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Transcrição:

Natal, janeiro de 2016 Olá Sus! Tenho muitas coisas pra te contar sobre você. Sim, isso mesmo, sobre você. Acredita que passei onze dias com mais cinqüenta e nove pessoas discutindo, vivendo, convivendo, descobrindo e redescobrindo o conceito de coletividade, amor e saúde. O nome era Ver-Sus Potiguaras que nada mais é que Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS). É um projeto do Ministério da Saúde que tem como objetivo a formação de profissionais capacitados, éticos e responsáveis que busquem trabalhar de forma mais humana baseado nas suas diretrizes e poque não dizer além destas diretrizes (buscando aperfeiçoá-las). Tenho que confessar que acreditava te conhecer... Surpreendi-me. Surpreendime com a realidade, com a vida e percebi que além do que eu sempre vi existe mais. E eu não estava só não, como eu existiam muitos desavisados, crentes nos muitos artigos que vemos na faculdade, estávamos tão tolos... Era tudo diferente, ali se enxergava realidade! O mais curioso e inusitado é que caminhávamos para longe dos descrentes de que esta mesma realidade era imutável, caminhávamos de mãos dadas rumo ao que chamam de utopia. Uma pergunta pode estar pairando agora: Utopia? Coisas imaginárias? Não. Possibilidade, palpável. O que nos moveria se não existissem sonhos? Lembra do que diziam para aqueles que te sonharam? E, olha só, estamos aqui, quase trinta anos depois te vivenciando, fazendo o coração palpitar, sessenta corações cheios de paixão e fogo por ti. Percebe o quanto isso é grande? O primeiro momento destes onze dias, que podem ser certamente considerados uma vida, já indicava o que seria estar ali. Todos de mãos dados, no calor da fogueira, no calor do lugar (símbolo de luta e resistência) assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nossos peitos encheram-se de vontade e mística. Os dias que se seguiram não foram pouca coisa não. Acordávamos ao som de batuques e canções às seis da manhã, e todas as tarefas que se seguiam (desde coordenação, relatoria, lavar a louça, limpar o pátio, por exemplo, eram feitas coletivamente). Tínhamos formações, ouvimos muita gente com muito conhecimento amor e luta que nos inspirava a entender esse sistema, a entender as contradições que vivemos assim como entender as opressões.

Vivenciamos também diversos setores de atenção e atendimentos: Atenção básica, atendimento de média e alta complexidade. Conhecemos centros de ressocialização e desintoxicação de dependentes químicos, apoio a pessoas com a pessoas com transtornos, vimos de perto a força destas palavras de ordem: Saúde não se vende, loucura não se prende e necessidade de uma reforma psiquiátrica. Conhecemos populações em situação de vulnerabilidade, que não tem o efetivo acesso aos seus direitos, e foram através dessas pessoas, destas vidas fragilizadas que mais nos acrescentaram, população em situação de rua, terreiro, comunidade quilombola, acampamento rural, populações que enfrentam todos os dias a crueldade das adversidades e contradições e que, no entanto, perseveram, vivem e que nos transbordaram e nos fizeram perceber que é saúde não deve ser algo idealizado e sim vivido, batalhado e praticado por nós mesmos, sim! Aqueles que chegaram crentes nos artigos que liam sentados sobre você, jurando que te conheciam porém ainda tão inertes, inocentes. Porém, acredite, renovamo-nos, renascemos. Saímos de lá apaixonados, entusiasmados, cheios de sonhos, esperanças. Aquele lugar, a atmosfera daquele lugar, a chuva, a areia, as experiências, o companheirismo, você. Sim SUS, você! Suas lutas, contradições, conquistas também são nossas. Saúde é um direito que está diretamente ligado a luta, a percepção de uma sociedade mais justa e venho te dizer que hoje, mais do que antes, com a bagagem cheia de realidade, amor, luta e mística estamos ao seu lado, com vigor, amor e sonhos. Obs: Estou enviando algumas fotos para que se perceba a imensidão que foi vivenciá-lo. Atenciosamente, Antonia Rafaelly Fernandes Silva. Estudante de Odontologia, UFRN. Participante do Ver-Sus Potiguaras 2016.

Retratos de amor, renovação, luta, amizade e aprendizado.

Gratidão!