Resultados de um monitoramento térmico em telhados de fibrocimento

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Transcrição:

Hugo Sefrian Peinado 1 ; Douglas Lautenschlager Peres 2 ; Marcela Paula Maria Zanin Meneguetti 3 1 Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: hugo.civil@hotmail. 2 Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá. 3 Professora Doutora do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: marcela@mzm.com.br. RESUMO: A atual preocupação mundial com relação ao meio ambiente e ao consumo de energia e com a sustentabilidade das edificações motiva pesquisadores a desenvolverem avaliação pós-ocupação buscando parâmetros para novos projetos e programas de manutenção dos edifícios. Este estudo de caso é parte de uma pesquisa que investiga o desempenho térmico das coberturas das edificações do Campus Sede da Universidade Estadual de Maringá-PR. Este recorte relata os resultados de um monitoramento do comportamento térmico em três telhados de fibrocimento com diferentes idades de instalação. No Bloco C67, o telhado de nove anos apresenta cor escura e um lanternim ao longo da cumeeira; no Bloco K68, em construção durante a pesquisa, o telhado em duas águas possui cumeeira lanternim espaçada a cada 10m, é claro e está com poeira avermelhada sobre a superfície; no Bloco J45, com um ano de uso, no telhado em duas águas a cumeeira lanternim possui espaçamento de 2,5m e as telhas estão claras e limpas. Os resultados permitem concluir que o monitoramento térmico dos telhados possibilita soluções pontuais e com redução dos impactos ambientais como forma de assegurar conforto ao usuário e a sustentabilidade da edificação. Palavras-Chave: Cobertura. Desempenho térmico. Fibrocimento. Telhado. INTRODUÇÃO A cobertura é o componente da construção mais exposto à radiação térmica em que, dependendo das propriedades da sua superfície atingida, ocorrem diferentes processos de transferência de calor entre o ambiente externo e interno; a carga térmica recebida pela cobertura em uma edificação térrea pode chegar a 72,3% (Mascaró; Mascaró, 1992); uma superfície cinza ou preta possui refletância próxima a dez por cento, ou seja, absorve praticamente toda a radiação (Ikematsu, 2007); em relação à refletância na região de infravermelho, a variação entre os valores máximos e mínimos ficou entre 32% (fibrocimento) e 80% (fibrocimento com aplicação de tinta branca) (Peralta, 2006); em climas úmidos, se a água for absorvida pela cobertura uma parte da radiação solar incidente será consumida na sua evaporação, no dia seguinte (Ikematsu, 2007); a dinâmica dos ventos, a localização e a orientação do edifício constituem variáveis principais no balanço de radiação térmica (Fiorelli et.al., 2008; Carfan; Nery; Stivari, 2007); o envelhecimento afeta as propriedades das telhas de fibrocimento que são diretamente influenciadas pelo ambiente ao qual estão expostas (Dias et.al., 2008); em atmosferas urbanas a carbonatação é a principal causa do aumento de porosidade da superfície de fibrocimento durante o envelhecimento (Dias et.al., 2008). A atual preocupação mundial com relação ao meio ambiente e ao consumo de energia e com a sustentabilidade das edificações motiva pesquisadores a desenvolverem avaliação pósocupação buscando parâmetros para novos projetos e programas de manutenção dos edifícios. A Norma Brasileira NBR 15220: Desempenho térmico de Edificações (ABNT, 2005), está estruturada em cinco partes, com o objetivo de otimizar o desempenho térmico das edificações, através de sua melhor adequação. Na Parte 3 Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, determina recomendações de projetos (em relação aos materiais utilizados e conforme estratégias passivas) específicas para habitações unifamiliares de interesse social a partir do Zoneamento bioclimático. O Brasil é dividido em oitos zonas relativamente homogêneas quanto ao clima, com recomendações técnico-construtivas com o objetivo de otimizar o desempenho térmico das edificações. Maringá, pertence à Zona 1, para a qual é recomendado coberturas leves com barreiras e inércia térmica passiva nas paredes para o

14 Peinado; Peres; Meneguetti inverno. E ainda, segundo a NBR 15.575-5 (ABNT, 2005), tem-se que Lanternim é o trecho de telhado sobreposto e afastado das águas, destinado a ventilar e/ou iluminar o ambiente coberto. A eficiência do lanternim se dá devido às correntes de convecção, as quais levam o ar quente para fora da edificação (Mazon; Silva; Souza, 2006). No entanto, cabe salientar que, a eficácia é apresentada para galpões que não possuem divisão entre a área da cobertura e o ambiente, ou seja, no ambiente que não possua forro ou laje (Mazon, 2005). Considerando as variáveis envolvidas e após a análise das recomendações contidas na bibliografia que tratam do desempenho térmico de coberturas, justifica-se o objetivo deste trabalho como uma contribuição para o conhecimento do assunto em território brasileiro. O objetivo deste estudo é o monitoramento seguido de uma análise comparada do comportamento térmico de três telhados em duas águas de fibrocimento, com telha do tipo ondulada de 6mm de espessura, em três edifícios do Campus Sede da Universidade Estadual de Maringá (Figura 1). No Bloco C67, o telhado de nove anos apresenta cor escura e um lanternim ao longo da cumeeira; no Bloco K68, em construção durante a pesquisa, o telhado em duas águas possui cumeeira lanternim espaçada a cada 10m, é claro e está com poeira avermelhada sobre a superfície; no Bloco J45, com um ano de uso, no telhado em duas águas a cumeeira lanternim possui espaçamento de 2,5m e as telhas estão claras e limpas. Figura 1. Implantação dos edifícios e detalhes dos telhados das edificações estudadas. Fonte: Mapa de implantação da UEM (disponível em www.uem.br).

15 DESENVOLVIMENTO Foram realizados sete turnos de medições de temperaturas correspondentes a três manhãs e a quatro tardes, em três pontos colineares em cada bloco. A determinação dos três pontos de medição fundamentou-se na orientação do sol tal que: D recebe insolação matutina (8h às 12h); E para insolação vespertina (13h às 17h); e C na cumeeira. Os pontos D e E (Figura 1) tomados eqüidistantes da cumeeira, à direita e à esquerda, respectivamente, e na metade do comprimento de cada água. As medições foram realizadas utilizando-se em cada ponto um termohigrômetro marca Minipa, modelo MT 241, com dois sensores (interno e externo de 150 cm). O sensor de cabo foi instalado a uma distância de 10 mm da face interna do telhado e nas suas respectivas projeções a 10mm sobre a laje. As três leituras em cada bloco foram realizadas em intervalos de 1h:30min e defasadas de 30 minutos entre cada bloco. Adicionalmente foram anotadas as respectivas temperaturas externas, ao sol, de cada bloco e as condições atmosféricas para os dias sete, oito, nove e dezesseis do mês de abril do ano 2009. Os resultados das medições das temperaturas, em graus centígrados, abaixo da superfície do telhado e sobre a laje estão representados nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 e permitem constatar que: na primeira medição da manhã a temperatura no telhado do Bloco C67, telhado escuro, é praticamente a mesma da temperatura ambiente, enquanto que nos demais, no lado onde incide o sol apresenta-se mais elevada do que a temperatura ambiente; no período vespertino, o telhado escuro apresenta-se com temperatura mais elevada do que o telhado de cor clara; no entardecer, o telhado de cor clara apresenta-se com praticamente a mesma temperatura do ambiente externo e, ao contrário, o de cor escura continua irradiando calor para dentro do espaço da cobertura. Quanto à temperatura a 10 mm sobre a laje, na primeira leitura pela manhã as temperaturas interna e externa são praticamente as mesmas e que até as 11:00 a temperatura interior segue aumentando porém mais baixa do que a externa; no intervalo entre 11:00 h e 15:30h a temperatura sobre a laje é igual à externa e, finalmente no entardecer na ultima leitura a temperatura interior é maior do que a externa. Na Tabela 5 apresenta-se o tratamento dos dados das medições na forma de amplitude térmica e média das temperaturas, por período e posição de medição em cada bloco. Na Tabela 6 estão apresentadas as diferenças de temperatura entre os Blocos C67 e K68 e entre os Blocos C67 e J45 para facilitar a visualização dos resultados comparados dos três telhados.

16 Peinado; Peres; Meneguetti Tabela 1. Temperaturas abaixo da superfície dos telhados e na laje dia 07/04/2009.

17 Tabela 2. Temperaturas abaixo da superfície dos telhados e na laje dia 08/04/2009.

18 Peinado; Peres; Meneguetti Tabela 3. Temperaturas abaixo da superfície dos telhados e na laje dia 09/04/2009.

19 Tabela 4. Temperaturas abaixo da superfície dos telhados e na laje dia 16/04/2009.

20 Peinado; Peres; Meneguetti Tabela 5. Amplitude térmica e média das temperaturas abaixo da superfície do telhado e na laje por período de medição.

21 Tabela 5 (continuação). Amplitude térmica e média das temperaturas abaixo da superfície do telhado e na laje por período de medição.

22 Peinado; Peres; Meneguetti Tabela 6. Diferenças de temperatura abaixo da superfície do telhado. Os resultados permitem constatar que no período matutino: a amplitude térmica (Tabela 5) é maior do que o período vespertino podendo atingir 20 0C, mas que a diferença da média das temperaturas interior e externa restringe-se a 10 0C; que a cor cinza escura do Bloco C67 e o envelhecimento da telha não constituem agravo, ao contrário ajudam a atenuar o gradiente térmico tal como demonstram os resultados negativos da coluna D da Tabela 6 para o período matutino. Isto se deve ao fato de que a retenção de umidade da condensação noturna é maior na telha mais velha, tanto pela sujeira como pela porosidade, tal que durante o período matutino parte da radiação é consumida na evaporação. Quanto ao período vespertino: a amplitude térmica (Tabela 5) é menor podendo atingir 16 0C, mas que a diferença da média das temperaturas interior e externa mantêm em até 10 0C; que a cor cinza, ao contrário do período matutino, constitui sim um agravo pois absorve e transfere a radiação provocando uma diferença de até 10 0C entre as superfícies cinza e clara. Quanto à influência do lanternim nas coberturas com lajes não foi possível estabelecer diferenças significativas entre as três coberturas analisadas. Durante a coleta a sensação térmica era mais agradável no telhado com lanternim do Bloco C 67 por efeito da exaustão na sua proximidade. CONCLUSÃO Os resultados, ainda que limitados a uma série pequena de leituras possibilita a compreensão do comportamento térmico dos telhados estudados, tal que possam ser sugeridas medidas para atenuar os acréscimos de temperatura tais como: instalar aspersores nas coberturas e umedecer as superfícies novas no período matutino e as escuras no período vespertino. Desse modo as superfícies novas (claras) consumiriam também parte da radiação na evaporação durante os períodos mais quentes, entre o final da manhã e o início da tarde. E as superfícies escuras, por sua vez, quando secas receberiam a água para continuar com a evaporação. Os benefícios da aspersão são mostrados na literatura consultada como atenuadores dos efeitos da radiação e da temperatura, no entanto sem recomendações para o monitoramento. Este último, permitiria ter os dados apropriados para cada superfície em uso e a automação do sistema de aspersão controlado para cada necessidade e em cada estação do ano. Assim, espera-se contribuir para estimular medidas que reduzam o consumo de energia e de água e assegurem conforto aos usuários. Recomenda-se o monitoramento continuado dos telhados das edificações bem como o desenvolvimento de novos estudos de caso para verificar a transmissão de calor na face inferior das lajes.

23 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho térmico de edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2005. CARFAN, A. C. & NERY, J. T. & STIVARI, S. M. Dinâmica dos ventos e temperatura do ar em Maringá, no verão de 2004. Revista eletrônica Geografar, (2): 01-02, 2007. DIAS, C. M. R; et. al. Envelhecimento de longo prazo de telhas onduladas de fibrocimento- o efeito da carbonatação, lixiviação e chuva ácida. Cemente & concrete composites - Science Direct, 30: 255-256, 2008. Disponível em <www.sciencedirect.com>. Acesso em: 29 jun. 2009. FIORELLI, J.; et. al. Avaliação da eficiência térmica de telha reciclada à base de embalagens longa vida. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 13 (2): 204-205, 2008. IKEMATSU, P. Estudo da refletância e sua influência no comportamento térmico de tintas refletivas e convencionais de cores correspondentes. São Paulo: USP, 2007. Dissertação (Mestrado) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2007. MASCARÓ, J. L. & MASCARÓ, L. E. R. Incidência das variáveis projetivas e de construção no consumo energético dos edifícios. Porto Alegre: Editora Sagra - dc Luzzato, 1992. MAZON, A.A.O. Ventilação natural em galpões utilizando lanternins. Ouro Preto: UFO, 2005. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Ouro Preto, 2005. MAZON, A.A.O. & SILVA, R.G.O. & SOUZA, H.A. Ventilação natural em galpões: o uso de lanternins nas coberturas. Revista Escola de Minas, 59, 2006. PERALTA, G. Desempenho térmico de telhas: análise de monitoramento e normalização específica. São Carlos: USP, 2006. Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006.