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Transcrição:

Fundamentos de Microeconomia Capítulo 3. Maximização de lucros e oferta competitiva Ciclo Básico 2 período / 2012 Graduação em Ciências Econômicas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 1 / 74

Plano do capítulo 1 Mercados perfeitamente competitivos 2 Maximização de lucros 3 Receita marginal, custo marginal e maximização de lucros 4 Escolha do nível da produção no curto prazo 5 Curva da oferta no curto prazo da empresa competitiva 6 Curva da oferta de mercado no curto prazo 7 Escolha do nível de produção no longo prazo 8 Curva da oferta do setor no longo prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 2 / 74

Mercados perfeitamente competitivos O modelo de competição perfeita baseia-se em três pressupostos básicos: 1 aceitação de preços 2 homogeneidade de produto 3 livre entrada e saída de empresas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 3 / 74

Mercados perfeitamente competitivos Homogeneidade de produtos Quando os produtos de todas as empresas em um mercado são substitutos perfeitos entre si, isto é, quando eles são homogêneos Nenhuma delas pode elevar o preço de seu próprio produto acima do preço praticado pelas outras empresas, porque, nesse caso, perderia todos ou a maior parte dos negócios Tomadoras de preços Empresas que não têm influência sobre o preço de mercado e, portanto, aceitam o preço como dado Como cada empresa vende uma parte suficientemente pequena do total da produção que vai para o mercado, as suas decisões não influenciam o preço de mercado V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 4 / 74

Mercados perfeitamente competitivos Livre entrada (e saída) Quando não há custos especiais que tornam difícil para uma empresa entrar em um setor (ou sair dele) Condições necessárias e suficientes para competição perfeita? A presença de muitas empresas não é necessária nem suficiente para que um setor se aproxime da competição perfeita (as empresas podem se unir para definir preços, especialmente quando vendem produtos homogêneos) A presença de apenas algumas empresas em determinado mercado também não elimina a possibilidade de um comportamento competitivo (pode acontecer quando a demanda pelo produto é bastante elástica) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 5 / 74

Será que as empresas maximizam lucros? A suposição de maximização de lucros é frequentemente utilizada em microeconomia pelo fato de prever o comportamento empresarial de forma razoavelmente acurada, evitando complicações analíticas desnecessárias No caso das empresas menores administradas pelos proprietários, o interesse pelo lucro provavelmente dominará todas as decisões da empresa Nas empresas maiores, entretanto, os administradores que tomam as decisões no dia a dia geralmente têm pouco contato com os proprietários (isto é, os acionistas): problemas de agência por causa de problemas de monitoramento (moral hazard) e informação assimétrica (adverse selection) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 6 / 74

Será que as empresas maximizam lucros? Seleção do mercado As empresas que não conseguem se aproximar da maximização dos lucros provavelmente não sobreviverão As empresas que sobrevivem em setores competitivos tornam o planejamento de lucros no longo prazo uma de suas mais altas prioridades Forma alternativa de organização: cooperativa Associação de negócios ou pessoas cuja propriedade e gerenciamento se dão de forma conjunta pelos membros visando ao benefício mútuo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 7 / 74

Exemplos de cooperativas Fazendas podem decidir formar uma cooperativa na qual juntem seus recursos de forma a distribuir e comercializar leite para os consumidores Cooperativa alimentar: loja ou pequeno mercado onde a compra é restrita aos participantes. Os preços são definidos de forma que a cooperativa evite a perda de dinheiro Cooperativas habitacionais (Nova York): por exemplo um edifício de apartamentos no qual o terreno e a construção sejam de propriedade de uma corporação os membros possuem ações no grupo, além de terem o direito de habitar uma das unidades eles podem participar da administração do edifício: eventos sociais, gerenciando finanças ou mesmo decidindo quem serão os vizinhos V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 8 / 74

Receita marginal, custo marginal e maximização de lucros Lucro Diferença entre receita total (R(q)) e custo total (C(q)) π(q) R(q) C(q) Receita marginal Mudança na receita que é o resultado do aumento de uma unidade na produção RMg(q) = dr dq (q) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 9 / 74

Receita marginal, custo marginal e maximização de lucros Uma empresa escolhe o nível de produção q, de forma que maximize o lucro, que corresponde à diferença AB entre a receita, R, e o custo, C V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 10 / 74

Receita marginal, custo marginal e maximização de lucros Teorema No nível de produção ótimo, q, a receita marginal (a inclinação da curva de receita) é igual ao custo marginal (a inclinação da curva de custo) RMg(q ) = CMg(q ) Se a função q π(q) atinge o máximo em q > 0 temos então dπ dq (q ) = 0 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 11 / 74

Demanda e receita marginal para uma empresa competitiva Uma empresa competitiva fornece apenas uma pequena parte q da produção total Q de todas as empresas de um setor Portanto, para a empresa, o preço do produto é dado pelo mercado, e ela escolhe seu nível de produção pressupondo que o preço de mercado não será afetado por sua escolha V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 12 / 74

Maximização de lucros por empresas competitivas Num mercado competitivo temos RMg(q) = P onde P é o preço do mercado A curva da demanda, d, com que se defronta determinada empresa em um mercado competitivo é, ao mesmo tempo, suas curvas de receita média e da receita marginal Ao longo dessa curva da demanda, a receita marginal, a receita média e o preço são iguais Nível de produção A empresa competitiva deve escolher seu nível de produção q de tal forma que seu custo marginal seja igual ao preço CMg(q) = RMg = P É uma regra de determinação de nível de produção, não do preço V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 13 / 74

Maximização de lucros no curto prazo por uma empresa competitiva V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 14 / 74

Maximização de lucros no curto prazo por uma empresa competitiva A receita marginal deve ser igual ao custo marginal em um ponto no qual a curva de custo marginal esteja subindo No curto prazo, a empresa maximiza seus lucros por meio da escolha de um nível de produção q, no qual seu custo marginal, CMg, é igual ao preço, P (ou receita marginal, RMg), do produto O lucro da empresa é medido pelo retângulo ABCD Qualquer mudança na produção, seja para um nível inferior, q 1, seja para um nível superior, q 2, resultará em lucro menor Regra do produto Se uma empresa está produzindo, ela deve fazê-lo em um nível em que a receita marginal seja igual ao custo marginal V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 15 / 74

Uma empresa competitiva que tem prejuízos O nível de produção q minimiza o prejuízo: o segmento AB mede o prejuízo médio associado a esse nível de produção V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 16 / 74

Uma empresa competitiva que tem prejuízos Em face da presença de custos fixos, a empresa está de fato perdendo dinheiro Ela deve considerar a possibilidade de interromper a produção e, assim, livrar-se dos custos fixos? Se o fizer fechando as fábricas, demitindo os gerentes e apagando as luzes evitará perdas Se os preços subirem no futuro, o processo de reabertura de fábricas e de contratação e treinamento de novos gerentes pode representar um custo alto Além disso, caso se mantenha no longo prazo, a empresa terá a flexibilidade de modificar o montante de capital utilizado e, assim, reduzir seu custo médio total Regra de fechamento A empresa deve fechar se o preço de seu produto é menor do que o custo variável médio de produção no nível que maximiza seu lucro V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 17 / 74

Produção no curto prazo de uma fábrica de alumínio Como um administrador de uma fábrica de alumínio determina o produto que maximiza o lucro? O custo marginal de produção no curto prazo desse tipo de fábrica depende do número de turnos dois ou três por dia durante os quais ela funciona V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 18 / 74

Produção no curto prazo de uma fábrica de alumínio No curto prazo, a fábrica deve produzir 600 toneladas por dia se o preço estiver entre 1.140 e 1.300 por tonelada Se o preço for maior do que 1.300 por tonelada, ela deverá funcionar um turno extra, passando a produzir 900 toneladas por dia Se o preço cair para menos de 1.140 por tonelada, a empresa deve parar a produção, mas provavelmente não deverá fechar porque o preço pode subir no futuro V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 19 / 74

Curva da oferta no curto prazo para uma empresa competitiva No curto prazo, a empresa escolhe um nível de produção no qual seu custo marginal, CMg, é igual ao preço, desde que ela seja capaz de cobrir seus custos variáveis médios V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 20 / 74

Resposta da empresa à modificação no preço dos insumos Quando o custo marginal de produção de uma empresa aumenta o nível de produção que maximiza os lucros cai de q 1 para q 2 A área sombreada mostra as economias totais da empresa associadas à redução da produção de q 1 para q 2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 21 / 74

Produção no curto prazo de derivados de petróleo Uma substancial quantidade de petróleo encontra-se disponível, mas a parte do produto que você refinará dependerá da capacidade da refinaria e do custo de produção À medida que a refinaria passa de uma unidade processadora para outra, o custo marginal para produzir derivados do petróleo cru aumenta acentuadamente, em diferentes níveis de produção Como resultado, o nível de produção pode não ser afetado por algumas alterações de preço, mas muito afetado por outras V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 22 / 74

Produção no curto prazo de derivados de petróleo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 23 / 74

Curva da oferta de um setor no curto prazo A curva da oferta de um setor no curto prazo é a soma horizontal das curvas da oferta das empresas individuais V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 24 / 74

Curva da oferta de um setor no curto prazo Como a terceira empresa possui uma curva de custo variável médio mais baixa que a das outras duas, a curva da oferta de mercado, S, começa no preço P 1 e segue a curva de custo marginal da terceira empresa até o preço P 2, em que muda de direção Para todos os preços acima de P 2, a quantidade ofertada pelo setor é a soma das quantidades que cada uma das três empresas oferta Elasticidade da oferta de mercado A elasticidade (preço) da oferta de mercado mede a sensibilidade da oferta do setor ao preço do mercado E S Q/Q P/P V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 25 / 74

Elasticidade da oferta de mercado Como as curvas de custo marginal são ascendentes, a elasticidade da oferta (no curto prazo) é sempre positiva Quando os custos marginais aumentam rapidamente em reação a aumentos da produção, a elasticidade da oferta é baixa No curto prazo, as empresas encontram-se limitadas em termos de capacidade de fornecimento, o que torna dispendioso aumentar o nível de produção Quando os custos marginais aumentam lentamente em reação a aumentos na produção, a oferta torna-se relativamente elástica Um pequeno aumento de preço é capaz de induzir as empresas a produzir quantidades substancialemente mais elevadas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 26 / 74

Elasticidade da oferta de mercado Oferta perfeitamente inelástica Surge quando as fábricas e os equipamentos do setor estão sendo tão plenamente utilizados que seria necessária a construção de novas fábricas (o que deverá ocorrer no longo prazo) para obter maiores níveis de produção Oferta perfeitamente elástica Surge quando os custos marginais se tornam (quase) constantes V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 27 / 74

Produção mundial de cobre (2006) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 28 / 74

Oferta mundial de cobre no curto prazo A curva da oferta mundial de cobre no curto prazo é a soma horizontal das curvas da oferta de cada uma das maiores nações produtoras V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 29 / 74

Excedente do produtor no curto prazo Excedente do produtor Soma das diferenças entre o preço de mercado e o custo marginal de produção relativos a todas as unidades produzidas pela empresa O excedente do produtor para uma empresa é medido pela área sombreada situada abaixo do preço de mercado e acima da curva do custo marginal, entre os níveis de produção 0 e q, o nível que maximiza os lucros V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 30 / 74

Excedente do produtor no curto prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 31 / 74

Excedente do produtor no curto prazo O excedente do produtor também é igual ao retângulo ABCD, porque a soma de todos os custos marginais até q é igual ao custo variável de produzir q CT(q ) CT(0) = q q=0 Ou seja o EP é igual ao lucro variável CMg(q)dq = CV(q ) = CVMe(q ) q Excedente do Produtor EP = R CV O excedente do produtor é sempre maior (ou igual) ao lucro Lucro π = R CV CF V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 32 / 74

Excedente do produtor para um mercado O excedente do produtor para um mercado é medido pela área sombreada situada entre a linha de preço do mercado e a curva da oferta do mercado, entre os níveis de produção 0 e Q V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 33 / 74

Escolha do nível de produção no longo prazo A empresa maximiza o lucro escolhendo o nível de produção no qual o preço é igual ao custo marginal no longo prazo, CMgLP V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 34 / 74

Lucro contábil e lucro econômico O lucro contábil é medido pela diferença entre a receita e os fluxos de caixa relacionados ao pagamento de mão de obra e matérias-primas e às despesas de juros e depreciação O lucro econômico leva em consideração os custos de oportunidade Um desses custos é o retorno que os proprietários da empresa poderiam obter se o capital fosse aplicado em outro empreendimento Suponha, por exemplo, que a empresa utilize (além de mão de obra) capital que tenha sido adquirido anteriormente O lucro contábil é R wl onde R é a receita e wl o custo de mão de obra O lucro econômico é π = R wl rk onde rk é o custo do capital V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 35 / 74

Equilíbrio competitivo no longo prazo Lucro econômico zero Ocorre quando uma empresa obtém um retorno normal sobre os investimentos, ou seja, quando tem um resultado tão bom quanto teria se investisse os seus recursos em outra atividade Uma empresa com lucro econômico zero está tendo um desempenho adequado, e portanto deve permanecer no negócio Uma empresa que esteja obtendo um lucro negativo, porém, deve considerar a possibilidade de sair do negócio se não há expectativa de que seu quadro financeiro melhore Em um mercado com entrada e saída (sem custo), uma empresa entra quando pode obter um lucro positivo no longo prazo, e sai quando vislumbra uma perspectiva de perda no longo prazo Mercados competitivos Em mercados competitivos o lucro econômico tende a se igualar a zero no longo prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 36 / 74

Equilíbrio competitivo no longo prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 37 / 74

Equilíbrio competitivo no longo prazo Inicialmente, o preço de equilíbrio no longo prazo de um produto é 40 por unidade, conforme mostrado em (b) pela intersecção da curva da demanda D com a curva da oferta S 1 Em (a) vemos que a empresa aufere um lucro positivo, pois seu custo médio no longo prazo atinge um mínimo de 30 (para o nível de produção q 2 ) O lucro positivo estimula a entrada de novas empresas e causa um deslocamento da curva da oferta para S 2 como mostrado em (b) O equilíbrio no longo prazo ocorre com o preço de 30, como mostrado em (a), em que cada empresa aufere lucro zero, não havendo incentivo para entrada ou saída de empresas no setor V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 38 / 74

Equilíbrio competitivo no longo prazo Entrada e saída Em um mercado com entrada e saída, uma empresa entra quando pode obter um lucro positivo no longo prazo, e sai quando vislumbra uma perspectiva de perda no longo prazo Equilíbrio competitivo no longo prazo Aquele em que todas as empresas do setor estão maximizando os lucros, nenhuma delas tem incentivo para entrar ou sair e o preço vigente torna iguais as quantidades ofertada e demandada V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 39 / 74

Equilíbrio competitivo no longo prazo Um equilíbrio competitivo no longo prazo acontece sob três condições: 1 Todas as empresas do setor estão maximizando os lucros 2 Inexistência de estímulo por parte de qualquer empresa para entrar ou sair do mercado, pois todas estão auferindo lucro econômico igual a zero 3 O preço do produto é tal que a quantidade ofertada pelas empresas do setor se iguala ao volume demandado pelos consumidores V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 40 / 74

Empresas com custos diferentes Na situação anterior, explicamos que se o preço do produto no longo prazo é 40, então a empresa aufere um lucro positivo Deduzimos que esse lucro positivo estimula a entrada de novas empresas e causa um deslocamento da curva da oferta Isso acontece somente se as outras empresas têm custos idênticos O que acontece se a primeira empresa possua uma patente que lhe permita produzir a um custo médio inferior ao de todas as demais? V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 41 / 74

Lucro econômico e patente Enquanto outros investidores e empresas não puderem adquirir a patente que reduz os custos, eles não terão estímulo para entrar no setor Teríamos então no equilíbrio uma empresa com lucro econômico positivo? Se essa patente for lucrativa, outras empresas do setor estarão dispostas a pagar por sua utilização (ou tentar adquirir a própria empresa, para assim obtê-lo) Portanto, o valor a mais que essa patente proporciona passa a representar um custo de oportunidade para a empresa Pois ela poderia vender o direito de usar a patente, em vez de utilizá-la A empresa detentora da patente poderia ter um lucro contábil positivo mas o lucro econômico tenderá a ser zero (no longo prazo) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 42 / 74

Lucro econômico e contábil Suponhamos, por exemplo, que uma loja de roupas esteja localizada nas proximidades de um grande shopping center O fluxo adicional de clientes poderá aumentar substancialmente o lucro contábil da loja (o custo de seu terreno baseia-se em seu valor histórico) Entretanto, em termos de lucro econômico, o custo do terreno deve refletir seu custo de oportunidade (seu atual valor de mercado) Incluindo esse custo de oportunidade, a lucratividade (econômica e no longo prazo) dessa loja de roupas não é superior à de suas concorrentes V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 43 / 74

Renda econômica Algumas empresas podem auferir lucro contábil superior ao de outras Isso porque elas têm acesso a fatores de produção cuja oferta é limitada: terreno, recursos naturais, técnicas empresariais, talentos criativos O que torna o lucro econômico igual a zero no longo prazo é a disposição de outras empresas em adquirir os fatores de produção (cuja oferta é limitada) Renda econômica A renda econômica é definida como a diferença entre o valor que as empresas estão dispostas a pagar por um insumo menos o valor mínimo necessário para obtê-lo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 44 / 74

Renda econômica: exemplos Patente A empresa detentora de uma patente não precisa pagar para ter o patente: o valor mínimo necessário para obtê-lo é zero Porém, o valor que ela estaria disposta a pagar para obter esse patente corresponde au lucro contábil que a patente proporciona Terreno Duas empresas do mesmo setor são proprietárias de seus respectivos terrenos: mínimo custo para obtê-los é igual a zero Uma delas encontra-se às margens de um rio, podendo despachar seus produtos com uma economia de 10.000/anos, em comparação a outra empresa O lucro contábil de 10.000 mais alto da primeira empresa corresponde a uma renda econômica associada à sua localização V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 45 / 74

Excedente do produtor no longo prazo Suponhamos que uma empresa esteja obtendo um lucro contábil positivo Mas que não exista estímulo para que outras empresas entrem ou saiam do setor (equilíbrio competitivo no longo prazo) Esse lucro reflete a renda econômica Como se relaciona a renda econômica e o excedente do produtor? Proposição No longo prazo (não tem custo variável), em um mercado competitivo (não tem lucro econômico), o excedente do produtor consiste na renda econômica que todos os seus insumos escassos lhe proporcionam V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 46 / 74

Equipe de beisebol Suponhamos que uma equipe de beisebol detenha uma franquia que lhe permite atuar em determinada cidade A renda econômica da franquia refletirá a diferença entre o que a empresa estaria disposta a pagar por sua localização e o montante necessário para se instalar na cidade (compra de terreno, construção de estádio) Outro exemplo Um time de beisebol de uma cidade média consegue vender ingressos ao preço 7 sendo igual aos custos marginais e medios Outro time em uma cidade maior consegue vender ingressos por preço 10 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 47 / 74

Equipes de beisebol e renda econômica V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 48 / 74

Curva da oferta do setor no longo prazo O formato da curva da oferta no longo prazo depende da medida em que as expansões e contrações da produção do setor influenciam a determinação dos preços que as empresas necessitam pagar por seus insumos No caso em que os preços dos insumos cai à medida que a produção agregada cresce (entradas), o custo marginal de cada empresa pode diminuir Se o preço dos insumos pode crescer com a dimensão do mercado, o custo marginal pode crescer A terceira alternativa é quando os custos de insumo não mudem com o tamanho do setor V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 49 / 74

Setor de custo constante O custo marginal de uma certa empresa não depende do tamanho do setor Inicialmente o setor se encontra em equilíbrio no longo prazo na interseção entre a curva da demanda do mercado D 1 e a curva de de oferta de mercado S 1, com preço de equilíbrio P 1 Suponhamos que a demanda do mercado por esse produto venha a apresentar uma inesperada elevação (virtude de uma redução de impostos) Isso ocasiona um deslocamento da curva da demanda de mercado de D 1 para D 2 Temporiaremente, tempos uma elevação do preço de P 1 para P 2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 50 / 74

Setor de custo constante Com o novo preço P 2 a empresa aumenta seu nível de produção para q 2, levando a um lucro positivo no curto prazo Esse lucro atrai investidores e o numero de empresas no setor produzindo q 2 aumenta V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 51 / 74

Setor de custo constante A curva de oferta do setor (oferta agregada) é afetada e se desloca para a direita, de S 1 para S 2 O mercado se mova então par um novo equilíbrio com preço menor Enquanto tivermos um lucro positivo, mais empresas serão entrarão nesse setor, deslocando a curva de oferta e baixando o preço Quando o novo preço chega a P 1, o lucro de cada empresa nesse setor volta ao nível zero Não tem mais entrada Cada empresa do setor volta a produzir q 1, mas como temos mais empresas, a oferta do mercado é mair Q 2 > Q 1 Chegamos ao mesmo preço de mercado porque a função de custo marginal das empresas desse setor não é alterado pelo tamanho do setor (produção agregada Q) V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 52 / 74

Setor de custo constante Proposição A curva da oferta no longo prazo para um setor de custo constante é, portanto, uma linha horizontal, referente ao preço que é igual ao mínimo custo médio de produção no longo prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 53 / 74

Setor de custo crescente Nos setores de custo crescente, a função custo é deslocada para cima quando o tamanho do setor aumento Isso acontece quando os preços de alguns insumos de produção sobem à medida que o setor se expande e aumenta a demanda dos insumos Exemplos: Se o setor utilize mão de obra especializada, a qual se torna escassa quando cresce sua demanda se o setor necessita de recursos minerais que se encontram disponíveis apenas em determinados tipos de solo, o custo da terra (insumo) sobe juntamente com o aumento do tamanho do setor V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 54 / 74

Setor de custo crescente Proposição Em um setor com custo crescente, a curva da oferta no longo prazo é ascendente V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 55 / 74

Setor de custo decrescente Nos setores de custo decrescente, a função custo é deslocada para baixo quando o tamanho do setor aumento Isso acontece quando os preços de alguns insumos de produção baixam à medida que o setor se expande e aumenta a demanda dos insumos Proposição Em um setor com custo decrescente, a curva da oferta no longo prazo é descendente V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 56 / 74

Exemplos O café é um setor de (função de) custo constante (invariante ao tamanho do setor): a terra apropriada ao plantio é abundante os custos de plantar e manejar os pés permanecem constantes enquanto o volume de café produzido no mercado cresce O setor petrolífero tem custos crescentes porque a disponibilidade de bacias petrolíferas amplas e facilmente acessíveis é limitada No setor automobilístico, certas vantagens de custo surgem porque os insumos podem ser adquiridos por um preço muito mais baixo à medida que a produção aumenta: é um setor de custo decresente V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 57 / 74

Efeito que um imposto sobre a produção Em primeiro lugar, suponhamos que o imposto sobre a produção esteja vigorando apenas para uma empresa de um certo setor Portanto, esse imposto não afeta o preço do mercado (a oferta e a demanda agregada não foi alterada) Como o imposto atinge cada unidade produzida, ele eleva a curva do custo marginal (e médio) da empresa de CMg 1 para CMg 2 = CMg 1 + t Como a nova função de custo marginal, a preza terá que diminuir a produção, de q 1 para q 2 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 58 / 74

Efeito que um imposto sobre a produção V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 59 / 74

Efeito de um imposto sobre a produção de uma empresa Suponhamos agora que todas as empresas do setor estejam sujeitas ao imposto Isso desloca a curva da oferta do setor para cima no montante do imposto (as empresas continuariam produzindo Q 1 em agregado se o preço do mercado fosse P 1 + t Com a nova oferta de mercado, temos um novo preço P 2 do produto com P 2 < P 1 + t Com esse novo preço, a demanda de cada empresa cai para ˆq 2 consistente com o preço P 2 Temos q 2 < ˆq 2 < q 1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 60 / 74

Efeito de um imposto sobre a produção do setor V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 61 / 74

Elasticidade da oferta no longo prazo A elasticidade da oferta de um setor no longo prazo é definida por Q/Q P/P onde Q é a produção agregada do setor Em um setor de custo constante: a curva da oferta no longo prazo é horizontal a elasticidade no longo prazo é infinita: um pequeno aumento do preço será capaz de induzir uma aumento extramamente grande no nível de produção Em um setor de custo crescente, a elasticidade da oferta no longo prazo é positiva, mas limitada V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 62 / 74

Elasticidade da oferta no longo prazo Como as empresas podem se ajustar e se expandir no longo prazo, é de se esperar que as elasticidades no longo prazo sejam maiores do que as elasticidades no curto prazo Um setor que dependa de insumos que se encontram amplamente disponíveis provavelmente apresentará uma elevada elasticidade no longo prazo Um setor que dependa de insumos mais escassos poderá apresentar uma elasticidade no longo prazo muito mais baixa V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 63 / 74

Oferta habitacional no longo prazo Os imóveis residenciais, sejam próprios ou alugados, oferecem um exemplo interessante da amplitude das possíveis elasticidades de oferta Se o preço da moradia sofrer uma elevação em determinada região do país, a quantidade de residências aí oferecidas poderá apresentar uma substancial elevação Mesmo quando a elasticidade da oferta é calculada para imóveis situados em áreas urbanas (ao contrário de áreas afastadas ou rurais), onde o custo do terreno sobe quando aumenta a demanda por moradia, a elasticidade da oferta no longo prazo provavelmente ainda será grande (5,3 nos E.U. em 1976), pois o custo do terreno apenas atinge cerca de um quarto do custo total das moradias Entretanto, o mercado para a locação de imóveis é diferente. A construção de imóveis para locação é frequentemente limitada por uma legislação municipal de zoneamento A elasticidade da oferta pode ser muito menor do que 1 V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 64 / 74

Resumo 1 Os administradores de empresas podem operar de acordo com um complexo conjunto de objetivos e sob diversas restrições Mesmo assim, entretanto, podemos admitir que as empresas atuam como se estivessem maximizando seus lucros no longo prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 65 / 74

Resumo 2 Muitos mercados podem se aproximar da competição perfeita, situação em que uma ou mais empresas agem como se estivessem enfrentando uma curva da demanda quase horizontal Em geral, o número de empresas em um setor nem sempre é um bom indicador de seu grau de competitividade V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 66 / 74

Resumo 3 Como uma empresa que opera em um mercado competitivo detém apenas uma reduzida parcela do total da produção, supondo que sua decisão de produção não irá afetar o preço do produto Nesse caso, a curva da demanda e a curva da receita marginal são idênticas V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 67 / 74

Resumo 4 No curto prazo, uma empresa competitiva maximiza seu lucro selecionando um nível de produção para o qual o preço seja igual ao custo marginal (no curto prazo), desde que o preço seja maior ou igual ao seu custo variável médio mínimo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 68 / 74

Resumo 5 A curva de oferta de mercado no curto prazo é a soma horizontal das curvas de cada empresa de determinado setor Ela pode ser caracterizada por sua elasticidade de oferta - isto é, a variação percentual da quantidade ofertada decorrente de uma variação percentual no preço V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 69 / 74

Resumo 6 O excedente do produtor de uma empresa é a diferença entre a receita da empresa e o mínimo custo necessário para obter o nível de produção capaz de maximizar os lucros Tanto no curto como no longo prazo, o excedente do produtor é representado pela área situada sob a linha horizontal do preço e acima do custo marginal da produção da empresa V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 70 / 74

Resumo 7 Renda econômica é o pagamento por um fator escasso de produção menos o menor valor que seria necessário para obtê-lo por meio de locação No longo prazo, em um mercado competitivo, o excedente do produtor é igual à renda econômica gerada por todos os fatores escassos de produção V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 71 / 74

Resumo 8 No longo prazo, as empresas que maximizam o lucro optam pelo nível de produção para o qual o preço se iguala a seu custo marginal no longo prazo V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 72 / 74

Resumo 9 O equilíbrio competitivo no longo prazo ocorre quando: (a) as empresas maximizam seus lucros (b) todas as empresas auferem lucro econômico zero, de tal forma que não haja estímulo para entrar ou sair do setor (c) a quantidade demandada do produto se iguala á quantidade demandada do produto se iguala à quantidade ofertada V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 73 / 74

Resumo 10 A curva da oferta no longo prazo de uma empresa é horizontal quando o setor é de custo constante; nesse caso, uma maior demanda dos insumos de produção (associada a uma maior demanda do produto) não influencia seus preços No entanto, a curva da oferta no longo prazo para uma empresa será ascendente em um setor de custo crescente, em que uma maior demanda dos insumos de produção resulta no aumento de preços de alguns ou de todos os insumos V. Filipe Martins-da-Rocha (FGV) Fundamentos de Microeconomia 2 semestre, 2012 74 / 74