UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA. Guilherme Antonio França



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Transcrição:

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Guilherme Antonio França INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) CURITIBA 2012

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) CURITIBA 2012

Guilherme Antonio França INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico:Prof. Welington Hartmann Orientador profissional: José Emilio Cirino dos Santos CURITIBA 2012

Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró Reitora Acadêmica Prof.ª Carmem Luiza da Silva Pró Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró Reitor de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Roberval Eloy Pereira Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Prof.ª Ana Laura Angeli Campus Prof. Sidney Lima Santos Rua Sidney A. Rangel dos Santos 238 - Santo Inácio Cep 82010-330- Curitiba- Paraná

TERMO DE APROVAÇÃO Guilherme Antonio França INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 5 de Dezembro de 2012 Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Profº. Dr. Welington Hartmann Universidade Tuiuti do Paraná Profª. Dra. Ana Laura Angeli Universidade Tuiuti do Paraná M.V. Residente Fernando Augusto Pizzatto Sella Universidade Tuiuti do Paraná

APRESENTAÇÃO Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, com requisito parcial para obtenção do título de Médica Veterinária, é composto de um Relatório de Estágio no qual são descritas as atividades realizadas por Guilherme Antônio França, em atendimento a campo com o Médico Veterinário autônimo José Emilio Cirino dos Santos, com o objetivo de conhecer as técnicas utilizadas para a realização de Inseminação artificial em tempo fixo (IATF), atendimentos cirúrgicos, clínicos, e de Medicina veterinária preventiva, no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012, perfazendo o total de 408 horas.

DEDICATÓRIA amigos. Dedico esse trabalho aos meus pais Rudiberto e Sheila, à minha família e

AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por estar ao meu lado em todos os momentos da minha vida, por todas as suas bênçãos estarem sobre mim, e por ter sempre sido minha fonte inesgotável de amor e força. Aos meus pais amados, Rudiberto Dotti França e Sheila Lopes França, por estarem comigo em toda essa caminhada, pelo amor, confiança, força e principalmente pela educação que me deram. Aos meus amigos (Fernanda, Liédge, Fernando Sella, Maria Aparecida, Carlos Eduardo) que sempre estiveram ao meu lado, obrigado pelo apoio, momentos de descontração, risadas. Ao meu orientador Wellington Hartmann, pelos conhecimentos compartilhados, pela paciência e dedicação. A todos os professores que tiveram paciência comigo e com todos os meus colegas, por mostrar os caminhos que deveríamos seguir, e pela amizade. Ao meu orientador profissional Dr. José Emilio Cirino dos Santos pelo conhecimento adquirido, que sem a ajuda dele não teria aprendido tudo o que aprendi, e a todos os amigos que tive grande alegria em fazer durante meu período de estágio..

-te também no Senhor, e Ele te concederá o que deseja teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e E Salmos 37:5-6

RESUMO A atual situação econômica da pecuária mundial exige alta produtividade como garantia de retorno do capital investido a médio e a curto prazo. Tendo em vista que a reprodução animal é um dos alicerces da cadeia produtiva, sua eficiência deve ser detalhadamente monitorada visando maximizar o desfrute garantindo alta rotatividade financeira numa propriedade rural. Na procura por mais eficiência na taxa de prenhes em programas de inseminação artificial, vários protocolos foram desenvolvidos para sincronizar a onda de crescimento folicular e a ovulação em bovinos de corte e leite. Devido ao grande volume de animais que normalmente são inseminados no mesmo dia, existe a necessidade do desenvolvimento de tratamentos hormonais que sejam versáteis de modo a facilitar a rotina dos procedimentos de inseminação artificial em tempo fixo nas fazendas de gado. O objetivo desse trabalho foi descrever os protocolos hormonais para o controle do ciclo estral em protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). No corpo textual do trabalho encontra-se um breve histórico da técnica e revisão bibliográfica do ciclo estral bovino, descrição da técnica e as características dos hormônios para controle exógeno do ciclo estral. Através do estudo dos protocolos foi possível concluir que a utilização dos protocolos de IATF permite que as vacas tratadas ovulem no mesmo período podendo ser inseminadas sem a necessidade da observação do cio. Palavra - Chave: Inseminação artificial em tempo fixo, bovinos, Protocolo hormonal.

LISTA DE ABREVEATURAS AOLC Atividade ovariana luteal cíclica BE - Benzoato de estradiol BVD- Diarréia viral bovina CE Ciclo estral CL - Corpo Lúteo DLIP/DLICP Dispositivo liberador de progesterona/ Dispositivo de liberação interna controlada de progesterona. E2 - Estrógeno ECC - Escore de Condição Corporal ecg - Gonadotrofina Coriônica Equina ECS Estágio curricular supervisionado EM - Estação de Monta FD - Folículo Dominante FSH - Hormônio Folículo Estimulante GH - Hormônio do Crescimento GnRH - Hormônio Liberador de Gonadotrofinas hcg - Gonadotrofina Coriônica humana

HPG Hipotalâmico hipofisário gonadal IA - Inseminação Artificial IATF - Inseminação Artificial em Tempo Fixo IBR Rinotraqueite infecciosa bovina IEP Intervalo entre partos Kg - Quilograma LH - Hormônio Luteinizante Mg - miligrama mm - milímetros P4 - Progesterona - PR Paraná SNC - Sistema Nervoso Central US Ultrassom UTP Universidade Tuiuti do Paraná Alfa Beta

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Sistema reprodutor feminino... 26 FIGURA 2 - Ciclo estral de bovinos... 40 FIGURA 3 - Dispositivo liberador de progesterona (DLIP)... 51 FIGURA 4 - Ovário com corpo lúteo (CL)... 60 FIGURA 5 - Ovário com folículo dominante e CL... 60 FIGURA 6 - Ruptura de CL... 61 FIGURA 7 - Escore de condição corporal... 64 FIGURA 8 - Método de Trimberger... 70 FIGURA 9 - Método Ovsynch:... 77 FIGURA 10 - Método Ovsynch somado ao uso de DLIP... 78

LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Casos atendidos, por área de atuação durante o estágio curricular supervisionado realizado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012... 17 TABELA 2 - Atendimentos em medicina veterinária preventiva, durante o estágio curricular supervisionado, no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012... 18 TABELA 3 - Casos atendidos na área de reprodução e obstetrícia, durante o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012... 19 TABELA 4 - Casos atendidos na área de clinica cirúrgica, durante o estágio curricular supervisionado realizado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012... 20 TABELA 5 - Número de casos atendidos na área de clínica médica, durante o estágio curricular supervisionado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012... 21

LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS VARIAÇÕES, NA CONCENTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS HORMÔNIOS QUE REGULAM O CICIO ESTRAL EM BOVINOS... 40 GRÁFICO 2- INFLUÊNCIA DO ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL SOBRE A TAXA DE PRENHEZ... 66

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 15 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO... 16 2.1 RESUMO QUANTIFICADO DAS ATIVIDADES... 17 2.1.1 Atividades relacionadas à área de Medicina Veterinária Preventiva... 17 2.1.2 Atividades relacionadas à área de Reprodução e Obstetrícia... 18 2.1.3 Atividades relacionadas à área de Clínica Cirúrgica... 19 2.1.4 Atividades relacionadas à área de Clínica Médica... 20 3 REVISÃO DE LITERATURA... 22 3.1 APARELHO GENITAL DA FÊMEA BOVINA... 22 3.1.1 Vulva... 22 3.1.2 Vestibulo... 22 3.1.3 Vagina... 22 3.1.4 Cérvix... 22 3.1.5 Útero... 22 3.1.5.1 Função do útero... 23 3.1.5.2 Proteínas uterinas... 24 3.1.5.3 Contração uterina... 24 3.1.6 Ovidutos... 25 3.1.7 Ovários... 25 3.2 HORMÔNIOS RELACIONADOS À REPRODUÇÃO DA FÊMEA... 27 3.2.1 Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)... 27

3.2.2 Hormônios hipofisários gonadotróficos... 28 3.2.2.1 FSH e LH... 28 3.2.2.2 Prolactina... 29 3.2.3 Hormônios Placentários... 30 3.2.3.1 Gonadotrofina coriônica equina(ecg)... 30 3.2.3.2 Gonadotrofina coriônica humana (hcg)... 30 3.2.3.3 Lactogênio placentário... 31 3.2.3.4 Proteína b... 31 3.2.3.5 Ocitocina... 31 3.2.3.6 Prostaglandina... 32 3.2.4 Hormônios esteroides gonadais... 33 3.2.4.1 Estrógenos (E2)... 33 3.2.4.2 Progestágenos... 34 3.2.4.3 Relaxina... 35 3.2.4.4 Inibina... 36 3.2.4.5 Ativina... 36 3.3 CICLO ESTRAL... 37 3.3.1 Duração do Ciclo estral... 37 3.3.2 Fases do ciclo estral... 38 3.3.2.1 Pró-estro... 38 3.3.2.2 Estro... 38 3.3.2.3 Metaestro... 39 3.3.2.4 Diestro... 39

3.3.3 Fase folicular... 41 3.3.4 Fase luteínica... 42 3.3.5 Controle do Ciclo estral... 46 3.3.6 Dispositivo intravaginal com progestágeno... 49 3.4 ESTRO... 51 3.5 FOLICULOGÊNESE... 53 3.5.1 Folículo Primordial ou Primário... 56 3.5.2 Folículo Secundário-Pré Antral... 56 3.5.3 Folículo Terciário - Antral... 57 3.6 ATRESIA FOLICULAR... 58 3.7 CORPO LÚTEO... 59 3.8 MANEJO REPRODUTIVO... 62 3.9 ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL (ECC)... 64 3.9.1 Influência do ECC sobre as taxas de não retorno... 65 3.10 FATORES QUE AFETAM O ESTRO APÓS O PARTO OU ANESTRO PÓS-PARTO... 66 3.11 CONTROLE SANITÁRIO... 67 3.12 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL (IA)... 68 3.12.1 Vantagens da inseminação artificial... 68 3.13 RECONHECIMENTO DE CIO... 69 3.13.1 Problemas da baixa taxa de reconhecimento de cio... 69 3.14 IATF... 71 3.14.1 Vantagens da IATF... 72

3.14.2 Limitações da IATF... 74 3.15 TRIAGEM DE FÊMEAS VISANDO INCLUSÃO EM PROGRAMA DE IATF. 75 3.16 ESTRUTURA E ANÁLISE PARA PROGRAMAS DE IATF... 76 3.17 SINCRONIZAÇÃO DE CIO PARA IATF... 77 3.17.1 Protocolos de sincronização... 77 3.17.1.1 Ovsynch... 77 3.17.1.2 Select synch... 79 3.17.1.3 Co-synch... 79 3.17.1.4 Hybrid synch... 79 4 RELATO DE CASO... 80 4.1 CASO 1... 80 4.2 CASO 2... 81 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 82 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 83 7 CONCLUSÃO... 84 REFERÊNCIAS... 85

15 1 INTRODUÇÃO O Brasil detém um grande potencial para a evolução de tecnologias na bovinocultura de corte e de leite. Possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, existe uma grande demanda por animais geneticamente superiores, mas ainda a utilização de novas tecnologias é pequena comparada ao número de bovinos existentes (ANUALPEC, 2004). O melhoramento genético, baseado na seleção de indivíduos com maior desenvolvimento ponderal, rendimento de carcaça, produção leiteira, melhor conversão alimentar e precocidade sexual, possibilita o aumento da produtividade, tanto de carne quanto de leite. Assim, a eficiente multiplicação de animais superiores proporciona maior retorno econômico da atividade pecuária. No entanto, a multiplicação e distribuição desse material genético somente são possíveis com adequado manejo, sem o comprometimento da eficiência reprodutiva do rebanho (SILVA, 2005). Quando se pretende aprimorar geneticamente o rebanho, com melhora na produtividade e otimização de custos, a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) deve ser considerada. Os benefícios da indução sincronizada de cios são: possibilidade de inseminar todas as fêmeas do rebanho sem detecção de cio; indução de ciclicidade, permitindo a inseminação; possibilidade de ajustar e concentrar os nascimentos na época mais apropriada; os bezerros de vacas sincronizadas nascem antes, podendo desmamar mais pesados; as vacas emprenham mais cedo, permitindo a redução da estação de monta (BARROS, 2000; MADUREIRA, 2000).

16 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO Objetivou-se com este relatório descrever as atividades desenvolvidas no estágio curricular supervisionado (ECS) para conclusão do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. O ECS foi realizado juntamente com o Médico veterinário autônomo José Emilio Cirino dos Santos na cidade de São José dos Pinhais PR (Paraná), tendo início no dia 30 de julho e conclusão no dia 04 de outubro de 2012, totalizando 408 horas, sob a orientação do Professor Dr. Welington Hartmann. Durante o estágio foram realizadas diversas visitas em fazendas nos municípios de Piraquara, Pinhais, Colombo, Bocaiúva do sul, Tijucas do Sul, São José dos Pinhais, Araucária, também em Campo Largo, Bateias, Lapa e Palmeira. O foco principal dos atendimentos a campo era: manejo de lotes, manejo reprodutivo e medicina preventiva. Além do atendimento clínico e a realização de cirurgias. A rotina do estágio não seguiu cronograma pré-definido. O médico veterinário tem sede em São José dos Pinhais, onde fica a disposição para realizar todos os tipos de atendimento, como cirurgias, consultas, vacinações, coleta de material para exames e demais atendimentos de emergência. Algumas fazendas, no entanto, contam com acompanhamento mensal que inclui manejo nutricional, reprodutivo, produtivo e sanitário. Todas as atividades aqui relatadas ou citadas foram efetivamente desenvolvidas.

17 2.1 RESUMO QUANTIFICADO DAS ATIVIDADES Durante o período de estágio foram realizados procedimentos clínicos, cirúrgicos, de reprodução e obstetrícia, atividades zootécnicas e medicina veterinária preventiva, quantificadas na Tabela 1. TABELA 1 - Casos atendidos, por área de atuação durante o estágio curricular supervisionado realizado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012 N de Área de atuação casos Porcentagem (%) Clínica Médica 220 17.88 Clínica Cirúrgica 35 2.84 Reprodução e Obstetrícia 685 55.69 Medicina Veterinária Preventiva 290 23.57 TOTAL 1230 100 2.1.1 Atividades relacionadas à área de Medicina Veterinária Preventiva A Medicina Veterinária Preventiva é importante para garantir a sanidade e a saúde dos animais. Durante o estágio foram realizadas diversas atividades ligadas à prevenção e identificação de possíveis enfermidades, vacinação contra brucelose, inoculação de tuberculina para exame de tuberculose, coleta de sangue para o exame de brucelose e análise de leite. As atividades realizadas estão resumidas na Tabela 2.

18 TABELA 2 - Atendimentos em medicina veterinária preventiva, durante o estágio curricular supervisionado, no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012 Procedimento N de casos Porcentagem (%) Vacina contra brucelose 92 31.72 Exame para Brucelose e Tuberculose 190 65.51 Análise de Leite 8 2.77 TOTAL 290 100 2.1.2 Atividades relacionadas à área de Reprodução e Obstetrícia Durante o estágio curricular, as principais atividades realizadas foram na área de reprodução animal. O diagnóstico de gestação foi realizado por Ultrassom (US) e palpação retal. Vacas com dificuldade de emprenhar foram tratadas com hormônios e quando a prenhez permaneceu negativa as vacas foram descartadas para diminuir a proporção de animais com sub-fertilidade ou inférteis, possibilitando a permanência no rebanho apenas de animais férteis aumentando a lucratividade do produtor. Nos casos de distocia nos quais as manobras obstétricas não foram efetivas foi realizada a cesariana. Piometra, metrites e retenção de placenta também eram observadas com frequência após o parto de alguns animais, principalmente naqueles que apresentaram alguma distocia.(tabela 3).

19 TABELA 3 - Casos atendidos na área de reprodução e obstetrícia, durante o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012 Procedimento N de casos Porcentagem (%) Diagnostico de gestação 425 55,48 Cesariana 7 0,91 Metrites 27 3,52 Transfêrencia de embrião 41 5,35 IATF 83 10,83 Exames andrológicos 115 15,01 Inseminação artificial 68 8,87 TOTAL 766 100 2.1.3 Atividades relacionadas à área de Clínica Cirúrgica Foram realizados vários procedimentos cirúrgicos durante o estágio, sendo o casqueamento, tanto preventivo quanto curativo, a atividade mais realizada. A claudicação foi frequentemente observada entre os animais, o que dificulta a locomoção e diminui o consumo de alimento e a produção. Por isso nesses animais, foi realizado o casqueamento curativo. A mochação de bezerros foi outro procedimento frequentemente realizado. A técnica é simples e previne a necessidade da descorna futura, porém, muitas fazendas não a realizavam, sendo nessas propriedades, realizada a descorna plástica, técnica mais complicada e com mais riscos. Na tabela 4 são quantificados esses casos.

20 TABELA 4 Casos atendidos na área de clinica cirúrgica, durante o estágio curricular supervisionado realizado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012 Procedimento N de casos Porcentagem (%) Descorna cirúrgica 34 97.06 Deslocamento abomaso 1 2.94 TOTAL 35 100 2.1.4 Atividades relacionadas à área de Clínica Médica Os casos mais corriqueiros observados foram diarréia, pneumonia e hemoparasitoses e envolviam bezerros. Na maioria das propriedades não havia estrutura adequada para a recria, e isso refletiu principalmente, na saúde dos bezerros, que a fase que apresenta maior susceptibilidade as doenças ocasionando grande número de óbitos. Os quadros de diarreia acometiam bezerros entre zero a três meses de idade que eram criados sem divisão de lotes em áreas úmidas, sujas e com excesso de animais. Além disso, a antissepsia de umbigo não era feita de maneira correta, tornando o umbigo porta de entrada para infecção e, consequentemente ocasionando diarreia. Durante o estágio foram presenciados os mais diversos casos clínicos, conforme pode-se observar na tabela 5.

21 TABELA 5 - Número de casos atendidos na área de clínica médica, durante o estágio curricular supervisionado no período de 30 de julho a 4 de outubro de 2012 Procedimento N de casos Porcentagem (%) Babesiose 76 34.54 Timpanismo gasoso 18 8.18 Correção umbilical 4 1.81 Mochação 72 32.72 Afecções podais 14 6.36 Casqueamento carneiros 36 16.39 TOTAL 220 100

22 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 APARELHO GENITAL DA FÊMEA BOVINA 3.1.1 Vulva É a abertura externa do aparelho genital feminino, formada pelos lábios maiores que fecham a entrada dos tratos reprodutivo e urinário (VALLE, 1991). 3.1.2 Vestíbulo É a região onde os tratos reprodutivo e urinário se encontram. Ela se estende da vulva até a abertura da uretra. O clitóris que tem a mesma origem embrionária do pênis está localizada na porção ventral do vestíbulo (VALLE, 1991). 3.1.3 Vagina É a porção do trato reprodutivo localizada entre o vestíbulo e a cérvice. É o órgão copulatório feminino, onde o sêmen é depositado (VALLE, 1991). 3.1.4 Cérvix É a região de estreitamento do canal genital que separa a vagina do útero. Sua função primária é prevenir a passagem de microrganismos da vagina para o útero (VALLE, 1991). 3.1.5 Útero O útero é composto por dois cornos uterinos (cornuado), um corpo e uma cérvix (colo). A proporção relativa de cada parte, assim como o formato e a disposição dos cornos, varia entre as espécies. Nos ruminantes, o epitélio uterino

23 apresenta diversas carúnculas. Ambas as margens uterinas são unidas à parede pélvica e abdominal pelo ligamento largo (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Órgão reprodutivo acessório, tubular, oco, que se comunica cranialmente com as tubas e caudalmente com a vagina. Mantem relação dorsal com o reto e relação ventral com as vísceras abdominais. Quando gestante sua maior porção encontra-se na cavidade peritoneal, apresentando uma porção pélvica. Em sua extremidade caudal apresenta formação de anéis fibrosos, constituindo assim a cérvix ou colo uterino, estrutura que promove o seu contato com a vagina. O colo uterino ou cérvix representa uma barreira física de proteção do útero contra agentes externos (PALHANO 2008). 3.1.5.1 Função do útero O útero apresenta uma série de funções. O endométrio e seus fluídos têm grande relevância no processo reprodutivo: transporte do espermatozoide no oviduto, regulação da função do corpo lúteo (CL) e início da implantação, gestação e parto (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Transporte espermático No acasalamento, a contração do miométrio é essencial para o transporte dos espermatozóides do ponto de ejaculação para o local da fertilização. Um grande número de espermatozóides se agrega nas glândulas endometriais. À medida que eles são transportados ao longo do lúmen uterino até oviduto, eles sofrem (HAFEZ & HAFEZ, 2004).

24 Implantação e gestação O útero é um órgão altamente especializado, adaptado para aceitar e nutrir os produtos da concepção, desde a implantação até o uterina é governada pelos hormônios esteróides ovarianos. Esse processo envolve alguns estágios críticos quando o útero está preparado para aceitar seletivamente o blastocisto. Se não acorrer a diferenciação, o útero não estará adaptado para permitir a implantação (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Após a implantação, o embrião depende de um suprimento vascular adequado do endométrio para o seu desenvolvimento. Durante a gestação, as propriedades fisiológicas do endométrio e seu suprimento sanguíneo são importantes para a sobrevivência e o desenvolvimento do feto. O útero tem capacidade de sofrer extraordinárias modificações no tamanho, na estrutura e na posição a fim de acomodar as necessidades do concepto em crescimento (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 3.1.5.2 Proteínas uterinas O fluido endometrial contem proteínas séricas e pequenas quantidades de proteínas útero especificas. A proporção e a quantidade dessas proteínas variam de acordo com o ciclo reprodutivo. As diferenças de concentração, assim como a distribuição dos componentes nos fluidos uterinos, comparada ao soro sanguíneo evidenciam a ocorrência de secreção e de transudação (ANDREWS, 2008). 3.1.5.3 Contração uterina A contração do útero é coordenada por movimentos rítmicos do oviduto e do ovário. Há uma considerável variação na origem, na direção, no grau de amplitude e nas frequências das contrações no trato reprodutivo (ANDREWS, 2008).

25 Durante o ciclo estral (CE), a frequência das contrações do miométrio atinge seu grau máximo durante e imediatamente após o cio. Durante o cio, as contrações uterinas originam-se da porção caudal do trato reprodutivo e são mais predominantes no oviduto. Durante a fase luteínica, a frequência das contrações é reduzida e somente uma pequena porcentagem move-se em direção do oviduto (ANDREWS, 2008). 3.1.6 Ovidutos São dois túbulos que se estendem dos ovários aos cornos uterinos. Na extremidade próxima a cada ovário, o oviduto forma o infundíbulo estrutura em forma de funil que envolve o ovário e recebe o óvulo por ocasião da ovulação (VALLE, 1991). 3.1.7 Ovários São as duas gônadas femininas responsáveis pela formação do óvulo, que após fertilizado dará origem ao embrião. Os ovários atuam também como glândula endócrina, produzindo os hormônios esteróides estradiol e progesterona. O estradiol é produzido pelos folículos em desenvolvimento, e a progesterona pelo CL (VALLE, 1991).

26 FIGURA 1: Sistema reprodutor feminino. FONTE: VALLE, 1991.

27 3.2 HORMÔNIOS RELACIONADOS À REPRODUÇÃO DA FÊMEA 3.2.1 Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) O decapeptídeo GnRH é o iniciador central da cascata hormonal reprodutiva (ABREU, 2006). Trata-se de um hormônio proteico, produzido naturalmente pelo hipotálamo (ANDREWS, 2008), liberado de maneira pulsátil dos neurônios em direção a rede de vasos do sistema porta hipotalâmico-hipofisário. Por intermédio dessa rede, alcança as células gonadotrofos na hipófise anterior. Nessas células, o GnRH liga-se a receptores específicos de membrana celular promovendo uma serie de eventos, os quais incluem microagregação e interiorização do receptor de GnRH. Há ativação do sinal de transdução de segundo mensageiro, nova síntese de hormônio Luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante (FSH), e liberação de LH. A interiorização dos receptores para o GnRH após Sua ligação ao GnRH, induz um transitório estado de insensibilidade nas células do gonadotrofos ao GnRH. Em situações normais, novos receptores para o GnRH são sintetizados retornando a superfície das células gonadotrofos, recuperando dessa forma, a sensibilidade ao estimulo subsequente do GnRH (D' OCCHIO et al., 2000). Repetidas ou uma prolongada exposição ao GnRH pode ser necessário a imitar uma onda pré-ovulatória de LH em vacas, e essas repetidas doses causam a retomada de ciclos estrais fisiológicos em fêmeas portadoras de cistos foliculares. É aceito que o GnRH atua no desenvolvimento folicular ovariano e na função do corpo lúteo de maneira indireta via liberação induzida de LH e FSH da hipófise. A administração de GnRH eleva essas gonadotrofinas na circulação periférica dentro de 2 a 4h. As gonadotrofinas se ligam a seus receptores específicos nas células lúteas e foliculares (TWAGIRAMUNGU et al., 1992)

28 KAWATE et al. (1991), por meio de estudo experimental, examinaram o numero de receptores para o GnRH, na hipófise anterior de bovinos durante o ciclo estral. Os resultados permitiram sugerir que o numero de receptores para o GnRH, diminuíram da porção final da fase media lútea, em direção ao inicio dessa fase. O numero inferior de receptores no inicio da fase luteal pode resultar de um decréscimo durante a onda de gonadotrofina, que ocorre na fase folicular. Por sua vez, o número desses aumenta para o final da fase luteal (dias 11 a 17). Sendo assim, a resposta da liberação de LH a administração de GnRH em vacas e relativamente reduzida no inicio e metade da fase luteal porem, alta na fase folicular. O aumento do numero de receptores para o GnRH, precede a um incremento da sensibilidade ao mesmo requerido para a ocorrência de uma onda de gonadotrofinas. As alterações promovidas na estrutura química da molécula natural do GnRH, provoca a síntese de seus potentes análogos. Entre eles encontram-se a Buserelina, a Gonadorelina e o acetato de Fertirelina. Os análogos estabilizam a molécula contra ataques enzimáticos, aumentam a ligação a membranas e proteínas plasmáticas, e aumentam a afinidade do agonista para com o receptor do GnRH (THATCHER et al., 1993). 3.2.2 Hormônios hipofisários gonadotróficos 3.2.2.1 FSH e LH O FSH e o LH são hormônios glicoproteicos com peso molecular de aproximadamente 32.000 dáltons. Gonadotrofos da hipófise anterior secretam ambos os hormônios. Cada hormônio consiste de duas subunidades diferentes, chamadas alfa ( e beta (. A subunidade ou cadeia é comum a ambos, FSH e LH, entre as espécies, enquanto a subunidade é diferente e confere especificidade

29 a cada gonadotrofina. As subunidades e de qualquer um desses hormônios não possuem atividade biológica de modo separado (HAFEZ & HAFEZ, 2004). O FSH estimula o crescimento e a maturação do folículo de Graaf. O FSH por si só não causa a secreção de estrógenos no ovário; ao contrario, ele necessita da presença do LH para estimular a produção estrogênica. O LH é uma glicoproteína composta de uma subunidade e uma com peso molecular de 30.000 dáltons e meia vida biológica de 30 minutos (HAFEZ & HAFEZ., 2004). Níveis basais ou tônicos de LH agem juntamente com o FSH para induzir a secreção de estrógenos no folículo de Graaf; a onda pré-ovulatória de LH induz uma série de alterações no folículo, que culminam com a ruptura do folículo e expulsão do óvulo do seu interior (ovulação) (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 3.2.2.2 Prolactina A prolactina é um hormônio produzido pela adeno-hipófise que é importante para a reprodução, principalmente por seus efeitos sobre a glândula mamária e a lactação dos mamíferos (DAVIDSON & STABENFELDT, 1999). A prolactina é um hormônio polipeptídeo, e. não é uma glicoproteína. Sua molécula tem uma estrutura similar ao hormônio do crescimento (GH), em algumas espécies estes hormônios têm propriedades biológicas semelhantes (HAFEZ & HAFEZ, 2004). É conhecida como um hormônio gonadotrófico por causa das suas propriedades luteotróficas (manutenção do CL) em roedores. Entretanto, em animais domésticos, o LH é o principal hormônio luteotrófico, sendo que a prolactina

30 desempenha um papel menos importante neste complexo (DAVIDSON & STABENFELDT, 1999). 3.2.3 Hormônios placentários 3.2.3.1 Gonadotrofina coriônica equina (ecg) A ecg é uma glicoproteína com porém, com conteúdo de carboidrato mais elevado. O alto conteúdo de ácido siálico parece contribuir para a longa meia-vida de diversos dias do ecg. Portanto uma única injeção de ecg possui efeitos biológicos na glândula-alvo por mais de uma semana. A ecg possui atividade biológica semelhante tanto ao FSH quanto ao LH, porém predominantemente ao FSH. A ecg foi uma das primeiras gonadotrofinas comercialmente disponíveis usadas para indução da superovulação em animais domésticos (CUNNINGHAM, 1999). Possui como vantagens a facilidade de aplicação e o menor custo por possuir um longo tempo de meia-vida biológica. A ecg cria condições de crescimento folicular e de ovulação, e seu uso tem se mostrado compensador em rebanhos com baixa taxa de ciclicidade, em animais recém paridos (período pós-parto inferior a 2 meses) e em animais com condição corporal comprometida (BARUSELLI, 2003). 3.2.3.2 Gonadotrofina coriônica humana (hcg) Glicoproteína que consiste de uma subunidade aminoácidos e cadeias de carboidratos sintetizadas nas células sinciotroblásticas da placenta nos primatas e nas mulheres, e é obtida na urina e no soro sanguíneo da mulher gestante. Pode ser detectada por radiomunoensaio, na urina, 8 dias após a concepção da mulher. Possui funções semelhantes ao LH, sendo indicada para

31 tratamento de ovários císticos, indução de ovulação e no estudo de receptores do LH. A hcg substitui o LH pituitário, por seu alto custo de purificação, para induzir ovulação de vacas com ovários císticos, em programas de sincronização da ovulação e superovulação (ALBURQUERQUE et al., 2004). 3.2.3.3 Lactogênio placentário Lactogênio placentário é uma proteína com propriedades químicas similares à prolactina e ao GH. Tem grande importância na regulação da passagem de nutrientes maternos para o feto e, possivelmente, no crescimento fetal. Pode ainda desempenhar funções na produção de leite (HAFEZ &HAFEZ, 2004). 3.2.3.4 Proteína b O concepto bovino produz uma série de sinais durante o início da prenhez. Atualmente, somente uma proteína oriunda do tecido placentário foi parcialmente purificada, a proteína B específica da prenhez bovina. A ação fisiológica da proteína B parece estar envolvida na prevenção da luteólise no início da prenhez da vaca ou ovelha. Este hormônio placentário tem o potencial de ser o primeiro teste hormonal de prenhez confiável para ruminantes (ANDREWS, 2008). 3.2.5.5 Ocitocina Ocitocina é sintetizada no hipotálamo e transportada em pequenas vesículas envoltas por uma membrana através dos axônios do nervo hipotálamo-hipofisário. Elas são armazenadas nos terminais nervosos próximos dos leitos capilares da neuro-hipófise até sua liberação para a corrente circulatória. Ocitocina também é produzida pelo CL, portanto a ocitocina tem dois sítios de origem: um ovariano e outro hipotalâmico (HAFEZ & HAFEZ, 2004).

32 Promove as contrações uterinas em sinergismo com a Prostaglandina F2 ( ) no trabalho de parto e promove ejeção de leite ao atuar sobre as células mioepiteliais dos alvéolos mamários (PALHANO, 2008). 3.2.3.6 Prostaglandina Todas as prostaglandinas são ácidos graxos hidroxilados insaturados com vinte átomos de carbono e um anel ciclo/pentano. O ácido araquidônico, um ácido graxo essencial, é o precursor da maioria das prostaglandinas mais intimamente (PGE2). da fase luteínica do CE, permitindo, assim, o início de um novo ciclo quando da ausência de fertilização. fisiológicos e farmacológicos, tais como a contração da musculatura lisa dos tratos reprodutivos e gastrointestinal, a ereção, a ejaculação, o transporte espermático, a ovulação, a formação do CL, o parto e a ejeção de leite (HAFEZ & HAFEZ, 2004). No CE, o CL, formado após a ovulação de um folículo dominante, passando antes pela formação do corpo hemorrágico, é uma estrutura altamente vascularizada, cujo fluxo sanguíneo permite a sua manutenção, sendo assim, extremamente sensível às alterações do mesmo (PALHANO, 2008). A regressão do CL, ou a luteólise, é um fenômeno que ocorre pela ação da CE, observando-se um padrão de três a quatro pulsos por dia no início do processo, sendo necessários cinco pulsos diários para sua completa regressão (GONÇALVES et al., 2001).

33 O CL é formado após a ovulação e produz progesterona (P4), um hormônio responsável por preparar o útero para receber o embrião e manter a gestação. A manipulação do CE com PGE2 permitirá a lise do CL, queda do nível de P4 e o retorno da fêmea ao cio. 3.2.4 Hormônios esteroides gonadais Os hormônios esteroides gonadais são produzidos primariamente nos ovários e nos testículos. Órgãos não-gonadais, tais como as adrenais e a placenta, também secretam uma certa quantidade de hormônios esteroides (HAFEZ &HAFEZ, 2004). 3.2.4.1 Estrógenos (E2) Atuam no desenvolvimento sexual dos órgãos sexuais e características sexuais secundárias, sobre o endométrio, promovendo o desenvolvimento glandular e maior fluxo sanguíneo, sobre as glândulas mamárias, promovendo desenvolvimento glandular, sobre o miométrio, estimulando a contratilidade no parto vascularização. Promove, ainda, efeito psíquico, determinando receptividade sexual (aceitação da monta) durante o estro, efeito sobre a cérvix promovendo seu relaxamento e abertura, efeito anabólico protéico e feedback positivo para liberação -estradiol juntamente com a inibina, determina o bloqueio da liberação de FSH, inibindo, assim, o crescimento dos folículos subordinados. Alguns produtos estrogênicos sintéticos são utilizados rotineiramente em programa de sincronização de cios, como é o caso do benzoato de estradiol (PALHANO, 2008).

34 Os estrógenos são carregados na corrente circulatória por meio de proteínas ligadoras. De todos os esteróides, os estrógenos têm a mais ampla gama de funções fisiológicas. Algumas dessas funções são: Atuam no sistema nervoso central (SNC) induzindo comportamento de cio na fêmea; entretanto, pequenas quantidades de P4, juntamente com o E2, são necessárias para indução do cio em algumas espécies, tal como a vaca. Atuam no útero aumentando tanto a amplitude quanto a frequência das contrações, potencializando os efeito Desenvolvimento das características físicas sexuais femininas; Estimulam o crescimento dos ductos e desenvolvem as glândulas mamárias; Exercem efeitos de retroalimentação positiva e negativa no controle da liberação de LH e FSH através do hipotálamo. O efeito negativo se dá no centrotônico do hipotálamo e o positivo, no centro pré-ovulatório (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 3.2.4.2 Progestágenos Atuam sobre o endométrio, promovendo o desenvolvimento e a secreção glandular, inibem a motilidade uterina espontânea, promove efeito antagônico á ocitocina, efeito sobre as glândulas mamárias estimulando o desenvolvimento lóbulo-alveolar, podem inibir a ovulação em tratamentos para sincronização de cio e são essenciais para a manutenção da gestação (PALHANO, 2008). Exercem efeito inibitório sobre a liberação hipotalâmica e hipofisária de GnRH e LH, respectivamente. O CL, formado após a ovulação de um folículo dominante, é a principal fonte de P4 em fêmeas bovinas não gestantes. A P4 também é secretada

35 pela placenta, contudo a fêmea mantém a atividade luteal durante toda a gestação (PALHANO, 2008). A P4 é o progestágeno natural de maior prevalência sendo secretada pelas células luteínicas do CL, pela placenta e pelas glândulas adrenais. Assim como os andrógenos e os E2, é transportada na corrente circulatória por uma proteína de ligação, e sua secreção é estimulada primariamente pelo LH (HAFEZ & HAFEZ, 2004). A P4 desempenha as seguintes funções: Prepara o endométrio para a implantação e a manutenção da prenhez, aumentando a atividade secretora das glândulas do endométrio e inibindo a motilidade do miométrio; Atua sinergicamente com os estrógenos na indução do comportamento de cio; Auxilia no desenvolvimento do tecido secretor (alvéolos) da glândula mamária; Provoca a inibição do cio e do pico pré-ovulatório do LH quando em níveis elevados. Portanto, a P4 desempenha papel fundamental na regulação hormonal do CE; Inibe a motilidade uterina; 3.2.4.3 Relaxina A relaxina é um hormônio polipeptídeo que consiste de uma subunidade e outra, conectadas por duas pontes dissulfídicas e possui peso molecular de 5.700 daltons. A relaxina é secretada primariamente pelo CL durante a gestação. Em algumas espécies, a placenta e o útero também secretam relaxina. A principal ação

36 biológica da relaxina é a dilatação da cérvix e da vagina antes do parto. Ela também inibe as contrações uterinas e causa crescimento das glândulas mamárias quando administrada em conjunto com estradiol (ANDREWS, 2008). Provoca o relaxamento da sínfise púbica para a passagem fetal, estimula o crescimento uterino em conjunto com os E2 e a P4 (ANDREWS, 2008). 3.2.4.4 Inibina As gônadas são a principal fonte de inibina e proteínas correlatadas, que contribuem para a regulação endócrina do sistema reprodutivo. As inibinas não são esteroides, e desempenham um papel importante na regulação hormonal da foliculogênese ovariana durante o CE. Elas atuam como sinalizadores químicos para a hipófise sobre o número de folículos em crescimento no ovário. Pela inibição da liberação de FSH sem alteração no LH, as inibinas podem ser parcialmente responsáveis pela liberação diferenciada de LH e FSH pela hipófise (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 3.2.4.5 Ativina As ativinas são potentes dímeros liberadores de FSH e estão presentes nos fluídos gonadais, como, por exemplo, no fluído folicular. A ativina é um membro completamente funcional nos fatores de crescimento. É secretada pelas células da granulosa, e estimula a secreção de FSH e LH (ANDREWS, 2008).

37 3.3 CICLO ESTRAL O ciclo estral em bovinos apresenta duração média de 21 dias (17 a 25 dias) e é regido por interações e antagonismos endocrinológicos de hormônios secretados pelo hipotálamo, hipófise, gônadas e útero (MACMILLAN & BURKE, 1996). A expressão ciclo estral refere-se ao fenômeno rítmico observado em todos os mamíferos (exceto alguns primatas), no qual há períodos regulares, mais limitados de receptividade sexual (denominado estros), que ocorrem a intervalos característicos para cada espécie (STABENFELDT, 1996). Por definição, o ciclo estral corresponde ao intervalo compreendido entre dois períodos sucessivos de receptividade ao macho (cio). Tanto a manifestação de cio quanto a duração do ciclo se devem a alterações cíclicas nos ovários, envolvendo duas estruturas endócrinas temporárias, os folículos ovarianos e o corpo lúteo (CL), e suas principais secreções (estrógenos (E2) e progesterona (P4)) (HARTIGAN, 2008). 3.3.1 Duração do Ciclo estral A vaca é um animal poliéstrico e, não estando prenhe, tende a retornar o cio repetidamente ao longo do ano em intervalos de 18 a 24 dias (média = 21 dias). Por convenção, o dia do cio é considerado o início do ciclo estral (ANDREWS, 2008). Pode haver variação considerável (dentro da faixa de variação normal) na duração do ciclo estral: mesmos ciclos sucessivos na mesma vaca podem ter variações de vários dias. A maior parte dessa variação se deve à diferença na duração da fase lútea do ciclo ovariano (ou seja, na expectativa de vida funcional de

38 um CL). A regressão do CL pode iniciar tão cedo a partir do 15º dia ou tão tarde quanto no 19º dia do ciclo normal (de 20 a 24 dias) (ANDREWS, 2008). 3.3.2 Fases do ciclo estral originalmente desenvolvida para descrever os distintos estágios do ciclo observado em animais como cobaia, rata e camundonga. Em alguns casos, ligeiramente adaptada (FIGURA 2). FIGURA 2: Ciclo estral de bovinos

39 Didaticamente o ciclo pode ser dividido em 4 fases que são limitadas por eventos reprodutivos coordenados pela secreção de hormônios, que será representado pelo gráfico 1 (HAFEZ, 1995). 3.3.2.1 Pró-estro Fase que antecede o estro ou cio. Esta fase é marcada por um aumento gradativo circulante de estrógeno, devido ao início do desenvolvimento folicular. Os achados principais são decorrentes desse perfil hormonal. Ocorre um aumento gradativo na vascularização e tônus muscular dos órgãos genitais, edemaciação inicial da vulva, proliferação do epitélio vaginal e relaxamento da cérvix. Tem duração média de 2 a 3 dias e termina quando a fêmea passa a aceitar a monta do macho (HAFEZ, 1995). 3.3.2.2 Estro Caracteriza-se pela aceitação do macho. É a fase de mais fácil percepção. Nesta fase os níveis circulantes de estrógeno são elevados, os achados decorrem desta alta taxa. O útero e as tubas se encontram túrgidos, a cérvix relaxada, vagina e vulva com sinais de hiperemia e edema com corrimento de muco. Esta fase tem duração variada entre 10 a 18 horas, assim terminando quando a fêmea deixa de aceitar o macho (HAFEZ, 1995). 3.3.2.3 Metaestro Fase de mais difícil caracterização. Após a ovulação por estímulo do LH as células da teca e da granulosa, sofrem uma diferenciação em células luteínicas que formarão o corpo lúteo (CL). O CL secreta quantidades crescentes de progesterona até atingir sua produção máxima. A ovulação na vaca ocorre nesta fase. Com a produção inicial de progesterona, a genitália tende a ficar com menor tônus, menos vascularizada e edemaciada. Em bovinos pode ocorrer uma pequena hemorragia

40 caruncular, decorrente das alterações hormonais. Dura em média 2 ou 4 dias e termina quando o corpo lúteo atinge sua plena capacidade de produção de progesterona (HAFEZ, 1995). 3.3.2.4 Diestro Fase de maior duração, que ocorre sob predomínio da progesterona. Devido à presença deste esteróide, o endométrio fica mais espesso e com maior atividade glandular, a cérvix se fecha, ocorre relaxamento da musculatura do genital e uma diminuição da vascularização com hipotrofia do epitélio vaginal. Dura cerca de 13 a 15 dias, terminando quando ocorre a regressão fisiológica do corpo lúteo, tendo início outro ciclo (HAFEZ, 1995). GRÁFICO 1: Representação esquemática das variações, na concentração dos principais hormônios que regulam o cicio estral em bovinos FONTE: VALLE, 2012

41 3.3.3 Fase folicular O ciclo estral pode ser dividido em duas fases distintas: a fase folicular ou estrogênica, que se estende do proestro ao estro culminando na ovulação. Cada um dos folículos em crescimento tem duas populações de células secretoras de esteróides: células da teca interna e células da zona granulosa. As células da teca interna possuem receptores específicos para Hormônio luteinizante (LH), os quais respondem a essa gonadotrofina produzindo andrógenos, que se difundem na membrana basal para a camada de células da zona granulosa (ANDREWS, 2008). Nos estágios iniciais da foliculogênese, as células da zona da granulosa possuem receptores para o hormônio folículo estimulante (FSH), os quais respondem a essa gonadotrofina convertendo os andrógenos da teca em E2. O E2 folicular alcança a circulação e exerce uma retroalimentação negativa após a liberação de FSH pela hipófise: ao passo que a concentração de FSH está em declínio, o folículo dominante é selecionado e os folículos secundários regridem. O folículo dominante mantém baixo o teor de FSH e se torna dependente do LH para crescimento contínuo e secreção de estradiol (MACMILLAN & BURKE, 1996). O LH estimula a secreção suficiente de estradiol para induzir o cio e provocar o pulso de estrógeno, com retroalimentação positiva no eixo hipotalâmico-hipofisário. A frequência do gerador de pulso do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRh) aumenta, a sensibilidade da adenoipófise ao GnRH se eleva pela ação autoiniciadora do GnRH e a hipófise libera o LH para o pico pré-ovulatório. A resposta do folículo dominante ao LH é tanto morfológica (crescimento, ovulação, formação de CL) quanto secretora (E2 e P4) (HAFEZ & HAFEZ, 2004).

42 A ovulação depende muito do momento, da frequência e da amplitude das alterações hormonais anteriormente descritas. Por exemplo, um padrão inapropriado de secreção de LH pode ocasionar atresia ou persistência indevida do folículo dominante (com efeitos prejudiciais à qualidade o oócito). O evento hormonal crucial que inicia o processo ovulatório é a mudança de retroalimentação negativa por P4 e E2 para uma retroalimentação positiva por E2 (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 3.3.4 Fase Luteínica A fase luteínica consiste no crescimento folicular sob maiores concentrações plasmáticas de P4 secretada pelo CL, levando ao crescimento e atresia dos folículos (onda de crescimento folicular), devido à diminuição da pulsatilidade e ausência do pico de LH (ANDREWS, 2008). Após a ovulação, a membrana basal, entre as células da teca e as células da zona grânulos degrada-se, e a camada de células da zona granulosa avascularizada é invadida por septos de tecido conectivo que carreiam células da teca e vasos sanguíneos. As células da zona da granulosa e as células da teca se diferenciam em células lúteas que secretam P4; essas células podem também sintetizar e secretar E2, ocitocina e relaxina (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Em vacas, o hormônio luteinizante principal é o LH. Em condição normal, a secreção de LH mantém o CL funcional até que a prostaglandina (PGF2 ) oriunda ente teor sérico de P4 similar a concentração da fase lútea por alguns dias, antes de sua diminuição, seguida por teor sérico de FSH similar à concentração pré-ovulatória normal (ANDREWS,2008).

43 O tamanho do CL aumenta progressivamente até o 16º ou 18º dia do ciclo estral. Histologicamente, nota-se que o CL maduro contenha duas populações morfologicamente distintas de células parenquimatosas: células lúteas pequenas (10 a 20 µm) e grandes (20 a 35 µm). Todas as células pequenas são oriundas das células da teca, e até o sexto dia do ciclo estral quase todas as células grandes são provenientes das células da zona granulosa (ANDREWS, 2008). No manejo clínico do ciclo estral, é importante saber que as células lúteas pequenas e grandes diferem em suas capacidades de responder ao LH e FSH. Os receptores de LH são numerosos nas células pequenas, mas são escassos ou ausentes nas células grandes. Portanto, o LH estimula as células pequenas a secretarem P4, mas não possui tal efeito nas células grandes. A P4 é secretada em um padrão de pulsos, em frequência diferente daquela do LH. Isso não diminui a importância do LH como a principal luteotrofina de vacas. O LH não tem controle direto sobre a quantidade de P4 secretada pelas células grandes, mas exerce importante controle indireto por meio da modulação da diferenciação de células pequenas em células lúteas grandes, processo no qual a atividade esteroidogênica das células parece ser acionada completa e permanente. Por outro lado, há grande quantidade de receptores de PGF2 nas células lúteas grandes, mas estão ausentes nas células pequenas. Como a secreção de P4 pelo CL imaturo (terceiro ao quinto dia) ocorre quase exclusivamente nas células pequenas, não é surpresa que ela seja refrataria à ação luteolítica da PGF2 A luteolisina torna-se efetiva quando as células lúteas grandes assumem a responsabilidade pela maior parte da atividade secretora (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Sabe-se bem que nos primeiros quatro a seis dias do ciclo estral a ocitocina exógena pode inibir o crescimento do CL e bloquear sua atividade secretora. Isso é

44 possível porque as células lúteas pequenas têm receptores específicos para ocitocina e a interação entre os receptores e o peptídeo ocasiona inibição da secreção de P4 estimulada por LH pelas células pequenas. No CL maduro, as células lúteas grandes sintetizam ocitocina. Sugere-se que é possível que esse PGF2 (HAFEZ & HAFEZ, 2004). A PGF2 é sintetizada no endométrio, e deixa o útero pela veia uterina e boa parte dela é transportada pelo sangue venoso aos pulmões, onde cerca de 65% é degradada. No entanto, parte da PGF2 é transportada diretamente do útero para o ovário adjacente por meio de um mecanismo contracorrente, que transfere a substancia luteolítica da veia uterina para a artéria ovariana. Portanto, em vacas a PGF2, pode atuar, em parte, por via sistêmica a fim de intensificar a transferência contracorrente local (MCCRACKEN et al.,1999). A PGF2 é liberada do útero na forma de pulsos, havendo evidencia de que a exigência mínima para regressão normal do CL ao final do ciclo estral (ou seja, luteólise efetiva pela PGF2 endógena) é um pulso que dure 1 hora, repetido a intervalos de aproximadamente 6 horas por um período de 24 a 30 horas (ao contrário, após o quinto dia do ciclo estral o corpo lúteo pode ser removido por meio de uma única injeção de luteolisina exógena, em dose adequada) (HAFEZ & HAFEZ, 2004). O momento e a magnitude da liberação de PGF2 pelo útero são determinados pelas alterações sequenciais da P4, do estradiol e da ocitocina. As ações central e periférica do estradiol são fundamentais para que ocorra luteólise (BINELLI et al, 2001). Na fase inicial do ciclo estral, as células do endométrio contem

45 vários receptores de P4 e a ligação dos esteróides aos seus receptores bloqueia efetivamente a produção de PGF 2 (HAFEZ & HAFEZ, 2004). No entanto, isso causa um acúmulo de precursores de ácidos graxos no endométrio. Depois de aproximadamente 10 dias a ação da P4 no hipotálamo e no endométrio começa a diminuir, permitindo que ocorram alterações de teor de E2, tanto central quanto periférico. Em nível central, o estradiol proveniente de folículos ovarianos em desenvolvimento parece alterar a frequência do gerador de pulso da ocitocina do hipotálamo, o que induz uma serie de episódios intermitentes de secreção de ocitocina perifericamente, induz a formação de receptores endometriais para estradiol e ocitocina (ANDREWS, 2008). No endométrio, a ligação de ocitocina (oriunda do hipotálamo e do corpo luteo) com seus receptores provoca uma secreção pulsátil imediata de PGF 2 É provável que a duração dos pulsos seja determinada pela rápida infra regulação dos receptores de ocitocina (dentro de 1 hora) e que a frequência dos pulsos reflita o período de regeração dos receptores de ocitocina em resposta ao estradiol (6 horas) (MCCRACKEN et al.,1999). A PGF 2 causa redução significativa do fluxo sanguíneo ao CL e se liga aos receptores específicos nas células lúteas grandes. No entanto, as outras células esteroidogenicas, as células lúteas pequenas, não possuem receptores de PGF 2, supondo-se que algum tipo de comunicação intercelular entre as células grandes e as células pequenas esteja envolvido na cessação da secreção de P4 induzida por LH pelas células lúteas pequenas. A ocitocina, sintetizada nas células lúteas grandes e com células especificas na células lúteas pequenas, é uma candidata óbvia à função de mensageiro (ANDREWS, 2008).