Um registro do que aconteceu nos 20 anos de Sambas de Enredo na Passarela do Samba
01SOY LOCO POR TI: A VILA CANTA A LATINIDADE!!! 2006 J.C. Coelho Ribeirinho Adilson China Serginho Sumaré Domingos PS R. Alves Sidney de Pilares Zequinha do Cavaco Jorginho Moreira Wanderlei Novidade Walnei Rocha Paulinho Rocha Sangue caliente corre na veia É noite no império do sol A Vila Isabel semeia Sua poesia em portunhol E vai... buscar num vôo à imensidão Dourados frutos da ambição Tropical por natureza Fez brotar a miscigenação Soy loco por tí, América Louco por teus sabores Fartura que impera, mestiça mãe-terra Da integração das cores Apagando fronteiras, desenhando Igualdade por aqui Arriba, Vila!!! Forte e unida Feito o sonho do libertador A essência latina é a luz de Bolívar Que brilha num mosaico multicor Para bailar la bamba, cair no samba Latino-americano som No compasso da felicidade Irá pulsar mi corazón Nas densas florestas de cultura Do sombrero ao chimarrão Sendo firme sem perder la ternura E o amor por este chão Em límpidas águas, a clareza Liberdade a construir
02SINGRANDO EM MARES BRAVIOS... CONSTRUINDO O FUTURO 2005 André Diniz Serginho 20 Sidney Sá Prof. Newtão Miguel BD Olokum, abre caminhos no mar Pra minha Vila passar Depois da tempestade A felicidade, a bonança "O azul retorna ao seu lugar" O povo de Noel singra a História em direção À Arca de Noé, que navegou pra salvação No Egito embarcou, cultura milenar A fria região, com viking a velejar A proa da ambição, fez brilhar Caravela, leve a Vila, "oriente" O paraíso é aqui, vem descobrir O "feitiço" dessa gente Que volta a soprar de cada estaleiro Ventos à indústria nacional É Carnaval, um rio de prazer Cada turista que chegar vai ver É linda a Vila "balançando" nas ondas do mar Rumo à vitória, navegar! Lágrimas, corriam o semblante negro Oceano de lamento nos tumbeiros Jangadeiros sob a bravura de um dragão Negavam desembarcar a escravidão Num cisne branco flutua A luz do almirante em noite de lua O barão de Mauá se fez pioneiro Na construção naval
03EU SOU ÍNDIO, EU TAMBÉM SOU IMORTAL 2000 Evandro Bocão Serginho 20 Tito Leonel Ivan da Wanda Ouvindo os murmúrios da cascata A minha Vila foi pra mata E, ao voltar, canta o que tenho pra mostrar A avenida vira aldeia, "porto seguro" Pro azul-e-branco me exaltar O samba e a alma de um povo "Unidos" tal qual oração Tupã abençoando esta união Iara do igarapé, meu coração é seu lugar A proteção do meu pajé Abre os caminhos para a Vila desfilar Vila querida! Guerreira, tua coroa hoje é cocar Cavaco é arco e flecha, "lança" nessa festa Um Rio de amor em pleno carnaval Ao ver tanta cultura me faz tua pintura Eu sou índio, eu também sou imortal! O meu tambor vai ecoar a noite inteira A "Tribo-Brasil" festeja o ano 2000 500 anos da História brasileira Vi lá em harmonia com a floresta Em canto, dança, caça e pesca Respeito à criação de um Deus maior Vi lá, sabedoria em minha gente não letrada Jaci iluminar a madrugada Sublimes rituais e soluções medicinais
04JOÃO PESSOA, ONDE O SOL BRILHA MAIS CEDO 1999 Evandro Bocão Serginho 20 Tito Viajando pra onde o sol brilha mais cedo Abro as portas das Américas Sob a luz te faço enredo Chão de potiguaras, tabajaras, cariris Raízes desse povo lutador A mulher por sua terra vira macho, sim senhor Filipéia abençoada Por missões estrangeiras cobiçada É negra, é sangue, é verde mata Não "nego" tua bandeira tão amada Folia se faz... Na rua Dançando ao clarão... Da lua Xaxado ou forró, o sanfoneiro Mostra a força do folclore brasileiro Nos doces frutos do teu chão, o sabor da região A arte embala e inspira, suave, a brisa Convida o luar pro dia descansar O pôr-do-sol ouvindo o Bolero de Ravel Cai a noite, estrelas lá no céu Brilham para Vila Isabel Acorde Brasil, no acorde da Vila Hoje sou João Pessoa, sou a força paraíba Do braço do mar pros braços do povo Luz que vai guiar um mundo novo Tua gente fascinante Borda em rendas a história Molda a vida em argila A natureza, a maior glória O astro-rei, o azul do mar... A culinária, o paladar
05LÁGRIMAS, SUOR E CONQUISTAS NO MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO 1998 David da Vila Sergio Freitas Helinho Mascote O homem no tempo guerreia Seu rastro semeia ambição É a chama da conquista acesa no seu coração "A luz de Roma se apaga" Daí se propaga a transformação O clero, a bem da verdade Julgava o herege na Inquisição Baila no ar a esperança O homem avança no velho mar Um horizonte de riquezas Fazia a Europa prosperar Tantos sem terra ficaram! A sabedoria, o poder contestou Raios divinais iluminaram a humanidade Na França, movimentos radicais Deram ao mundo outra mentalidade No girar da coroa, a liberdade Igualdade ecoa no meu cantar A Vila, numa boa, agita o Carnaval É fraternidade universal O homem... Da burguesia surge o renascer Valorizando ideais Aniquilando o jeito de ser Da soberania dos feudais A sede da cobiça deságua na deriva das águas A chegada triunfal Às Índias, ao novo continente E a este paraíso tropical Velas ao vento! O rei mandou O navegante outras terras conquistou
06NÃO DEIXE O SAMBA MORRER 1997 J.C. Couto Rio de Janeiro Não deixe o samba morrer Ouça esse grito de alerta Faz o sol renascer Viver na inspiração desses poetas Ratifica nossos laços Com a mais pura raiz Pra que o samba tenha espaço No Carnaval desse país Hoje a festa do povo Faz a gente sambar Vendo blocos e corsos Como é bom recordar Pierrôs e colombinas E o Zé Pereira com a multidão Vem nessa onda, ioiô Vem nessa onda, iaiá Porque o samba é arte popular Vem nessa onda, ioiô Vem nessa onda, iaiá Porque o samba não vai acabar Lindo é ver um sonho em fantasias Vem mergulhar na nostalgia Os velhos tempos não se vão jamais Era nossa cidade a passarela Que hoje a Vila traz tão bela Os bons momentos tradicionais O meu coração, batendo forte nos salões
07A HERÓICA CAVALGADA DE UM POVO 1996 Tião Grande Cafu Ouro Preto Vaguinho Baila minha porta-estandarte E com a Vila vem mostrar toda emoção A heróica cavalgada de um povo Sua história, seus costumes, tradições Sepé Tiaraju protege a terra Na luta contra a força da invasão Fez da bravura sua arma Defendendo os Sete Povos das Missões São Pedro do Rio Grande do Sul Se faz província, ganha capital Porto dos Casais tem charqueadas Lanceiros negros dançam nas congadas Epopéia Farroupilha, clamor de voz Chimangos ou maragatos O gaúcho é aclamado o grande herói Boitatá é brasileiro Cuida do rebanho Negrinho do Pastoreio E a salamanca do jarau, que o folclore nacional Mostra para o mundo inteiro Bailando na avenida minha Vila Isabel Faz o Grenal mais bonito Com Lupicínio e Noel Progresso, miscigenação O vento sopra, traz a colonização Cerveja, dança, culinária Festa da uva, o churrasco e o chimarrão Brilha no ar a senhora liberdade E no rincão um canto de felicidade
08CARA OU COROA, AS DUAS FACES DA MOEDA 1995 Evandro Bocão André Diniz O cauri que eu vou jogar já foi dinheiro O salário vem do sal que é tempero No azul desse mar eu faço o meu Carnaval Com a Vila levantando o meu astral A Vila ao girar sua coroa Mostra a cara na avenida E diz que a vida sempre foi um troca-troca A Arábia em duas faces se escondia Atraindo pro Oriente os interesses da Europa Ao aumentar suas fronteiras Surgiram novas rotas financeiras O ciclo da moeda refletia O comércio das especiarias Novo Eldorado fez a corte delirar Pregoeiros de riquezas Pau-Brasil de mão em mão Nosso chão virou senzala Um mercado, a escravidão D. João trouxe o progresso A inflação deixou de herança No real, realidade é a esperança O "Eldorado negro", império e tesouro Taghaza transformava "ouro em pó" em pó de ouro Renascem da evolução novos filões Entre o Ocidente regiões Daí a cobiça tão viril Caravelas aportaram no Brasil Um paraíso, um "colírio" no olhar
MUITO PRAZER, ISABEL DE BRAGANÇA E DR UMOND ROSA DA 09SILVA, MAS PODE ME CHAMAR DE VILA 1994 Vilani Silva Bom Bril Evandro Bocão André Diniz Vou cantando... Os meus encantos vou mostrar Muito prazer, eu sou a musa, sou a fonte Deixa meu feitiço te levar Antes habitada pelos índios E os jesuítas cultivaram a cana no meu chão Era "Fazenda dos Macacos" A preferida do imperador desta nação Também fui o dote de D. Pedro para a duquesa Com o progresso de Drumond Ganhei cultura e requinte "à francesa" "Peguei o bonde", "passei" no boulevard E a "Confiança" é doce recordar "Os três apitos" cantados por Noel Ainda ecoam pela Vila Isabel Em noites de festas, serestas, Violões e "os tangarás" Virei a predileta dos amantes e poetas Gravados nas calçadas musicais Desperta "seu China"! Acorda "Noel"! Pra ver a nossa Escola desse branco azul do céu E o "Zé Ferreira" (Alô, Martinho!) Vem saudando a multidão Pode me chamar de Vila Que orgulho é o meu "brazão"! Quem põe não tira Nesta ceia popular Sou do morro a nobreza E de quem quiser amar Blocos, corsos, "lenhadores"... Alegria dos meus carnavais Embalei os namorados Na magia do amor formei casais
10GBALA VIAGEM AO TEMPLO DA CRIAÇÃO 1993 Martinho da Vila Meu Deus O grande Criador adoeceu Porque A sua criação já se perdeu Quando acaba a criação Desaparece o Criador Pra salvar a geração Só esperança e muito amor Então Foram abertos os caminhos E a inocência entrou No templo da criação Lá, os guias protetores do planeta Colocaram o futuro em suas mãos E através dos orixás se encontraram Com o deus dos deuses, Olorum E viram... Viram como foi criado o mundo Se encantaram Com a mãe-natureza Descobrindo o próprio corpo compreenderam Que a função do homem é evoluir Conheceram os valores Do trabalho e do amor E a importância da justiça Sete águas revelaram em sete cores Que a beleza é a missão de todo artista Gbala é resgatar, salvar E a criança, esperança de Oxalá Gbala, resgatar, salvar A criança é esperança de Oxalá Vamos sonhar...
11DIREITO É DIREITO 1989 Jorge King Jorginho Tonelada Fernando Partideiro Zé Antonio J.C. Couto É hora da verdade A liberdade ainda não raiou Queremos o direito de igualdade Viver com dignidade Não representa favor Hoje, a Vila se faz tão bonita E se apresenta destemida Unida pelos mesmos ideais Lutando com a maior sabedoria Contra os preconceitos sociais A Declaração Universal Não é um sonho, temos que fazer cumprir A justiça é cega, mas enxerga quando quer Já está na hora de assumir (eu sei) Sei que quem espera não alcança Mas a esperança não acabará Cantando e sambando acendo a chama E sonho um novo dia clarear Vamos dar as mãos e lutar Sempre de cabeça erguida E quando o amanhã surgir, surgir A flor da paz se abrir, se abrir Será prosperidade A brisa vai trazer mais alegria No mundo haverá fraternidade Direito é direito Está na Declaração A humanidade Clareou Despertou o amor, que é fonte da vida
12KIZOMBA, FESTA DA RAÇA 1988 Rodolpho Jonas Luiz Carlos da Vila Valeu, Zumbi! O grito forte dos Palmares Que correu terras, céus e mares Influenciando a Abolição Zumbi, valeu! Hoje a Vila é Kizomba É batuque, canto e dança Jongo e maracatu Vem Menininha pra dançar o caxambu Ô, ô, ô, ô, nega Mina Anastácia não se deixou escravizar Ô, ô, ô, ô, Clementina O pagode é o partido popular Sacerdote ergue a taça Convocando toda a massa Neste evento que congraça Gente de todas as raças Numa mesma emoção Esta Kizomba é nossa Constituição Que magia Reza, ajeum e orixás Tem a força da cultura Tem a arte e a bravura E um bom jogo de cintura Faz valer seus ideais E a beleza pura dos Seus rituais Vem a lua de Luanda Para iluminar a rua Nossa sede é nossa sede E que o "apartheid" se destrua Valeu!
13RAÍZES 1987 Martinho da Vila Ovídio Bessa Azo A Vila Isabel, incorporada de Maíra Se transforma em deus supremo Dos povos de raiz Da terra Kaapor O deus morava nas montanhas E fez filhos do chão Mas só deu vida para um No templo de Maíra Sete deusas de pedra Mas vida só pra uma Destinada a Arapiá Querubim tapixi guardava a deusa para ele Que sonhava conhecer a natureza Então ele fugiu Da serra, buscando emoções E se encontrou com a mãe dos peixes, Numiá Verão, calor e luz Outono, muita fartura Inverno, beleza fria Primavera, cores e flores Para enfeitar o paraíso Mas eclodiu a luta entre os dois amantes Pelo poder universal Vovô Maíra interferiu na luta E atirou os dois pro ar Pra lá no céu jamais poderem se envolver Arapiá, Guaraci, bola de fogo E Numiá, é Jaci, bola de prata E fez dos quatro netos, governantes magistrais Surgindo, assim, as estações dos anos A Vila Isabel... Por ela, Arapiá sentiu paixão E quatro filhos Numiá gerou
14P E David Corrêa Jorge Macedo D E A L E G R I A C A N T E I, D E A L E G R I A P U L E I, D E T R Ê S E M T R Ê S, L O M U N D O R O D E I 1 9 8 6 Sou rei, sou luar Na vida eu tudo e nada, la, laiá, lá Vira, brinca em três dias E cai de quatro na folia Não venha agora me sacanear Levando o meu samba pra lá Que ontem era popular Já joguei minha tristeza, iaiá Nas ondas de prata do mar Ô, ô, ô, ô, ô, ô, canto a saudade que ficou, ficou O morro desce, me alucina Fazendo o mundo girar É passo, é pó, é paetê Pro rei rodar Ô, lelê Mas o mundo é pra eu brincar De cavaco e ganzá Requebra, quero ver Quebrando pra mexer Ô, lê, lê, lê, lê, lê, lê, lê Será, ô, será Que o samba ginga na voz Brasil Mas deixa isto pra lá E vá na pura do barril (ô, Nanã) Ô, Nanã, ê okê Ô, Nanã, ê oka Axé pra quem brincar (Ai, o mundo...) O mundo viajando na canção Alô, alô, viola Um dengo de um repique pelo ar Um ai, me deixa