Sociologia I. José Rodorval Ramalho

Documentos relacionados
Didática e Metodologia para o Ensino de Física II. Divanizia do Nascimento Souza

Geomorfologia Estrutural. Hélio Mário de Araújo Ana Claudia da Silva Andrade

Elementos de Anatomia Humana. José Aderval Aragão

!,* $ 4 Aldo Dinucci São Cristóvão/SE 2007

Matemática para o Ensino Médio I. Ângelo Alberti

Instrumentação para o Ensino de Física IV. Vera Lucia Martins de Mello

Métodos de Física Teórica II. Osmar S. Silva Jr.

Química Ambiental. Carlos Alexandre Borges Garcia Elisangela de Andrade Passos

Métodos de Física Teórica I. Osmar de Souza e Silva Júnior

Estudos Culturais da Biologia e Educação. Marlécio Maknamara

Equações Diferenciais Ordinárias. Lúcia de Fátima de Medeiros Brandão Dias

História do Brasil Colônia. Maria Izabel Ladeira Silva

Introdução à Ciência da Computação. Hendrik Teixeira Macedo

Estágio Supervisionado em Ensino de História I. Marcos Silva

Físico-Química II. Glauber Silva Godoi Kleber Bergamaski

Matemática para o Ensino Fundamental. Éder Matheus de Souza

Estágio Supervisionado em Ensino de Biologia I e II. Claudiene Santos Guilherme Guimarães Junior

Estrutura e Funcionamento da Educação Básica. Maria José Nascimento Soares Valtênio Paes de Oliveira

Física Básica Experimental. Menilton Menezes

Laboratório para o Ensino de Gêneros Textuais. Maria Aparecida Silva Ribeiro

Estruturas Algébricas I. Natanael Oliveira Dantas

Geologia Geral. José Wallace Bezerra Nascimento Ana Cláudia da Silva Andrade

Geografia Cultural. Christian Jean-Marie Boudou

Botânica Sistemática e Econômica. Ana Paula do Nascimento Prata

Variáveis Complexas. José Carlos Leite

Laboratório de Mecânica Quântica e de Física Nuclear. Petrucio Barrozo

Temas de História Econômica. Ruy Belém de Araújo Lourival Santana Santos

Introdução à Pesquisa em Educação. Gláucia da Conceição Lima Glauber Santana de Sousa

Introdução à História. Petrônio Domingues

Fonologia da Língua Portuguesa. Denise Porto Cardoso

Didática Especial para o Ensino de Ciências e Biologia I. Gláucia da Conceição Lima Glauber Santana de Sousa

Métodos Instrumentais de Análise. Elisangela de Andrade Passos

Geografia da População. José Eloísio da Costa

Ferramentas Computacionais para o Ensino de Química. Patrícia Soares de Lima

Organização do Espaço Mundial. Maria Ângela Barros Moraes

Histologia Básica. Marlúcia Bastos Aires Rosilene Calazans Soares Shirlei Octacílio da Silva Elizabeth Ting

História da Língua Portuguesa. Antônio Ponciano Bezerra

Estatística Aplicada à Química. Eduardo José de Souza Silva

Historiografia Brasileira. Maria Nely dos Santos

Enfoques de CTS no Ensino de Ciências e Biologia. Yzila Liziane Farias Maia de Araujo

Quimiometria. Iara de Fátima Gimenez Nivan Bezerra da Costa Jr.

Introdução à Física Nuclear e de Partículas Elementares. Petrucio Barrozo

Pesquisa em Ensino de Química I e II. Weverton Santos de Jesus João Paulo Mendonça Lima

Temas Estruturadores para o Ensino de Química I. Luiz Oliveira Passos

História e Patrimônio Cultural. Verônica Maria Meneses Nunes Luís Eduardo Pina Lima

Geografia e Filosofia. Vera Maria dos Santos

Laboratório para o Ensino de Língua Portuguesa. Lêda Corrêa

Filosofia da História. Marcos André de Barros

Geografia Regional dos Países Periféricos. José Eloízio da Costa Marcelo Alves Mendes

Geografia da Produção, Circulação e Consumo. José Wellington Carvalho Vilar

Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática. Denize da Silva Souza

História Antiga I. Alfredo Julien

Temas de História de Sergipe I. Antônio Lindvaldo Sousa

Prática de Pesquisa em Ensino de Ciências e Biologia I e II. Glauber Santana de Sousa

Sociologia da Educação. Péricles Andrade

Metodologia do Ensino de Matemática. Ivanete Batista dos Santos

Fundamentos para o Ensino da Alfabetização. Maria Emília de R. A. B. Barros

Cartografia Básica. Antônio Carlos Campos

Introdução à Física Estatística. Francisco Assis Gois de Almeida

Laboratório de Ensino em Geografia. Maria do Socorro Ferreira da Silva Edimilson Gomes da Silva

Introdução a Metodologia Científica. Victor Wladimir Cerqueira Nascimento

Genética Básica. Bruno Lassmar Bueno Valadares Edilson Divino de Araujo Silmara de Moraes Pantaleão

Geometria Euclidiana Plana. Almir Rogério Silva Santos Humberto Henrique de Barros Viglioni

Métodos Quantitativos em Biologia I. Samuel de Oliveira Ribeiro

Estágio Supervisionado em Ensino de Letras. Fátima Bezerra Negromonte

Metodologia do Ensino de Geografia. Antônio Carlos Campos

Termodinâmica Química. Anne Michelle G. P. Souza

Estágio Supervisionado em Ensino de Ciências. Adeline Brito Sales

Química Analítica Experimental. Débora dos Santos Bezerra Elisangela de Andrade Passos Luciane Pimenta Cruz Romão

Geografia Econômica. José Eloízio da Costa

Língua Inglesa V. Camila Andrade Chagas Vieira

Coleção UAB UFSCar. Aprendizagem da docência e profissionalização. elementos de uma reflexão. Pedagogia. Regina Maria Simões Puccinelli Tancredi

Geografia Agrária. Marcelo Alves Mendes

Introdução às Teorias do Discurso. Wilton James Bernardo dos Santos

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE COLÉGIO DE APLICAÇÃO

Compreensão de Texto Escrito em Língua Inglesa I. Izabel Silva Souza D Ambrosio

Fundamentos Geográficos do Turismo. Cristiane Alcântara de Jesus Santos

Tópicos Especiais em Geografia. Christian Jean-Marie Boudou

EDUCAÇÃO FÍSICA. Professor. Módulo 3 Volume 2 Educação Física

Produção de conhecimento: uma característica das sociedades humanas

Pré-História. Alfredo Julien

Laboratório de Física Estatística e Física Nuclear. Petrucio Barrozo

Etnobiologia. Renato R. Hilário Stephen F. Ferrari

Inglês Instrumental. Maria Augusta Rocha Porto

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PUBLICAÇÃO DE RESULTADO FINAL -

Linguística. Cleide Emília Faye Pedrosa

Introdução à Mecânica Quântica. Stoian Ivanov Zlatev

Estruturas Algébricas II. Kalasas Vasconcelos de Araujo

Fundamentos de Matemática. José Carlos Leite dos Santos

FÁBIO BAQUEIRO FIGUEIREDO. Módulo 1 História da África

Introdução à Microscopia. Fabiana Silva Vieira

METODOLOGIA DE PESQUISA CIENTÍFICA. Prof. Renato Fernandes Universidade Regional do Cariri URCA Curso de Tecnologia da Construção Civil

Coleção UAB UFSCar. Políticas públicas, legislação e organização da escola. Pedagogia. Maria Cecília Luiz Flávio Caetano da Silva

Produção e Recepção de Texto II. Mary Jane Dias da Silva

Metodologia e Instrumentação para o Ensino de Química. Weverton Santos de Jesus

Química I. Eliana Midori Sussuchi Samísia Maria Fernandes Machado Valéria Regina de Souza Moraes

Produção e Recepção de Texto I. Leda Corrêa Luiz Eduardo Oliveira

o sentido da vida na catequese

Teoria da Literatura I. Antonio Cardoso Filho

Coleção UAB UFSCar. Ensino e aprendizagem escolar. algumas origens das ideias educacionais. Pedagogia. Rosa Maria Moraes Anunciato de Oliveira

Transcrição:

Sociologia I José Rodorval Ramalho São Cristóvão/SE 2008

Sociologia I Elaboração de Conteúdo José Rodorval Ramalho Projeto Gráfico Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo Capa Hermeson Menezes Diagramação Nycolas menezes Melo Ilustração Alysson Prado dos Santos Arlan Clecio dos Santos Copyright 2008, Universidade Federal de Sergipe / CESAD. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização por escrito da UFS. FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE R165s Ramalho, José Rodorval. Sociologia I / José Rodorval Ramalho -- São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2008. 1. Sociologia. 2. Sociedade. 3. Comportamento Social. I. Título. CDU 316.32

Presidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Fernando Haddad Diretor de Educação a Distância João Carlos Teatini Souza Clímaco Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho Chefe de Gabinete Ednalva Freire Caetano Coordenador Geral da UAB/UFS Diretor do CESAD Antônio Ponciano Bezerra coordenador-adjunto da UAB/UFS Vice-diretor do CESAD Fábio Alves dos Santos Vice-Reitor Angelo Roberto Antoniolli Diretoria Pedagógica Clotildes Farias de Sousa (Diretora) Diretoria Administrativa e Financeira Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor) Sylvia Helena de Almeida Soares Valter Siqueira Alves Coordenação de Cursos Djalma Andrade (Coordenadora) Núcleo de Avaliação Hérica dos Santos Matos (Coordenadora) Núcleo de Tecnologia da Informação João Eduardo Batista de Deus Anselmo Marcel da Conceição Souza Assessoria de Comunicação Guilherme Borba Gouy Núcleo de Formação Continuada Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora) Coordenadores de Curso Denis Menezes (Letras Português) Eduardo Farias (Administração) Paulo Souza Rabelo (Matemática) Hélio Mario Araújo (Geografi a) Lourival Santana (História) Marcelo Macedo (Física) Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas) Coordenadores de Tutoria Edvan dos Santos Sousa (Física) Raquel Rosário Matos (Matemática) Ayslan Jorge Santos da Araujo (Administração) Carolina Nunes Goes (História) Viviane Costa Felicíssimo (Química) Gleise Campos Pinto Santana (Geografi a) Trícia C. P. de Sant ana (Ciências Biológicas) Laura Camila Braz de Almeida (Letras Português) Lívia Carvalho Santos (Presencial) Adriana Andrade da Silva (Presencial) NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO Hermeson Menezes (Coordenador) Marcio Roberto de Oliveira Mendonça Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE Fone(79) 2105-6600 - Fax(79) 2105-6474

Sumário AULA 1 A perspectiva Sociológica... 07 AULA 2 A Sociologia como Ciência... 13 AULA 3 Os métodos de pesquisa em Sociologia... 19 AULA 4 A emergência da Sociologia... 27 AULA 5 Teorias clássicas da Sociologia... 35 AULA 6 Tipos de sociedade... 45 AULA 7 As sociedades tradicionais... 51 AULA 8 As sociedades modernas... 57 AULA 9 Indivíduos e sociedade... 65 AULA 10 Instituições e papéis sociais... 73 AULA 11 O fenômeno religioso I... 81 AULA 12 O fenômeno religioso II... 89 AULA 13 A globalização I... 97 AULA 14 A globalização II... 105 AULA 15 Mídia contemporânea I...111

AULA 16 Mídia contemporânea II...119 AULA 17 Escola e sociedade I... 127 AULA 18 Escola e sociedade II... 135 AULA 19 Modernidade à brasileira I... 143 AULA 20 Modernidade à brasileira II... 149

Aula1 A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA META Apresentar a sociologia como ciência e a forma como os sociólogos discutem os fatos sociais a partir de conceitos científi cos. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: idefinir o processo de formação e institucionalização da Teoria da Literatura como disciplina acadêmica e reconhecer e identifi car seus principais pressupostos e características, bem como suas fi nalidades, no currículo dos cursos de Letras. PRÉ-REQUISITOS Ao final desta aula, o aluno deverá: explicar o papel básico do sociólogo no ambiente social. José Rodorval Ramalho

Sociologia I Punks. (Fonte: http://nightwitx.no.sapo.pt/). Ver glossário no final da Aula INTRODUÇÃO Caro aluno ou querida aluna: estou muito feliz pela oportunidade de poder compartilhar com você o mundo fascinante dos fenômenos sociais. Certamente você já ouviu falar em Sociologia, um ramo de conhecimento relativamente novo, reconhecido a partir das proposições de estudiosos como Émille Durkhein, que refletiu sobre os fenômenos sociais como construção social e não como designação divina. Você sabe que a Sociologia está presente no seu dia-a-dia? Veja bem: uma das atividades mais corriqueiras entre nós, ocidentais, é o que chamamos de bate-papo. Essa atividade consiste em conversar sobre algo ou alguém. Algo que já ocorreu ou está ocorrendo. Algo que nos afeta ou nos afetará. Algo em que estamos diretamente envolvidos ou em relação ao qual não temos participação direta. Podemos também falar sobre alguém. Este alguém pode ser importante para o nosso grupo ou somente para nós. Alguém que inventou algo importante ou simplesmente alguém a quem fizemos uma caridade. Batemos papo sobre o último filme que vimos; sobre a novela das oito; sobre o futebol; as próximas eleições; a pobreza existente no país; as guerras que ocorreram ou ocorrem no mundo; o estímulo à sexualidade nos dias de hoje; a eleição do último papa; a dificuldade de conseguir emprego; as mais recentes notícias sobre corrupção; o preço dos alimentos; a beleza dos homens e mulheres. Nos nossos bate-papos nos interessamos pelos assuntos mais diversos e é muito comum termos opiniões sobre tudo e todos. Batemos papo em casa e na rua. Na mesa de jantar e na mesa do bar. Na sala de estar e no consultório médico. Em velórios e batizados. Em comícios e shows. Na escola e no shopping center. No ponto de ônibus e na praça. As opiniões que emitimos nesses bate-papos foram construídas ao longo das nossas vidas; ensinadas pelos nossos familiares, amigos, professores, sacerdotes, lideranças políticas e pela nossa própria observação e reflexão sobre o mundo. Essas opiniões, entretanto, são impressões construídas, geralmente, de maneira subjetiva, dispersa, descontínua, superficial, preconceituosa, fragmentária, voltadas para justificar um valor, um interesse ou a nossa própria rotina. As principais bases dessas opiniões são os valores da nossa tradição. Nesse sentido, tais opiniões tendem muito mais a justificar o mundo do que a compreendê-lo. Determinadas escolas sociológicas denominam essas opiniões de representações sociais, algumas as chamam de senso comum, outras as designam de imaginário, existem também aquelas que as nomeiam de ideologia. 8

A perspectiva sociológica Aula 1 SOCIOLOGIA A sociologia também pode ser entendida como uma espécie de batepapo. A conversação sociológica também se interessa por tudo o que existe no mundo social humano. Os sociólogos discutem sobre religião, família, sexualidade, trabalho, meios de comunicação, criminalidade, moda e muitos outros fenômenos sociais ou, como preferem alguns sociólogos, fatos sociais, que seriam os nossos modos de agir e de pensar, herdados de gerações anteriores, mas permanentemente ajustados às novas situações e expectativas. É importante destacar que esses fenômenos não dependem, exclusivamente, dos indivíduos, mas resultam de processos extremamente complexos no interior de cada grupo. Entretanto, os sociólogos não procuram expressar suas impressões pessoais sobre esses fatos sociais, mas construir conceitos científicos. A construção desses conceitos exige que os sociólogos não se limitem apenas às representações sociais sobre os fenômenos. A maneira como a sociologia procura compreender o mundo social requer o uso de um método científico, através do qual os sociólogos podem observar, medir, classificar, explicar e, então, compreender os fenômenos sociais. É improvável que os sociólogos consigam se desvencilhar dos seus valores pessoais, suas preferências religiosas, suas tendências políticas, enfim, de seu universo subjetivo. Porém, na sua formação acadêmica, existem procedimentos técnicos que procuram minimizar a interferência desses valores. Além disso, a própria comunidade científica, na qual estão inseridos os sociólogos, atuará como espaço para debates e diferenciação entre as proposições verdadeiramente sociológicas e aquelas que expressam apenas preferências subjetivas do pesquisador. Na sociologia, assim como nos bate-papos, também existem muitas divergências acerca dos porquês dos fenômenos sociais. Muitas vezes, encontramos teorias diferentes para explicar o mesmo fenômeno. Vejamos o caso de uma das principais polêmicas sociológicas: o indivíduo faz o que ele quer ou o que a sociedade determina que ele faça? Algumas teorias sociológicas tendem a afirmar que o indivíduo é capaz de escapar das condições econômicas e culturais do meio em que ele vive. Outras teorias privilegiam essas condições do meio em que esses indivíduos vivem na modelagem dos seus comportamentos. Existem, ainda, aquelas que defendem que o que existe é uma relação de mútua influência. Segundo essas últimas, caberia à Sociologia esclarecer, justamente, o que a sociedade faz conosco e o que a gente faz com o que ela faz conosco. Crianças brincando (Fonte: http://cache02.stormap. sapo.pt/). 9

Sociologia I Podemos afirmar que a existência de certos padrões de comportamento dos indivíduos, bem como as tentativas de alguns indivíduos de desobedecerem a esses padrões e se desviarem deles, sempre chamou a atenção da inteligência humana. Os indivíduos, em geral, explicam esses padrões e esses desvios através de suas representações sociais. Os sociólogos procuram explicar esses padrões através da pesquisa científica e da construção de conceitos, temas que serão mais bem detalhados na aula seguinte. Não esqueçamos que, além da preparação técnica para o exercício da profissão de sociólogo, precisamos de curiosidade e disposição para tentar compreender o mundo como ele é. Nesse sentido, a sociologia é também uma paixão pela descoberta, pela aventura do conhecimento e, como afirma o sociólogo americano Peter Berger, toda paixão tem as suas delícias e os seus perigos. Cabe ao sociólogo buscar a melhor forma de enfrentar esses desafios. CONCLUSÃO Portanto, vimos que a perspectiva sociológica é a atitude do sociólogo de estudar os fenômenos sociais empiricamente observando, de maneira disciplinada e sistemática, os padrões de comportamento e idéias; descrevendo e classificando os fenômenos com o máximo de fidelidade às suas expressões; comparando essas ocorrências com outras similares em sociedades distintas e em momentos históricos diferentes. Enfim, todo o trabalho sociológico deve tentar demonstrar que os resultados das pesquisas não são apenas opiniões, mas a conseqüência de um esforço reflexivo para descobrir as causas ou os sentidos dos fenômenos pesquisados. RESUMO Prezados alunos: vimos, no início desta aula, como o fato social pode ser caracterizado por qualquer forma de manifestação do homem, interagindo com os seus semelhantes. Por outro lado, vimos como os valores pessoais fé, preferência política, condição social interferem no nosso modo de julgar o mundo, aí compreendido como as ações humanas. O sociólogo leva essas bases para um ambiente mais amplo, estudando, através de metodologia própria, os efeitos dessas relações para com o ambiente social. Com isso você já pode perceber a importância e a beleza desta ciência! Depois, vimos o que a Sociologia pode fazer a partir das suas constatações, demonstrando, por exemplo, padrões de comportamento. Mas, atenção! O sociólogo não estuda o individual. Isto é objeto do psicólogo. Mesmo que tenha como ponto de partida o indivíduo, ele estuda o coletivo. Finalmente, 10

A perspectiva sociológica Aula 1 você viu a perspectiva da Sociologia em tentar compreender e explicar o mundo como ele é. Que tal a proposição: o indivíduo faz o que ele quer, ou o que a sociedade quer que ele faça?! Ficou em dúvida? Bem vindo ao mundo da Sociologia! ATIVIDADES 1. Discuta com os seus colegas estes dois ditados populares: Cada cabeça é um mundo e Todo homem é um produto do meio. 2. Que práticas ou valores você identificaria como uma imposição da sociedade? 3. O que seria resultado da liberdade individual? 4. Descreva duas ou três representações sociais importantes para o seu grupo familiar. 5. Quais a principais diferenças entre um bate-papo e uma formulação sociológica? COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES 1. Ao refletir acerca destas duas expressões, tenha em mente que cada ser humano desenvolve características próprias de personalidade e caráter. Por isso, o universo interior da cada indivíduo equivale a um mundo, ao seu mundo. Uma discussão filosófica que se estende desde a Grécia antiga é saber se o homem é um produto do meio ou se o homem modifica o meio em que vive. 2. O que você acha de andar de camisa, calça, meias e sapatos, mesmo em dias muito quentes de verão, para ir a missa, por exemplo? O homem, naturalmente, faz isso por gosto próprio ou por exigência social? 3. Suponhamos que não existam leis, nem autoridades, e que cada indivíduo aja conforme a sua vontade, de acordo com os seus ímpetos? Quais seriam as conseqüências sociais de uma configuração como esta? 4. A preferência política passada pelos pais, a religiosidade ligada ao cristianismo, entre outras, são representações sociais que formam o imaginário dos grupos familiares. 11

Sociologia I 5. Vimos nesta lição que o bate papo de esquina, ou de bar, ou de onde for, é uma construção subjetiva, normalmente preconceituosa e fruto da nossa própria observação do mundo. Já a formulação sociológica é algo baseado em experimentação científica, construída a partir de conceitos científicos. REFERÊNCIAS BERGER, Peter. Perspectivas sociológicas. Tradução de Donaldson Garschagen. Petrópolis: Vozes, 1980. DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. Tradução de Maria Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1978. GLÓSSARIO Representações: Para Émile Durkheim, as representações sociais são uma forma de conhecimento do mundo natural e social, resultado de uma enorme cooperação entre os indivíduos, que se estende no espaço e no tempo. O processo de construção desse conhecimento combinou os sentimentos, memórias, expectativas e desejos de uma enorme quantidade de gerações que acabaram por acumular nessas representações sua experiência e seu saber. Esse tipo de conhecimento é infinitamente mais rico e complexo do que as formas de conhecimento individuais. 12