1 INTRODUÇÃO. Amaro G. Joaquim 1, Priscila S. Salgado 2, Ivonei Teixeira 3 & Cassio E. L. de Paiva 4

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Transcrição:

EFEITOS DA VARIAÇÃO DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE UM AGREGADO RECICLADO DE RCD DA REGIÃO DE AMERICANA-BRASIL PARA USO EM PAVIMENTAÇÃO Amaro G. Joaquim 1, Priscila S. Salgado 2, Ivonei Teixeira 3 & Cassio E. L. de Paiva 4 1,2 Engº Civil Mestrandos da FEC-UNICAMP, Departamento de Geotecnia e Transportes, Tel: + 55 193521 2394, amaro@fec.unicamp.br/priscilassalgado@outlook.com. Site: http://www.fec.unicamp.br. 3 Mestre em Eng. Civil pela FEC-UNICAMP, Departamento de Geotecnia e Transportes, Tel: + 55 193521 2307, ivoneit@gmail.com. 4 Professor Titular Doutor da FEC-UNICAMP, Departamento de Geotecnia e Transportes, Tel: +55 193521 2343, celpaiva@fec.unicamp.br. 1,2,3,4 Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, Rua Saturnino de Brito, 224, Cidade Universitária Zeferino Vaz, CEP: 13083-889, Caixa Postal: 6143, Campinas - São Paulo, Brasil. Resumo A crescente quantidade de resíduos de construção e demolição (RCD) gerada pela construção civil, tem sido fonte de preocupação em todo o mundo devido aos grandes problemas ambientais, sociais, económico e de saúde pública. Uma alternativa para esses problemas é o reaproveitamento desses resíduos na forma de agregado reciclado para emprego em pavimentação. Em função da heterogeneidade do RCD, o agregado apresenta características peculiares essenciais para compreender o seu comportamento. O presente trabalho tem como objectivo avaliar os efeitos da variação de energia de compactação nas propriedades físicas e mecânicas do agregado reciclado de RCD, gerado na região de Americana, SP, verificando sua viabilidade técnica para o emprego em camadas de base, sub base e reforço do subleito em vias públicas de baixo volume de tráfego. Para tal, estudou-se o agregado da usina Cemara Pró Ambiental, caracterizando-o fisicamente através de ensaios laboratoriais de composição, absorção, forma, granulometria, índice de degradação e forma após a compactação, e para a caracterização mecânica verificou-se o Índice de Suporte Califórnia (CBR). Palavras chave: RCD; agregado reciclado; energia de compactação; pavimentação. 1 INTRODUÇÃO A construção civil é um dos setores de grande importância da indústria brasileira e vem apresentando um crescimento significativo nos últimos anos. Apesar de seus impactos socioeconômicos positivos, ainda é um dos segmentos que mais degradam o meio ambiente, seja pela violenta modificação da paisagem, pela utilização dos recursos naturais ou pela geração de resíduos sólidos. A falta de gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) acarreta problemas ambientais, sociais e de saúde pública nos municípios. Alguns desses problemas estão diretamente ligados aos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) que representam uma parcela significativa do RSU, variando entre 51 a 70%, segundo [1]. A aplicação do RCD em processos construtivos é uma forma de minimizar os impactos ambientais gerados pela construção civil e a sua utilização é ampla. Em pavimentação, pode ser empregado como material para as camadas de base, sub base e reforço do subleito. Ao submeter o agregado reciclado de RCD às diferentes energias de compactação, esse pode variar o seu comportamento físico e mecânico. Portanto, há necessidade de avaliar os efeitos da variação de energia de compactação nas propriedades físicas e mecânicas de um agregado reciclado para uso em pavimentação. 1

2 MATERIAIS E MÉTODOS Os experimentos deste trabalho, realizados na Faculdade de Tecnologia da UNICAMP, Limeira, SP, analisam propriedades físicas e mecânicas do agregado reciclado de RCD após a compactação com as diferentes energias Proctor. O material analisado é o agregado reciclado de RCD classificado como Bica Graduada Simples (BGS), fornecido pela usina de reciclagem Cemara Pró Ambiental, localizado na cidade de Americana, SP. O material foi coletado aleatoriamente da pilha de BGS, apresentado na Figura 1, em um único dia, 20 de Junho de 2014, a fim de evitar possíveis variações de composição e granulometria. 2.1 Caracterização física 2.1.1 Composição 2 Fig.1. Bica Graduada Simples Baseando-se na metodologia [2] adaptada em [3], para o ensaio de composição do agregado, fez-se a seleção de uma amostra de 12 kg de material seco, prosseguiu-se com o peneiramento separando os tamanhos graúdos dos miúdos. Após a separação granulométrica, seguiu-se com a classificação visual dos diferentes tipos de materiais encontrados na composição. Não foi possível classificar o material fino devido à sua dimensão. 2.1.2 Absorção e Forma O ensaio de absorção foi realizado conforme [4]. Utilizou-se uma amostra de 12 kg, no entanto, somente a parte graúda, que são os materiais retidos na peneira de 4,75 mm. O ensaio de forma foi realizado com base em [5]. Toda análise foi feita com o paquímetro manual. 2.1.3 Granulometria A análise granulométrica foi realizada por peneiramento e sedimentação de acordo com [6]. Conforme [7], recomenda-se que o agregado de RCD para uso em pavimentação deve ter uma dimensão característica máxima de 63,5 mm, apresentar de 10 à 40% de material passante na peneira de 0,42 mm e ter coeficiente de não uniformidade (CNU) maior ou igual a 10. 2.1.4 Ensaios de compactação Segundo [8], o objetivo do ensaio de compactação é determinar o teor de umidade ótimo e massa especifica aparente seca máxima do solo quando compactado. A usina Cemara Pró Ambiental forneceu tais parâmetros referentes às energias de compactação normal e intermediária.

2.1.5 Índice de degradação e forma após a compactação O Índice de Degradação foi realizado pelo método de ensaio [9]. Apesar da metodologia mencionar apenas a energia intermediária, o ensaio também foi realizado nas energias Proctor normal e modificada. O ensaio de forma após a compactação foi realizado de acordo com [5]. 2.2 Caracterização mecânica 2.2.1 Índice de Suporte Califórnia O ensaio do Índice de Suporte Califórnia (CBR) foi realizado pelo método [10]. Segundo [7], o ISC para pavimentos com baixo volume de tráfego deve ser igual ou superior a 60%, 30% e 12% para base, sub base e reforço do subleito, respectivamente. A expansão não deve ultrapassar 0,5%, para o uso em base e sub base, e 1,0% para reforço do subleito. 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 3.1 Ensaios de caracterização física 3.1.1 Composição O agregado reciclado de RCD foi separado de acordo com a natureza de seus materiais constituintes. Verificouse que este é composto por seis grupos distintos: material cimentício (argamassas e concretos); britas; tijolos e telhas; piso e azulejos; asfalto e resíduos indesejáveis, tal como a Figura 2. 3 Fig.2. Composição do agregado reciclado em estudo. Através do Quadro 1, é possível observar que o material cimentício (61,3%) é predominante. O agregado foi classificado como misto, pois apresenta menos de 90% de materiais cimentício e rochosos. A porcentagem total de materiais indesejáveis na amostra corresponde à 0,50%. Com a análise visual realizada por catação, verificouse que os esses materiais eram de diferentes naturezas como gesso, vidro, madeira, papel, plástico e isopor.

Quadro 1. Porcentagem em massa dos materiais constituintes Natureza do Material Massa (g) % Cimentício 3382,29 61,30 Tijolos e Telhas 746,74 13,50 Pisos e Azulejos 363,45 6,60 Britas 431,35 7,80 Asfalto 566,29 10,30 Materiais indesejáveis 26,72 0,50 Ʃ 5516,84 100 Em [7] estabelece o valor limite de 3% de resíduos indesejáveis, portanto, o agregado atende as especificações da norma. 3.1.2 Absorção O Quadro 2 apresenta os valores de absorção de cada material que compõe a amostra de RCD e a média ponderada. Quadro 2. Absorção dos grãos retidos na peneira 4,75mm do agregado reciclado de RCD de Americana de acordo a natureza de material constituinte Natureza do Material Composição (%) Absorção (%) Absorção Média (%) Cimentício 61,3 8,12 Tijolos e Telhas 13,5 20,12 Pisos e Azulejos 6,6 6,48 Britas 7,8 3,50 Asfalto 10,3 2,66 Resíduos Indesejáveis 0,5 19,01 Observa-se no Quadro 2 que as telhas e tijolos apresentam uma absorção cerca de sete vezes maior que o asfalto e as britas. Segundo [2], as britas apresentam absorção inferior a 2%. Portanto, durante o processo de compactação, deve-se adicionar uma quantidade de água maior ao agregado de reciclado do que nos materiais pétreos convencionais. Por meio de média ponderada, verificou-se uma absorção média de 8,78%. 3.1.3 Análise da forma O Quadro 3 apresenta a porcentagem de grãos com formas cúbica, lamelar, alongada e alongada-lamelar do agregado em estudo. Quadro 3. Forma dos grãos e porcentagens do agregado reciclado de RCD Americana estudado em laboratório Classificação da Forma Índice (%) 8,78 4 Cúbica 64,7 Alongada 5,3 Lamelar 28,7 Alongada-Lamelar 1,2

% Passa Conforme o Quadro 3, verifica-se que os grãos com forma cúbica (64,7%) apresentam predominância, devido à presença de materiais cimentícios. A predominância de grãos cúbicos é positiva em pavimentação, pois grãos com forma cúbica conduzem a um melhor entrosamento entre as partículas, aumentando a resistência ao cisalhamento e diminuindo a área específica [11]. Observou-se que o material apresenta 28,7% de grãos de forma lamelar devido à presença de materiais cerâmicos. Grãos com forma lamelar quebram com facilidade, logo, em grande quantidade, pode prejudicar a resistência da camada do pavimento [12]. Em [7] recomenda-se no máximo 30% de grãos com esse formato, portando o agregado atende a norma. 3.1.4 Granulometria A análise granulométrica do agregado reciclado foi realizada através do ensaio de granulometria por peneiramento e sedimentação, de acordo com [6]. Verificou-se nos dados do ensaio granulométrico que o agregado reciclado tem dimensão característica máxima de 50,8 mm e apresenta 36,7% de material passante na peneira de 0,42 mm. A Figura 3 apresenta a curva granulométrica do agregado em estudo. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro (mm) Fig.3. Curva granulométrica do agregado reciclado em estudo Nota-se, através da Figura 3, que o material possui uma distribuição granulométrica não uniforme e mal graduada, com coeficiente de não uniformidade C NU=180 e coeficiente de curvatura C C=0,56. A não uniformidade dos agregados reciclados é uma característica positiva quando se pretende usar o material em camadas de pavimento [13]. Em [7] menciona que o agregado reciclado de RCD, para uso em pavimentação, deve ter uma dimensão característica máxima de 63,5 mm, apresentar porcentagem de material passante da peneira de 0,42 mm entre 10 à 40% e ter coeficiente de não uniformidade maior ou igual a 10. Assim, o material atende a os requisitos granulométricos estabelecidos pela norma. 3.1.5 Ensaios de compactação Os resultados dos ensaios de compactação, fornecidos pela Cemara Pró Ambiental. Obteve valores de umidade ótima de 17,2% e 10,5% e massa especifica aparente seca máxima de 1,705 g/cm³ e 1,936 g/cm³ para as energias normal e intermediária, respectivamente. 5

3.1.6 Índice de Degradação e forma após a compactação O Índice de Degradação foi realizado conforme o método de ensaio [9]. Os valores obtidos foram 10,37%, 10,47% e 12,83% para as energias normal, intermediária e modificada, respectivamente. Segundo [14] citado por [15], o valor crítico do IDp ocorre quando é possível visualizar uma inflexão brusca na curva granulométrica. Fig.4. Curvas granulométricas do agregado em estudo Na Figura 4, observa-se e que as curvas granulométricas possuem uma configuração semelhante à curva padrão e não apresentam brusca inflexão na granulometria. Portanto, o IDp não atingiu seu valor ou estado crítico. Verifica-se que a maior fragmentação dos grãos ocorreu com a aplicação da energia modificada. Porém, a maior variação da degradação registrou-se entre o material natural e o compactado na energia normal. Entre as energias de compactação normal e intermediária a variação da degradação é pequena. Após a compactação do agregado nas energias normal, intermediária e modificada foi realizado a análise dos efeitos da variação da energia de compactação na forma dos grãos, conforme [5]. O percentual de partículas com forma cúbica aumentou progressivamente obtendo os valores 73,8%, 75,1% e 82,9% nas energias normal, intermediária e modificada, respetivamente. Com aumento da energia de compactação, as partículas com forma lamelar diminuíram. 3.2 Caracterização mecânica 3.2.1 Índice de Suporte Califórnia (CBR) O Índice de Suporte Califórnia foi executado com base no método [10]. Valores do ISC e expansão foram fornecidos pela Cemara Pró Ambiental. Os valores são iguais a 34% e 213% nas energias Proctor normal e intermediária respetivamente, e expansão nula para ambas. Na energia intermediária, o ISC apresentou um valor superior (CBR=213%) aos encontrados na literatura. Esse valor elevado pode ser explicado levando em conta a distribuição granulométrica do material. Por apresentar considerável fração de agregado graúdo, uma dessas partículas pode se acoplar abaixo do pistão, dificultando a penetração e, consequentemente, aumentando a porcentagem do ISC [16]. Dessa forma, optou-se em realizar o ensaio somente na energia intermediária, obtendo uma resistência à penetração igual a 94% e expansão igual a 0,09%. 6

Devido à heterogeneidade do agregado reciclado e as variações nos Índices de Suporte Califórnia, recomenda-se que o comportamento mecânico seja avaliado, também, através de outros experimentos, como o módulo de resiliência e deformação permanente. Em [7] recomenda-se que o ISC deve ser igual ou superior a 60%, 30% e 12% para base, sub base e reforço do subleito, respectivamente. A expansão não deve ultrapassar 0,5%, para o uso em base e sub base, e 1,0% para reforço do subleito. Portanto, o agregado atende a norma. 4 CONCLUSÕES A partir da apresentação e análise dos resultados obtidos pelos ensaios laboratoriais pode-se concluir que: O agregado reciclado da usina de Americana é um material heterogêneo classificado como misto. No ensaio de composição, a fração graúda mostrou-se com predominância de material cimentício e, também, apresentou um percentual de asfalto. Portanto, a composição do agregado influencia no seu comportamento quando compactado. O teor de absorção da fração graúda do agregado reciclado é maior nos materiais cerâmicos, pois verificouse que as telhas e tijolos presentes no RCD apresentam um teor de absorção elevado. Então, pode-se dizer que a natureza dos materiais constituintes do agregado reciclado influencia diretamente no teor de absorção. Portanto, o agregado reciclado de RCD necessita de maior quantidade de água durante o processo de compactação. A forma cúbica é predominante no material devido à presença de materiais cimentícios, sendo esta, uma característica considerada positiva quando se trata de pavimentação. Verificou-se ainda que forma lamelar é predominante em materiais cerâmicos. Portanto, quanto maior a quantidade de materiais cimentícios, maior a tendência do agregado reciclado apresentar partículas com formas cúbicas e quanto maior for a quantidade de cerâmicos, maior a propensão do agregado apresentar grãos com formas lamelares. O agregado reciclado atende as especificações granulométricas em [7], em relação à dimensão característica máxima dos grãos, às partículas passante da peneira de 0,42 mm e o coeficiente de não uniformidade C NU. Conclui-se, também, que apesar da norma não mencionar valores para o coeficiente de curvatura Cc, deveria haver um limite fixo deste parâmetro após a compactação, pois, como foi verificado, é comum se deparar com coeficiente de curvatura inferior a 1. Esse valor representa uma curva granulométrica descontinua o que gera mobilidade entre os grãos e, consequentemente, maior quebra das partículas após a compactação. A degradação do agregado é maior quando este é submetido à energia modificada. A variação do desgaste do material entre as energias normal e intermediaria não é acentuada. A energia de compactação influencia na granulometria do agregado reciclado. A variação da granulometria é maior entre o material virgem e o compactado na energia normal, pois na energia intermediária a curva granulométrica permanece praticamente igual à curva na energia normal, devido à degradação branda das partículas. Ao submeter o material as energias de compactação normal, intermediária e modificada aumentou gradativamente a quantidade de partículas com forma cúbica e, semelhantemente, diminuiu a quantidade de partículas com forma lamelar e alongada. Portanto, a energia de compactação influencia na forma das partículas, permitindo, assim, melhor acomodação entre os grãos do agregado reciclado. Com aumento da energia de compactação aumentou os valores de ISC. É sempre aconselhável fazer um controle dos valores de ISC devido à grande variabilidade da composição do agregado reciclado. E por fim, conclui-se que o agregado reciclado de RCD da usina de Americana apresenta uma variação positiva nas suas propriedades físicas e mecânicas com aumento da energia de compactação. Através dos resultados dos ensaios laboratoriais comprova-se que com emprego da energia de compactação intermediária o material já atende as prescrições em [7] tornando-o tecnicamente viável para o uso nas camadas de base, sub base e reforço do subleito em vias públicas de baixo volume de tráfego. 7

5 AGRADECIMENTOS Os autores não poderiam deixar de expressar publicamente o seu agradecimento ao UNAP-EC, à Faculdade de Tecnologia da UNICAMP e à usina de reciclagem Cemara Pró Ambiental. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SNSA. Panorama dos resíduos de construção e demolição (RCD) no Brasil. Disponível em:< http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/rsudoutrina_24.pdf>. Acesso em: 4 de Novembro de 2014. 2. R. S. Motta. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes), Estudo laboratorial de agregado reciclado de resíduos sólidos da construção civil para a aplicação em pavimentação de baixo volume de tráfego. São Paulo, 2005. 161f. Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. 3. A. M. G. Jiménez. Dissertação (Mestrado em Geotécnica), Estudo experimental de um resíduo de construção e demolição (RCD), para utilização em pavimentação. Brasília, 2011. 148f. Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília. 4. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6458: Grão de pedregulho retido na peneira de 4,8 mm Determinação da massa especifica, da massa especifica aparente e da absorção de água. Rio de Janeiro, 1984. 5. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6954: Lastro Padrão Determinação da forma do material. Rio de Janeiro, 1989. 6. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7181: Solo Análise Granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. 7. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de pavimentação Procedimentos. Rio de Janeiro, 2004. 8. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7182: Solo Ensaio de compactação. Rio de Janeiro, 1986. 9. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Método de ensaios ME 398: Agregados - Índice de degradação após compactação Proctor. Rio de Janeiro, 1999. 10. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Método de Ensaios ME 049: Solos Determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas. Rio de Janeiro, 1994. 11. V. Q. Borba, A. A. Santos. Monografia, Projeto de base drenante realizados de acordo com a especificação técnica DER/SP ET-DE-P00/008. Criciúma, 2013. Universidade do Extremo Sul Catarinense. 12. R. D. Nóbrega, R. A. Melo. Uso de Agregados de resíduos da construção civil na pavimentação urbana em João Pessoa. In: Encontro Nacional sobre aproveitamento de Resíduos da Construção, 2009, Feira de Santana: ENARC, 2009. 13. D. C. R. P. Grubba. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil: Transportes), Estudo do comportamento mecânico de um agregado reciclado de concreto para utilização na construção rodoviária. São Carlos, 2009. 163f. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. 14. J. A. G. Macêdo, R. C. Lima, C. R. V. Costa. Estudos dos solos lateríticos: índice de degradação e sua influência na compactação e I.S.C. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVAMINTAÇÃO, 1986. Anais. Salvador. 15. J. C. Oliveira. Tese (Doutorado em Ciências), Indicadores de potencialidades e desempenho de agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil em pavimentos flexíveis. Brasília, 2007. 190f. Universidade de Brasília. 16. F. B. M. Iyomasa. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana), Utilização de agregados reciclados de resíduos da construção civil em camadas de pavimento de tráfego leve: estudo de caso no município de Americana. São Carlos, 2013. 88f. Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos. 8