Avaliação da dinâmica da cobertura vegetal na bacia Forquilha, Ceará, Brasil pelo uso do NDVI

Documentos relacionados
Uso do SEBAL na variação temporal do albedo de superfície na bacia do Forquilha, Ceará, baseado em imagens LANDSAT 5-TM

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE ANÁLISE ESPAÇO TEMPORAL DO NDVI UTILIZANDO O MODELO SEBAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

VARIABILIDADE DO NDVI NA BACIA DO RIO TRUSSU CEARÁ

Saldo de Radiação em Região Semiárida do Nordeste do Brasil

DINÂMICA ESPAÇO-TEMPORAL DA VEGETAÇÃO NO SEMI-ÁRIDO CEARENSE/BRAZIL

ESTIMATIVA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM ÁREAS COM DIFERENTES CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS UTILIZANDO O ALGORITMO SEBAL

ESTIMATIVA DO ALBEDO E TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE UTILIZANDO IMAGENS ORBITAIS PARA O MUNICÍPIO DE BARRA BONITA SP

ESTIMATIVA DO FLUXO DE CALOR NO SOLO UTILIZANDO O ALGORITMO SEBAL/METRIC E IMAGENS SATÉLITES NA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA

PREDIÇÃO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL POR SENSORIAMENTO REMOTO ATRAVÉS DE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO 1

Estimativa dos valores de Saldo de Radiação e de Fluxo de Calor no Solo no município de São José do Sabugi PB (Brasil), utilizando o algoritmo SEBAL

ANÁLISE DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO DA DIFERENÇA NORMALIZADA PARA CIDADE DE TRIUNFO/PE UTILIZANDO IMAGENS DO SATÉLITE LANDSAT 5 TM E O ALGORITMO SEBAL.

SENSORIAMENTO REMOTO NA ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO BALANÇO DE ENERGIA E EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REGIÃO SEMIÁRIDA.

Estimativa do albedo da superfície para o município de Itaituba PA a partir de imagens TM Landsat 5

SALDO DE RADIAÇÃO POR MEIO DE IMAGENS ORBITAIS NA REGIÃO DA CHAPADA DO ARARIPE 1

DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ENERGETICO FOTOVOLTAÍCO NA REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI POR IMAGEM DE SATÉLITE

UTILIZAÇÃO DE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO PARA ÁREAS PRÓXIMAS AO RESERVATÓRIO EPITÁCIO PESSOA DURANTE PERÍODO DE CRISE HÍDRICA ( )

ANÁLISE TEMPORAL DO USO DA TERRA UTILIZANDO ÍNDICES VEGETATIVOS NA CHAPADA DO APODI CE

USO DO SENSORIAMENTO REMOTO NA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS VULNERÁVEIS AO PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO

ANÁLISE DO ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR EM AREAS DE CULTIVO DE CANA-DE- AÇUCAR NA MICRORREGIÃO DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS, ALAGOAS UTILIZANDO O ALGORITMO SEBAL

Universidade Federal do Ceará - UFC/DENA Caixa Postal Fortaleza - CE, Brasil

Saldo de radiação e Fluxo de calor no solo para a Micro Bacia Hidrográfica de Serra Branca PB Usando técnicas de Sensoriamento remoto

ANÁLISE DOS PARÂMETROS FÍSICOS DA SUPERFÍCIE DO SOLO EM CAATINGA PERNAMBUCANA

Anais III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006

DIAGNÓSTICO DA VARIABILIDADE ESPACIAL DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE NUM MUNICÍPIO DO SEMI-ÁRIDO PERNAMBUCANO

Celina Cândida Ferreira Rodrigues 1 ; Jéssica Gomes Fontes Nery 2 ; Thomás Rocha Ferreira 3 ; Bernardo Barbosa da Silva 4


USO DE IMAGENS TM LANDSAT 5 PARA ANÁLISE DO ALBEDO E SALDO DE RADIAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CAMARAGIBE: DESTAQUE PARA SÃO LUIZ DO QUITUNDE-AL

EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL DIÁRIA UTILIZANDO PRODUTOS DO SENSOR MODIS/TERRA NA BACIA DO RIO PARACATU

VARIABILIDADE ESPAÇO TEMPORAL DO EVI E DO FLUXO DE CALOR NO SOLO NO SERTÃO DE PERNAMBUCO COM BASE EM IMAGENS DO MODIS/TERRA

ANÁLISE DA VARIAÇÃO DOS ÍNDICES DE VEGETAÇÃO EM ÁREA CONTENDO A BACIA DO RIO PRATAGY-AL

ANÁLISE DA VARIABILIDADE DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO NDVI EM DIFERENTES TIPOS DE COBERTURA VEGETAL NA BACIA DO RIACHO JARDIM/CE

USO DE ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NA AVALIAÇÃO DA VARIAÇÃO DE COBERTURA VEGETAL NA ÁREA RURAL DO MUNÍCIPIO DE MACEIÓ

DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO ATRAVÉS DE IMAGENS METEOSAT-8

Alexandro Medeiros Silva 1 Richarde Marques da Silva 2

DETERMINAÇÃO DAS COMPONENTES DO BALANÇO DE ENERGIA À SUPERFÍCIE COM TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO NA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA

ESTIMATIVA DO SALDO DE RADIAÇÃO UTILIZANDO IMAGEM DO SENSOR MODIS/TERRA EM SUB-BACIAS DO PARACATU

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

Análise da Variabilidade Espaço-Temporal da Evapotranspiração na Parte Cearense da Chapada do Araripe

PALAVRAS-CHAVE: SEBAL, bacia hidrográfica, planejamento ambiental.

Determinação da temperatura instantânea da superfície terrestre da cidade de Maceió- Al, com base em imagens TM - Landsat 5.

Bolsista: Graduanda em Biologia, UNICAMP, Campinas-SP, Colaboradora: Graduanda em Geografia, UNICAMP, Campinas-SP.

Avaliação do Albedo de Superfície Utilizando Imagens do Satélite Landsat 5 TM e o algoritmo SEBAL. Gabriel Alves Veloso 1 Roberto Rosa 1 1

Análise da detecção de mudanças espaço-temporal da cobertura vegetal com base na comparação das técnicas MTVI e Change Detection

DETECÇÃO DE MUDANÇAS DO SOLO E DA VEGETAÇÃO NO BAIXO SÃO FRANCISCO

Utilização do IVAS e da Temperatura da superfície para análise multitemporal das mudanças ambientais no Parque Natural da Serra da Estrela (Portugal)

MONITORAMENTO ESPAÇO-TEMPORAL DE ÍNDICES ESPECTRAIS DE VEGETAÇÃO PARA A BACIA DO RIO GRAMAME-PB

DIAGNÓSTICO DE ALBEDO DE SUPERFÍCIE EM ÁREA DEGRADA NO SEMI- ÁRIDO NORDESTINO

Estudo comparativo entre o IVDN e a Precipitação na região Oeste Potiguar. Comparative study NDVI and rainfall in the Western Potiguar region

evapotranspiração e produção imagens landsat 8 no perímetro irrigado nilo coelho parte A: variações espaciais resumo

Estimativa dos valores de saldo de radiação e fluxo de calor no solo em diferentes condições antrópicas na bacia do rio Ji-Paraná, Rondônia

BALANÇO DE RADIAÇÃO EM ÁREAS IRRIGADAS UTILIZANDO IMAGENS LANDSAT 5 - TM

José Hamilton Ribeiro Andrade (1); Érika Gomes Brito da Silva (2)

Revista Brasileira de Geografia Física

NYRON FERNANDO SILVA DA COSTA 1,2 FREDERICO TEJO DI PACE 2 SAMUELLSON LOPES CABRAL 2

Revista de Geografia (UFPE) V. 31, No. 2, REVISTA DE GEOGRAFIA (UFPE)

DINÂMICAS ESPECTRO-TEMPORAIS DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA CE COM UTILIZAÇÃO DE IMAGENS SATÉLITE

VALIDAÇÃO DO ALGORITMO SEBAL NO PERIMETRO IRRIGADO SENADOR NILO COELHO PETROLINA-PE RESUMO

Revista Brasileira de Geografia Física

2 Doutor Prof. Instituto de Ciências Atmosféricas, ICAT/UFAL,

DETERMINAÇÃO DO ALBEDO NO MUNICIPIO DE BELEM DO SÃO FRANCISCO, COM BASE EM IMAGENS LANDSAT 7

Características do saldo de radiação na Amazônia Ocidental

Revista Brasileira de Geografia Física

Estudo do índice de área foliar de pastagens em diferentes níveis de degradação com aplicação de imagens Landsat 5 - TM e dados de campo 1

6º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica - CIIC a 15 de agosto de 2012 Jaguariúna, SP

DETERMINAÇÃO DO ALBEDO DA SUPERFÍCIE A PARTIR DE DADOS AVHRR/NOAA E TM/ LANDSAT-5

evapotranspiração no perímetro irrigado de JAÍBA utilizando imagens de satélite

COMPARAÇÃO ENTRE OS DESEMPENHOS DOS ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NDVI, SAVI E IAF NO MONITORAMENTO DA VEGETAÇÃO DA BACIA DO RIO PIRAPAMA - PE

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Determinação do albedo e índice de área foliar usando o sensor TM / LANDSAT 5

ESPACIALIZAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL POR SENSORIAMENTO REMOTO EM REGIÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO 1

Análise da Formação de Ilhas de Calor em Fortaleza-CE por meio de imagens de satélite

AVALIAÇÃO DO ALBEDO EM ÁREAS AGRÍCOLAS IDENTIFICADAS A PARTIR DE ÍNDICES DE VEGETAÇÃO

Comparação entre índices de vegetação para análise da vegetação de caatinga no cariri paraibano

Diagnóstico do albedo de superfície e índice de área foliar na bacia hidrográfica do rio Tapacurá - PE

PROCESSAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA CARACTERIZAÇÃO DE USOS DO SOLO

INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO NA RESPOSTA DA VEGETAÇÃO EM SÃO JOÃO DEL-REI

USO DE SENSORIAMENTO REMOTO NA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS SUSCEPTÍVEIS A DESERTIFICAÇÃO NA MICRORREGIÃO DE VITÓRIA DA CONQUISTA BA

Obtenção do albedo e IVDN em áreas heterogêneas do estado do Ceará com imagens TM - Landsat 5 e algoritmo SEBAL/METRIC

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO DO SUB-MÉDIO SÃO FRANCISCO EM EVENTOS CLIMÁTICOS DE EL NIÑO E LA NIÑA

ANÁLISE COMPARATIVA DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE OBTIDA COM O AUXÍLIO DE IMAGENS ORBITAIS E TEMPERATURA MEDIDA NA CIDADE DE IGUATU-CE

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO E DO NÚMERO DE DIAS DE CHUVA NO MUNICÍPIO DE PETROLINA - PE

OBTENÇÃO DO ALBEDO DE ÁREAS IRRIGADAS E DE VEGETAÇÃO NATIVA EM PETROLINA E VIZINHANÇAS COM IMAGEM LANDSAT 7 - ETM+

Observar que o cosseno do ângulo zenital Solar é igual ao seno do ângulo de elevação Solar.

ANÁLISE COMPARATIVA DO ALBEDO DA SUPERFÍCIE MEDIDO SOBRE A CULTURA DE BANANA E ESTIMADO ATRAVÉS DE IMAGENS MODIS/Terra

Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE 2 Rua Manoel de Medeiros, S/N. Dois Irmãos, Recife-PE

APLICAÇÃO DO NDVI EM ÁREA DE DESERTIFICAÇÃO NO CEARÁ Henrique Ravi Rocha de Carvalho Almeida1, Djane Fonseca da Silva2

RELAÇÃO PRELIMINAR ENTRE IVDN OBTIDOS DO AVHRR/NOAA E TM/LANDSAT

Caracterização de anos secos e chuvosos no Alto do Bacia Ipanema utilizando o método dos quantis.

ESTIMATIVA DO BALANÇO RADIATIVO EM ÁREA DE CAATINGA ATRAVÉS DE IMAGENS ORBITAIS MODIS. Francineide A. C. Santos 1, Carlos A. C.

Roteiro Detecção de informações usando satélites Produtos oriundos de Imagens NOAA Índice de vegetação como indicador de respostas das plantas às cond

Área verde por habitante na cidade de Santa Cruz do Sul, RS

BALANÇO DE RADIAÇÃO PELO EMPREGO DO ALGORITMO SEBAL E IMAGEM LANDSAT 8 NO MUNICÍPIO DE TABULEIRO DO NORTE-CE

DETERMINAÇÃO DE NDVI E ALBEDO DE SUPERFICIE NO MUNICIPIO DE JABOATÃO DOS GUARARAPES PE A PARTIR DE IMAGENS DO SATELITE LANDSAT 5 TM

Proposta de utilização da interface Python/ArcGIS para o cálculo do albedo superficial através de imagens Landsat 5 -TM

ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE EM RESPOSTA À COBERTURA VEGETAL NA BACIA DO RIBEIRÃO DAS POSSES, MINAS GERAIS

Fechine,J.A.L.;Galvíncio,D.J./ Rev. Geogr. Acadêmica v.2 n.3 (xii.2008) 60-67

AVALIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DO SALDO DE RADIAÇÃO NO FOOTPRINT DO SENSOR LAS (LARGE APERTURE SCINTILLOMETER)

Elvis Bergue Mariz Moreira 1 Ranyere Silva Nóbrega 1

Uma aplicação da banda termal do TM/Landsat-5 no gerenciamento dos recursos hídricos. Marcelo Theophilo Folhes

Eng. Agrônomo/ Ph.D. Eng. de Irrigação, Pesq. Sênior Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG, Fone (31) ,

Transcrição:

Avaliação da dinâmica da cobertura vegetal na bacia Forquilha, Ceará, Brasil pelo uso do NDVI Joseilson Oliveira Rodrigues 1 Eunice Maia de Andrade 1 Luiz Carlos Guerreiro Chaves 2 Francisco Dirceu Duarte Arraes 1 1 Universidade Federal do Ceará - UFC Caixa Postal 12168-60455-970 - Fortaleza - CE, Brasil wilson_agronomia@hotmail.com eandrade@pq.cnpq.br dirceutid@yahoo.com.br 2 Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - FUNCEME Av Rui Barbosa 1246, Aldeota, CEP 60115-221, Fortaleza - CE, Brasil luizcarlos@funceme.br Abstract. Four Landsat 5 images from a specific time of four-year were used to investigate the variation of NDVI and to estimate the possible processes of degradation on Forquilha watershed, Ceará, Brazil, during the four years. The images used were gotten from the Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), corresponding to the years of 1985, 1996, 1997 and 2004. The temporal variability Normalized Different Vegetation Index (NDVI), were investigate using the algorithm SEBAL (Surface Energy Balance Algorithms for Land). The results show changing on the watershed scenery during the time of study, in which the biggest alterations was in the period of 1996 to 1997. Getting the evidence of total precipitation influence on the months before according to the variation of NDVI, in which the biggest reduction found was in the year of 1997, when was confirmed a long dry period on the Forquilha watershed. It was confirmed an increase in the NDVI values on the dam surrounded area and in the bounders from the main river which indicates the practice of agricultural management and repairer zone preserved. Palavras chave índice de vegetação, semi-árido, sensoriamento remoto, Sebal, vegetation index, semi-arid, remote sensing, Sebal. 1. Introdução A região nordeste do Brasil apresenta uma característica marcante no tocante da variabilidade inter e intra-anual da precipitação pluviométrica, tendo essa, passado ao longo do tempo por vários episódios de secas, que associados a intervenção antrópica, tem culminado em freqüentes processos de degradação. Essas ações do clima e do homem influenciam de maneira expressiva as condições de cobertura vegetal de uma região, que quando removida, pode trazer uma série de outros problemas como, perda da estrutura e fertilidade dos solos, sedimentação, redução da diversidade das espécies presentes no bioma, e até degradação completa de uma região, dependendo de sua intensidade (Li, et al. 2004; Barbosa, et al. 2006). A conscientização desses problemas cresceu, e os estudos sobre mudanças globais e seus impactos têm sido destacados no campo das ciências da natureza. Dentro desse campo, a variável biofísica, Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) tem dado importante contribuição no entendimento das modificações que ocorrem sobre um ecossistema (Prasad, et al. 2007; Gurgel, et al. 2003). Essa variável apresenta alta variabilidade espaço-temporal, e apresenta-se fortemente influenciada por processos climáticas, principalmente pela precipitação (Li et al. 2004; Anyamba e Tucker, 2005). 6125

A quantificação do NDVI em escala regional ou de bacias hidrográficas tem sido conduzida empregando técnicas de sensoriamento remoto com auxilio de diversos modelos, entre os quais está o SEBAL (Surface Energy Balance Algorithms for Land). Trata-se, pois de um algoritmo semi-empírico desenvolvido inicialmente por Bastiaanssen (1995) e validado em diferentes ecossistemas do globo (Bastiaanssen et al. 1998). Através dele torna-se possível a estimativa de parâmetros essenciais ao monitoramento da degradação ambiental, como o NDVI. O objetivo desse estudo foi avaliar alterações no cenário da bacia Forquilha, através da análise do NDVI em longos e curtos espaços de tempo. 2. Material e Métodos 2.1. Localização e Características da bacia A bacia Forquilha está localizada na bacia do Acaraú, entre as coordenadas geográficas 3º48 27 S a 3º50 63 S e longitudes 40º11 20 W a 40º13 15 W (Figura 1), com uma área de 189,2 km 2. O clima da região é do tipo BSw h, clima semi-árido com precipitações pluviométricas máximas de outono e temperaturas médias superiores a 18 ºC. O regime pluviométrico da área em estudo, como em todo o estado, se caracteriza por uma alta variabilidade espacial e temporal; portanto, o principal problema com relação à pluviometria na região é em decorrência muito mais na irregularidade do regime do que da altura pluviométrica anual (Meireles, 2007). As alturas pluviométricas mensais do período investigado, correspondente aos anos de 1985, 1996, 1997 e 2004, estão presentes na Figura 2. Os solos predominantes são os Argissolos apresentando horizonte B textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade alta, além de uma faixa de Luvissolos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural e alta atividade de argila e saturação por bases com relevo suave ondulado e ondulado (Embrapa, 2006). A vegetação predominante é do tipo caatinga hoperxerófila. Bacia do Acaraú 0 25 50 100 150 200 Km Bacia Forquilha Figura 1. Localização da bacia hidrográfica Forquilha CE, na região Nordeste do Brasil, com detalhe do reservatório Forquilha. 6126

600 500 Precipitação (mm) 400 300 200 100 1985 1996 1997 2004 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Meses Figura 2. Dados pluviométricos da bacia para os anos de estudo (posto Forqulha). 2.2. Aquisição e tratamento da Imagem (Correções Geométricas e recorte) As imagens utilizadas foram geradas pelo sensor TM a bordo do satélite LANDSAT 5, compreendendo a órbita/ponto 218/63 e liberadas pela Divisão de Geração de Imagens (DGI) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O período avaliado nesse estudo compreende as seguintes datas: 29/09/1985 (dia Juliano=272); 11/09/1996 (dia Juliano=254); 30/09/1997 (dia Juliano=273) e 13/09/2004 (dia Juliano=256), todas representativa da estação seca na bacia em estudo. As avaliações das mudanças ocorridas na bacia foram realizadas tanto para todo o período (1985/2004), como para curtos intervalos de tempo (1996/1997), considerandose como indicador dessas mudanças as alterações da variável biofísica Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI. Antes de iniciar o processo de tratamento digital de imagens propriamente dito, realizou-se um pré-processamento, que consiste de empilhamento das bandas, recorte, correções geométricas, processos esses extremamente necessários para melhoria da qualidade dos dados (Versiani et al., 2007). O processamento iniciou-se com o recorte da área de interesse, processo realizado para limitar a área de interesse, diminuir o tamanho do arquivo e reduzir o tempo de processamento computacional, esse foi conduzido a partir de um arquivo shapefile prédefinido da bacia Forquilha empregando a ferramenta AOI do Software Erdas Imagine 8.5. Devido a da banda termal (banda 6), apresentar resolução espacial diferente das demais, 60x60 m para o Satélite Landsat 5 TM, precedeu-se a reamostragem da imagem, permitindo uma resolução de 30x30 m para cada pixel, em todas as bandas espectrais. Posteriormente, estimou-se o parâmetro biofísico NDVI empregando o algoritmo SEBAL (Surface Energy Balance Algorithms for Land) por meio da ferramenta Model Maker do Programa Erdas Imagine 8.5. conforme os passos a seguir, descritos por Allen et al., (2002): A radiância espectral dos canais (1, 2, 3, 4, 5 e 7) foi estimada pela equação proposta por Markham e Baker, (1987): bi ai Lλ = a + ND (1) i i 255 em que: L λi : radiância espectral da i-ésima banda (W m -2 st -1 µm -1 ); a i e b i : coeficientes de calibração de cada banda (W m -2 st -1 µm -1 ); i: bandas (1, 2,..., 7) do Landsat 7 e ND: 6127

número digital de cada pixel na imagem (Allen et al., 2002). Os coeficientes de calibração são encontrados na imagem ou fornecidos por Allen et al. (2002). A reflectância monocromática de cada banda (ρ λi ) foi estimada segundo a equação sugerida por Bastianssen (1995): π L λi ρ λi = (2) kλi cosz d r em que: L λi : radiância espectral (W m -2 st -1 µm -1 ); k λi : irradiância solar espectral no topo da atmosfera (W m -2 µm -1 ); Z: ângulo zenital solar e d r : quadrado da razão entre a distância média Terra-Sol (r o ) e a distância Terra-Sol (r) em determinado dia juliano do ano. O Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), foi computado pela seguinte relação empírica (Allen et al., 2002): ρiv ρv NDVI = (6) ρ + ρ iv v em que: ρ iv : reflectância da banda 4 (infravermelho próximo) e ρ v : reflectância da banda 3 (vermelho). 3. Resultados e Discussão Os resultados das imagens de NDVI entre os anos de 1985 e 2004 estão explicitados nas Figuras 3a e b; a Figura 3c representa o resultado algébrico (subtração) entre as imagens a e b, expressando aumento ou redução dessa variável decorrido um período de 19 anos de análise. Os valores negativos indicam corpos hídricos, perfeitamente confirmados pelo reservatório forquilha a noroeste (NO) da imagem, e alguns outros reservatórios de menor porte dispersos sobre a área (coloração azul). Essa variável quando avaliada em longo prazo, pode ser um importante indicador tanto da desertificação e redução de fitomassa da Caatinga como da recuperação de áreas degradadas. Constataram-se claramente alterações no cenário da microbacia entre os dois períodos, sendo os maiores valores encontradas para a imagem de 2004. Mesmo tendo a bacia, passado por modificações de caráter antrópico durante o período, uma vez que sabe-se não se trata de uma bacia preservada em sua totalidade, já que práticas agrícolas, principalmente as margens do rio Forquilha são constatadas, mesmo assim observou-se um aporte de vegetação, demonstrado o poder recuperação desse bioma quando avaliado em períodos ao longos de tempo. Barbosa et al. (2006), relatam sobre a capacidade de recuperação da vegetação Caatinga em períodos de estiagem. Trata-se, pois de um importante resultado, haja visto que mesmo sendo a Caatinga de alta susceptibilidade a degradação (Barbosa et al. 2006), essa mostrou-se com alto poder de recuperação quando avaliada a longo prazo. Essa capacidade regenerativa em espaços longos de tempo se explica pelo próprio regime hídrico da bacia entre os anos avaliados. Conforme constatações de Gurgel et al. (2003), sabe-se que o NDVI é uma variável significativamente influenciada pelo regime de precipitação pluviométrica de uma região. Para o ano de 1985 o total precipitado na bacia Forquilha foi de 1578, sendo portanto considerado um ano atípico em relação a lamina pluviométrica anual. Já o ano de 2004 apresentou uma altura pluviométrica anual de 681,6 mm, representando uma diferença de 130%. No entanto o total precipitado em 1985 não promoveu um incremento no extrato vegetativo superior ao observado no ano de 2004. Como as aquisições das imagens foram realizadas nos mesmos meses (setembro), representando a estação seca, constatou-se um aporte de vegetação na maior parte da bacia. 6128

(A) (B) ndvi 0 0,001> ndvi 0,20 0,20> ndvi 0,4 ndvi 0,40 (C) aumento aumento aumento redução 0,01> ndvi 0,1 0,1> ndvi 0,3 03 > ndvi 0,9 001 > ndvi 0,7 Figura 3. Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) para a bacia hidrográfica Forquilha CE, em setembro de 1985 (a), setembro de 2004 (b) e álgebra (subtração) entre as duas imagens (c). Observa-se pela imagem de 1985 (Figura 3a), pontos com altos valores de NDVI (<0,4), principalmente ao sul, representam pontos com vegetação densa, pouco característico da região semi-árida. Autores como Prasad et al. (2007), comentam que valores de NDVI dessa magnitude, são típicos de regiões úmidas com maior regime pluviométrico. Esses pontos estão localizados em pontos de maior elevação na bacia, 6129

onde são encontrados vegetação de maior porte, e normalmente mais adaptada a manter folhagem mesmo na estação seca. Esses mesmos pontos na imagem de 2004 (Figura 3b) tiveram o NDVI reduzido, o que não se descarta a possibilidade da remoção da vegetação, uma vez que práticas extrativistas são comuns na região. A diferença da variável NDVI entre os anos de 1985 e 2004, torna-se mais evidente pela análise da Figura 3c, que mostra a imagem oriunda da manipulação algébrica (subtração) entre 3a e b. Por essa operação constata-se que aproximadamente 61,3% da bacia, expressou aumento no NDVI na amplitude de 0,01 a 0,1, expresso pela cor azul da imagem. Observa-se também pela Figura 3c, incrementos nos valores dessa variável a jusante do reservatório Forquilha, e na parte perenizada do rio Forquilha (coloração vermelha), tal resultado, acredita-se está associado à vegetação mais adensada, o que pode expressar mata ciliar preservada. Averiguações semelhantes foram também descritas por Bastiaassen (2000), aplicando o algoritmo SEBAL em estudo sobre evapotranspiração, na bacia do Rio Gediz, Turkey. Nota-se também um aumento de NDVI próximo ao reservatório, a noroeste da imagem, representado pela cor amarela (Figura 3c). Esse incremento apresentou magnitude de 0,1 a 0,3 e representa um percentual de aproximada 8% da imagem. Acredita-se tratar-se de áreas irrigadas, uma vez o mês de setembro na bacia, e na região nordeste de maneira geral, as chuvas cessam, e a fonte de hídrica das culturas é oriunda da irrigação, onde normalmente essa prática é conduzida em áreas perenizadas pelos reservatórios, o que converge com resultados obtidos nesse estudo. Os valores de NDVI entre os anos 1996 e 1997, estão explicitados nas Figuras 4a e b, a Figura 4c expressa as alterações ocorridas na bacia, decorrido apenas um ano entre monitoramentos. A analise dessas figuras pode mostrar as mudanças na fitomassa da bacia para períodos curtos de tempo. Analisando-se as Figuras 4a e b constatou-se também modificações para curtos espaços de tempo, sendo agora os maiores valores de NDVI expressos para a imagem de 1996, comparado a 1997, prevalecendo um percentual de 58,3% da área com NDVI na classe de 0,2 a 0,4. Essa mesma classe na imagem de 1997 mostrou um percentual de apenas 17,4%, já a classe de 0,01 a 0,2 apresentou um percentual de 36,1% na imagem de 1996, enquanto em 1997 o percentual foi de 78,2. Segundo Gurgel (2003), valores de NDVI menores que 0,3 são indicativos de áreas secas de baixo regime pluviométrico, o que corrobora com os resultados obtidos para 1997, ano de baixa precipitação pluviométrica (Figura 2). Os baixos valores de NDVI estão associados principalmente regime de precipitação para o mês de aquisição da imagem (setembro), coincidindo com a estação seca, onde reduz-se de sobremaneira o extrato herbáceo e arbóreo presente na bacia, contribuindo de maneira expressiva na redução do NDVI. Observa-se uma variabilidade maior do NDVI quando avaliado em curtos espaços de tempo, trata-se, pois, de uma característica da própria vegetação da Caatinga, formada por vegetação caducifólia arbustiva, que durante a estação de elevado déficit hídrico (agosto a dezembro) ocorre a queda total das folhas. De todos os anos avaliados nesse estudo, o de 1997, foi o que apresentou menores alturas pluviométricas, com precipitação de 110% menores que o ano anterior (1996), conforme constatações da Figura 2. Analisando-se cronologicamente a evolução da variabilidade do NDVI ao longo dos anos, identifica-se uma tendência cíclica de aumento e redução dessa variável ao longo do tempo, sendo fortemente influenciada pela precipitação daquele ano, mesmo estando essas concentradas nos meses de março, abril e maio. Essa variabilidade foi também observada por Li et al. (2004) e Anyamba e Tucker (2005), que atribuíram o efeito da precipitação pluviométrica, como a principal fonte indutora. A classe de NDVI correspondente ao intervalo de 0,2 a 0,4, que correspondia a 48% da área da bacia em 6130

1985, passou a ocupar 58% da área para o ano de 1996, reduzindo esse percentual a apenas 17%, em 1997, ano considerado seco, em que o total precipitado foi de apenas 403,8 mm. Para o ano de 2004, volta a ter um aporte de vegetação na bacia, onde a classe anteriormente mencionada, foi ocupada com aproximadamente 85% da bacia. Tal resultado mostra que para estudo de degradação na Caatinga em curtos espaços de tempo, levando em consideração apenas essa variável, pode não ser um bom indicadora, uma vez que, trata-se de uma variável de elevada dinâmica. (A) (B) ndvi 0 0,001> ndvi 0,20 0,20> ndvi 0,4 ndvi 0,40 (C) aumento aumento aumento redução 0,01> ndvi 0,1 0,1> ndvi 0,3 03 > ndvi 0,9 001 > ndvi 0,7 Figura 4. Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) para a bacia hidrográfica Forquilha CE, para o período de setembro de 1996 (a), setembro de 1997 (b) e álgebra (subtração) entre as duas imagens (c). 6131

Os incrementos e reduções do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), entre os anos 1996 e 1997, na bacia Forquilha são apresentados na Figura 4c. Ao contrário do comportamento entre os anos de 1985 e 2004, observou-se que aproximadamente 80% da bacia mostrou redução em sua fitomassa, perfeitamente confirmado pelo baixo regime pluviométrico em 1997. 4. Conclusões A bacia Forquilha teve as condições de vegetação aumentadas entre 1985 a 2004, sendo esses incrementos maiores na parte perenizada do rio Forquilha, e adjacências, onde são contundentes práticas agrícolas. Mesmo sendo as Imagens adquiridas para um mês de setembro onde não se constatou alturas pluviométricas (setembro), houve forte relacionamento entre precipitação de meses anteriores e NDVI. O NDVI expressou uma maior variabilidade para intervalos curtos de tempo, e com alto poder resiliente para períodos longos. 5. Referências Bibliográficas Allen, R. G.; Trezza, R.; Tasumi, M. Surface energy balance algorithms for land - Advance training and users manual, version 1.0, p. 98, 2002. Anyamba, A.; Tucker, C. J. Analysis of Sahelian vegetation dynamics using NOAA-AVHRR NDVI data from 1981 2003. Journal of Arid Environments, v. 63, p. 596-614, 2005. Barbosa, H. A.; Hueti, A. R.; Baethgen, W. E. A. 20 year study of NDVI variability over the Northeast Region of Brazil. Journal of Arid Environments, v. 67, p. 288-307, 2006. Bastiaanssen, W. G. M., Regionalization of surface flux densities and moisture indicators in composite terrain. 1995, 273 f. Tese (Ph.D.) - Wageningem Agricultural University, Wageningen, Netherlands, 1995. Bastiaanssen, W. G. M., SEBAL - based sensible and latent heat fluxes in the irrigated Gediz Basin, Turkey, Journal of Hydrology, v. 229, p. 87-100, 2000. Bastiaanssen, W. G. M.; Menenti, M.; Feddes, R. A.; Holtslag, A. A. M., A remote sensing surface energy balance algorithm for land (SEBAL) 2. Validation. Journal of Hydrology, n. 212-213, p. 213-229, 1998. Gurgel, H. C.; Ferreira, N. J.; Luiz, A. J. B. Estudo da variabilidade do NDVI sobre o Brasil utilizando-se a análise de agrupamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.7, n.1, p. 85-90, 2003. Li, J.; Lewis, J.; Rowland, J.; Tappan, G.; Tieszen, L. L. Evolution of land performance in Senegal using multi-temporal NDVI and rainfall series. Journal of Arid Environments, v. 59, p. 463-480, 2004. Markham, B. L.; Barker, J. L. Thematic Mapper band pass solar exoatmospherical irradiances. International Journal of Remote Sensing, v.8, n.3, p.517-523, 1987. Meireles, M. Estimativa da evapotranspiração real pelo emprego do algoritmo sebal e imagem Landsat 5 - TM na bacia do Acaraú CE. Fortaleza, CE. 2007. 88 p. Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem) Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2007. Prasad, A. K.; Sarkar, S.; Singh, R. P.; Kafafos, M. Inter- annual variability of vegetation cover an rainfall over India. Advances in Space Research, v. 39, p. 79-87, 2007. Versiani, B. V. B. N.; Rodrigues, P. C. H. Geoprocessamento como Ferramenta no Estudo de Correlação entre a Dinâmica da Cobertura Vegetal e a Evapotranspiração. Revista Brasileira de Meteorologia. v. 13, n. 2, p. 201-211, 2007. Embrapa Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306p. 6132