ARTIGO CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS

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Transcrição:

27 ARTIGO CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS ACIDENTE OFÍDICO EM CÃES ESTUDO RETROSPECTIVO DE CASOS ATENDIDOS NO PERÍODO DE 2005 A 2015 NO HOSPITAL VETERINÁRIO DR. HALIM ATIQUE, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO SP, BRASIL Ophidian accident in dogs retrospective study from the period of 2005 to 2015 in Dr. Halim Atique Veterinary Hospital, São José do Rio Preto SP, Brazil MV. Giovane, M. A. Silva *, MV. Flavia R. Rodrigues 1, MV. Thaís Danielle Antonussi 1, MV. Dra. Karina F. Castro 1, MV. MSc. Carla D. Dan De Nardo 1, MV. MSc. Rosana da Cruz Lino Salvador 1, MV. Dr. André L. B. Galvão 1. 1 Centro Universitário de Rio Preto UNIRP. Hospital Veterinário Dr. Halim Atique Rodovia Transbrasiliana - BR- 15, Km 69, CEP: 15061-500. São José do Rio Preto SP. E-mail: giovane_munhoz@hotmail.com RESUMO ABSTRACT Acidentes ofídicos é uma ocorrência comum em humanos e nos animais em vários países do mundo, sendo o acidente botrópico o mais frequente no Brasil. O envenenamento pela picada de serpentes é considerado uma doença emergencial, ocorrendo principalmente em cães de ambiente rural, no entanto, ainda há poucos estudos descritos na literatura. Assim, objetiva-se com o presente estudo, o levantamento de acidentes ofídicos em cães atendidos no Hospital Veterinário Dr. Halim Atique, em São José do Rio Preto SP, entre os anos de 2005 a 2015. Neste período, foram atendidos 18 cães com diagnóstico de acidentes ofídicos. De acordo com os dados obtidos, 16 (88,89 %) cães apresentaram os achados clínicos compatíveis com acidente botrópico e os outros 2 (11,11%) apresentaram características clínicas de acidente crotálico. Todos os cães eram adultos e, em sua maioria fêmea (55,56%). Quanto ao ambiente, 16 (88,89 %) residiam em área rural e 2 (11,11%) em área urbana. Em relação à estação climática do ano do registro do acidente ofídico, 12 (66,67 %) dos acidentes ocorreram durante as estações primavera e verão, e os outros 6 (33,33 %) casos entre o outono e inverno. A cabeça e membros torácicos foram os locais de maior ocorrência de picadas. Não houve casos compatíveis clinicamente com acidentes laquético e elapídico. Ophidian accident in human and dogs occur in many countries and the bothropic accident is the most frequent in Brazil. Poisoning by snake bites are still considered an emergency disease and occurring mainly in dogs that live in rural areas, however, there are few cases described in the literature. So, the objective of this study is to describe ophidian accidents in dogs attended at the Veterinary Hospital Dr. Halim Atique in the period from 2005 to 2015. During these period, 18 dogs were treated for ophidian accidents. According to the data records, 16 (88.89%) dogs showed clinical findings compatible with bothropic accident and the other 2 (11.11%) had clinical characteristics of crotalic accident. All dogs were adults and most of them were female dogs (55.56 %). Sixteen (88.89%) dogs lived in rural areas and 2 (11.11%) lived in urban areas. About climate seasons of the year, 12 (66.67 %) of the ophidian accidents occurred during the spring and summer, and the other 6 (33.33 %) occurred in the autumn and winter period. The head and forelimbs were the main bite sites. No case was clinically compatible with accidents for Micrurus or Lachesis. Keywords: bothropic accident, crotalic accident, dog, poisoning, bite, snake. Palavras-chave: acidente botrópico, acidente crotálico, cão, intoxicação, picada, serpente.

28 INTRODUÇÃO O envenenamento por serpentes é uma ocorrência comum em humanos e em animais em alguns países, sendo considerada uma doença emergencial (CORBETT et al., 2005; HELLER et al., 2005). As serpentes venenosas estão relacionadas aos animais que apresentam veneno e algum tipo de aparelho inoculador ou algum mecanismo que possibilita a inoculação do veneno em outro organismo (BERNARDE, 2014; SAKATE et al. 2015). Os venenos das serpentes contêm inúmeras enzimas, proteínas e peptídeos, além de toxinas não proteicas, carboidratos, lipídeos, aminas e outras moléculas pequenas e podem ter funções de paralisar, matar e digerir a presa ou defender a serpente contra predadores (BARLOW et al., 2009; GILLIAM et al., 2011). As toxinas que comprometem o sistema nervoso, cardiovascular, hemostático e que causam necrose tecidual são consideradas de maior importância clínica (WARRELL, 2010). Há aproximadamente 3000 espécies de serpentes no mundo e dentre elas, 10 a 14% são consideradas peçonhentas. O envenenamento por serpentes representa um problema sério de saúde pública nos países tropicais, especialmente em áreas rurais, devido à alta frequência de morbimortalidade (CARDOSO et al. 2003, CORBETT et al., 2005). No Brasil, são encontradas 250 espécies de serpentes, sendo 70 delas consideradas peçonhentas e segundo dados do Ministério da Saúde, há entre 19 a 22 mil acidentes ofídicos por ano em humanos. A grande maioria destes acidentes deve-se aos gêneros Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu e outros) e Crotalus (cascavel). Acidente com os gêneros Lachesis (surucucu, surucutinga) e Micrurus (coral) são raros (AMARAL et al. 1986, AZEVEDO-MARQUES et al., 2003). Acidentes ofídicos podem acometer os animais domésticos, no entanto, há poucos relatos descritos na literatura (BERNARDE, 2014). De modo geral, a maioria dos acidentes nos animais domésticos são causados por serpentes do gênero Bothrops e os principais sinais clínicos associados ao envenenamento dessa serpente são edema local, equimose, dor, prostração e hemorragia no local da picada. Acidentes causados por cascavéis (Crotalus durissus) estão associados à neurotoxicidade, miotoxicidade, nefrotoxicidade, sendo observados como sinais clínicos paralisia dos membros, ptoses palpebral e mandibular, ataxia, sonolência, paralisia do globo ocular, dificuldade na deglutição, mialgia, insuficiência respiratória e mioglobinúria (AZEVEDO-MARQUES et al. 2003; BERNARDE, 2014). Acidentes causados por surucucu pico-de-jaca (Lachesis muta) são baixos, pois esta serpente possui um temperamento menos agressivos quando comparado as demais, entretanto são serpentes grandes que podem atingir até 3,5 m de comprimento, o veneno desta serpente possui atividade coagulante, hemorrágica e inflamatória aguda (AZEVEDO-MARQUES et al. 2004; BERNARDE, 2014). Azevedo-Marques et al. (2003) descreveram que as manifestações clínicas decorrentes do acidente elapídico são: náuseas, vômitos, ptose palpebral, oftalmoplegia, fácies miastênicas, insuficiência respiratória e apneia. Os mesmos autores descrevem que tais manifestações são em decorrência da ação do veneno na junção mioneural, podendo ser présinápticas (inibem a liberação da acetilcolina) ou pós-sinápticas (combinam-se com os receptores da placa terminal). Estes acidentes causados pela coral (Micrurus frontalis e Micrurus Lemniscatus) são considerados graves (AZEVEDO-MARQUES et al. 2003). Todos os mamíferos domésticos são suscetíveis à picada de serpentes, ocorrendo variações de intoxicação dependendo da espécie animal acometida. Os grandes animais são os mais propícios a sofrerem este tipo de acidente devido ao seu habitat (ROSENFELD, 1991), porém são mais resistentes as toxinas, por necessitarem de uma quantidade maior de veneno inoculado durante a picada para ocorrer o óbito quando comparado aos pequenos animais (FONTEQUE et al. 2001). Segundo Barravieira (1994), dados disponíveis sobre acidente ofídico envolvendo animais domésticos não refletem a realidade, devido à falta de obrigatoriedade da notificação compulsória, diferente do que ocorre na medicina (BERNARDE, 2014). Bernarde (2014) descreve que na medicina veterinária os dados sobre acidentes ofídicos são escassos, devido aos poucos estudos realizados e poucos relatos na literatura. Neste contexto, o objetivo do presente estudo retrospectivo foi descrever o número de acidentes ofídicos e os dados epidemiológicos de cães acometidos por essa condição clínica atendidos no Hospital Veterinário Dr. Halim Atique no período de 2005 a 2015. MATERIAL E MÉTODOS Levantamento de dados Este trabalho foi previamente autorizado pela supervisão do Hospital Veterinário Dr. Halim Atique, São José do Rio Preto SP, para tanto, foram incluídos no levantamento os casos em que constavam a anuência do proprietário para utilização das informações para fins de pesquisa, dentro do intervalo compreendido entre os anos de 2005 a 2015. Como critérios de inclusão para composição dos animais do estudo foi considerado a espécie canina, o diagnóstico de

29 acidente ofídico e o histórico relatado pelo proprietário da visualização da serpente e identificação do local da picada. Além disso, foram considerados para o estudo os sinais clínicos decorrentes do envenenamento. Como critérios de exclusão foram considerados a existência de dados incompletos, conflitantes ou dúbios, presentes no material consultado. Parâmetros avaliados Foram considerados para o presente estudo de casos de acidente ofídico em cães, os dados dos pacientes como raça, sexo, idade, moradia em área urbana ou rural, estação climática do ano no momento do acidente e os sinais clínicos apresentados como identificação do local da picada, presença de edema e hemorragia no local da picada, neurotoxicidade, alterações respiratórias graves e presença de mioglobinúria. Classificação clínica do tipo de acidente ofídico Para a classificação do tipo de acidente ofídico foram utilizados os parâmetros de diagnósticos, conforme os achados clínicos apresentados pelos pacientes, segundo a classificação de Bernarde (2014). Assim, a partir da identificação do local da picada, os acidentes ofídicos foram divididos em quatro grupos: acidente botrópico (GAB), estando associada a presença de edema e hemorragia no local da picada e ausência de manifestações neurológicas; acidente crotálico (GAC), sendo considerado como informações para a inclusão dos pacientes nesse grupo a ausência de edema local e de hemorragia, presença de mioglobinúria e presença de alterações neurológicas como: ataxia, prostração, sonolência, paralisia dos membros e úlcera de córnea secundária a paralisia do globo ocular; acidente laquético (GAL), para os pacientes com manifestações neurológicas e respiratória e acidente elapídico (GAE), sendo considerado nesse grupo os cães que apresentaram ausência de edema no local da picada e presença de insuficiência respiratória grave, arritmia e bradicardia. Análise estatística A partir do levantamento de dados de resenha, histórico e da avaliação clínica dos cães desse estudo foi realizada análise descritiva, através do programa Microsoft Excel. RESULTADOS Dentro do período desse estudo foram avaliados 18 cães com diagnóstico de acidente ofídico. Desses cães, 10 (55,56 %) eram sem raça definida e os outros 8 (44,44 %) apresentavam raças distintas, 2 (25%) cães da raça Pastor Alemão, 2 (25%) Poodle, 2 (25%) Weimaraner e 2 (25%) Rottweiler; quanto ao sexo, 8 (44,44 %) eram machos e 10 eram fêmeas (55,56 %) e todos eram adultos (idade 4 anos). No momento do acidente, em relação ao ambiente em que residiam, 16 (88,89 %) viviam em área rural e 2 (11,11%), em área urbana. Em relação a estação climática do ano, em 12 (66,67%) casos os acidentes ofídicos ocorreram entre a primavera e verão, enquanto os outros 6 casos (33,33 %) ocorreram entre o outono e o inverno. O local da picada foi identificado em todos os casos, sendo que em 11 (61,11 %) cães a picada foi observada na cabeça (Figura 1), em 4 (22,22 %) cães nos membros torácicos e em 3 (16,67 %) nos membros pélvicos (Figura 2). Foi observado em 16 (88,89 %) cães a presença de intenso edema e sangramento no local da picada, enquanto que nos outros 2 (11,11%) não houve edema e nem sangramento no local da picada. Seguindo os critérios para o diagnóstico do tipo de acidente ofídico descrito por Bernarde (2014), considerando os 18 prontuários de casos estudados, 16 (88,89 %) apresentaram condições clínicas sugestivas de acidente botrópico com identificação do local da picada, edema local com sangramento e ausência de manifestações neurológicas, sendo então inclusos no GAB; enquanto nos outros 2 (11,11%) cães, os achados clínicos descritos eram sugestivos de acidente crotálico, com identificação do local da picada, ausência de edema local, presença de mioglobinúria (Figura 3) e de manifestações neurológicas como ataxia, prostração e sonolência, paralisia dos membros, incapacidade de levantar a cabeça e úlcera de córnea. Assim, esses cães foram inclusos no GAC. Baseado nos critérios de classificação e nos dados dos pacientes estudados, nenhum dos acidentes foi sugestivo de acidente elapídico ou acidente laquético, não sendo possível então a inclusão de pacientes na composição destes grupos de acidente ofídico. Figura 1 Acidente Crotálico - Cão, fêmea, 5 anos de idade, sem raça definida, observar os orifícios no local da picada na cavidade oral (setas amarelas), com ausência de edema e sangramento local ( Hospital Veterinário Dr. Halim Atique UNIRP, 2015).

30 Figura 2 Acidente Botrópico - Cão, fêmea, 4 anos de idade, sem raça definida, observar o local da picada com edema e sangramento no membro pélvico esquerdo ( Hospital Veterinário Dr. Halim Atique UNIRP, 2015). Figura 3 Urina de coloração escura cor-de-café, em decorrência a mioglobinúria devido ao acidente crotálico em um cão, fêmea, sem raça definida de 4 anos de idade ( Hospital Veterinário Dr. Halim Atique UNIRP, 2015). DISCUSSÃO Bernarde (2014) e Cardoso et al. (2003) descreveram que os acidentes ofídicos representam uma grande preocupação no Brasil, principalmente pelo fato do país possuir características ambientais apropriadas para o habitat e, consequentemente, o desenvolvimento das serpentes peçonhentas. Segundo Azevedo-Marques et al. (2003), referente a casuística do Centro de Controle de Intoxicações da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto SP, no período de 1995 a 2000, foram atendidos 5356 casos de acidente ofídicos em humanos, representando 46,5% do total de atendimentos. Cardoso et al. (2003) referiram que os pequenos animais, principalmente os cães, podem ser vítimas de acidentes ofídicos pelo fato de possuírem um comportamento curioso. Sakate (2002) descreveu que os locais de picada mais comumente observados nos animais são a cabeça (focinho), regiões do peito, cervical e membros. Enquanto, segundo Chiacchio et al. (2011), a região anatômica mais atingida pela picada é a cabeça (principalmente o focinho), seguida pelos membros torácicos. Esses achados corroboram com o observado nos cães desse estudo, em que mais de 60% das picadas foram encontradas na cabeça dos cães, seguidas pelos membros torácicos (22.22%). O presente estudo retrospectivo realizou o levantamento de cães que foram picados por serpentes venenosas e atendidos no Hospital Veterinário Dr. Halim Atique no período de 2005 a 2015. Deste levantamento, todos os cães eram adultos e a maioria eram fêmeas. A grande maioria dos cães residiam em área rural, assim como relatado em outros estudos (CARDOSO et al. 2003), (CORBETT et al., 2005). Segundo Bernarde (2014), a maioria dos acidentes ofídicos ocorre no período do verão, sendo menos frequentes no inverno. No presente estudo, em 66,67% dos casos os acidentes ocorreram nas estações climáticas de primavera e verão, possivelmente pela maior atividade das serpentes nesse período, conforme sugerido por Rosenfeld (1991), associando os acidentes ofídicos no Brasil aos meses mais quentes e chuvosos. Nos casos dos humanos, Cardoso et al. (2003) descreveram estas estações climáticas como as de maior prevalência de acidentes ofídicos devido a maior atividade humana nos trabalhos no campo. No Brasil, ocorrem quatro gêneros de serpentes venenosas, com dezenas de sub-espécies reconhecidas, os gêneros Bothrops e Micrurus podem ser encontrados em todo o território nacional, enquanto o gênero Crotalus se distribui preferencialmente nas regiões Sudeste e Sul e as Lachesis na região Amazônica (AZEVEDO-MARQUES et al. 2003). Segundo Cardoso et al. (2003), dentre os acidentes ofídicos, os provocados pelas serpentes do gênero Bothrops apresentam uma prevalência maior tanto em humanos como em animais e são responsáveis por cerca de 90 % dos casos de acidentes ofídicos em seres humanos na América do Sul, sendo que deste valor, 89 % desses casos ocorrem no Brasil (Dourado et al. 1988), enquanto o gênero Crotalus representa 8 a 15 % de ocorrência (SGARBI et al., 1995). A estatística nacional dos acidentes ofídicos entre 1990 a 1993 demonstrou que 73,1 % dos acidentes humanos ocorridos durante esse período, correspondem aos acidentes por serpentes do gênero Bothrops, seguido de 6,2 % dos acidentes crotálicos (FUNASA, 1995). De maneira semelhante, Bicudo (1999) descreveu que a maioria dos acidentes ofídicos em animais domésticos é causado por serpentes do gênero Bothrops, enquanto os acidentes causados por cascavéis (Crotalus durissus) são considerados mais graves e geralmente são fatais. No presente estudo, seguindo os critérios de diagnóstico do tipo de acidente ofídico descrito por Bernarde (2014), dos 18 cães atendidos durante o período do estudo, 88,89% dos cães apresentaram achados clínicos compatíveis com acidente botrópico, apresentando

31 no local da picada intenso edema e sangramento. Cardoso et al. (2006) descreveram que o acidente botrópico é caracterizado pela observação das marcas das presas da serpente no local da picada, sangramento local também é frequentemente observado, enquanto que o edema no local da picada ocorre precocemente em 24 horas. Bicudo (1999) relatou que o edema no local da picada é o sintoma mais evidente do acidente ofídico por serpentes do gênero botrópico e a gravidade e extensão dele é diretamente proporcional ao tempo decorrido da picada e a quantidade de veneno inoculado. Sakate et al. (2015) referiram que a liberação de substância vasoativas como bradicinina e histamina pelo veneno botrópico quando inoculados e presentes na circulação sistêmica, provocam lesões nos capilares e focos de hemorragias nos órgãos e pele. É devido justamente a essa ação, que sinais como dor, edema, petéquias, equimoses e bolhas surgem, desencadeando um processo inflamatório agudo nesse local. A necrose tecidual ocorre em decorrência de toda essa atividade proteolítica do veneno, resultando em isquemia (SANTOS et al. 2009). Adicionalmente, no presente estudo retrospectivo, 2 (11,11 %) dos casos avaliados apresentaram características clínicas compatíveis com o diagnóstico de acidente crotálico. Segundo Cardoso et al. (2003), nas primeiras horas após a picada dessa serpente, são observadas alterações neurotóxicas, caracterizadas pela fácies miastênica (parestesia dos músculos faciais), apresentando ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, midríase bilateral e paralisia do globo ocular (oftalmoplegia). Nogueira et al. (2007) descreveram em cães a presença de mialgia generalizada, oftalmoplegia, ptose mandibular, dificuldade de deglutição e de fonação, além de sialorreia, vômito e diarreia associados com o acidente crotálico. No presente estudo, os cães com o diagnóstico de acidente crotálico apresentaram ataxia, prostração, paralisia dos membros, incapacidade de levantar a cabeça e úlcera de córnea. Além desses sinais clínicos, os mesmos autores (CARDOSO et al., 2003; NOGUEIRA et al., 2007) referiram que o veneno atinge tanto o sistema nervoso central, quanto o sistema nervoso periférico, semelhantes ao observado nesse estudo. Os achados do presente trabalho corroboram também com a epidemiologia dos acidentes ofídicos descritos na região noroeste de São Paulo em humanos por Rojas et al. (2007), em que os acidentes causados pelos representantes do gênero Bothrops e Crotalus, foram responsáveis por 65,7 % e 9,3 % dos acidentes, respectivamente, na região. Adicionalmente, o mesmo autor descreve que a ocorrência dos acidentes foi de maior predominância na zona rural. CONCLUSÃO Assim como descrito na literatura, dentre os acidentes ofídicos descritos na espécie canina e humana, o acidente botrópico foi o mais observado nesse estudo retrospectivo, seguido pelo acidente crotálico. Além disso, cães adultos e fêmeas que vivem principalmente em ambiente rural foram os mais acometidos, sendo a cabeça e os membros torácicos os locais de maior ocorrência da picada. AGRADECIMENTO Agradecemos a supervisão do Hospital Veterinário Dr. Halim Atique do Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP) pelo fornecimento dos dados para realização deste estudo retrospectivo, bem como os residentes e professores do setor de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. REFERÊNCIAS Amaral CFS, Resende NA, Pedrosa TMG. 1988. A fibrinogenemia secundária a acidente ofídico crotálico. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo. 30:288-293. Azevedo-Marques MM, Cupo P, Hering SE. 2003. Acidentes por animais peçonhentos: Serpentes peçonhentas. 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