PERDAS QUANTITATIVAS DO MILHO NA TRILHADORA DE GRÃOS EM FUNÇÃO DA ROTAÇÃO DO CILINDRO E ABERTURA DO CÔNCAVO

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Transcrição:

PERDAS QUANTITATIVAS DO MILHO NA TRILHADORA DE GRÃOS EM FUNÇÃO DA ROTAÇÃO DO CILINDRO E ABERTURA DO CÔNCAVO José Evanaldo Lima Lopes 1, Carlos Alessandro Chioderoli 2, Marcelo Queiroz Amorin 3, Mara Alice Maciel dos Santos 4, Paulo Ricardo Alves dos Santos 5 1 Discente de Doutorado em Engenharia Agrícola Universidade Federal do Ceará Fortaleza/CE, BRASIL. E-mail: evanaldolopes@yahoo.com.br; 2 Professor Doutor em Engenharia Agrícola Universidade Federal do Ceará Fortaleza/CE, BRASIL. E-mail: ca.chioderoli@ufc.br; 3 Discente de Mestrado em Engenharia Agrícola Universidade Federal do Ceará Fortaleza/CE, BRASIL. E-mail: mqueirozamorim@yahoo.com; 4 Discente de Mestrado em Engenharia Agrícola Universidade Federal do Ceará Fortaleza/CE, BRASIL. E-mail: maraallice@yahoo.com.br; 5 Discente de Doutorado em Engenharia Agrícola Universidade Federal do Ceará Fortaleza/CE, BRASIL. E-mail: paulo_ptg@hotmail.com; RESUMO O milho é um cereal com grande destaque na produção nacional, no entanto, perdas no processo de trilha podem comprometer a produção final dos grãos. O objetivo do trabalho foi analisar perdas quantitativas do milho na trilhadora de grãos em função de duas rotações do cilindro e três aberturas do côncavo. O trabalho foi realizado em 2015 na área experimental da Universidade Federal do Ceará. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 2x3, com 4 repetições, sendo duas rotações do cilindro, 300 rpm e 700 rpm, associados a três regulagens de abertura do côncavo, sendo R1-64,73 mm, R2-70,6 mm e R1-83,1 mm, totalizando 24 unidades experimentais. As perdas quantitativas analisadas foram: perdas na plataforma de alimentação, perdas na retrilha, perdas no saca palhas, material inerte, perdas totais e sementes puras. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) utilizado-se software Assistat versão 7.7 beta e quando necessário, foi aplicado o Teste de Tukey (p<0,05) para comparação das médias. Em relação a rotação somente, sementes puras do milho não apresentou resultados significativos e já em relação à abertura do côncavo, as perdas no sistema de retrilha e sementes puras do milho apresentaram resultados significativos. Palavras chave: Analisar Perdas, Processo de Trilha, Retrilha, Material Inerte, Sementes Puras.

QUANTITATIVE CORN IN GRAIN IN THRESHING DRUM ROTATION FUNCTION AND DISHES OPENING LOSSES ABSTRACT Corn is a cereal with great emphasis on domestic production, however, losses in track process can compromise the final production of the grains. The objective was to analyze quantitative corn losses in threshing grain according to two cylinder rotations and three concave openings. The study was conducted in 2015 in the experimental area of the Federal University of Ceará. The experimental design was randomized blocks in a 2x3 factorial, with four replications, with two rotations of the drum, 300 rpm and 700 rpm, associated with three concave opening settings, and R1-64.73 mm, R2 70 6 mm and 83.1 mm R1-, totaling 24 experimental units. The analyzed quantitative losses were losses in the power platform, retrilha losses, losses in the straw bag, inert material, total losses and pure seeds. Data were submitted to analysis of variance (ANOVA) used to Assistat software version 7.7 beta and when necessary, the Tukey test was applied (p <0.05) to compare means. Regarding the rotation only, pure corn seeds showed no significant results already in relation to the opening of the concave, the losses in retrilha system and pure corn seeds showed significant results. Key words: Analyze Losses, Track Process, Retrilha, Inert Material, Pure Seeds. INTRODUÇÃO A agricultura brasileira é bem diversificada, apresentando culturas de grande expressão econômica tanto no mercado nacional como internacional, com destaque para soja, milho, café dentre outros. A cultura do milho destaca-se entre os cereais cultivados no país, com uma produção expressiva na safra 2015/16, com cerca de 82,33 milhões de toneladas de grãos de milho produzidos, em uma área total de aproximadamente 15,21 milhões de hectares (CONAB, 2016). O milho é um cereal com amplo emprego, utilizado diretamente na alimentação humana e animal e matéria-prima básica para diversos complexos agroindustriais (FANCELLI e DOURADO NETO, 2000). Partes dos alimentos produzidos no mundo são perdidos muitas vezes pelo descaso com que são tratados, com ocorrência em toda a cadeia produtiva, desde a implantação da cultura até o consumo final (GERMIRO et al., 2003). Segundo Venegas et al. (2012), as perdas surgidas durante a colheita influenciam diretamente no êxito de todo o trabalho desenvolvido. Parte significativa das perdas ocorre durante a colheita mecanizada, reduzindo produtividade e rentabilidade da operação, acarretando em prejuízos ao produtor, visto que, essa é a operação final do processo produtivo, momento no qual o grão tem o maior valor agregado (SGARBI, 2006). De acordo com Grimm (2004), uma máquina bem regulada pode evitar cerca de 50% das perdas na colheita. Segundo Mesquita et al. (2001) e Portella (2003) as perdas podem ser parcialmente evitadas, tomando-se uma série de cuidados, tais como: monitoramento rigoroso das velocidades de trabalho da máquina, aferição regular dos mecanismos de trilha, limpeza e separação.

Santos e Mantovani (1997) observaram que se pode utilizar rotações mais altas (600-800 rpm- rotação por minuto) para grãos com teor de umidade acima de 20% e rotações menores conforme a umidade é reduzida. Quanto às perdas provocadas pela umidade incorreta dos grãos, teores de 15 a 18% são recomendados por Portella (2003), e Araújo (1995) recomenda de 13,5 a 14,5%, no momento da colheita. De acordo com Marques et al. (2011), a umidade de colheita visando menores perdas em relação à incidência de danos mecânicos deve variar de 22 a 26%, considerando esta como a faixa ideal para a colheita de grãos de milho. Tabile et al. (2008), constataram que as perdas no sistema de separação e limpeza e total são influenciadas pela umidade do grão, sendo que em umidade mais elevada de colheita, as perdas são acentuadas quando comparado a menor umidade. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi analisar perdas quantativas do milho na trilhadora de grãos estacionária em função de duas rotações do cilindro e três regulagens de abertura do côncavo. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado durante ano agrícola 2015 na área experimental de mecanização pertencente ao Departamento de Engenharia Agrícola na Universidade Federal do Ceará, localizado nas coordenadas geográficas: 03º44 de latitude S e 38º34 de longitude W e com altitude média de 26 m. O milho trilhado foi o transgênico GNZ 2005 YG. O teor de umidade do milho de 13,5% foi obtida por um medidor de umidade de grãos, Mini Gac modelo Moisture Analyzer. Para realizar a trilha do milho foi utilizada uma trilhadora estacionária de grãos Vencedora Maqtron modelo B-150, acoplada na TDP do trator agrícola 4x2 Massey Ferguson 265 com potência de 65 cv no motor. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 2x3, com 4 repetições, sendo duas rotações do cilindro, 300 rpm e 700 rpm, associados a três regulagens de abertura do côncavo, sendo regulagem 1 (R1-64,73 mm); regulagem 2 (R2-70,6 mm); regulagem 3 (R1-83,1 mm), totalizando 24 unidades experimentais. Para realizar a análise de pureza foram amostrados 900 g de grãos de milho retirados do tubo de descarga da trilhadora, referente à cada repetição. A pureza foi determinada conforme metodologia das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), pela relação entre a massa de impurezas e a massa total da amostra. As perdas quantitativas analisadas foram: perdas na plataforma de alimentação (PPA), perdas na retrilha (PR), perdas no saca palhas (PSP), material inerte (MI), perdas totais (PT) e sementes puras (SP). Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) utilizado-se software Assistat versão 7.7 beta e quando necessário, foi aplicado o Teste de Tukey (p<0,05) para comparação das médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 demonstra a análise de variância para perdas na plataforma de alimentação da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho, onde foi possível identificar que para

rotação o resultado foi significativo ao nível de 1% de probabilidade, já abertura do côncavo não apresentou resultado significativo. A interação dos fatores não foi significativa. Tabela 1. Análise de variância para perdas na plataforma de alimentação da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho. Rotação (F1) 1 1.09475 1.09475 33.3689 ** Abertura do côncavo (F2) 2 0.02485 0.01243 0.3788 ns Int. F1xF2 2 0.13774 0.06887 2.0992 ns Tratamentos 5 1.25734 0.25147 7.6650 ** Resíduo 18 0.59053 0.03281 Total 23 1.84787 De acordo com relatos de Portella (2001), é na plataforma onde ocorrem as maiores perdas, pois podem ocorrer perdas por espigas para fora da plataforma e grãos debulhados devido ao impacto. Na Tabela 2 é possível verificar a análise de variância para perdas no sistema de retrilha da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho, onde observar-se que os resultados foram significativos ao nível de 1% de probabilidade tanto para rotação quanto abertura do côncavo da trilhadora e a interação dos fatores também foi significativa. Tabela 2. Análise de variância para perdas no sistema de retrilha da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho. Rotação (F1) 1 78.09733 78.09733 66.9719 ** Abertura do côncavo (F2) 2 23.63661 11.81830 10.1347 ** Int. F1xF2 2 20.13596 10.06798 8.6337 ** Tratamentos 5 121.86989 24.37398 20.9018 ** Resíduo 18 20.99016 1.16612 Total 23 142.86005 As perdas quantitativas podem ser consideradas como a porcentagem dos grãos que ficam nas lavouras após a realização da colheita, podendo ser dividas em perdas naturais, perdas na plataforma de colheita e perdas nos mecanismos internos da maquina (MANTOVANI, 1989). O desdobramento da interação dos fatores para perdas no sistema de retrilha da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho podem ser observadas nas Figuras 1 e 2 que demonstras as médias do fatores analisados.

Figura 1: Desdobramento da interação rotação/abertura do côncavo. Figura 2: Desdobramento da interação abertura do côncavo/rotação. A Tabela 3 demonstra a análise de variância para perdas no saca palhas da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho, onde foi possível identificar que para rotação o resultado foi significativo ao nível de 1% de probabilidade, no entanto, para abertura do côncavo e interação dos fatores, não apresentaram resultados significativos. Tabela 3. Análise de variância para perdas no saca palhas da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho. Rotação (F1) 1 215.57052 215.57052 41.0769 ** Abertura do côncavo (F2) 2 8.19424 4.09712 0.7807 ns Int. F1xF2 2 13.25600 6.62800 1.2630 ns Tratamentos 5 237.02075 47.40415 9.0328 ** Resíduo 18 94.46358 5.24798 Total 23 331.48433 Em trabalho realizado por Loureiro et. al (2012), os resultados de perdas ocorridos nos mecanismos internos em função da abertura do côncavo, observou-se que as maiores perdas ocorreram quando a abertura foi de 30 mm e que as aberturas de 25 mm e 35mm não diferiram estatisticamente a 5% de significância, resultado diferente ao observado por Portella (2001) que encontrou as menores perdas ocasionadas nos mecanismos internos quando se utilizou a abertura de 25 mm entre o côncavo e o cilindro debulhador. Na Tabela 4 é possível verificar a análise de variância de perdas para material inerte da trilhadora de grãos no processo de trilha do milho, onde constata-se que para rotação o resultado foi significativo ao nível de 1% de probabilidade, já abertura do côncavo não

apresentou resultado significativo. A interação dos fatores também foi significativa ao nível de 1% de probabilidade. Tabela 4. Análise de variância para material inerte no processo de trilha do milho. Rotação (F1) 1 35.29633 35.29633 62.1933 ** Abertura do côncavo (F2) 2 2.21682 1.10841 1.9531 ns Int. F1xF2 2 49.88427 24.94213 43.9489 ** Tratamentos 5 87.39742 17.47948 30.7994 ** Resíduo 18 10.21548 0.56753 Total 23 97.61289 Para Venegas et al. (2012) a regulagem inadequada do cilindro trilhador é uma das causas de perda de grãos de milho durante a colheita, e que quando maior a rotação do cilindro, maior a perda de grãos no ato da colheita e nas porcentagens de impurezas, sabugo e grãos quebrados. O desdobramento da interação dos fatores para material inerte no processo de trilha do milho podem ser observadas nas Figuras 3 e 4, que demonstras as médias do fatores analisados. Figura 3: Desdobramento da interação rotação/abertura do côncavo. Figura 4: Desdobramento da interação abertura do côncavo/rotação. Na tabela 5 é possível verificar a análise de variância para perdas totais processo de trilha do milho, onde foi possível identificar que para rotação o resultado foi significativo ao

nível de 1% de probabilidade, no entanto, abertura do côncavo não apresentou resultado significativo. Tabela 5. Análise de variância para perdas totais no processo de trilha do milho na trilhadora de grãos. Rotação (F1) 1 185.94105 185.94105 35.6892 ** Abertura do côncavo (F2) 2 8.38607 4.19303 0.8048 ns Int. F1xF2 2 15.62205 7.81103 1.4992 ns Tratamentos 5 209.94917 41.98983 8.0595 ** Resíduo 18 93.78005 5.21000 Total 23 303.72922 Camolese et. al (2014), observaram em suas pesquisas que a colheita realizada com rotação de 600 rpm proporcionou maiores perdas totais do que quando se utilizou 800 rpm de rotação do cilindro. Resultados semelhantes foram encontrados por Souza et al. (2006) e Venegas et al. (2012) em milho, onde em menor rotação do cilindro, as perdas foram maiores que quando comparado em rotações maiores. A tabela 6 demonstra a análise de variância para sementes puras de grãos de milho no processo de trilha, onde foi possível verificar que rotação não apresentou resultado significativo, no entanto, para abertura do côncavo o resultado foi significativo ao nível de 1% de probabilidade. Tabela 6. Análise de variância para sementes puras de milho no processo de trilha do milho. Rotação (F1) 1 1.60959 1.60959 1.1010 ns Abertura do côncavo (F2) 2 37.88403 18.94202 12.9565 ** Int. F1xF2 2 113.18997 56.59498 38.7113 ** Tratamentos 5 152.68359 30.53672 20.8873 ** Resíduo 18 26.31554 1.46197 Total 23 178.99913 Resultado encontrado por Venegas et al. (2012), onde rotações do cilindro acima de 900 rpm foi obsevado baixa pureza em milho. Em trabalho realizada por Oliveira et al. (2005), os quais os pesquisadores não observaram interferência do teor de umidade dos grãos de milho na colheita para análise de pureza. O desdobramento da interação dos para sementes puras de milho no processo de trilha do milho podem ser verificadas nas Figuras 5 e 6 que demonstras as médias do fatores analisados.

Figura 5: Desdobramento da interação rotação/abertura do côncavo. Figura 6: Desdobramento da interação abertura do côncavo/rotação. CONCLUSÕES Analisando os resultados pode-se concluir que em relação a rotação as perdas na plataforma de alimentação da trilhadora de grãos, perdas no sistema de retrilha, perdas no saca palhas, material inerte no processo de trilha do milho e perdas totais no processo de trilha do milho, apresentaram resultados significativos. Em relação à abertura do côncavo, as perdas no sistema de retrilha e sementes puras do milho apresentaram resultados significativos no processo de trilha da cultura do milho. REFERÊNCIAS ARAÚJO, R. F. Efeito da colheita nas perdas quantitativas e qualitativas de sementes de milho. 103 f. Dissertação (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1995. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília: MAPA/ACS, 2009.399 p. CAMOLESE, H. da S.; ALVES, C. Z.; BAIO, F. H. R. Avaliação das perdas quantitativas e qualitativas de uma colhedora com trilha radial em função da umidade dos grãos de milho. Journal of Agronomic Sciences, Umuarama, v.3, n.2, p.208-215, 2014. CONAB (Companhia Brasileira de Abastecimento). Acompanhamento da safra brasileira de grãos, v.4 - Safra 2015/16, n.11 - Quarto Levantamento, Brasília, p.1-154, janeiro 2016.

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