A COMUNIDADE DE ABELHAS (Hymenoptera, Apoidea) E FLORES VISITADAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA, NO MUNICÍPIO DE MARACAJÁ, SANTA CATARINA

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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNIDADE ACADÊMICA HUMANIDADES, CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS A COMUNIDADE DE ABELHAS (Hymenoptera, Apoidea) E FLORES VISITADAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA, NO MUNICÍPIO DE MARACAJÁ, SANTA CATARINA MAINARA FIGUEIREDO CASCAES CRICIÚMA, SC 2008

MAINARA FIGUEIREDO CASCAES A COMUNIDADE DE ABELHAS (Hymenoptera, Apoidea) E FLORES VISITADAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA, NO MUNICÍPIO DE MARACAJÁ, SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Área de Concentração: Manejo e Gestão de Recursos Naturais Orientadora: Profª. Dra. Birgit Harter-Marques CRICIÚMA, SC 2008

Aos meus avós, Navailton Figueiredo e Maria Terezinha Holthausen Figueiredo, pela maravilhosa família e criação que me propiciaram, por todo amor e solicitude... Dedico...

AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida. A minha família pelo apoio, amor, carinho, por entender minhas ausências e especialmente por acreditar em meu sonho que se torna realidade. A Profª. Dra. Birgit Harter-Marques pela maravilhosa orientação e identificação das abelhas, mas principalmente pela amizade, pelo incentivo na Iniciação Científica com estudo de abelhas, e pelo exemplo profissional. Aos Botânicos do Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz pela confirmação das espécies vegetais. Ao Prof. Dr. Gabriel Melo, pela solicitude e identificação da espécie de Exomalopsis. Ao meu namorado Gabriel Alamini, pelo companheirismo, amor e afeto; por todos os auxílios em campo e laboratório, e a compreensão por minhas faltas. As minhas queridas amigas Beatriz Wessler, Bruna Alberton, Katiane Martinello, Patrícia Corrêa e Thereza Garbelotto, pois com vocês aprendi o verdadeiro sentido da amizade, e passei por momentos inesquecíveis que para sempre levarei comigo. Ao Pedro Marques pelas ajudas em campo e por todo bom humor, alegria e incentivo que sempre transmitiu. Aos colegas do Laboratório de Interação Animal-Planta, Alexandra, Bia, Bruna, Carol, Georg, Jackie, pelo auxílio e companheirismo em todas as etapas deste trabalho, e pelos saudosos momentos de descontração. Aos amigos, colegas e professores que estiveram presentes em minha jornada acadêmica e de alguma forma contribuíram para que tudo isto fosse possível. A administração do Parque Ecológico Maracajá por permitir a execução deste trabalho na área do Parque. A UNESC por tornar este trabalho possível, e ao PIC 170 pela bolsa de estudos. Muito Obrigada!

É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota. Theodore Roosevelt

RESUMO A alarmante situação atual de degradação da Mata Atlântica vem exigindo estudos que visem o monitoramento e possam promover o entendimento entre relações ecológicas para fins de preservação dos fragmentos. As abelhas são importantes componentes da fauna, pois estabelecem relações de dependência com as espécies vegetais, promovendo uma troca de interesses: garantem a reprodução sexuada das plantas, em troca da obtenção de recursos alimentares. Tendo em vista a importância destas relações e a carência de levantamentos da fauna apícola, este estudo teve por objetivo contribuir para o entendimento das interações entre abelhas e plantas melitófilas em um fragmento de Mata Atlântica, no município de Maracajá, SC. O estudo foi realizado entre setembro/2007 e agosto/2008, no Parque Ecológico Maracajá, SC. A amostragem das abelhas nas flores ocorreu quinzenalmente, com auxílio de rede entomológica, das 8:00 até 12:00 horas ao longo de dois transectos preestabelecidos na borda e no interior da mata. Paralelamente, acompanhou-se o período de floração das plantas melitófilas e coletou-se ramos para posterior identificação. Foram coletados 379 indivíduos de abelhas pertencentes a 44 espécies, e quatro famílias. Apidae e Halictidae apresentaram-se como as famílias de maior riqueza e abundância, provavelmente pela presença de hábitos generalistas na maioria de suas espécies. Observou-se a presença de apenas duas espécies de abelhas eussociais nativas, podendo estar relacionado ao grau de isolamento do Parque. Entretanto, a existência de muitas abelhas solitárias, mostra que o Parque possui recursos para o sustento deste grupo. Asteraceae foi mais representativa em número de espécies e também recebeu maior número em visita de abelhas. A comunidade vegetal apresentou o pico de floração entre setembro/07 e janeiro/08, sendo outubro/07 o mês mais expressivo em espécies vegetais florescendo, riqueza e abundância de espécies de abelhas. A espécie ornamental Senna macranthera representou uma importante fonte de recursos para as abelhas, sendo a espécie vegetal mais visitada. A baixa riqueza de abelhas encontrada no Parque Ecológico Maracajá provavelmente deve estar relacionada ao grau de fragmentação, isolamento e aos impactos sofridos pela descontinuidade da matriz florestal que cede espaço a culturas agrícolas. Apesar da presença de muitas abelhas com hábitos generalistas e os baixos índices de riqueza encontrados no Parque, observou-se a presença de interações específicas abelha-planta, que refletem a importância da área na preservação destas relações ecológicas. PALAVRAS CHAVES: Diversidade de abelhas, Fragmentação da Mata Atlântica, Interação abelha-planta, Plantas melíferas.

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Foto aérea do Parque Ecológico Maracajá, SC. Fonte: Administração Parque Ecológico Maracajá....15 Figura 2: Áreas de coleta no Parque Ecológico Maracajá, SC: (A) borda da mata, (B) interior da mata com trilhas suspensas...16 Figura 3: Marcação individual das plantas encontradas em flor, para acompanhamento do período de floração durante o período do estudo, no Parque Ecológico Maracajá, SC...17 Figura 4: As nove espécies de abelhas mais representativas coletadas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo...21 Figura 5: Curva do coletor referente aos 14 meses de coletas realizadas no Parque Ecológico Maracajá, no decorrer de Setembro/07 a Agosto/08, incluindo as coletas pilotos (Março e Abril/07)....22 Figura 6: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas)...22 Figura 7: Distribuição das espécies de Apoidea amostradas no Parque Ecológico Maracajá, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância: constantes (presentes em mais de 50% das coletas), acessórias (presentes entre 25% e 50% das coletas) ou acidentais (presentes em menos de 25% das coletas)....23 Figura 8: Número de espécies vegetais das famílias botânicas visitadas por abelhas. As famílias que foram representadas por apenas uma espécies foram agrupadas em demais famílias. (incluindo as duas espécies não identificadas)....26 Figura 9: Número de espécies com flores registradas por mês que receberam visitas por abelhas durante o período do estudo no Parque Ecológico Maracajá, SC....27 Figura 10: Tempo de floração das espécies vegetais no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo...27 Figura 11: Famílias vegetais cujas flores foram visitadas com maior abundância por abelhas durante o período do estudo no Parque Ecológico Maracajá, SC....28 Figura 12: Relação entre número de espécies vegetais em floração e número de espécies de abelhas amostradas nos meses de coleta no Parque Ecológico Maracajá....34 Figura 13: Relação entre número de espécies vegetais em floração e número de indivíduos de abelhas amostradas nos meses de coleta no Parque Ecológico Maracajá, SC....34 Figura 14: Dados referentes à riqueza de abelhas nos diferentes estudos realizados no Estado de Santa Catarina...36

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Espécies de abelhas e abundâncias absolutas encontradas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo...19 Tabela 2: Número de espécies, gêneros e indivíduos distribuídos por família, coletadas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo....21 Tabela 3: Famílias e espécies vegetais que receberam visitas no Parque Ecológico Maracajá, nas 26 coletas, acompanhado pelos de período de floração de cada espécie....24 Tabela 4: Espécies de plantas cujas flores receberam maior número de visitas pelas abelhas, apresentando número de indivíduos de abelhas, número de espécies de abelhas e duração da floração....28 Tabela 5: Relação de visita de cada espécie de abelhas nas flores das plantas amostradas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo, indicando o número de indivíduos coletados em cada espécie de planta...29 Tabela 6: Riqueza das famílias de abelhas em cinco estudos realizados em Floresta Ombrófila Densa. Maracajá: Este estudo (2008); Nordeste RS: Alves-dos-Santos (1999); Stª Rosa do Sul: Minussi (2003); Siderópolis: Cardoso-Sobrinho (2004); Cs, Cri, Nv: Silva (2005); Ilha SC: Steiner et al. (2006); Viamão: Truylio e Harter-Marques (2007)...37

SUMÁRIO FOLHA DE APROVAÇÃO...2 AGRADECIMENTOS...4 RESUMO...6 LISTA DE FIGURAS...7 LISTA DE TABELAS...8 SUMÁRIO...9 1 INTRODUÇÃO...10 2 OBJETIVO...14 2.1 Objetivo geral...14 2.2 Objetivos específicos...14 3 MATERIAIS E MÉTODOS...15 3.1 Descrição da Área de Estudo...15 3.2 Metodologia...16 3.2.1 Censo em flores com rede entomológica...16 3.2.3 Análise de dados...17 3 RESULTADOS...19 Flores visitadas por abelhas...23 Relação Abelha Planta...27 4 DISCUSSÃO...36 Flores visitadas por abelhas...39 Relação Abelha Planta...41 5 CONCLUSÃO...43 REFERÊNCIAS...44 APÊNDICES....51 ANEXOS...57

10 1 INTRODUÇÃO O Bioma Mata Atlântica é composto por diversos tipos de vegetação que formam mosaicos, englobando níveis excepcionais de biodiversidade que se encontram sob enorme pressão (PINTO; BRITO, 2005). A distribuição ao longo de mais de 23 graus de latitude sul e a diversidade fisionômica propiciaram uma significativa diversificação ambiental e, como conseqüência, a evolução de um complexo biótico de natureza vegetal e animal altamente rico (CAPOBIANCO, 2002). Este bioma cobria inicialmente o território brasileiro com uma área de 1.400.000km 2 que se estendia pela costa do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul (RIZZINI, 1997). Sendo uma das maiores florestas tropicais do planeta, foi o primeiro bioma a ser explorado durante a colonização européia no Brasil (SILVA; CASTELETI, 2005). Atualmente este bioma está reduzido a menos de 8% de sua cobertura original, resultando em alterações severas para os ecossistemas que o compõem, especialmente pela alta fragmentação de habitat e perda de sua biodiversidade (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003); o que o faz, segundo Galindo-Leal e Câmara (2005), ser provavelmente o ecossistema mais devastado e mais seriamente ameaçado do planeta. Os remanescentes florestais que ainda existem estão condenados ao corte ilegal de madeira, retirada de lenha, captura ilegal de plantas e animais, introdução de espécies exóticas, além da construção de represas para projetos hidrelétricos que acentuam significativamente a perda de habitats e alterações ecológicas (GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005). Além de todos estes fatores, o efeito de borda e o isolamento dos remanescentes tornam-se grandes problemas, pois significa que o entorno deixará de ser uma mata contínua, sendo substituída, na maioria das vezes, por plantações, pastagens e estradas (SILVA, 2005). Apesar da devastação, o Bioma Mata Atlântica ainda contêm uma parcela significativa da diversidade biológica, com altíssimos níveis de endemismo. Desta forma, a conservação da biodiversidade neste Bioma se faz necessária e representa um dos maiores desafios deste início de século (VIANA; PINHEIRO, 1998). A crescente perda da diversidade biológica tem sido um alerta para a necessidade de realizar estudos, visando conhecimento da biodiversidade e a implementação de medidas adequadas para a conservação (MORENO, 2001). Os levantamentos faunísticos são considerados as ferramentas básicas para se conhecer essa diversidade e monitorar tendências ao longo do tempo (LEWINSOHN;

11 PRADO; ALMEIDA, 2001). Os artrópodes correspondem a 75% dos animais sobre a terra (BUZZI; MIYAZAKI, 1993); apresentam alta diversidade e, em geral, respondem rapidamente a mudanças ambientais, sendo considerados um grupo importante nos estudos sobre biodiversidade (THOMAZINI; THOMAZINI, 2000). Segundo Buzzi e Miyazaki (1993), 89% dos artrópodes pertencem à classe Insecta. Bawa (1990) afirma que mais de 90% das plantas que produzem flores nas florestas tropicais são polinizadas principalmente por esta classe animal, sendo as abelhas o grupo que poliniza o maior número de espécies vegetais. De acordo com Laroca (1995), a polinização é o processo que envolve o transporte dos grãos de pólen desde a antera onde são produzidos até o estigma, geralmente de outra flor co-específica. Esse processo, em geral, exige um agente de transporte. As abelhas dependem dos produtos florais, principalmente do pólen, como fonte de proteína para provisão para suas crias (MICHENER, 2000), néctar como fonte de alimento para os adultos, e de outros recursos florais (resina, óleos, folhas) para construção de ninhos. Por outro lado, a maioria das plantas depende dos agentes polinizadores para sua reprodução sexuada (WILSON, 1994; ENDRESS, 1998), resultando assim em uma diversidade de interações inter-específicas que asseguram a manutenção dos ecossistemas em que se encontram (SCHLINDWEIN, 2000). A polinização caracteriza-se por ser um dos processos chave no sucesso reprodutivo das espécies vegetais (SCHLINDWEIN, 2000). O reconhecimento das abelhas como principais agentes polinizadores deve-se a três pontos chaves: (1) a alta diversidade de espécies desse grupo, (2) a obrigatoriedade de serem visitantes florais para assegurar sua sobrevivência (SILVA, 2005) e (3) por possuírem geralmente adaptações morfológicas, fisiológicas ou comportamentais para coleta de recursos florais, como pelos ramificados que cobrem o corpo, presença de estruturas especializadas como corbículas ou escopas para transporte do pólen, comportamento de buzz-pollination, entre outros (SCHLINDWEIN, 2000). As abelhas pertencem à ordem Hymenoptera e junto com as vespas Spheciformes constituem a superfamília Apoidea. Segundo Michener (2000), estima-se que exista cerca de 20 mil espécies de abelhas, distribuídas por tudo mundo onde ocorrem Angiospermas. A apifauna brasileira é constituída por cinco famílias (Andrenidae, Apidae, Colletidae, Halictidae, Megachilidae) e 1.576 espécies descritas (SILVEIRA; MELO; ALMEIDA, 2002); todavia as estimativas são de que existam aproximadamente 3.000 espécies de abelhas para nosso País.

12 A interação entre abelhas e plantas com flores é antiga, datando do Cretáceo há mais de 100 milhões de anos, e tudo indica que evoluíram juntos, devido à grande dependência que existe entre estes organismos (ROUBIK, 1989). As abelhas podem ser especialistas em determinadas flores ou famílias botânicas, coletando com a máxima eficiência nelas e operando como polinizadores especializados. Ou podem ser generalistas, isto é, visitam as flores de muitas espécies botânicas e as polinizam com menor eficiência do que as especialistas, mas não dependem exclusivamente delas para sua sobrevivência (LINSLEY, 1958). Assim, a relação das abelhas com determinados grupos de plantas pode indicar não só a importância das plantas na dieta e manutenção das populações destes visitantes, mas também mostrar a importância dos visitantes no processo de polinização das plantas. Desta forma, o destino de muitas plantas nativas depende da preservação de suas relações mutualísticas com os polinizadores e vice versa (KEARNS; INOUYE, 1997). Nos últimos 30 anos, o conhecimento da fauna de abelhas da região Neotropical aumentou consideravelmente, principalmente, devido aos inventários realizados em diferentes ecossistemas do Brasil e ao número de pesquisadores trabalhando com este tema em quase todo território nacional, promovendo coletas em áreas anteriormente não amostradas e novas coleções de referência. Segundo Alves-dos-Santos (2007), cerca de 70 levantamentos de abelhas foram realizados até o momento no território nacional e uma lista com mais de três mil morfo-espécies foi produzida, sendo 25 deles concentrados na região sul do País. Segundo levantamentos de abelhas e plantas melíferas realizados no Paraná e Rio Grande do Sul nos últimos 25 anos, foram encontradas, até o momento, mais de 600 espécies de abelhas no sul do Brasil (SAKAGAMI; LAROCA; MOURE, 1967; SAKAGAMI; LAROCA, 1971; LAROCA; CURE; BORTOLI, 1982; TAURA, 1990; WITTMANN; HOFFMAN, 1990; LAROCA, 1992; SCHWARTZ-FILHO, 1993; LAROCA; ALMEIDA, 1994; SCHLINDWEIN, 1995; BORTOLI; LAROCA, 1997; ALVES-DOS-SANTOS, 1999; HARTER, 1999; GONÇALVES; MELO, 2005, entre outros). De acordo com Wittmann e Hoffman (1990) e Alves dos Santos (1999), a fauna de abelhas do sul do Brasil é especialmente diversa devido à riqueza de ecossistemas da região. A região sul sofre influência de elementos andinos vindos do sul temperado e do oeste seco do continente e influência de elementos subtropicais vindos de cerrado e das Matas Tropicais ao norte. Apesar de estar relativamente bem estudada no Paraná e Rio Grande do Sul, a fauna de abelhas nativas e sua flora associada ainda são pouco conhecidas no estado de Santa Catarina, restringindo-se basicamente aos trabalhos de Orth (1983), Ortolan e Laroca (1996),

13 Feja (2003), Minussi (2003), Cardoso Sobrinho (2004), Mouga (2005), Silva (2005), Essinger (2006), Steiner et al. (2006) e Krug (2007). Santa Catarina apresentou-se como o principal estado em desmatamento de Mata Atlântica entre os anos de 2000 e 2005, e conta ainda com os três municípios que mais perderam a sua cobertura florestal: Mafra, Itaiópolis e Santa Cecília (Fundação SOS Mata Atlântica, 2008). No Sul de Santa Catarina, as florestas nativas encontram-se extremamente fragmentadas devido, principalmente, às atividades de agricultura, exploração de carvão e urbanização, que vem acarretando no crescente isolamento dos remanescentes.

14 2 OBJETIVO 2.1 Objetivo geral Diante da importância das abelhas na manutenção das espécies vegetais, o presente estudo visou contribuir para o entendimento das interações entre abelhas e plantas melitófilas em um fragmento de Mata Atlântica, no município de Maracajá, SC; fornecendo desta maneira, subsídio para futuros estudos sobre a ecologia da polinização das espécies melitófilas nesse ambiente. 2.2 Objetivos específicos Calcular a riqueza, abundância, diversidade, equitabilidade, dominância e constância das espécies de abelhas amostradas nas flores das plantas melitófilas no fragmento florestal estudado. Identificar as espécies vegetais visitadas por abelhas na área de estudo. Identificar o período de floração das plantas melitófilas durante a realização do estudo na área. Relacionar a diversidade das espécies vegetais com a riqueza e abundância de espécies de abelhas ao decorrer do ano na área de estudo.

15 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Descrição da Área de Estudo O presente estudo foi realizado no Parque Ecológico Maracajá (Fig. 1), compreendido entre as coordenadas 28 52 51 S e 49 27 59 W, altitude de 30m acima do nível do mar. O parque é uma unidade de conservação em nível municipal com 112ha de mata nativa, circundado por plantações de arroz e a sudeste pela BR 101 (BERTOLIN, 2007). O município de Maracajá, segundo a Divisão de Zoneamento e Ordenamento Ambiental (EPAGRI/CIRAM, 2001) encontra-se na Zona Agroecológica 2B, sobre abrangência do clima Cfa, segundo Köppen (1931), descrito como clima subtropical constantemente úmido, sem estação seca, com verão quente (temperatura média do mês mais quente > 22,0 C). A área de estudo compreende um fragmento de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, ecossistema este inserido no Bioma Mata Atlântica. Esta formação encontra-se revestida de sedimentos de origem fluvial, marinha e lacustre do Quaternário, sendo que acumulações destes sedimentos na composição dos solos resultam em associações de aspecto fisionômico e florístico muito peculiares (TEIXEIRA; COURA-NETO, 1986). Figura 1: Foto aérea do Parque Ecológico Maracajá, SC. Fonte: Administração Parque Ecológico Maracajá.

16 3.2 Metodologia 3.2.1 Censo em flores com rede entomológica As coletas das abelhas foram realizadas quinzenalmente, no período compreendido entre os meses de setembro de 2007 a agosto de 2008. Realizaram-se duas saídas-piloto nos meses de março e abril de 2007, sendo que as espécies de abelhas e plantas amostradas neste período foram contabilizadas nos resultados finais, perfazendo desta maneira, um total de 26 coletas. As coletas foram realizadas ao longo da trilha preexistente na mata e nas bordas da mata (Fig. 2). As trilhas foram percorridas a passo lento, no período das 8h às 12h na procura de plantas em floração. As abelhas foram coletadas em cada espécie vegetal encontrada com flor durante dez minutos com auxílio de rede entomológica, individualmente ou em grupo quando pousaram nas flores ou logo após abandoná-las. Para a coleta nas copas das árvores, utilizou-se uma rede com cabo regulável que alcança até 9m. As abelhas foram acondicionadas em câmaras mortíferas com acetato de etila, devidamente numeradas com nome ou número da planta visitada, horário e data da coleta. Em laboratório, os espécimes de abelhas foram alfinetados, identificados e depositados na Coleção Entomológica de Referência da Universidade do Extremo Sul Catarinense (CERSC). Nas identificações das abelhas adotou-se a nomenclatura e classificação de Silveira; Melo e Almeida (2002). A B Figura 2: Áreas de coleta no Parque Ecológico Maracajá, SC: (A) borda da mata, (B) interior da mata com trilhas suspensas.

17 3.2.2 Material vegetal A coleta do material vegetal foi realizada quinzenalmente concomitante as coletas de abelhas. Em campo, de cada espécie vegetal observada em flor, coletou-se um ramo para posterior identificação. O período de floração foi acompanhado paralelamente a coleta de abelhas, por meio da marcação individual das espécies de plantas com placas devidamente numeradas (Fig. 3). Em laboratório, as amostras foram herborizadas e identificadas por meio de literatura específica, confirmadas por botânicos do Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz (CRI) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), e incluídas em famílias segundo as delimitações de APG II (2003). Nas análises de dados foram consideradas apenas as espécies vegetais onde foram coletadas abelhas. Figura 3: Marcação individual das plantas encontradas em flor, para acompanhamento do período de floração durante o período do estudo, no Parque Ecológico Maracajá, SC. 3.2.3 Análise de dados As abelhas associadas às plantas foram analisadas quantitativamente e qualitativamente através de listagens e utilizando-se índices de riqueza (S) e abundância (N) das espécies, sendo os dados incluídos em um banco de dados Microsoft Access e trabalhados em Microsoft Excel 2003. Os índices de diversidade de Shannon-Wiener (H ) e de equitabilidade (E) foram calculados através do programa PAST (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001). A curva do coletor foi construída, utilizando-se a acumulação de espécies durante o período de coleta, incluindo as saídas-piloto, considerando assim 14 meses. Para a

18 determinação da suficiência amostral da comunidade foram utilizados os estimadores de riqueza com o uso do programa EstimatesS version 8 (COLWELL, 2006). As comparações foram aleatorizadas 50 vezes e foram calculadas as curvas de riqueza estimada Jacknife 1 e 2, Chao 1 e 2 e Bootstrap, bem como as curvas de rarefação das espécies em Mao Tau. Para a utilização deste programa, considerou-se o limite inferior da abundância das espécies raras como 1% da abundância absoluta das abelhas. Para cada espécie de abelha coletada foi determinada a medida faunística da constância pela equação C= (p x 100) / N, apresentada em Silveira Neto et al. (1976), onde C= constância em percentual; p = número de coletas contendo a espécie em estudo; N = número total de coletas efetuadas. Assim, as espécies foram classificadas em constantes (quando presentes em mais de 50% das coletas), acessórias (as encontradas entre 25% e 50% das coletas) ou acidentais (presentes em menos de 25% das coletas). A dominância das espécies de abelhas encontradas na área de estudo foi determinada através do cálculo do limite de dominância a partir da equação LD = (1/S) x 100, citado por Sakagami e Laroca (1971), onde LD representa o limite de dominância e S representa o número total de espécies. Este parâmetro classifica as espécies em dominantes quando os valores do limite inferior de cada espécie apresentam-se superiores ao limite de dominância e não dominantes quando os valores encontrados foram menores (adaptado de SILVA, 2005). O limite inferior de cada espécie foi calculado pela fórmula Li= [1- (k 1 x F 0 ) / (k 2 + (k 1 x F 0 ))]x100, onde: Li, representa o limite inferior para cada espécie; F 0 = valor obtido da tabela de distribuição de F ao nível de 5% de significância para graus de liberdade obtidos em k 1 e k 2 (ZAR, 1999); k 1 = 2(N n i + 1); k 2 = 2(n i + 1); N = número total de indivíduos; n i = número total de indivíduos da espécie i.

19 3 RESULTADOS Foram coletados 379 indivíduos pertencentes a 44 espécies, 26 gêneros, e quatro das cinco famílias de Apoidea encontradas no Brasil (Tab. 1). Tabela 1: Espécies de abelhas e abundâncias absolutas encontradas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo. Táxon Número de indivíduos Apidae Apinae Apini Apis mellifera Linnaeus, 1758 78 Bombus morio Swedereus, 1787 34 Plebeia droryana (Friese, 1900) 53 Trigona spinipes (Fabricius, 1793) 2 Centridini Centris (Hemisiella) tarsata Smith, 1874 4 Epicharis (Epicharoides) sp.1 4 Epicharis (Hoplepicharis) fasciata Lepeletier & Serville, 1828 2 Emphorini Melitoma segmentaria (Fabricius, 1804) 2 Eucerini Melissoptila cnecomala (Moure, 1944) 8 Melissoptila paraguayensis (Bretes, 1909) 5 Exomalopsini Exomalopsis (Phanomalopsis) trifasciata Brèthes, 1910 1 Tapinotaspidini Chalepogenus sp. 1 1 Monoeca sp. 9 Paratetrapedia fervida Smith, 1879 6 Paratetrapedia (Lophopedia) sp. 1 1 Paratetrapedia (Paratetrapedia) sp. 1 5 Paratetrapedia sp. 1 1 Trigonopedia ferruginea (Friese, 1899) 2 Tetrapediini Tetrapedia diversipes Klug, 1810 1 Xylocopinae Ceratinini Ceratina (Crewella) asuncionis (Strand, 1910) 8 Ceratina (Crewella) sp. 1 1 Xylocopini Xylocopa (Neoxylocopa) brasilianorum (Linnaeus, 1767) 17 Xylocopa (Neoxylocopa) frontalis (Olivier, 1789) 4 Colletidae Paracolletinae Niltonia virgilii Moure, 1964 15

20 Táxon Número de indivíduos Tetraglossula anthracina (Michener,1989) 1 Tetraglossula bigamica (Strand, 1910) 7 Halictidae Halictinae Augochlorini Augochlora (Augochlora) amphitrite (Schrottky, 1910) 13 Augochlora (Augochlora) tantilla (Moure, 1943) 2 Augochlora (Augochlora) sp. 1 6 Augochlora (Augochlora) sp. 2 1 Augochloropsis cupreola (Cockerell, 1900) 3 Augochloropsis cf. euterpe (Holmberg, 1886) 1 Augochloropsis discors (Vachal, 1903) 2 Augochloropsis sparsilis (Vachal, 1903) 30 Augochloropsis sp. 1 1 Pseudaugochlora graminea (Fabricius, 1804) 12 Halictini Agapostemon semimelleus (Cockerell, 1900) 15 Dialictus sp. 1 9 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) pruinosus (Moure & 1 Sakagami, 1984) Megachilidae Megachilinae Antidiini Hypanthidium sp. 1 4 Megachilini Megachile (Pseudocentron) sp. 1 3 Megachile (Pseudocentron) sp. 2 2 Megachile (Austromegachlile) sp. 1 1 Megachlie (Chrysosarus) sp. 1 1 Comparando-se os resultados com as listas de Silveira; Melo e Almeida (2002), Steiner et al. (2006) e Krug (2007), somente Niltonia virgilii constitui um novo registro para o Estado de Santa Catarina. Das famílias amostradas, Apidae apresentou maior riqueza e abundância, com 23 espécies e 65,7% do total dos indivíduos coletados, seguida de Halictidae (13 espécies/ 25,3%), Megachilidae (5 espécies/ 2,9%) e Colletidae (3 espécies / 6,1%) (Tab. 2). Não foi registrado nenhum indivíduo pertencente à família Andrenidae.

21 Tabela 2: Número de espécies, gêneros e indivíduos distribuídos por família, coletadas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo. Família Nº de gêneros Nº de espécies Nº de indivíduos Apidae 16 23 249 Colletidae 2 3 23 Halictidae 6 13 96 Megachilidae 2 5 11 Total 26 44 379 A ordenação decrescente das famílias em razão do número de espécies amostradas é: Apidae > Halictidae > Megachilidae > Colletidae. A abelha africanizada, Apis mellifera representou 20,6% dos indivíduos amostrados. As abelhas eussociais nativas foram representadas por apenas duas espécies, Plebeia droryana e Trigona spinipes, que juntas corresponderam a 14,5% dos indivíduos coletados. Das 44 espécies amostradas, nove destacaram-se como mais representativas, contabilizando 267 indivíduos, correspondendo a 70,4% dos indivíduos coletados (Fig. 4). 90 80 70 Nº de indivíduos.. 60 50 40 30 20 10 0 A. mellifera P. droryana B. morio A. sparsilis X. brasilianorum Espécies de abelhas N. virgilii A. semimelleus A. amphitrite P. graminea Figura 4: As nove espécies de abelhas mais representativas coletadas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo. A curva do coletor mostra uma acumulação de espécies até o mês de março/08, sendo que a partir do mês de abril/08 a curva estabiliza até o fim das coletas (Fig. 5). Os estimadores de riqueza não-paramétricos variaram entre 53,44 (Bootstrap) e 77,16 (Jack 2),

22 tendo como valores intermediários 56,07 (Chao 1), 70,45 (Chao 2) e 65,36 (Jack 1). Estes índices sugerem que entre 82,3% e 57% da fauna de abelhas presentes no local foram efetivamente amostradas (Fig. 6). 50 Número acumulativo de espécies. 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Mar Abr Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Meses de coleta Jul Ago Figura 5: Curva do coletor referente aos 14 meses de coletas realizadas no Parque Ecológico Maracajá, no decorrer de Setembro/07 a Agosto/08, incluindo as coletas pilotos (Março e Abril/07). 90 80 Número de espécies 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Número de coletas spp. amostradas Chao 1 Chao 2 Jack 1 Jack 2 Bootstrap Figura 6: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas).

23 O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H ) foi 2,969 e a equitabilidade (E) foi de 0,7831. O cálculo da medida faunística da constância (C) mostrou que das 44 espécies de abelhas coletadas no Parque duas são consideradas constantes (Apis mellifera e Augochloropsis sparsilis), seis acessórias (Bombus morio, Pseudaugochlora graminea, Xylocopa (N.) brasilianorum, Plebeia droryana, Augochlora (A.) sp.1, Augochlora (A.) amphitrite) e 36 consideradas acidentais (Fig. 7, Apêndice A). O índice de dominância mostrou que somente sete das 44 espécies amostradas tiveram o limite inferior calculado acima do limite de dominância (Ld= 2,27) e, portanto foram consideradas dominantes na área de estudo (Apis mellifera/li=17,78; Plebeia droryana/li=11,43; Bombus morio/li=6,97; Augochloropsis sparsilis/li=5,99; Xylocopa (N.) brasilianorum/li=3,08; Niltonia virgilii/li=2,63; Agapostemon semimelleus/li=2,63), sendo que estas sete espécies estão dentre as nove espécies consideradas mais representativas em relação ao número de indivíduos amostrados. Acessórias 14% Constantes 5% Acidentais 81% Figura 7: Distribuição das espécies de Apoidea amostradas no Parque Ecológico Maracajá, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância: constantes (presentes em mais de 50% das coletas), acessórias (presentes entre 25% e 50% das coletas) ou acidentais (presentes em menos de 25% das coletas). Flores visitadas por abelhas Foram registradas ao decorrer do estudo 80 espécies vegetais em floração, pertencentes a 32 famílias botânicas (Apêndice B), entretanto somente nas flores de 51

24 espécies vegetais foram coletadas abelhas, sendo estas pertencentes a 25 famílias e duas espécies cuja identificação não foi possível (Tab. 3). Tabela 3: Famílias e espécies vegetais que receberam visitas no Parque Ecológico Maracajá, nas 26 coletas, acompanhado pelos de período de floração de cada espécie. Táxon Alismataceae Sagittaria montevidensis Cham. & Schltdl.* Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi Apocynaceae Oxypetalum sp. 1 Aquifoliaceae Ilex pseudobuxus Reissek Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Asteraceae Erechtites valerianaefolia (Wolf.) DC. Eupatorium cf. inulaefolium HBK Mikania glomerata Spreng. Mikania sp. 1 Piptocarpha reitziana Cabrera Senecio brasiliensis Less. Vernonia scorpioides (Lam.) Pers. Vernonia tweediana Bak.* Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica Mart. Jacaranda puberula Cham. Paragonia pyramidata (L. Rich.) Bureau Convolvulaceae Ipomoea grandifolia (Dammer.) O Donell Merremia dissecta (Jacq.) Hall.* Cyperaceae Scirpus giganteus (Kunth) Fabaceae Calliandra brevipes Benth. Senna macranthera (Collad.) Irwin&Barnaby Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel Lythraceae Heimia salicifolia (HBK) Link Malpighiaceae Bunchosia armeniaca (Cav.) DC. cf. Heteropteris sp. Malpighiaceae sp. 1 Marcgraviaceae Marcgravia polyantha Delpino Meliaceae Guarea macrophylla Vahl Melastomataceae Miconia cinerascens Miq. Miconia cubatanensis Hoehne Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn Período de floração Abr, Set Mar, Fev, Mar Out Nov Out, Dez, Jan, Fev Set, Abr Dez Set Jan Set Out Set, Out, Nov Mar Out Out Dez Abr Mar Set Jan Jan, Fev, Mar, Abr, Mai Out Dez, Jan Dez Nov, Dez, Jan Out Mai, Jun, Jul Nov, Fev Dez Mai Jan, Fev, Mar

25 Táxon Monimiaceae Hennecartia omphalandra J. Poiss Moraceae Sorocea bonplandii (Baill.) W. C. Burger Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. Myrtaceae Neomithrantes cordifolia (D. Legrand) D. Legrand Nyctaginaceae Bougainvillea glabra Choisy. Guapira opposita (Vell.) Reitz Onagraceae Ludwigia cf. suffruticosa Walter. Rubiaceae Diodia alata Nees Mart* Faramea montevidensis Cham. & Schlecht Psychotria suterella Müll. Arg. Rudgea jasminoides (Cham.) Müll. Arg. Sapindaceae Matayba cf. guianensis Aulb Solanaceae Solanum atropurpureum Scharank Solanum concinnum Schott ex Sendt Solanum mauritianum Scop.* Solanum pseudoquina A. St.-Hil* Solanum sp. 2 Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Desconhecida sp. 2 Liana sp. 7 Período de floração Nov Set, Ago Out, Mai Ago Jan Out Mar, Abr, Set, Out Abr Dez Mar, Out, Jan, Fev, Mar Out, Nov, Abr Out, Nov Out, Nov Set Abr Mar Nov, Dez Nov Jul Jul Observações: (*) Espécies vegetais amostradas somente na área de borda, no período das saídas-piloto. Entre as famílias vegetais que receberam visitas, Asteraceae foi a que apresentou maior riqueza com oito espécies, seguida de Solanaceae com cinco espécies, Rubiaceae (quatro espécies), Melastomataceae, Malpighiaceae, Fabaceae e Bignoniaceae (três espécies cada), Nyctaginaceae e Convolvulaceae (duas espécies cada). As demais famílias (16) e as duas espécies não identificadas apresentaram uma única espécie cada (Fig. 8).

26 20 18 16 14 Nº de espécies 12 10 8 6 4 2 0 Aste Sola Rubi Mela Malp Faba Famílias botânicas Bign Nyct Conv Demais famílias Figura 8: Número de espécies vegetais das famílias botânicas visitadas por abelhas. As famílias que foram representadas por apenas uma espécies foram agrupadas em demais famílias (incluindo as duas espécies não identificadas). A comunidade de plantas visitadas pelas abelhas, das quais foi acompanhada a fenologia da floração, apresentou um pico de floração entre setembro/07 e janeiro/08, sendo outubro/07 o mês onde foi registrado o maior número de espécies vegetais florescendo (Fig. 9). A duração da floração das espécies vegetais variou entre 0,5 e 4 meses, sendo que 47% das plantas foram observadas com flores por aproximadamente duas semanas, e uma única espécie (Senna macranthera) foi registrada florescendo durante quatro meses (Fig. 10). Das onze espécies de plantas coletadas nas saídas-piloto (março e abril/07), apenas duas foram encontradas novamente no mesmo período do ano seguinte, visto que as demais espécies eram pioneiras e compunham a vegetação de borda, a qual sofreu uma poda aos últimos dias do mês de outubro/07, interferindo nas coletas a partir do mês de novembro/07.

27 Nº de espécies vegetais em floração 16 14 12 10 8 6 4 2 0 mar abr set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Meses Figura 9: Número de espécies com flores registradas por mês que receberam visitas por abelhas durante o período do estudo no Parque Ecológico Maracajá, SC. 30 25 Nº de espécies vegetais 20 15 10 5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5-12 Meses Figura 10: Tempo de floração das espécies vegetais no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo. Relação Abelha Planta Dentre as famílias vegetais, as flores de Asteraceae e Fabaceae foram as que receberam maior visita de abelhas, com 74 e 57 indivíduos, respectivamente (Fig. 11).

28 Nº de indivíduos de abelhas 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Asteraceae Fabaceae Arecaceae Bignoniaceae Rubiaceae Anacardiaceae Solanaceae Família Malpighiaceae Onagraceae Demais famílias Figura 11: Famílias vegetais cujas flores foram visitadas com maior abundância por abelhas durante o período do estudo no Parque Ecológico Maracajá, SC. As plantas mais visitadas pelas abelhas foram Senna macranthera com 12,7% total de indivíduos amostrados, seguido por Syagrus romanzoffiana, Schinus terebinthifolius e Jacaranda puberula, com 8,7%, 6,3% e 5,8% dos indivíduos, respectivamente (Tab. 4). Tabela 4: Espécies de plantas cujas flores receberam maior número de visitas pelas abelhas, apresentando número de indivíduos de abelhas, número de espécies de abelhas e duração da floração. Espécie vegetal Nº indivíduos Nº espécies Tempo de floração Senna macranthera 48 7 4 meses Syagrus romanzoffiana 33 5 3 meses Schinus terebinthifolius 24 6 2 meses Jacaranda puberula 22 7 0,5 meses Representantes da família Apidae foram observadas visitar as flores de aproximadamente 90% das famílias botânicas, exceto as de Aquifoliaceae, Apocynaceae e Myrsinaceae. As flores de Senna macranthera, e de cf. Heteropteris sp. foram as mais visitadas por representantes desta família. Nesta última planta, representante da família Malpighiaceae, foram coletados indivíduos do gênero Monoeca, especialistas na coleta de óleos florais. Indivíduos da família Colletidae visitaram somente as flores de duas famílias, Bignoniaceae e Onagraceae. Apesar da baixa ocorrência de espécies desta família nas coletas,

29 observou-se a presença da espécie Niltonia virgilii, que é especializada na coleta de néctar das flores de Jacaranda puberula. Indivíduos da família Halictidae visitaram as flores de 17 famílias, sendo que as famílias Aquifoliaceae, Apocynaceae e Myrsinaceae foram visitadas unicamente por representantes desta família. A família Megachilidae foi encontrada nas flores de seis famílias: Alismataceae, Anacardiaceae, Asteraceae, Bignoniaceae, Convolvulaceae e Lythraceae. A relação de visita de cada espécie de abelhas encontra-se detalhada na tabela 5. Tabela 5: Relação de visita de cada espécie de abelhas nas flores das plantas amostradas no Parque Ecológico Maracajá, SC, durante o período do estudo, indicando o número de indivíduos coletados em cada espécie de planta. Táxon Plantas visitadas Nº. indivíduos Apidae Apis mellifera Alismataceae Sagittaria montevidensis 2 Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 10 Arecaceae Syagrus romanzoffiana 3 Asteraceae Eupatorium cf. inulaefolium 1 Mikania glomerata 5 Mikania sp. 1 4 Piptocarpha reitziana 1 Senecio brasiliensis 9 Vernonia scorpioides 8 Vernonia tweediana 3 Cyperaceae Scirpus giganteus 1 Convolvulaceae Ipomoea grandifolia 1 Fabaceae Senna macranthera 12 Marcgraviaceae Marcgravia polyantha 4 Meliaceae Guarea macrophylla 2 Moraceae Sorocea bonplandii 2 Myrtaceae Neomitranthes cordifolia 1 Nyctaginaceae Guapira opposita 1 Solanaceae Solanum concinnum 1 Verbenaceae Citharexylum myrianthum 1 Desconhecida sp. 2 4 Liana sp. 7 2 Bombus morio Convolvulaceae Ipomoea grandifolia 4 Fabaceae Senna macranthera 15 Rubiaceae Psychotria suterella 7 Rudgea jasminoides 1 Solanaceae Solanum mauritianum 1 Solanum pseudoquina 2 Solanum sp. 2 4 Centris (Hemisiella) tarsata Malpighiaceae cf. Heteropteris sp. 1 Melastomataceae Tibouchina stenocarpa 3

30 Táxon Plantas visitadas Nº. indivíduos Ceratina (Crewella) asuncionis Asteraceae Vernonia scorpioides 3 Bignoniaceae Faramea montevidensis 2 Jacaranda puberula 1 Paragonia pyramidata 1 Rubiaceae Psychotria suterella 1 Ceratina (Crewella) sp. 1 Rubiaceae Rudgea jasminoides 1 Chalepogenus sp. 1 Asteraceae Eupatorium cf. inulaefolium 1 Epicharis (Hoplepicharis) fasciata Fabaceae Senna macranthera 1 Melastomataceae Tibouchina stenocarpa 1 Epicharis (Epicharoides) sp. 1 Rubiaceae Faramea montevidensis 4 Exomalopsis (Phanomalopsis) trifasciata Fabaceae Senna macranthera 1 Melissoptila cnecomala Asteraceae Senecio brasiliensis 8 Melissoptila paraguayensis Onagraceae Ludwigia suffruticosa 5 Melitoma segmentaria Convolvulaceae Merremia dissecta 2 Monoeca sp. Bignoniaceae Paragonia pyramidata 2 Malpighiaceae cf. Heteropteris sp. 7 Paratetrapedia fervida Lythraceae Heimia salicifolia 1 Malpighiaceae Bunchosia armeniaca 4 Solanaceae Solanum sp. 2 1 Paratetrapedia (Lophopedia) sp. 1 Malpighiaceae cf. Heteropteris sp. 1 Paratetrapedia (Paratetrapedia) sp. 1 Malpighiaceae Bunchosia armeniaca 1 cf. Heteropteris sp. 4 Paratetrapedia sp. 1 Asteraceae Eupatorium cf. inulaefolium 1 Plebeia droryana Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 4

31 Táxon Plantas visitadas Nº. indivíduos Arecaceae Syagrus romanzoffiana 26 Bignoniaceae Jacaranda puberula 2 Fabaceae Zollernia ilicifolia 1 Monimiaceae Hennercartia omphalandra 3 Moraceae Sorocea bonplandii 4 Nyctaginaceae Guapira opposita 4 Rubiaceae Rudgea jasminoides 6 Sapindaceae Matayba cf. guianensis 1 Solanaceae Solanum concinnum 2 Tetrapedia diversipes Malpighiaceae cf. Heteropteris sp. 1 Trigona spinipes Alismataceae Sagittaria montevidensis 1 Cyperaceae Scirpus giganteus 1 Trigonopedia ferruginea Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica 1 Melastomataceae Miconia cinerascens 1 Xylocopa (Neoxylocopa) brasilianorum Alismataceae Sagittaria montevidensis 2 Arecaceae Syagrus romanzoffiana 1 Bignoniaceae Jacaranda puberula 2 Fabaceae Senna macranthera 9 Zollernia ilicifolia 3 Xylocopa (Neoxylocopa) frontalis Bignoniaceae Jacaranda puberula 2 Fabaceae Senna macranthera 2 Colletidae Niltonia virgilii Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica 5 Jacaranda puberula 10 Tetraglossula anthracina Onagraceae Ludwigia suffruticosa 1 Tetraglossula bigamica Onagraceae Ludwigia suffruticosa 7 Halictidae Agapostemon semimelleus Asteraceae Eupatorium cf. inulaefolium 14 Vernonia scorpioides 1 Augochlora (Augochlora) amphitrite Asteraceae Vernonia scorpioides 4 Vernonia tweediana 1 Bignoniaceae Jacaranda puberula 4

32 Táxon Plantas visitadas Nº. indivíduos Convolvulaceae Merremia dissecta 2 Lythraceae Heimia salicifolia 1 Onagraceae Ludwigia suffruticosa 1 Augochlora (Augochlora) tantilla Asteraceae Vernonia scorpioides 1 Solanaceae Solanum concinnum 1 Augochlora (Augochlora) sp. 1 Aquifoliaceae Ilex pseudobuxus 1 Arecaceae Syagrus romanzoffiana 1 Myrsinaceae Myrsine coriacea 1 Rubiaceae Psychotria suterella 2 Rudgea jasminoides 1 Augochlora (Augochlora) sp. 2 Aquifoliaceae Ilex pseudobuxus 1 Augochloropsis cupreola Asteraceae Vernonia tweediana 1 Fabaceae Calliandra brevipes 1 Nyctaginaceae Bougainvillea glabra 1 Augochloropsis discors Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 1 Malpighiaceae Malpighiaceae sp. 1 1 Augochloropsis cf. euterpe Alismataceae Sagittaria montevidensis 1 Augochloropsis sparsilis Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 3 Apocynaceae Oxypetalum sp. 1 1 Aquifoliaceae Ilex pseudobuxus 1 Arecaceae Syagrus romanzoffiana 2 Asteraceae Erechtites valerianaefolia 4 Convolvulaceae Ipomoea grandifolia 1 Fabaceae Zollernia ilicifolia 2 Melastomataceae Miconia cinerascens 1 Miconia cubatanensis 1 Myrsinaceae Myrsine coriacea 1 Rubiaceae Diodia alata 2 Psychotria suterella 1 Solanaceae Solanum atropurpureum 1 Solanum concinnum 5 Solanum pseudoquina 3 Solanum sp. 2 1 Augochloropsis sp.1 Fabaceae Zollernia ilicifolia 1 Dialictus sp.1 Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 5

33 Táxon Plantas visitadas Nº. indivíduos Asteraceae Eupatorium cf. inulaefolium 1 Myrsinaceae Myrsine coriacea 3 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) pruinosus Onagraceae Ludwigia suffruticosa 1 Pseudaugochlora graminea Fabaceae Senna macranthera 8 Zollernia ilicifolia 1 Melastomataceae Tibouchina stenocarpa 2 Rubiaceae Rudgea jasminoides 1 Megachilidae Hypanthidium sp. 1 Lythraceae Heimia salicifolia 4 Megachile (Austromegachile) sp. 1 Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 1 Megachile (Chrysosarus) sp. 1 Bignoniaceae Jacaranda puberula 1 Megachile (Pseudocentron) sp. 1 Asteraceae Eupatorium cf. inulaefolium 2 Senecio brasiliensis 1 Megachile (Pseudocentron) sp. 2 Alismataceae Sagittaria montevidensis 1 Convolvulaceae Merremia dissecta 1 A comunidade de abelhas apresentou o padrão de riqueza distribuída de forma semelhante ao período de maior floração das espécies vegetais. Entretanto, a abundância das abelhas foi expressiva somente no mês de outubro, no qual houve o maior pico de floração. Desta forma, o mês de outubro caracterizou-se pela maior riqueza de plantas em flor (15 espécies), pela maior coleta de indivíduos de abelhas (116 indivíduos) e pela maior riqueza de abelhas (18 espécies). No que se refere ao número de espécies de abelhas o mês de dezembro também se mostrou expressivo, tendo sido amostradas 17 espécies (Figs. 12 e 13).

34 Espécies vegetais Espécies de abelhas 16 20 Nº espécie vegetais 14 12 10 8 6 4 2 18 16 14 12 10 8 6 4 2 Nº espécies de abelhas 0 0 mar abr set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Meses Figura 12: Relação entre número de espécies vegetais em floração e número de espécies de abelhas amostradas nos meses de coleta no Parque Ecológico Maracajá. 16 Espécies vegetais Nº de indivíduos 140 14 120 Espécies vegetais 12 10 8 6 4 100 80 60 40 Indivíduos de abelhas 2 20 0 mar abr set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago Meses 0 Figura 13: Relação entre número de espécies vegetais em floração e número de indivíduos de abelhas amostradas nos meses de coleta no Parque Ecológico Maracajá, SC. Das 44 espécies de abelhas amostradas, seis (Megachile (A.) sp. 1, Megachile (P.) sp. 2, Melissoptila paraguayensis, Melitoma segmentaria, Tetraglossula anthracina, Tetraglossula bigamica) foram coletadas somente nas saídas-piloto, sendo quatro destas pertencentes as famílias Colletidae e Megachilidae. Estas abelhas foram coletadas sob as flores de espécies vegetais que ocorriam na vegetação de borda, a qual foi suprimida. A exceção foi Megachile (A.) sp. 1 que foi amostrada nas flores de Schinus terebinthifolius que

35 não compunha a vegetação pioneira da borda. Entretanto, esta espécie não foi amostrada novamente na floração da mesma espécie vegetal no ano seguinte.

36 4 DISCUSSÃO A comunidade de abelhas do Parque Ecológico Maracajá apresentou uma baixa riqueza em comparação com os outros levantamentos realizados no Estado de Santa Catarina (ORTH, 1983; ORTOLAN, 1996; FEJA, 2003; MOUGA, 2005; SILVA, 2005; STEINER et al., 2006; KRUG, 2007). Entretanto, a riqueza mostra-se semelhante aos estudos de Minussi (2003) e Cardoso-Sobrinho (2004), que identificaram 47 e 25 espécies de abelhas, respectivamente (Fig. 14). A baixa riqueza encontrada nestes estudos pode estar associada ao grau de isolamento e degradação apresentado pelos locais onde os levantamentos foram realizados, visto que Minussi (2003) realizou amostragem em uma área agrícola e Cardoso Sobrinho (2004) amostrou áreas degradadas e em recuperação de mineração de carvão. Pinheiro-Machado (2002) aponta que os valores mais altos de riqueza estimados para as comunidades de abelhas nos levantamentos para o Brasil encontram-se entre 100-200 espécies, mostrando como a riqueza da comunidade de abelhas é reduzida no Parque Ecológico Maracajá. O baixo número de espécies de abelhas encontradas na área de estudo pode estar refletindo o alto grau de isolamento, fragmentação e a matriz circundante caracterizada por rizicultura, visto que estes fatores são as principais causas reconhecidas de diminuição da população de abelhas nativas (KREMEN; WILLIAMS; THORP, 2002). 180 Número de espécies de abelhas. 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Este estudo, 2008 Orth, 1983 Ortolan, 1996 Feja, 2003 Minussi, 2003 Cardoso-Sobrinho, 2004 Mouga, 2005 Silva, 2005 Levantamento de abelhas em SC Steiner et al., 2006 Krug, 2007 Figura 14: Dados referentes à riqueza de abelhas nos diferentes estudos realizados no Estado de Santa Catarina.

37 A família Apidae, apresentando-se como família mais rica e abundante, seguida de Halictidae, tem se mostrado comum em diversos levantamentos (Tab. 6). Para aqueles realizados em Floresta Ombrófila Densa, somente Silva (2005) não detectou este padrão, tendo em seu estudo Halictidae como família mais rica, entretanto menos abundante que Apidae. Tal resultado se deve ao fato de muitas espécies da família Halictidae ter sido identificada somente a nível de morfoespécies. O padrão de alta riqueza e abundância de Apidae e Halictidae pode ser explicado devido a grande parte das espécies destas famílias apresentarem padrão generalista na coletas de recursos florais (MICHENER, 2000). Para Apidae, fatores como comportamento eussocial e perenidade da colônia também contribuem para a alta riqueza na maioria dos estudos (ROUBICK, 1989). Tabela 6: Riqueza das famílias de abelhas em cinco estudos realizados em Floresta Ombrófila Densa. Maracajá: Este estudo (2008); Nordeste RS: Alves-dos-Santos (1999); Stª Rosa do Sul: Minussi (2003); Siderópolis: Cardoso-Sobrinho (2004); Cs, Cri, Nv: Silva (2005); Ilha SC: Steiner et al. (2006); Viamão: Truylio e Harter- Marques (2007). Maracajá Nordeste RS Stª Rosa do Sul Siderópolis CS, Cri, NV Ilha SC Viamão And 0 26 0 0 3 4 5 Api 23 119 20 19 44 69 36 Col 3 16 0 0 5 8 12 Hal 13 82 20 6 56 40 26 Meg 5 49 7 0 24 45 16 O fato de não ter sido amostrado nenhum indivíduo da família Andrenidae deve estar relacionado à preferência destas abelhas por biótopos secos e quentes e a necessidade de solos arenosos sem cobertura de vegetação, por tal, na Europa são chamadas de abelhas de areia (WESTRICH, 1989). Os solos do município de Maracajá apresentam uma associação de Gleissolos e Cambissolos, sendo o primeiro mais representativo. Ambos são constituídos de material mineral e, portanto não arenosos e pouco permeáveis (EPAGRI/CIRAM, 2001). Apesar da baixa riqueza, o índice de Shannon-Wiener (H ) apresentou um alto valor em comparação a outros levantamentos que obtiveram riqueza muito maior do que a apresentada neste estudo (SILVA, 2005: H = 2.18/ S = 131, KRUG, 2007: H = 2.259/ S = 164, TRUYLIO; HARTER-MARQUES, 2007: H = 2.09/ S =95). Porém, ao analisar este valor deve-se considerar a eqüitabilidade, que também se revelou alta. Isto, pois o índice de diversidade utilizado considera as espécies raras e não superestima as espécies com muitos indivíduos. Desta forma, o alto índice de Shannon-Wiener, aliado a alta eqüitabilidade e a baixa riqueza, demonstra que muitas espécies foram representadas por poucos indivíduos e