O período composto Existem duas formas sintáticas que podem originar o período composto: a coordenação e a subordinação. - Na coordenação, as orações não dependem sintaticamente umas das outras, sucedendo-se de forma igualitária. São ligadas, ou não, por conjunções coordenativas. - Na subordinação, as orações dependem sintaticamente umas das outras. Existe uma oração principal e outra subordinada, que representa funções sintáticas, mas na forma oracional. Um período também pode ser misto, na qual uma oração pode exercer diferentes funções em ralação às demais orações que o compõem: Observei a fruta/ e percebi/ que estava podre - Observei a fruta: Coordenada assindética - e percebi: Coordenada (relação à anterior) e oração principal (relação à subordinada adjetiva) - que estava podre: subordinada adjetiva Um bom método para avaliar a classificação das orações é separá-las como no exemplo acima. Orações coordenadas Tipos de orações coordenadas - Assindéticas: não apresenta conjunções Cheguei, tirei a roupa, abracei-a. Note que o período acima contém três orações assindéticas, por não apresentarem conjunção. - Sindéticas: são ligadas por conjunção e podem ser aditiva, adversativa, alternativas, conclusivas e explicativas. Desci as escadas, observei a carta, mas não a li. Desci as escadas: oração coordenada assindética Observei a carta: oração coordenada assindética Mas não a li: oração coordenada assindética adversativa www.grupodesvendando.com.br 1
Classificação das orações coordenadas sindéticas: Um aspecto fundamental para classificar uma oração é avaliar a circunstância expressa por ela. Por exemplo: a conjunção e, comumente, expressa adição, por isso é classificada como aditiva. Porém, em alguns casos, ela expressa ideia de oposição. Ele costuma ir ao bar e usualmente pede uma cerveja Ele gosta de cerveja e não as consome (classificada como adversativa). Note que a conjunção estabelece uma oposição entre ideias, pois ele gosta de cerveja, mas não a consome. Na explanação abaixo, será passada a classificação usual das conjunções e, posteriormente, serão abordados exceções mais comuns em seus usos. Em grande parte das questões relacionadas às conjunções, o CESPE sugere a substituição de uma presente no trecho por outra, para que haja manutenção de valores gramaticais e semânticos. Assim, deve-se avaliar o contexto em que a conjunção se encaixa e sua classificação (por vezes uma conjunção tem classificação diferente da usual, exceções que serão apresentadas) e, na sequência, a daquela presente no item. Aditivas: as orações aditivas expressam adição, sequência de fatos ou de pensamentos. aditivas: e, nem, mas também, mas até, como também As frutas não somente alimentam mas também são saudáveis Tanto a oração quanto a conjunção são aditivas, pois a oração recebe a mesma classificação da conjunção que a compõem. ATENÇÃO: Usa-se e antes de nem somente em dois casos - Quando a ênfase exigir: não queremos e nem podemos adentrar ao casamento vestidos assim - Em expressões e nem sequer, e nem por isso, e nem assim, e nem sempre. 1. (CESPE/PRF) Ainda hoje, em certos lugares, a previsão da pena de morte autoriza o Estado a matar em nome da justiça. Em outras sociedades, o direito à vida é inviolável e nem o Estado nem ninguém tem o direito de tirar a vida alheia. Dado o fato de que nem equivale a e não, a supressão da conjunção e empregada logo após inviolável manteria a correção gramatical do texto. www.grupodesvendando.com.br 2
C- O uso da expressão e nem objetivou a denotação de ênfase. Seu uso, neste caso, ainda que correto, é desnecessário, sendo, portanto, facultativo. Em situações diferentes dos casos citados acima, o uso de e nem é incorreto, aplicado em objetivação enfática. Adversativa: exprimem contrariedade, oposição, contrastes, antagonismos, ressalvas. adversativas: mas, porém, contudo, todavia, senão, entretanto Havia muito o que fazer, contudo ninguém trabalhava ATENÇÃO: A conjunção mas deve ser utilizada ao início da oração, enquanto as demais podem aparecer em outras posições Ele não gostava de basquete, mas assistiu ao jogo Ele não gostava de basquete; assistiu, entretanto, ao jogo 2. (CESPE/PRF) Leio que a ciência deu agora mais um passo definitivo. É claro que o definitivo da ciência é transitório, e não por deficiência da ciência (é ciência demais), que se supera a si mesma a cada dia... Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do texto, a conjunção e, em e não por deficiência da ciência (L.2-3), poderia ser substituída por mas. O CESPE tem predileção por cobrar a conjunção e em ocasiões nas quais esta não é classificada como aditiva. É muito comum seu emprego em sentido adversativo. Observe o exemplo ao lado C- É claro que o definitivo da ciência é transitório, MAS não por deficiência da ciência. O trecho mostra que o definitivo da ciência é transitório, mas não por deficiência dela, e sim por conta de sua construção intensa (é ciência demais). 3. (CESPE/SEGER-ES) Acho que posso dizer que fui lapidado com a prática e que ainda tenho muito pela frente, pois só faz quatro anos desde aquele primeiro dia. Porém já tenho as minhas certezas: ser professor poderia ser muito mais confortável, poderia ser muito menos estafante, mas vale todos os momentos... A conjunção Porém estabelece relação de subordinação sintática entre o parágrafo que ela inicia e o anterior. E- Há relação de coordenação, pois as orações são independentes e a conjunção é coordenativa adversativa www.grupodesvendando.com.br 3
4. (CESPE/ANATEL) Para suprirem o aumento do tráfego nas redes, as operadoras realizaram elevados investimentos na última década estimados em 200 bilhões de reais. Todos esses recursos ainda não foram suficientes para a plena satisfação dos usuários desses serviços. O período Todos esses recursos (...) serviços poderia ser iniciado pelo conector de sentido adversativo entretanto, desde que fossem feitas as devidas alterações na grafia das palavras, sem que houvesse prejuízo para o sentido original e a correção gramatical do texto C- O período Todos esses recursos (...) serviços transmite uma informação contrária à presente no anterior, por isso o uso da conjunção adversativa entretanto seria pertinente. Alternativas: conforme próprio nome, exprimem alternativa, alternância, exclusão. alternativas: ou, ou...ou, ora...ora, quer... quer, seja... seja Ora você vai, ora você não vai. Você prefere ir ao cinema ou ir ao clube? Quer você aceite, quer você não aceite Separando as orações do primeiro exemplo, temos: ora você vai/ ora você não vai. Ambas as orações apresentam conjunção, sendo, portanto, sindéticas. 5. (CESPE/TCE-RO) A ousadia e a engenhosidade dos cibercriminosos têm espantado até mesmo os mais experientes especialistas em segurança da informação, seja pela utilização de técnicas avançadas de engenharia social, em casos de spear-phishing, seja pelo desenvolvimento de metodologias de ataques em massa. A conjunção seja, que estabelece uma relação de coordenação entre ideias, poderia ser substituída pela conjunção quer, sem prejuízo para a correção gramatical do período. C- O uso da conjunção seja... seja transmite ideia de alternância. A conjunção quer trabalharia da mesma forma, mantendo-se preservadas a semântica e as normas gramaticais: quer pela utilização de técnicas avançadas de engenharia social, em casos de spear-phishing, quer pelo desenvolvimento de metodologias de ataques em massa. Perceba que foram feitos os seguintes passos: - Classificação de seja (alternativa) - Classificação de quer (alternativa) - Conclusão de que a substituição seria possível www.grupodesvendando.com.br 4
Conclusivas: expressam concussão, dedução, consequência. conclusivas: logo, por isso, portanto, pois (posposto ao verbo) Ele não frequenta o escritório, dê-lhe, pois, a carta de demissão Note que o pois está posposto ao verbo da oração que integra (após a forma verbal dê) 6. (CESPE/CNJ) Dessa lógica resulta, inevitavelmente, que aos esforços de uns em prol da concretização da igualdade se contraponham os interesses de outros na manutenção do status quo. É crucial, pois, que as ações afirmativas, mecanismo jurídico concebido com vistas a quebrar essa dinâmica perversa, sofram o influxo dessas forças contrapostas e atraiam considerável resistência, sobretudo da parte dos que historicamente se beneficiaram da exclusão dos grupos socialmente fragilizados O vocábulo pois está empregado com valor conclusivo, equivalendo a portanto. C- Pois está posposto ao verbo, sendo conclusivo, mesmo valor atribuído a portanto. O fato de a conjunção pois estar entre vírgulas é outro fator que ajuda a caracterizá-lo como conclusiva. Explicativas: exprimem explicação, motivo, razão explicativas: que, porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo) Leve um presente, que ela aniversaria amanhã O cão estava cansado, pois ofegava muito Muita atenção ao porquanto, já que o CESPE/UnB adora tal conjunção. Em muitos itens lhe é atribuída uma classificação incorreta ou apresentada a possibilidade de ser substituída por conjunção com classificação diferente. Lembre-se de que porquanto é equivalente ao porque explicativo. Casos de classificações excepcionais de conjunção: As conjunções e, antes, agora, quando podem receber classificação adversativa. Para verificar, sugere-se sua substituição por conjunções adversativas: Ele gosta de maçã e não as come O bom médico não proíbe, antes orienta É velho, agora bobo não é. www.grupodesvendando.com.br 5
Não tiraram uma boa nota no trabalho, quando poderiam ter um ótimo desempenho 7. (CESPE/PRF) Mas vamos ao definitivo transitório. Os cientistas afirmam que podem realmente construir agora a bomba limpa. Sabemos todos que as bombas atômicas fabricadas até hoje são sujas (aliás, imundas) porque, depois que explodem, deixam vagando pela atmosfera o já famoso e temido estrôncio 90. sujas. A oração introduzida por porque expressa a razão de as bombas serem C- A conjunção é explicativa, apontando a razão pela qual elas são sujas: após explodirem deixam vagando pela atmosfera estrôncio 90. www.grupodesvendando.com.br 6