Katarina Maurer Wolter. Ecos de Ceticismo na Criação Ensaística de Michel de Montaigne

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Transcrição:

Katarina Maurer Wolter Ecos de Ceticismo na Criação Ensaística de Michel de Montaigne Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Filosofia da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Filosofia Orientador: Prof. Danilo Marcondes de Souza Filho Rio de Janeiro Setembro de 2008

Katarina Maurer Wolter Ecos de Ceticismo na Criação Ensaística de Michel de Montaigne Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção título de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Filosofia da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada Prof. Danilo Marcondes Orientador Departamento de Filosofia PUC-Rio Prof. Eduardo Jardim Departamento de Filosofia PUC-Rio Prof. Luiz Eva Departamento de Filosofia - UFPR Prof. Paulo Fernando Carneiro de Andrade Coordenador Setorial do Centro de Teologia e Ciências Humanas PUC-Rio Rio de Janeiro, 01 de Setembro de 2008

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e do orientador. Katarina Maurer Wolter Graduou-se em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica em 2003. Cursou mestrado em Ciências Políticas no IUPERJ (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), obtendo o título de Mestre em 2006. Cursou o mestrado em Filosofia na PUC-Rio entre 2006 e 2007. Ficha Catalográfica Wolter, Katarina Maurer Ecos de ceticismo na criação ensaística de Michel de Montaigne / Katarina Maurer Wolter ; orientador: Danilo Marcondes de Souza Filho. 2008. 135 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Filosofia) Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. Inclui bibliografia 1. Filosofia Teses. 2. Ceticismo. 3. Ensaio. 4. Renascimento. 5. Montaigne, Michel de. I. Souza Filho, Danilo Marcondes de. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Filosofia. III. Título. CDD: 100

Agradecimentos Ao meu orientador, professor Danilo Marcondes, pelos preciosos comentários, pelo incentivo e confiança. A Renato Lessa pelo convívio e pela amizade, que felizmente ultrapassaram os limites do mestrado cursado no IUPERJ. A Luiz Eva, pela generosidade; espero que este recente diálogo sobre Montaigne perdure ainda por muito tempo. À minha família, pois sem o seu amor e apoio, este trabalho permaneceria irrealizável. Aos meus queridos amigos, Helena, Patrícia, Tatiana, Flávio, Lucía, Márcio, Marco e Álvaro, por fazerem, cada um à sua maneira, com que essa vida valha a pena. A Julio por saber revelar de mim o que há de melhor.

Resumo Wolter, Katarina Maurer; Marcondes, Danilo. Ecos de Ceticismo na Criação Ensaística de Michel de Montaigne. Rio de Janeiro, 2008. 135p. Dissertação de Mestrado Departamento de Filosofia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A presente dissertação intitulada Ecos de Ceticismo na Criação Ensaística de Michel de Montaigne parte do pressuposto de que é possível escrutinar um conteúdo filosófico das diversas formas literárias e tem como objetivo explorar a relação específica que a filosofia cética, tal como apropriada por Michel de Montaigne, mantém com a criação da forma ensaística. Ainda que pensamento e estilo sejam esferas indissociáveis em Michel de Montaigne, optou-se aqui pela clareza da análise e, neste sentido, por tratar separadamente ambas as dimensões. Enquanto a primeira parte é dedicada ao exame dos argumentos céticos quer teriam sido por este autor apropriados, na segunda, a atenção é voltada para aspectos fundamentais da forma ensaística, que revelariam uma afinidade com o proceder dubitativo típico dos céticos, expondo, assim, a contribuição desta corrente filosófica na formação da novidade ensaística. Palavras-chave Ceticismo; Ensaios; Renascimento; Michel de Montaigne

Abstract Wolter, Katarina Maurer; Marcondes, Danilo. (Advisor). Echoes of Scepticism in the Essayistic Creation of Michel de Montaigne. Rio de Janeiro, 2008. 135 p. MSc. Dissertation Departamento de Filosofia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. The dissertation Echoes of Scepticism in the Essayistic Creation of Michel de Montaigne presupposes the possibility to scrutinize a philosophical content from different literary forms. At the same time it intends to explore the specific relation between the skeptical philosophy, as appropriated by Michel de Montaigne, and the creation of the essayistic form. Although thought and style are usually considered inseparable dimensions in the Essays, we will, for analytical purposes, treat them separately. The first part of the dissertation examines, in this sense, the existence of skeptical arguments throughout Montaigne s work, while the second part explores the fundamental aspects of the essayistic form that seem to reveal a proximity with the dubitative procedure typical of the skeptics, exposing the contribution of this philosophical tradition in the development of the essayistic novelty. Keywords Scepticism; Essays; Renaissance; Michel de Montaigne

SUMÁRIO 1. Introdução 09 2. O Ceticismo nos Ensaios 2.1. Introdução 14 2.2. Algumas Questões sobre a Retomada do Ceticismo 16 2.3. A Apologia de Raymond Sebond: sobre o alcance da razão 21 2.4. Outros Ecos de Ceticismo 40 2.5. Exercício do Juízo e Medida da Visão 51 2.5.1. Virada para o interior 55 3. Notas sobre o Conteúdo da Forma Ensaística 3.1. Introdução 59 3.2. Leçons, Miscelâneas e Comentários Jurídicos 62 3.3. Os Ensaios diante do Discurso Tratadístico 66 3.3.1. Método Errante 70 3.3.2. Liberdade Formal 74 3.3.3. Ordo Neglectus 78 3.4. Sobre o Caráter Dialógico 81 3.4.1. Forma Dialógica 83

3.4.2. O diálogo no Renascimento e os Ensaios de Montaigne 84 3.5. Os Ensaios entre a Conversação e a Conferência 89 3.5.1. O caráter conflituoso dos Ensaios 92 3.6. Da Concretude das Palavras 96 3.7. A Atitude Anti-Mimética e a Recusa do Tom Normativo 102 3.8. Sobre o Falar de Si 111 3.8.1. A revelação do eu de Montaigne 114 3.9. Sobre a Recepção dos Ensaios: a dissociação entre forma e conteúdo 121 4. Considerações Finais 126 5. Referências Bibliográficas 130