. As frondes foram raspadas do costão a partir de mergulho livre e posteriormente colocadas em sacos de tecido (voal) com malha de 200 mm. Cada fronde foi lavada separadamente em quatro baldes com água salgada e algumas gotas de formol para que a macrofauna se desprendesse das algas. A água de cada balde foi filtrada em uma peneira de 200 mm. para retenção dos organismos, os quais foram fixados em álcool a 70%. Todos os indivíduos de T. afinnis foram identificados e separados. Os gastrópodes presentes em cada amostra foram separados por classes de tamanho, utilizando-se peneiras com malhas de 0,2 mm, 0,5 mm, 0,75 mm, 1,0 mm, 1,4 mm, 2,0 mm, 2,8 mm e 4,0 mm, e em seguida contados. A densidade de T. affinis em cada amostra foi obtida dividindo-se o número total de gastrópodes pela biomassa seca de Sargassum spp. As algas epífitas associadas às frondes de Sargassum spp. foram removidas manualmente. Em seguida, tanto as frondes de Sargassum spp. quanto

10. Pereira et al. as epífitas, foram colocadas em estufa a 60ºC por 48 horas para obtenção do peso seco. Análise de Dados Para comparar a biomassa de Sargassum spp. e das epífitas e a densidade de gastrópodes entre as praias, foi utilizada análise de variância (ANOVA) unifatorial. Quando as diferenças foram significativas, foi utilizado o teste Tukey para comparações múltiplas. Em cada local de coleta, foi utilizada análise de regressão linear para avaliar a dependência do número de gastrópodes em relação à biomassa de Sargassum e o efeito da biomassa de epífitas sobre a densidade de gastrópodes. Todas as análises foram realizadas utilizando-se o pacote estatístico BIOESTAT 3.0 (Ayres et al., 2003). Em relação à densidade de T. affinis, a praia do Lázaro apresentou a maior quantidade de indivíduos, seguida pela praia da Fortaleza e com menor quantidade Perequê-Mirim (Fig. 2C). Foi observada diferença significativa somente entre as praias do Lázaro e Perequê-Mirim (F 2,42 = 4,0156; p = 0,0247, Teste Tukey p < 0,05). Não foi registrada nenhuma relação entre a biomassa de Sargassum spp. e a abundância de gastrópodes (Lázaro: R 2 = 0,05; p = 0,62; Fortaleza: R 2 = 0,07; p = 0,99; Perequê-Mirim: R 2 = 0,06; p = 0,07). Também não foi observada qualquer relação entre a densidade de gastrópodes e a biomassa de epífitas em nenhuma das praias (Lázaro: R 2 = 0,07; p = 0,96; Fortaleza: R 2 = 0,21; p = 0,49; Perequê-Mirim: R 2 = 0,07; p = 0,81). Resultados Foram registradas três diferentes espécies de Sargassum nas praias amostradas. Na praia da Fortaleza foi encontrada Sargassum filipendula C. Agardh, 1824, já no Lázaro foram coletados espécimes de S. cymosum C. Agardh, 1820 e no Perequê-Mirim S. stenophyllum Martius, 1828. Embora as espécies coletadas em cada praia tenham sido diferentes, com maiores biomassas de Sargassum spp. na praia da Fortaleza, não foi observada diferença significativa entre as praias (F 2,42 = 0,4809; p = 0,6272) (Fig. 2A). As epífitas não foram identificadas em nível específico, mas notou-se claro predomínio de Hypnea musciformis Lamouroux, 1813 (Rodophyta) em todas as praias amostradas, sendo a biomassa de epífitas significativamente maior nas praias do Lázaro e Fortaleza em relação à praia do Perequê- Mirim (F 2,42 = 12,79; p = 0,0001; teste Tukey p < 0,01) (Fig. 2B). Figura 2 Média (+ desvio padrão) da biomassa de Sargassum spp. (A), de epífitas (B) e densidade do gastrópode Tricolia affinis (C) nas praias do Lázaro, Fortaleza e Perequê-Mirim. Analisando as coletas realizadas na praia da Fortaleza mensalmente, evidenciou-se uma tendência de redução da biomassa do Sargassum nos meses de junho de 2000 a janeiro 2001 e variação na biomassa entre os meses de fevereiro de 2001 a março 2001 (Fig. 3A). Em relação às epífitas notou-se um padrão

Dinâmica populacional e distribuição espacial de Tricolia affinis.11 inconstante na variação da biomassa do mês de junho de 2000 até o mês de novembro de 2000. Em dezembro de 2000 houve um pico de biomassa seguido de uma redução brusca e posteriormente a continuação de uma variação aleatória até o mês de maio de 2001 (Fig. 3B). A densidade de gastrópodes analisada mensalmente, também na praia da Fortaleza, indicou uma redução constante nos meses de junho a setembro de 2000 e nos meses seguintes ocorreu um padrão inconstante, com um pico de densidade em dezembro de 2000. Posteriormente houve uma nova redução até maio de 2001 (Fig. 3C). Observou-se a presença de gastrópodes jovens (0,2 a 0,5 mm) em todos os períodos de coleta, com uma tendência de aumento desses indivíduos até novembro e dezembro de 2000. Em Figura 3 Média (+ desvio padrão) da biomassa de Sargassum spp. (A), de epífitas (B) e densidade do gastrópode Tricolia affinis (C) no período de junho de 2000 a maio 2001, na praia da Fortaleza. janeiro e fevereiro de 2001 houve um aumento na freqüência de adultos. Nos meses de março, abril e maio de 2001, não se observou um padrão muito claro, provavelmente devido à baixa densidade dos organismos (Fig. 4). Figura 4 Estrutura populacional de Tricolia afinnis em classes de tamanho referente ao período de junho de 2000 a maio de 2001.

12. Pereira et al. Discussão Efeitos deletérios de epífitas sobre as macrófitas já foram evidenciados em trabalhos no litoral de São Paulo (Paula & Oliveira Filho, 1980) e também no litoral de Pernambuco (Almeida, 2007). Tal fato pode justificar a ocorrência de um padrão instável em relação às biomassas de Sargassum spp. e de epífitas no presente estudo, já que em dezembro de 2000 a biomassa de Sargassum spp. diminuiu consideravelmente, enquanto a de epífitas aumentou. Já em março ocorreu o inverso, com o aumento da biomassa de Sargassum spp. houve uma diminuição significativa nas epífitas. No entanto, considerando-se as três praias amostradas, não foi possível estabelecer nenhuma relação entre a biomassa de Sargassum spp. e de suas epífitas. Fatores físicos como luminosidade, temperatura e presença de nutrientes na água podem influenciar indiretamente ou diretamente na ocorrência de algas associadas a Sargassum spp. (Güth, 2004). Estes fatores podem explicar as diferenças da biomassa de epífitas observadas entre as praias e a variação que houve ao longo do ano. A variação na densidade de T. affinis entre as praias do Lázaro e Perequê-Mirim pode estar relacionada a diferenças no habitat utilizado pelos gastrópodes nesses locais. Embora o gastrópode T. affinis seja encontrado em diversas espécies de algas, incluindo aquelas do gênero Sargassum, sua densidade populacional pode variar em função de características dessas algas (Montouchet, 1979; Lima, 1996; Güth, 2004). Fatores como disponibilidade de substrato de fixação e recurso alimentar podem ser determinantes para sua ocorrência. Observou-se neste estudo que as praias com maior biomassa de epífitas (Lázaro e Fortaleza) apresentaram maiores densidades de gastrópodes. Esse fato pode estar relacionado diretamente à presença das epífitas, visto que maior biomassa de epífitas implica em maior superfície para fixação. Outra possibilidade seria que a maior ocorrência de epífitas esteja associada à maior disponibilidade de alimento, na forma de perifíton recobrindo essas epífitas. Levando-se em consideração que T. affinis e várias outras espécies que vivem associadas a algas se alimentam do biofilme que recobre as macroalgas, seria esperada uma relação positiva entre densidade de gastrópodes raspadores e perifíton (Marcus & Marcus, 1960; Hall & Bell, 1988). No entanto, não foi observada qualquer relação entre a biomassa de epífitas e a densidade de gastrópodes para frondes de uma mesma praia. Isso pode ter ocorrido, pois a relação existente entre as epífitas e a densidade de indivíduos pode ser pouco dependente da biomassa e altamente dependente complexidade das algas. Por exemplo, se há epífitas com ramos finos, isso pode dificultar a fixação dos gastrópodes maiores e conseqüentemente resultará em diminuição de sua abundância (Chemello & Milazzo, 2002). Portanto, pode haver maior ou menor quantidade de indivíduos, dependendo das características de arquitetura da alga e das epífitas. A variação espacial dessas características pode representar, não apenas variação na disponibilidade de recurso alimentar, mas também na proteção contra predadores e movimentação da água (Werner & Hall, 1977) e esses fatores podem influenciar de forma distinta gastrópodes de diferentes tamanhos. Estudos realizados com gastrópodes de fital em regiões temperadas indicam padrões de variação temporal distintos. Toyohara et al. (1999), analisando a dinâmica populacional de dois gastrópodes de fital, Lirularia iridescens e Hiloa tristis, que habitam

Dinâmica populacional e distribuição espacial de Tricolia affinis.13 bancos de fanerógamas no litoral do Japão, observaram que a densidade de gastrópodes aumentou no verão para L. iridescens e aumentou no verão e outono para H. tristis. Já Kanamori et al. (2004), também no Japão, analisando a dinâmica populacional para os gastrópodes do gênero Lacuna spp. associados à alga parda, evidenciaram variações populacionais intensas e movimentação das espécies entre as algas. A menor biomassa de epífitas e a menor densidade de gastrópodes na praia de Perequê- Mirim também podem estar relacionadas a características particulares desse local. O aporte de água continental (presença de uma pluma estuarina constante), proveniente de um riacho, localizado a cerca de 200 m da área de coleta, além da poluição orgânica dessa praia podem desfavorecer tanto epífitas quanto gastrópodes (Moreira, 2006; CETESB, 2009). No presente estudo não foi observado um padrão claro de variação temporal na densidade de T. affinis na praia da Fortaleza. Embora a relação entre características das macroalgas (Sargassum e epífitas) e a densidade de gastrópodes possa ser relevante para explicar diferenças espaciais, o mesmo não pode ser dito da relação temporal entre essas variáveis. É possível que parâmetros ambientais locais não mensurados possam ser mais importantes para a variação temporal de T. affinis do que o tamanho das algas, mensurado através de sua biomassa. Os histogramas da estrutura populacional T. affinis indicam grande variação de representatividade de classes de tamanho ao longo dos meses. No entanto, há constância na representatividade de juvenis durante todo o período de amostragem, o que é um indicativo de reprodução contínua ao longo do ano. Esse padrão é relativamente comum em representantes da macrofauna fital, particularmente em ambientes tropicais e subtropicais (Masunari, 1987). Em crustáceos associados a macrófitas, como os anfípodes gamarídeos, por exemplo, há mais de uma geração anual (multivoltinismo) e o crescimento e o tempo de maturação são rápidos (Sainte-Marie, 1991). A grande variação na estrutura de tamanho da população pode estar relacionada à sobreposição de gerações. Como não há informações sobre o ciclo de vida de T. affinis, caso o tempo de geração da espécie seja inferior a 30 dias, o fato das amostragens terem ocorrido mensalmente, pode ter mascarado os padrões populacionais. A sensibilidade à variação das condições ambientais favorece a utilização dos organismos das comunidades fitais, incluindo representantes da malacofauna, como bioindicadores no monitoramento e avaliação de impactos ambientais (Clarke & Ward, 1994; Sánchez-Moyano et al., 2000). Contudo, isso só é possível em regiões onde as investigações taxonômicas e de história natural vêm sendo conduzidas extensivamente (Thomas, 1993). Isso significa que estudos envolvendo dinâmica populacional e interações tróficas em organismos representativos em comunidades fitais, como T. affinis, são fundamentais para posterior avaliação do impacto de distúrbios naturais e antrópicos e elaboração de planos de manejo consistentes. Referências Bibliográficas Almeida, S.M. 2007. Malacofauna associada ao fital de Sargassum spp. no Pontal do Cupe, Ipojuca, PE. Dissertação (Mestrado em Oceanografia) - Universidade Federal de Pernambuco. 82p.

14. Pereira et al. Ayres, M., Ayres, M.Jr., Ayres, D.L. & Santos, A.A.S. 2003. BioEstat 3.0: aplicações estatísticas nas áreas de Ciências Biológicas e Médicas. Belém, Sociedade Civil Mamirauá. Bell, S.S., Walters, K.M, & Kern, J.C. 1984. Meiofauna from seagrass habitats: a rewiew for future research. Estuaries 7: 331-338. Chavanich, S. & Wilson, K.A. 2000. Rocky interdital zonation of gammaridean amphipods in Long Island Sound, Connecticut. Crustaceana 37: 835-846. Chemello, R. & Milazzo, M. 2002. Effect of algal architecture on associated fauna: some evidence from phytal molluscs. Marine Biology 140: 981-990. Clarke, P.J. & Ward, T.J. 1994. The response of southern hemisphere saltmarsh plants and gastropods to experimental contamination by petroleum hydrocarbon. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 175: 43-57. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). 2009. Relatório de qualidade das águas litorâneas no estado de São Paulo 2008. 43p. Curvêlo, R.R. 1998. A meiofauna vágil associada a Sargassum cymosum C. Agardh, na praia do Lázaro, Ubatuba, SP. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo. 50p. Da Rocha, C. M. C.; Venekey, V.; Bezerra, T. N. C.; Souza, J. R. B. 2006. Phytal marine nematode assemblages and their relation with the macrophytes structural complexity in a Brazilian tropical rocky beach. Hydrobiologia 553: 219-230. Dean, R.L & Connel J.H. 1987. Marine Invertebrates in algal succession. II. Tests of hypothesis to explain changes in diversity with succession. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 109: 217-247. Dubiaski-Silva, J. 1999. O fital de Sargassum cymosum C. Agardh, 1820 (Phaeophyta-Fucales) e seu papel na dieta de peixes e branquiúros na ponta das Garoupas, Bombinhas, Santa Catarina. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. 122p. Fenwick, G.D. 1976. The effect of wave exposure on the amphipod fauna of the alga Caulerpa brownii. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 25: 1-18. Ferreira, C.E.L., Gonçalves, J.E.A. & Coutinho, R. 2001. Community structure of fishes and habitat complexity on a tropical rocky store. Environmental Biology of Fishes 61: 353-369. Güth, A.Z. 2004. A comunidade fital: variação espacial e nictimeral da epifauna, especialmente anfípodos, associada à alga parda Sargassum spp. em quatro praias de Ubatuba, Litoral Norte do estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. 109p. Hall, M.O. & Bell, S.S. 1988. Response of motile epifauna to complexity of epiphytic algae on seagrass blades. Journal of Marine Research 46: 613-630. Hicks, G.R.F. 1980. Structure of phytal harpacticoid copepod assemblages and the influence of habitat complexity and turbidity. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 44: 157-192. Jones, G.P. 1988. Ecology of rocky reef fish of northeastern New Zealand: a review. Journal of Marine and Freshwater Research 22: 445-462. Kanamori, M., Goshima, S. & Mukai, H. 2004. Seasonal variation in host utilization of epiphytic Lacuna species in mixed algal and surfgrass stands in Japan. Marine Ecology 25: 51-69

Dinâmica populacional e distribuição espacial de Tricolia affinis.15 Leite, F.P.P & Turra, A. 2003. Temporal variation in Sargassum biomass, Hypnea epiphytism and associated fauna. Brazilian Archives of Biology and Technology 46 (4): 663-669. Lima, L.H. 1996. Modificações na epifauna associada à alga parda de Sargassum cymosum C. Agardh - especialmente malacofauna - litoral norte do Estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP. 91p. Marcus, E. & Marcus, E. 1960. On Tricolia affinis cruenta. Boletim da Faculdade de Ciências e Letras, USP, Zoologia, 24: 335-401. Marx, J. & Herrnkind, W. 1985. Factors regulating microhabitat use by young juvenile spiny lobster, Panulirus argus: food and shelter. Journal of Crustacean Biology 5: 650-657. Masunari, S. 1982. Organismos do fital Amphiroa beauvoisii. I. Autoecologia. Boletim de Zoologia, USP, 7: 57-148. Masunari, S. 1987. Ecologia das comunidades fitais. Anais do Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira 1: 195-253. Montouchet, P.G.C. 1979. Sur la communauté des animaux vagiles associes à Sargassum cymosum C. Agardh, à Ubatuba, Etat de São Paulo, Brésil. Studies on Neotropical Fauna and Environment 18: 151-161. Moore, P.G. 1978. Turbidity and kelp holdfast Amphipoda. I. Wales and S.W. England. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 32: 53-96. Moreira, F. T. 2006. Subsídios para o zoneamento marinho do litoral norte do Estado de São Paulo: um estudo do sucesso do assentamento larval de decápodos costeiros. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. 109p. Mukai, H. 1976. Mollusks on the thalli of Sargassum serratifolium. Venus Japanese Journal of Malacology 35: 119-133. Norton, T.A. 1971. An ecological study of the fauna inhabiting the sublittoral marine alga Saccorhiza polyschides (Lightf.) Batt. Hydrobiologia 37: 215-231. Paula, E.J & Oliveira-Filho, E.C. 1980. Aspectos fenológicos de duas populações de Sargassum cymosum (Phaeophyta-Fucales) do litoral de São Paulo, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 8: 21-39. Pereira, P.H.C. & Jacobucci, G.B. 2008. Dieta e comportamento alimentar de Malacoctenus delalandii (Perciformes: Labrisomidae). Biota Neotropica 8 (3): 141-150. Ruitton, S., Francour, P. & Boudoresque, C.F. 2000. Relationship between algae, benthic herbivorous invertebrates and fishes in rocky sublittoral communities of a temperate sea (Mediterranean). Estuarine Coastal and Shelf Science 50: 217-230. Sainte-Marie, B. 1991. A review of the reproductive bionamics of aquatic gammaridean amphipods: variation of life history traits with latitude, depth, salinity and superfamily. Hydrobiologia 223: 189-227. Sánchez-moyano, J.E., Estacio, F.J., García-Adiego, E.M. & García-Gómez, J.C. 2000. The molluscan epifauna of the alga Halopteris scoparia in southern Spain as a bioindicator of coastal environmental conditions. Journal of Molluscan Studies 66: 431-448. Song, S.J., Ryu, J., Khim, J.S., Kim, W. & Yun, S.G. 2010. Seasonal variability of community structure and breeding activity in marine phytal harpacticoid copepods on Ulva pertusa from Pohang, East coast of Korea. Journal of Sea Research 63: 1-10.

16. Pereira et al. Széchy, M.T.M. 1996. Estrutura de bancos de Sargassum (Phaeophyta- Fucales) do litoral dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo. Tararam, A.S., Wakabara, Y. & Leite, F.P.P. 1986. Vertical distribution of amphipods living on algae of Brazilian interdital rocky shore. Crustaceana 51: 183-187. Thomas, J.D, 1993. Biological monitoring and tropical diversity in marine environments: a critique with recommendations, and comments on the use of amphipods as bioindicators. Journal of Natural History, 27: 795-806. Toyohara, T., Nakaoka, M. & Aioi, K. 1999. Population dynamics and reproductive traits of phytal gastropods in seagrass bed in Otsuchi Bay, northeastern Japan. Marine Ecology 20 (3-4): 273-289. Werner, E.E. & Hall, D.J. 1977. Competition and habitat shift in two sunfishes (Centrarchidae). Ecology 58: 869-876. Recebido: 04/05/2009 Revisado: 09/03/2010 Aceito: 09/04/2010