PREVALÊNCIA DE PARASITOSES EM PACIENTES ATENDIDOS EM LABORATÓRIOS DE PALMAS (TOCANTINS) Autores: Fernando Franco Lafetá Queiroz 1 ; Sandra Maria Botelho Pinheiro 2 ; Divino José Otaviano 3 1 Aluno do Curso de Medicina; Campus de Palmas; e-mail: fernandoflq@gmail.com Bolsista do programa PIBIC/Cnpq 2 Orientador(a) do Curso de Medicina; Campus de Palmas; e-mail: sandrabotelho@mail.uft.edu.br 3 Co-orientador(a): Professor da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) 1. RESUMO Embora haja conhecimento do impacto das enteroparasitoses para a Saúde Pública, pouca atenção tem sido dada ao assunto. Nota-se que a ausência de projetos educativos com participação da comunidade favorece a permanência de altos índices de prevalência dessas parasitoses. Em razão desses aspectos, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a prevalência de parasitoses em pacientes atendidos em laboratórios de Palmas - TO. Foram coletados dados de exames coproparasitologicos realizados no período de setembro de 2011 a junho de 2012 nos registros de exames coproparasitológicos de fezes, de três laboratórios, sendo um responsável por atender a região sul, outro a norte e um terceiro a região central. As variáveis do estudo incluíram: idade e sexo dos pacientes, positividade ou não do exame realizado e agente(s) etiológico(s). De 6.211 registros de exames coproparasitológicos analisados 29,1% apresentaram positividade 70,9% negatividade. Dentre os resultados positivos de indivíduos monoinfectados, notou-se alta prevalência de Endolimax nana (36,7%), Entamoeba coli (31,8%) e Giardia lamblia (24,9%). Palavras-chave: enteroparasitismo; agente etiológico; exame coproparasitológico. 2. INTRODUÇÃO
A infecção do homem por enteroparasitas representa grande problema de saúde pública em países em desenvolvimento por conta da elevada prevalência e do alto custo socioeconômico que acarretam. Essa infecção depende da interação entre o hospedeiro, parasita e meio ambiente. (SANTOS; MERLINI, 2010) Embora haja conhecimento do impacto das enteroparasitoses para a Saúde Pública, pouca atenção tem sido dada ao assunto. Nota-se que a ausência de projetos educativos com participação da comunidade favorece a permanência de altos índices de prevalência dessas parasitoses. (LUDWIG et al., 1999) Isso se torna mais alarmante por conta dos efeitos deletérios sobre a saúde dos indivíduos e, sobretudo, das repercussões econômicas causadas por essas parasitoses. (LUDWIG et al., 1999) Em razão desses aspectos o presente trabalho tem como objetivo avaliar a prevalência de parasitoses em pacientes atendidos em laboratórios de Palmas (Tocantins), relacionando a presença de infecção com a idade e o sexo do paciente. 3. METODOLOGIA Foram coletados dados de exames coproparasitologicos realizados no período de setembro de 2011 a junho de 2012 os quais constam nos registros dos exames coproparasitológicos de fezes, de três laboratórios, sendo um responsável por atender a região sul, outro a norte e um terceiro a região central, todos terceirizados pela Prefeitura Municipal de Palmas. Para tal análise, foram enviados ofícios da Secretária Municipal de Saúde aos laboratórios solicitando acesso aos dados necessários para o estudo dos exames coproparasitológicos do período em questão. O método de Hoffmam, Pons e Janer (Hoffman, 1934) era o método de escolha nos laboratórios pesquisados. Não houve intervenção nos pacientes nem a identificação dos mesmos. Os prontuários que apresentaram alguma informação duvidosa ou que não estavam completamente preenchidos foram excluídos do estudo. As variáveis do estudo incluíram: idade e sexo dos pacientes, positividade ou não do exame realizado e agente(s) etiológico(s). As taxas de positividade foram relacionadas de acordo com o sexo e a idade do paciente. A averiguação da frequência
das variáveis e construção de tabelas foi feita usando-se o programa Epi Info, versão 3.3.2, de fevereiro de 2005. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisados 6.211 registros de exames coproparasitológicos realizados no período de setembro de 2011 a junho de 2012. Destes 1.806 apresentaram positividade representando 29,1% do total. Os resultados negativos apresentaram a soma de 4.405, sendo 70,9% do total de resultados analisados. Os indivíduos monoinfectados representaram 86,5% do total de resultados positivos, aqueles duplamente infectados 13,2% e os triplamente infectados representaram 0,3%. Dentre os resultados positivos de indivíduos monoinfectados, notou-se alta prevalência de Endolimax nana (36,7%), Entamoeba coli (31,8%) e Giardia lamblia (24,9%). Os resultados encontrados se diferem dos achados de Marques, Bandeira & Quadros, 2005. Neste estudo os helmintos Ascaris lumbricoides e Strongiloides stercoralis apresentaram maior prevalência. Para justificar esse índice é necessário observar o acesso à água tratada na região de estudo, uma vez que os parasitas de maior prevalência contaminam os indivíduos através da água e alimentos contaminados. Na cidade de Palmas das 54.375 famílias cadastradas na base de dados do sistema público de saúde 13.446 não bebem água filtrada ou fervida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Esse alto número de famílias que não filtra ou ferve a água pode contribuir com a contaminação de indivíduos. (SANTOS; MERLINI, 2010) Percebeu-se a maior prevalência de protozoários em indivíduos duplamente infectados. Em tripla infecção notou-se a associação de protozoários e Hymenolepis nana. Relacionando-se as variáveis: sexo e resultado do exame, encontrou-se uma prevalência de positividade de 29% no grupo estudado de mulheres e de 29,1 no grupo
dos homens. Esse resultado se assemelha ao encontrado por Santos; Merlini, 2010 em que se verificou maior número de exames coproparasitológicos realizados por mulheres. Observaram-se maior número de exames realizados e maior prevalência de resultados positivos entre indivíduos na faixa etária até os dez anos de idade ao analisarse a relação estabelecida entre as variáveis: idade e resultado do exame. Observou-se também que a prevalência de resultados positivos é menor à medida que a idade aumenta, com uma elevação paradoxal na faixa etária dos 91 aos 105 anos. Esse achado pode estar relacionado a hábitos de higiene adquiridos e grau de imunidade. Indivíduos em sua primeira década de vida ainda não adquiriram bons hábitos de higiene pessoal e estão expostos a atividades de lazer em ambientes abertos propícios a contato com geo-helmintos. (SANTOS; MERLINI, 2010) Com o avanço da idade o indivíduo desenvolve o cuidado com a higiene pessoal e seu sistema imune amadurece o que auxilia na diminuição da quantidade de indivíduos infectados. (FURTADO; MELO, 2011) 5. LITERATURA CITADA FREI, Fernando; JUNCANSEN, Camila; RIBEIRO-PAES, João Tadeu. Levantamento epidemiológico das parasitoses intestinais: viés analítico decorrente do tratamento profilático. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol.24, nº12, p. 2919-2925, Dez. de 2008. FURTADO, Luis Fernando V.; MELO, Ana Carolina F. Prevalência e aspectos epidemiológicos de enteroparasitoses na população geronte de Parnaíba, Estado do Piauí. In: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, vol. 44, nº4, p. 513-515, Ago. 2011. LUDWIG, Karin Maria; FREI, Fernando; FILHO, Firmino A., RIBEIRO-PAES, João Tadeu. Correlação entre condições de saneamento básico e parasitoses intestinais na população de Assis, Estado de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, vol.32, nº5, p. 547-555, Out. 1999. MACHADO, R. C.; MARCARI, E. L.; CRISTANTE, S. F. V.; CARARETO, C. M. A. Giardíase e helmintíases em crianças de creches e escolas de 1 e 2 graus (públicas e privadas) da cidade de Mirassol, São Paulo Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 32 n 6, Dez. 1999.
MARQUES, S. M. T.; BANDEIRA, C.; QUADROS, R. M. Prevalência de enteroparasitoses em Concórdia. Santa Catarina, Brasil. Parasitologia latinoamericana, Santiago, v.60, n.1-2, Jun. 2005. MINISTÉRIO DA SAÚDE SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA SIAB. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?siab/cnv/siabcto.def>. Acesso em 07 de setembro de 2012. 6. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil.