Assunto: Pronúncia art. 100º do CPA sobre Projecto de Regulamento de Recrutamento e Contratação de Pessoal Docente da Universidade de Coimbra

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N/Refª:Dir:GLV/0108/

Transcrição:

Exmo. Sr. Vice Reitor Universidade de Coimbra Paço das Escolas 3004-531 Coimbra Assunto: Pronúncia art. 100º do CPA sobre Projecto de Regulamento de Recrutamento e Contratação de Pessoal Docente da Universidade de Coimbra Exmo Senhor vice Reitor Prof. Doutor Luís Filipe Menezes, O Sindicato dos Professores da Região Centro, vem, ao abrigo do disposto no art. 100º do CPA, pronunciar-se sobre o Projeto de Regulamento de Recrutamento e Contratação de Pessoal Docente da Universidade de Coimbra, o que faz nos termos e com os fundamentos seguintes: 1º Procuraremos nos pontos seguintes proceder a uma análise do projecto de regulamento em causa, abordando designadamente sua conformidade jurídica. I Da conformidade jurídica do projecto em causa com as normas que visa regulamentar 2º É referido no preâmbulo do projecto de regulamento que o mesmo é aprovado ao abrigo do artigo 83º-A 1 do ECDU e resulta do nº2 do artigo 1º do Regulamento que o mesmo: 1 Consta do Artigo 83.º-A do ECDU que 1 - O órgão legal e estatutariamente competente de cada instituição de ensino superior aprova a regulamentação necessária à execução do presente Estatuto, a qual abrange, designadamente, os procedimentos, as regras de instrução dos processos e os prazos aplicáveis aos concursos e convites, no quadro da necessária harmonização de regras gerais sobre a matéria. 2 - No que se refere aos concursos, os regulamentos devem abranger a tramitação procedimental, designadamente as regras de instrução de candidaturas, os prazos, os documentos a apresentar, os parâmetros de avaliação, os métodos e critérios de selecção a adoptar e o sistema de avaliação e de classificação final. 3 - Os regulamentos a aprovar pelas instituições não podem afastar as disposições do presente Estatuto.

«a) Estabelece as regras e a tramitação dos concursos para recrutamento e seleção do pessoal docente de carreira e da respetiva contratação; b) Define diretrizes para a avaliação do período experimental do pessoal docente de carreira; c) Estabelece as regras e a tramitação dos procedimentos de recrutamento, seleção e contratação do pessoal docente especialmente contratado.» 3º Passemos então a expor as nossas criticas as soluções regulamentares preconizadas no projecto de regulamento (quando não seja indicada outra origem, os artigos referidos referem-se ao projecto de regulamento que nos foi facultado). 4º a) A propósito das Regras e tramitação dos concursos para recrutamento e seleção do pessoal docente de carreira e da respetiva contratação (artigos 4º a 33º do projecto de regulamento) No artigo 2º nº 1 al.c) princípios subjacentes à criação dos júris afigura-se-nos que seria útil acrescentar que os membros do júri devem ser especialistas da área ou áreas disciplinares para as quais foi aberto o concurso, de acordo, aliás, com a previsão do art. 46º nº 1 al. c) do ECDU. 5º Nos artigos 15º e 19º do projecto de regulamento regulamenta-se a aprovação em mérito absoluto, respectivamente, para os professores catedráticos e associados e professores auxiliares. 6º No artigo 19º, aplicável aos concursos para professor auxiliar, impõe-se requisitos que se nos afiguram como manifestamente exagerados enquanto requisitos de mérito absoluto, não só ao nível da componente cientifica como da componente pedagógica. 7º E de forma surpreendente exige-se mesmo "que tenham dado contributos para outras áreas relevantes para a missão da UC" (cfr. Artigo 19º nº 2 al. c)), o que seria manifesta e ostensivamente ilegal já que se estaria a estabelecer um critério de admissão em função de uma prévia relação laboral com a instituição universitária que procede à abertura do procedimento concursal! 8º Ora, como a redacção do artigo 19º é idêntica a do artigo 41º, a única explicação que se encontra é que o artigo 19º é um lapso resultante de uma errada transcrição do texto do artigo 41º.

9º Por outro lado, no que ao mérito absoluto diz respeito, não pode deixar de se ter em consideração que o mérito absoluto funcionava no regime prévio ao DL 205/2009, de 31-08, como uma análise inicial, configurando um patamar mínimo de exigência, que muito só em casos extremos impediria o candidato de passar à fase de avaliação e ordenação. 10º Aliás, relativamente ao regime actual há mesmo autores 2 que sustentam que a referência no final do nº 7 do artigo 50º do ECDU ao mérito absoluto se trata de um mero lapso reminiscente da redacção dos artigos 40º, 41 e 41-A constante da primeira redacção do projecto do Decreto-Lei 205/2009, na qual constava, para além da redacção actual, a exigência de um "curriculo adequado". 11º Note-se ainda que a não aprovação em mérito absoluto ao não permitir que o candidato seja ordenado configura em sim uma exclusão do procedimento. 12º Ora, o artigo 37º nº3 do ECDU dispõe, expressamente, que o factor "experiência docente não pode ser critério de exclusão", porém o artigo 19º do Regulamento ao impor que os "candidatos tenham desenvolvido atividade pedagógica de grande qualidade, lecionando de forma inspiradora para os seus alunos, e com uma avaliação eficaz, ou grande potencial para atingir esse nível", está-se na realidade a impor a experiência docente como critério de exclusão. 13º Nestes termos, ainda que não se tratasse de um mero lapso, é manifesta a ilegalidade das exigências constantes do artigo 19º do projecto de regulamento. 14º No que à nomeação dos membros dos júris para os concursos diz respeito, afigura-senos que a redacção do nº1 do artigo 7º do projecto de regulamento não é adequada na medida em que aí se refere que quem "propõe" é o Diretor da Unidade Orgânica e apenas se refere Conselho Científico seja " ouvido". 15º Porém, al. I) do nº 1 do art. 103 da Lei 62/2007, de 10-09, é muito clara na afirmação que compete ao conselho científico "i) Propor a composição dos júris de provas e de concursos académicos;". 16º 2 Cfr. Aleida Vaz de Carvalho, in Estatutos das Carreiras Docentes, (Ensinos Universitário e Politécnico) Titulos de Agregado e Especialista) Regimes Jurídicos anotados e comentados, Quid Juris, 2010, pag. 50.

Aliás, tal redacção do nº1 do artigo 7º é também contraditória com o afirmado no artigo 21º nº2 do próprio projecto de Regulamento, pelo que é manifesto que aquela deve ser corrigida. 17º Ainda no âmbito dos actos preparatórios, esta previsto no nº 5 do artigo 21º do Projecto de Regulamento que «Todos os atos preparatórios são da responsabilidade do Reitor quando o Conselho Científico da Unidade Orgânica não disponha de, pelo menos, três professores de categoria superior àquela para que é solicitada a abertura do concurso, ou de categoria igual caso se trate de concurso para recrutamento e seleção de professor catedrático.» 18º Ora, tal norma causa-nos alguma estranheza na medida em que um regulamento não pode contrariar as competências legalmente definidas (cfr. al. I) do nº 1 do art. 103 da Lei 62/2007) e, por outro lado, não se vislumbra a razão de ser da delimitação a três membros (atente-se na redacção do actual art. 29º do CPA que mesmo nos órgãos colectivos compostos por três membros, refere que o quórum necessário é de apenas 2). 19º Afigura-se nos existir uma ilegalidade nos artigos 12º, 13º, 16º e 17º onde se encontram previstos os métodos de selecção e critérios de selecção, assente numa errada compreensão das normas do ECDU e num errado entendimento do tipo de concurso aqui em causa. 20º Assim, atente-se que os artigos 9º e 11º do ECDU são muito claros na afirmação de que o recrutamento de professores catedráticos, associados e auxiliares é realizado "exclusivamente por concurso documental". 21º Ora, é à luz de tal imposição normativa que se deve interpretar o sentido da previsão do artigo 50º nº 4 al. b) de audições públicas, previsão essa que, aliás, surge no mesmo número que a possibilidade de documentação complementar. 22º Assim, afigura-se-nos que ao contrário do que está pressuposto no projecto de regulamento, o ECDU não permite a existência de metódo de selecção outro que não o da avaliação curricular e, muito menos, que tal outro método de selecção se afirme como um "factor autónomo de valorização" 3 como resulta dos artigos 13º nº 1 (onde se refere pesos "relativos") e 16º nº1 onde expressamente se enuncia que a audição pública terá o peso de 50%. 23º 3 Neste sentido, vide Paulo Veiga e Moura in Comentário aos Estatutos das Carreiras de Docente do Ensino Universitário e Politécnico, Coimbra Editora, 2009, pag. 99 e 100.

A audição pública prevista no nº4 do artigo 50º do ECDU, tendo em conta que estamos perante um concurso exclusivamente documental, apenas poderá ter por fim o esclarecimento/aprofundamento por parte do candidato de qualquer dos elementos documentais que constem da sua candidatura de forma a permitir uma mais adequada avaliação de tais elementos documentais. 24º Face ao regime legal, a audição pública não pode ter um valor (contribuição na expressão usada no artigo 16º do regulamento ) próprio e distinto do resultante da análise dos elementos documentais apresentados com a candidatura. 25º A audição pública legalmente prevista no artigo 50º nº4 al. b) do ECDU configura um auxiliar na avaliação dos elementos documentais e não um método de selecção autónomo como resulta das referidos artigos do regulamento projectado e dos Editais ao mesmo anexos. 26º Face ao exposto afigura-se-nos que os artigos 12º, 13º, 16º e 17º violam os artigos 9º, 11º e 50º do ECDU. 27º Por outro lado, quanto aos critérios de selecção não pode deixar de se fazer referência à enorme disparidade entre a relevância dada ao desempenho científico e à capacidade pedagógica do candidato, cabendo ao primeiro uma ponderação de 80% e ao segundo de 20%. 28º Ora, apesar do ECDU não definir um específico peso relativo dessas duas vertentes, a verdade é que a ponderação assim definida pode, porventura, ser considerada desproporcional, subalternizando-se, exageradamente, o trabalho desenvolvido na vertente pedagógica, prejudicando-se desproporcionalmente os candidatos que desempenharam funções docentes em regime de tempo integral. 29º Por outro lado, quer nos referidos artigos do projecto de regulamento, quer nos Editais anexos, onde alegadamente constariam os "parâmetros" concretizadores (cfr. Artigos 14º e 18º do Projecto de regulamento), verifica-se que a descrição dos mesmos é demasiado vaga, imprecisa e genérica. 30º Acresce que não resulta do projecto de regulamento nem tal é efectuado nos editais qualquer imposição de definição nos Editais de parâmetros quantitativos de uma escala quantificada de valores ou de pontos, dentro da qual os elementos do júri poderiam proceder às avaliações. 31º

Seria útil, por exemplo, a definição de um conjunto ordenado de diferentes atributos respeitantes a cada alegado critério ou subcritério e uma correspondente escala de pontuação. 32º Pelo exposto, tal como estão actualmente concretizados os critérios de selecção, afigura-se que os critérios em causa não cumprem adequadamente os princípios da transparência e da imparcialidade, não garantindo os princípios da igualdade de condições e de igualdade de oportunidade para todos os candidatos face à vacuidade, imprecisão e generalidade dos conceitos utilizados. 33º Agora para uma consideração de índole maís prática, no artigo 63º do projecto de regulamento prevê-se que as "notificações no âmbito dos concursos previstos no presente Regulamento são feitas por edital, nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 112.º do CPA". 34º Ora, afigura-se-nos que apesar de nos Editais de abertura anexos se procurar obstar a um dos problemas desta forma de notificação, impondo a enunciação das datas em que se procederá à notificação via Edital (não se prevendo nas minutas de Edital como se procederá se tais datas não forem cumpridas), a verdade é que tal forma de notificação é, normalmente, apenas usada quando o número de pessoas a notificar é muito elevado ou não foi possível notificar de outro modo. 35º Não sendo aliás a forma mais adequada para notificar actos administrativos ou projectos de decisão carecidos de fundamentação, normalmente, extensa. 36º Podendo, além do mais, levantar-se a questão do acesso a informações que constem da fundamentação por parte de pessoas não envolvidas no procedimento. 37º Estas algumas das razões pelas quais a opção pela figura da notificação Edital ao invés das formas de notificação previstas nas alíneas a, b) e c) do nº1 do art. 120º do CPA não se nos afigura como a mais adequada aos procedimentos concursais em causa. 38º b) - Das diretrizes para a avaliação do período experimental do pessoal docente de carreira (artigos 34º a 43º do projecto de regulamento)

Passando agora às regras relativas às "... diretrizes para a avaliação do período experimental do pessoal docente de carreira...", começamos por indicar a nossa discordância quanto ao afirmado no artigo 35º nº4 do Projecto de regulamento quanto ao facto de, apesar do período experimental aí em causa ser de um ano, se afirmar que "...apenas poderão ser avaliados os elementos factuais ocorridos e comprovadamente válidos até ao termo do sétimo mês do período experimental, devendo o docente igualmente abster-se de incluir no seu relatório quaisquer elementos que não cumpram esses mesmos requisitos.". 39º Ora, apesar de se compreender que o relatório tenha que ser apresentado com a antecedência prevista, a verdade é que não se vislumbra a razão pela qual não possam do mesmo constar elementos que, com toda a previsibilidade, se irão ainda verificar dentro do período experimental, estando-se assim na prática a converter um período experimental de 1 ano, em 7 meses. 40º No mesmo sentido a redacção do artigo 40º nº1 quando conjugada, designadamente, com o artigo 41º nº 2 al. a) limita o período experimental dos professores auxiliares a 51 meses e não aos 60 meses correspondentes a 5 anos e, por outro lado, no que toca à avaliação da actividade científica submete a avaliação da mesma a resultados já publicados e não ao trabalho concretamente realizado. 41º Sendo certo que o momento da submissão dos trabalhos a publicar está na esfera do professor auxiliar, a verdade é que o momento da sua publicação não está, podendo a mesma ocorrer posteriormente aos 51 meses e antes dos 60 meses. 42º Acresce que nessas situações a actividade cientifica foi realizada claramente no período experimental e não pode ser simplesmente ignorada por os seus resultados não terem sido ainda publicados. 43º Por outro lado, apesar do elenco de critérios (os quais carecem ostensivamente de uma concretização) no artigo 42º, a realidade é que no que diz respeito ao desempenho científico, cultural ou tecnológico resulta do disposto no artigo 41º nº 2 al. a) que, independentemente do trabalho a esse nível realizado, o decisivo é ter "... produzido resultados publicados nos 5% mais importantes locais de publicação mundial da sua área de trabalho...". 44º Porém não se indica sequer de que forma será apurado quais os "...5% mais importantes locais de publicação..." e sequer qual o momento relevante para tal apuramento (desde logo teria que se decidir se seria relevante o momento em que se verificou a publicação ou o momento em que se realiza a avaliação?). 45º

Por outro lado, verifica-se por essa via, uma total demissão por parte da própria instituição de avaliação da concreta actividade desenvolvida, remetendo-se unicamente para um controlo administrativo de publicações realizadas, sendo certo que para isso não seria manifestamente necessária a intervenção do Conselho Cientifico (como é imposto por lei), podendo tal constatação e contabilização de publicações ser realizada por um qualquer funcionário sem específicos conhecimentos científicos. 46º Pelo que tais regras do projecto de regulamento não respeitam a intencionalidade normativa subjacente à previsão legal de um período experimental, avaliar o concreto trabalho desenvolvido nesse período. 47º Acresce, por outro lado, que os critérios de avaliação previstos no artigo 42º do projecto de regulamento são manifestamente genéricos não tendo a concretização suficiente que permita aos professores auxiliares saber, com a devida antecedência (a qual deveria ser aquando do início do período experimental), o que em concreto irá ser ponderado e avaliado para assim organizarem a sua actividade e definirem prioridades. 48º Por último, no que a esta matéria diz respeito, consta do artigo 43º nº 8 do projecto de regulamento que "Depois de decidida a cessação do contrato de um professor em resultado da avaliação do seu período experimental, não poderá ser celebrado, ao abrigo do ECDU, qualquer outro tipo de contrato com esse professor." 49º A norma, tal como se encontra redigida, impossibilitaria a contratação de um docente ao qual tivesse sido decidida a cessação após o período experimental, ficando assim o docente impedido de aceder ao desempenho de funções na Universidade de Coimbra ao abrigo de qualquer tipo de contrato. 50º Tal norma impediria um professor auxiliar de no futuro próximo ou distante poder vir a ser contratado como convidado ou como professor auxiliar, associado ou catedrático mesmo que se apresentasse a concurso e viesse a ser ordenado em 1º lugar! 51º Estamos assim perante uma mera norma regulamentar que impedirá alguém de voltar a exercer funções docentes na Universidade de Coimbra, o que se afigura ser ostensiva e grosseiramente violador do direito de acesso á função pública constitucionalmente previsto no artigo 47º nº2 da CRP. 52º Acresce que tal norma regulamentar impõe tal restrição à contração de docentes sem qualquer sustentação no ECDU que visa regulamentar.

c) A propósito das regras e a tramitação dos procedimentos de recrutamento, seleção e contratação do pessoal docente especialmente contratado (artigos 44º a 65º) 53º Quanto à regulamentação da matéria relativa à contratação de pessoal docente especialmente contratado (artigos 44º a 65º), o SPRC, como não pode deixar de ser do conhecimento de V. Exas, defende há vários anos que o recurso a contratação a termo prevista no ECDU não devia ser utilizada abusivamente, contribuindo para o prolongar de sucessivas relações precárias para a satisfação de necessidades de natureza permanente. 54º Sem conceder quanto a tal posição a qual inclusive originou uma acção em Tribunal contra as várias instituições Universitárias da região centro, em que procura a aplicação da Directiva 1990/70/CE (doravante Directiva), de 28 de Junho de 1999, respeitante ao acordoquadro CES, UNIPE e CEEP (doravante Acordo-Quadro), sempre se dirá que se perdeu uma oportunidade para concretizar que o recurso a contratação a termo apenas se pode verificar em situações de satisfação de necessidades transitórias e não para satisfação de necessidades permanentes da instituição. 55º Podia e devia também ter sido claramente definido que para os contratos aos quais seja aplicável a nova redacção do ECDU resultante do DL 205/2009, após se ter atingido o limite de 4 anos em regime de dedicação exclusiva ou de tempo integral, a instituição deveria constatar que se está perante uma necessidade de carácter permanente, não podendo simplesmente contratar outra pessoa mantendo a situação de precariedade para satisfazer a mesma necessidade permanente. 56º Afigura-se-nos que podia e devia ser feito constar do regulamento que, nessas condições, deveria no mínimo ser aberto um procedimento concursal para ocupação de um lugar do quadro. 57º Quanto às regras que constam do projecto, afigura-se como ilegal a previsão do nº 3 do artigo 52º do projecto de regulamento, ao permitir a contratação a termo em regime de tempo integral ou de dedicação exclusiva para além das situações legalmente previstas no artigo 32º nº2 do ECDU, onde se dispõe claramente que " A contratação em regime de dedicação exclusiva, de tempo integral ou de tempo parcial igual ou superior a 60 %, só pode ter lugar quando aberto concurso para categoria da carreira este tenha ficado deserto ou não tenha sido possível preencher todos os lugares postos a concurso por não existirem candidatos aprovados em número suficiente que reunissem as condições de admissão a esse concurso." 58º

Também a norma constante do artigo 60º (Contratos sucessivos) do projecto de regulamento é ilegal por violação do regime do artigo 59º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas no qual se dispõe que: «Artigo 59.º Contratos sucessivos 1 - A cessação, por motivo não imputável ao trabalhador, de contrato a termo impede nova admissão a termo para o mesmo posto de trabalho antes de decorrido um período de tempo equivalente a um terço da duração do contrato, incluindo as suas renovações. 2 - O disposto no número anterior não é aplicável nos seguintes casos: a) Nova ausência do trabalhador substituído, quando o contrato a termo tenha sido celebrado para a sua substituição; b) Acréscimos excecionais da atividade do órgão ou serviço após a cessação do contrato.» 59º Não estando especificamente regulada no ECDU a matéria dos contratos sucessivos constante do artigo 59º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de Junho, impõe-se a aplicação de tal normativo. 60º Não podendo as normas constantes de tal normativo legal ser alteradas por meros regulamentos administrativos. 61º Aplicando-se assim, no caso de contratos sucessivos, o regime de contratos sucessivos a termo previsto no transcrito artigo, é proibida o recurso à sucessiva contratação a termo com diferentes docentes para a satisfação de necessidades permanentes. II Outros aspectos que se nos afiguram deviam ser concretizados no regulamento em causa 62º Assim, no que às avaliações dos concursos diz respeito, seria útil que constasse do regulamento (atendendo a sistematização constante do projecto, poderia ser no artigo 11º nº3) a exigência expressa dos elementos do júri fazerem constar da fundamentação apresentada os concretos elementos dos curricula dos candidatos que sustentam e diferenciam a avaliação efectuada e os respectivos sentidos de voto. 63º Assim permitir-se-ia um melhor conhecimento do iter cognoscitivo subjacente à decisão dos elementos do júri e evitar-se-iam situações em que o texto das fundamentações apresentadas assenta apenas em avaliações genéricas que poderiam utilizados para sustentar a avaliação de qualquer um dos candidatos. 64º

Por outro lado, é de lamentar o facto de apesar de ser no preâmbulo do projecto de regulamento se referir que "... no artigo 17.º-B [do ECDU], que este regulamento poderá admitir a constituição de uma base de recrutamento, que preceda a formalização dos convites.", no regulamento não é efectuada qualquer regulamentação a esse respeito. 65º Sendo que a regulamentação dos termos de constituição de uma base de recrutamento seria muito útil para tornar mais transparente e isento os procedimentos de recrutamento, seleção e contratação do pessoal docente especialmente contratado. 66º Sendo certo que à constituição de tal base de recrutamento sempre deveriam presidir os princípios aplicáveis a toda a actuação administrativa (cfr. Artigo 266º nº2 da CRP e artigos 3º a 19º do CPA), designadamente, transparência, isenção e imparcialidade. 67º Sendo certo que no regime de contratação a tempo parcial, o número total de horas de serviço semanal, é contratualmente fixado, o presente regulamento devia ter como referência o tempo integral fixado no ECDU, ou seja as 6 a 9 horas semanais, a partir das quais se calcularia o número total de horas de serviço semanal e a respectiva percentagem do contrato a tempo parcial. 68º... Pelo atrás exposto solicitamos que sejam corrigidas as situações elencadas e consideradas as alterações e aditamentos propostos. Assim, vimos por este meio, reiterar a solicitação da marcação de uma reunião, o mais brevemente possível, para se dar inicio aos procedimentos de negociação de acordo com a legislação em vigor. Com os meus melhores cumprimentos, Pel A Direção do SPRC Ensino Superior e Investigação António J. Fernandes de Matos