Competitividade brasileira em bens primários

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Sobre a incompatibilidade entre a evolução da capacidade de consumo e a produtividade dos trabalhadores brasileiros. Ricardo Paes de Barros (Insper)

Transcrição:

Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Faculdade de Economia e Administração Competitividade brasileira em bens primários (Quais os reflexos da especialização nesse setor para o desenvolvimento do país?) Jorge Madeu Setoguchi São Paulo 2013

Jorge Madeu Setoguchi Competitividade brasileira em bens primários (Quais os reflexos da especialização nesse setor para o desenvolvimento do país?) Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Correia de Souza São Paulo 2013

Setoguchi, Jorge Madeu Competitividade brasileira em bens primários (Quais os reflexos da especialização nesse setor para o desenvolvimento do país?) / Jorge Madeu Setoguchi. São Paulo: Insper, 2013. 32 f. Monografia: Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Correia de Souza 1.Bens-primários 2. Margens Extensiva e Intensiva 3. Desenvolvimento

Jorge Madeu Setoguchi Competitividade brasileira em bens primários (Quais os reflexos da especialização nesse setor para o desenvolvimento do país?) Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Aprovado em Junho 2013. Banca Examinadora Orientador: Prof. Eduardo Correia de Souza Insper Profa. Camila de Freitas Souza Campos Insper Prof. Ricardo Dias de Oliveira Brito Insper

Agradecimentos Agradeço ao meu professor orientador, Eduardo Correia, pelo ensinamento e dedicação dispensados no auxílio à concretização desta monografia. A todos os professores do Insper pelos ensinamentos disponibilizados e sem os quais a conclusão deste trabalho não seria possível. A todos os colegas da GPS que foram compreensivos e permitiram que eu conciliasse os deveres do trabalho com os deveres acadêmicos.

Dedicatória Pelo suporte incondicional dado a mim em todos os momentos dessa trajetória acadêmica aos meus pais: Jorge Setoguchi e Claudia Maria Madeu Setoguchi.

Resumo SETOGUCHI, Jorge Madeu. Competitividade brasileira em bens primários (Quais os reflexos da especialização nesse setor para o desenvolvimento do país?). São Paulo, 2013. 32 p. Monografia Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Teorias de desenvolvimento econômico em grande parte das vezes defendem a industrialização como forma de se promover o desenvolvimento econômico (Teoria Cepalina). Contudo, Hummels e Klenow (2005) defende o uso de indicadores como Margem Extensiva (variedade de bens exportados) e Margem Intensiva (quantidade e preços de bens exportados) como base de estudo da nova corrente de empirical trade para analisar se a especialização em bens primários promoverá o desenvolvimento econômico. Utilizando dados de exportações de todos os países do mundo provenientes da United Nations Comtrade dos anos de 2000, 2007 e 2010 verifica-se que a especialização está presente no setor primário e esta é feita com base nas vantagens competitivas de cada país. Observa-se assim, que derivando a margem intensiva se obtêm o índice preço e índice quantidade que ao longo dos anos analisados mostraram um aumento das quantidades exportadas e uma diminuição dos preços destas. Palavras-chave: bens primários, margem extensiva, margem intensiva, índice preço, índice quantidade, especialização, desenvolvimento.

Abstract SETOGUCHI, Jorge Madeu. Brazilian competitiveness in primary goods (What are the effects of specialization for the country s development?). São Paulo, 2013. 32p. Monograph Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Theories of economic development in most of the time defending industrialization as a way to promote economic development (Theory ECLAC). However, Hummels and Klenow (2005) advocate the use of indicators such Extensive Margin (variety of exported goods) and Intensive Margin (quantity and prices of exported goods) as the basis of study of the new current of empirical trade to examine whether expertise in primary goods promotes economic development. Using exports data from all countries of the world from the United Nations Comtrade and from selected years: 2000, 2007 and 2010, it appears that specialization is present in the primary sector and this is done based on competitive advantages of each country. It is observed that deriving the intensive margin it will obtain the price index and quantity index over the years analyzed showed an increase of quantity of exported products and a decreasing in products prices. Keywords: primary goods, extensive margin, intensive margin, price index, quantity index, expertise, development.

Sumário 1. Introdução... 9 2. Revisão de Literatura... 11 3. Metodologia... 15 3.1. Dados... 15 3.2. Indicadores... 16 4. Resultados Empíricos... 18 5. Conclusão... 23 6. Referências Bibliográficas... 25 7. Anexo... 27 7.1. Tabela de Países Exportadores Ano 2000... 27 7.2. Tabela de Países Exportadores Ano 2007... 29 7.3. Tabela de Países Exportadores Ano 2010... 31

1. Introdução A teoria de desenvolvimento econômico à la CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), órgão da ONU criado em 1948 com sede em Santiago, Chile, defende a tese de que o desenvolvimento econômico na América Latina ocorreria através da industrialização apoiada pelo Estado. Essa inferência era baseada nos modelos de desenvolvimento econômico via industrialização que as economias ao longo de processos históricos desenvolveram (ex.: caso inglês com a Revolução Industrial e o caso americano com a criação da linha de produção por Ford). No âmbito de influência, a teoria cepalina do subdesenvolvimento teve maior destaque no Brasil nas décadas de 1950 e 60, em que o país vivenciava um período de industrialização da economia, com acontecimentos como o incentivo para a construção da indústria automobilística, o início da indústria petrolífera (criação da Petrobras em 1953), o plano de governo 50 anos em 5 do Presidente Juscelino Kubitschek, dentre outros aspectos que marcaram o desenvolvimento na época. Nesse contexto de industrialização como força propulsora para o crescimento econômico, a teoria cepalina serviu como fonte inspiradora para estudos acadêmicos ao longo da segunda metade do século passado. Esses estudos argumentavam que a especialização em produtos primários seria prejudicial, pois haveria uma tendência de queda no preço relativo de produtos primários em relação a produtos manufaturados, levando à diminuição dos termos de troca se o país se especializasse em bens primários. Após essa descrição da teoria cepalina, o objetivo desta monografia é verificar quais os efeitos da especialização em produtos primários para o desenvolvimento econômico do Brasil. Essa análise será feita com base no artigo de Hummels e Klenow (2005) que utiliza empirical trade para calcular indicadores quantitativos que permitirão analisar as consequências de uma especialização em produtos primários, ou seja, através deles poderá ser feita uma comparação dentro de um clube de países exportadores de produtos primários e verificar diferenças entre eles. Tais indicadores que se pretende utilizar nesse trabalho consistem em: 9

margem intensiva (foco na quantidade e preço de bens exportados) e margem extensiva (foco na variedade de bens exportados). Uma segunda abordagem, qualitativa, complementará os dados de empirical trade, esta buscará mostrar que o setor de bens primários possui empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento que promovem vantagens competitivas para o país (um exemplo disso foi o apoio do governo em 1972 com a criação da EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, tal sinalização mostrou a iniciativa governamental de avanços para o setor), ou seja, a especialização pode gerar incentivos para investimentos e promover, assim, o desenvolvimento econômico do país. 10

2. Revisão de Literatura O artigo de Hummels e Klenow (2005) será aqui utilizado como base de estudo da nova corrente de empirical trade. Os autores buscam dados para analisar como a variedade, quantidade e o preço das exportações dependem de certas características dos países exportadores, como tamanho, renda per capita etc. Hummels e Klenow fazem uma revisão da literatura sobre esse assunto. Feenstra (1994) desenvolveu uma classificação com diferentes pesos para categorias de bens que impactam nas exportações de determinado país. Tal estudo, ao avaliar as importações dos Estados Unidos de seis bens manufaturados, indicou o crescimento da variedade de importações. Com base nessa conclusão, Hummels e Klenow apontaram que as teorias de comércio não convergem na explicação de por que economias maiores exportam mais. Por isso, Hummels e Klenow estudaram três modelos que apontam diferentes causalidades para explicar o melhor desempenho das exportações de economias maiores. No primeiro, Modelo de Diferenciação Nacional, Armington (1969) enfatiza a margem intensiva: uma economia com o dobro do tamanho de outra exportará o dobro da quantidade de cada produto, mas não exportará maior variedade de produtos. O segundo, Modelo de Concorrência Monopolística, Krugman (1981) enfatiza a margem extensiva: uma economia com o dobro de tamanho de outra exportará o dobro de variedade de bens do que a outra. Por último, Modelo de Diferenciação Vertical, Flam e Helpman (1987) e Grossman e Helpman (1991) apontam como foco de estudo a margem qualitativa: países mais ricos produzirão e exportarão produtos de maior qualidade quando comparados a países mais pobres. Dada essa revisão teórica das abordagens existentes, Hummels e Klenow (2005) analisaram os três tipos de margens apontadas com dados das Nações Unidas, ano base 1995, de 126 países exportadores para 59 países importadores em 5.000 categorias de produtos. Além disso, os resultados apontaram que países ricos possuem a margem extensiva representando 60% do total exportado. Para checar a robustez, foram avaliados dados de exportações de 124 países para os 11

Estados Unidos, no mesmo ano mencionado, para mais de 13.000 categorias de bens. Uma linha teórica diferente de Hummels e Klenow, à la CEPAL, é abordada no trabalho de Araújo, Feijó e Nassif (2012), em que é defendida a hipótese de que sob economias de escala a fonte principal de crescimento produtivo de um país provêm do setor manufatureiro (Lei de Crescimento de Kaldor). Segundo os autores do estudo em questão, há quatro fatores que sugerem que o Brasil iniciou um processo de desindustrialização: i) forte queda do valor total adicionado na indústria manufatureira nas últimas décadas; ii) queda da produtividade média dos trabalhadores desde o final da década de 1990; iii) defasagem tecnológica presente em todos os subsetores da indústria desde o final da década de 1990 e iv) déficits comerciais significativos no setor manufatureiro de maior intensidade tecnológica entre 2006 e 2008. Além disso, foi apontado no período estudado, 1999 e 2010, que a elasticidade renda da demanda por importações aumentou significantemente (de 1,97 para 3,36) e uma queda na elasticidade renda da demanda das exportações. Disso, concluíram através de estimações econométricas que o Brasil está em trajetória de queda no comércio internacional e já está sofrendo com restrições no balanço de pagamentos para o crescimento de longo prazo. Contudo, apontaram que a manufatura brasileira é baseada em uma economia de escala dinâmica e por isso essa indústria ainda possui potencial para sustentar um crescimento econômico de longo prazo. Krugman (2005) cita Bhagwati (1958) que contribuiu com a escola Cepalina ao realizar um estudo sobre o efeito empobrecedor, em que quanto mais especializado fosse o crescimento de um país, no caso, quanto maior o viés para exportações e quanto mais inclinadas as curvas de oferta e demanda relativa, haveria um cancelamento dos efeitos positivos do crescimento da atividade produtiva. Disso, o autor concluiu que quanto mais industrializada fosse uma economia, maior seria seu viés para exportações. Em conformidade com os ideais da teoria cepaliana, Ocampo (2001) abordou as ideias de Raúl Prebisch, tais como países especializados em destinar recursos naturais para o resto do mundo possuíam uma tendência de um avanço lento e irregular do progresso tecnológico. Prebisch (1951) também afirmava que países 12

industrializados possuíam uma tendência de se especializarem em produtos com alta elasticidade renda, enquanto países periféricos possuíam tendência de especialização em produtos com baixa elasticidade renda (bens primários). Dessas tendências surgiam problemas de crescimento e de desequilíbrio no balanço de pagamentos, uma vez que, em momentos de crises nas economias centrais, os países periféricos estariam vulneráveis aos ciclos econômicos das economias desenvolvidas. Como soluções, países periféricos deveriam buscar o autodesenvolvimento, já que a acumulação de capital humano e de capacidade tecnológica e o desenvolvimento institucional seriam variáveis endógenas. Para os países periféricos alcançarem o autodesenvolvimento, o estudo propôs atuações nos seguintes aspectos: i) redução da vulnerabilidade macroeconômica e financeira, ii) mudança dinâmica nos padrões de produção e iii) análise dos efeitos das mudanças econômicas sobre o capital. Por fim, foi defendida a integração regional com o intuito de alinhar as políticas macroeconômicas dos países periféricos para promoção do comércio regional e internacional. Com um ponto de vista diferente dos fundamentos da escola Cepalina, o trabalho de Lazzarini, Jank e Inoue (2012) aponta que a especialização em commodities do Brasil é uma benção. Os autores sinalizam que esse setor vem trazendo maior valor adicionado aos produtos comercializados, de forma a apresentar ganhos contínuos de produtividade devido ao investimento intensivo em P&D. O artigo aponta que enquanto os preços de diversos bens que possuem alto valor agregado vêm sofrendo forte queda, principalmente pelo fato do aumento da concorrência (destaca-se os produtores asiáticos de baixo custo), os preços de bens primários na primeira década do século XXI apresentou um aumento real de 180%. Os autores recomendam utilizar verbas públicas provenientes da arrecadação de impostos de bens primários (ex.: royalties da exploração de petróleo) para investir em fundos nacionais que busquem diversificar os investimentos nas produções dos setores primários, a fim de minimizarem os riscos de captura das commodities (exemplo de busca por maiores margens extensiva). Para completar essa revisão de literatura, o artigo de Bob Anderton (1999) utiliza o conceito de novo comercio e teoria de crescimento endógeno para analisar a relação entre inovação, qualidade e variedades dos produtos (proxies de qualidade 13

e variedade utilizadas foram: gastos relativos em P&D e número de patentes, a nível setorial) e o desempenho no comércio internacional do Reino Unido e da Alemanha. Tal estudo utiliza a linha de empirical trade e conclui que atividades relativas em P&D e patentes explicam grande parte do volume de importações do Reino Unido e da Alemanha. Contudo, o autor faz uma resalva, reconhecendo que o poder explicativo das variáveis utilizadas pode depender das características dos setores, ou seja, setores que demandam menos tecnologia e inovação certamente possuirão menor impacto das proxies mencionadas. 14

3. Metodologia Hummels e Klenow (2005) utilizaram os seguintes indicadores: margem intensiva (foco na quantidade e preço dos bens exportados), margem extensiva (foco na variedade de bens exportados) e margem qualitativa (foco na qualidade dos bens exportados). Com base nesse artigo e na escola de empirical trade, este trabalho irá realizar uma série de análises para verificar e comparar o resultado das exportações de produtos primários com base nos indicadores brasileiros em relação aos indicadores dos principais países concorrentes. 3.1. Dados Através da teoria de empirical trade esse trabalho irá utilizar a base de dados da United Nations COMTRADE. Especificamente, será utilizada a classificação Standard International Trade Classification, Revision 3 (SITC, Rev.3), para tanto será feito uma análise cross-section com dados de 2000, 2007 e 2010. A escolha dos anos foi embasada no trabalho de Dobbs et. al., 2011, em que se apontou que o índice de preços de commodities obteve um aumento real de 180% na primeira década do século XXI. Após essa definição da fonte dos dados, também será feita uma restrição de estudo. Como o foco dessa monografia será o setor primário, os dados considerados da COMTRADE será até o código 4 da tabela 1. Tabela 1 Classificação SITC, Rev.3 Código SITC Descrição categorias de produtos 0 Comida e animais vivos 1 Bebidas e tabaco 2 Materiais bruto, não comestíveis, exceto combustíveis 3 Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados 4 Óleo animal e vegetal, gorduras e ceras 5 Produtos químicos e relacionados 6 Bens manufaturados classificados por material 7 Máquinas e equipamentos de transporte 8 Bens diversos 9 Commodities e transações não classificadas na SITC Fonte: United Nations COMTRADE 15

3.2. Indicadores Através da metodologia de Hummels e Klenow (2005), a margem extensiva de um país j (medida de variedade relativa) será calculada através da razão da somatória de todas as exportações líquidas da pauta de exportação do país j com a somatória de todas as exportações líquidas da pauta de exportação do mundo/referência em um determinado período, no caso 2000, 2007 e 2010. Com isso a margem extensiva é definida por: Em que é o preço do determinado bem em análise, é a quantidade do determinado bem e são as exportações líquidas de todas as variedades de bens que o país j exporta. Por definição as exportações líquidas do país j serão maiores que zero,. É importante destacar que para calcular a margem extensiva do país j, o preço e quantidade serão os mesmos que os do país-referência (mundo). No caso da margem intensiva, ela compara as exportações nominais do país j para o mundo/referência: é igual as exportações nominais do país j em relação as exportações do país de referência k nas categorias que j exporta para o resto do mundo. Para uma análise melhor, será feita a decomposição da margem intensiva em índices de preço e de quantidade. Feenstra (1994) obteve o seguinte índice preço da decomposição da margem intensiva: 16

Em que é participação relativa das exportações de bens da categoria i no valor geral de exportações. pode ser calculado como a média logarítmica de (participação da categoria i nas exportações do país j para o país m) e de (participação da categoria i nas exportações do país k para o país m). Assim, depois de feita a decomposição do índice preço, fica explicito a decomposição do índice de quantidade: Com base nessas metodologias, será analisado se a especialização brasileira em bens primários trouxe maior competitividade e desenvolvimento ao país. 17

4. Resultados Empíricos Após a coleta de dados das exportações dos produtos até o código 4 (Tabela 1) de todos os países disponíveis no banco de dados da COMTRADE, obteve-se os indicadores de margem intensiva e margem extensiva para os anos 2000, 2007 e 2010, também do indicador de margem intensiva derivaram-se o índice preço e o índice quantidade. Para fins didáticos, foram criados dois grupos de referências para análise empírica neste trabalho. O Grupo 1 foi composto pelos dez maiores exportadores mundiais de commodities de acordo com os valores nominais das exportações de commodities de 2010. O Grupo 2 foi composto por 10 países em que as commodities desempenham papel relevante em suas respectivas economias. Tabela 2 Margem Extensiva e Intensiva e Índices Preço e Quantidade Países Grupo 1 Grupo 1 País ME 2000 ME 2007 ME 2010 MI 2000 MI 2007 MI 2010 Alemanha 100,00% 99,84% 100,00% 286,66% 364,67% 267,92% Arábia Saudita 90,37% 95,84% 69,17% 575,18% 707,29% 681,92% Austrália 93,64% 99,64% 69,30% 346,47% 381,21% 582,51% Brasil 98,63% 90,26% 91,14% 193,25% 380,53% 367,86% Canadá 96,77% 96,49% 99,73% 611,70% 565,08% 366,83% Emirados Árabes 86,76% 99,49% 99,62% 246,23% 281,61% 198,73% França 99,98% 99,84% 99,99% 320,10% 323,64% 214,60% Países Baixos 99,92% 99,77% 99,85% 362,18% 414,36% 287,13% Rússia 99,60% 96,15% 99,49% 395,98% 761,33% 577,47% USA 99,98% 99,85% 100,00% 738,94% 634,99% 492,67% Grupo 1 País P 2000 P2007 P 2010 Q 2000 Q2007 Q 2010 Alemanha 1,51 1,16 0,246 1,89 3,14 10,89 Arábia Saudita 1,22 1,42 1,124 4,73 5,00 6,07 Austrália 1,26 1,28 1,205 2,74 2,98 4,84 Brasil 2,09 1,02 0,782 0,92 3,74 4,71 Canadá 1,55 1,03 0,395 3,94 5,50 9,28 Emirados Árabes 1,50 1,04 0,291 1,64 2,72 6,83 França 2,62 1,44 1,840 1,22 2,25 1,17 Países Baixos 2,78 1,42 0,391 1,30 2,92 7,35 Rússia 1,12 1,01 0,263 3,53 7,57 21,98 USA 1,49 1,04 0,320 4,95 6,08 15,41 Fonte: elaborado pelo autor 18

A tabela 2 exibe os dez maiores exportadores mundiais de commodities segundo a COMTRADE de 2010. Dos dados à mostra, em termos de margem extensiva países como Arábia Saudita e Austrália de 2000 para 2010 obtiveram uma forte diminuição em suas pautas exportadoras, ou seja, diminuíram sua variedade de exportação. Isso pode ser explicado pelo fato do primeiro país ser um grande exportador de petróleo, o que centraliza esforços econômicos para o desenvolvimento dessa indústria; já os resultados do segundo país pode ser resultado de mudanças nas atividades exportadoras desse país, o que sinaliza, por exemplo, um esforço da Austrália em mudar a pauta exportadora. No caso brasileiro a diminuição da margem extensiva de 2000 para 2007 pode ser embasada na especialização da produção de determinadas commodities (ex.: soja, milho, café, açúcar etc), o que diminuiu a pauta exportadora do país, uma vez que, o setor primário está direcionando seus investimentos para a produção de bens que o país possui maiores vantagens competitivas, daí surge uma maior concentração no setor. Vale ressaltar que com exceção da Arábia Saudita, Austrália e Brasil todos os demais países do Grupo 1, segundo as margens extensivas de 2010, apresentaram uma vasta pauta exportadora e em casos como Alemanha e EUA a pauta exportadora atingiu 100% dos produtos comercializados naquele ano, ou seja, ambos os países possuíam todas as variedades de produtos exportados naquele ano segundo a base de dados da COMTRADE. Em relação à margem intensiva o Brasil apresentou um significativo avanço. Em 2000 o indicador era de 193,25% enquanto que em 2010 o indicador passou para 367,86%. Tais indicadores sinalizam uma mudança no perfil das exportações do Brasil, em que, no ano 2000, o perfil era voltado para uma variada pauta exportadora, enquanto que em 2010 o perfil foi uma pauta exportadora mais intensiva, mais especializada. Ao decompor o Índice Preço e Índice Quantidade no caso brasileiro, verifica-se que o país apresentou em 2010 uma alta na MI devido ao aumento do volume das exportações, sinalizado aumento no índice quantidade de 411,95% de 2000 para 2010. De forma geral, uma análise dos índices preço verifica-se que na grande maioria o ano de 2010 foi o ano com os mais baixos índices dentre os anos analisados. Isso pode ser embasado pelo fato de que em 2010 os países ainda se 19

recuperavam internamente dos efeitos da Crise Financeira Internacional de 2008, em que na época houve uma queda generalizada nos preços internacionais das commodities. Além disso, isso sinaliza que o custo de se produzir determinado bem ficou mais baixo, o que reflete uma diminuição dos preços. Outro fator explicativo é a especialização dos países na produção das commodities que possuem melhor vantagem competitiva, daí surge a competição e o conceito de que os mais aptos permanecerão como players. Ao contrário do índice preço, o índice quantidade sinalizou uma alta expressiva ao longo de 2000, 2007 e 2010. Tal alta pode ser explicada, por exemplo, por ganhos de produtividade, ou seja, a produção internacional de commodites durante a década cresceu em termos quantitativos, uma vez que houve o aumento da demanda mundial, como o crescimento da demanda chinesa por alimentos. Outros fatos relevantes foram o aumento do acesso ao crédito em economias emergentes e em desenvolvimento, o efeito de políticas púbicas com foco nas populações mais carentes. Todos esses fatores corroboraram para o aumento do consumo internacional das commodities e por consequência para o crescimento do setor. Os dados de 2010 quando comparados com os dados de 2000 mostram que o business de commodities veio adotando uma estratégia de giro, uma vez que os preços reduziram e as quantidades aumentaram, daí fortaleceram-se a busca de vantagens competitivas e ganhos de produtividade e de escala. Assim, o Brasil destacou-se por possuir vantagens climáticas (país possui diferentes climas o que resulta em uma grande variedade de bens primários, principalmente agrícolas, que possuem especificidades climáticas em suas produções), extensão territorial, mecanização das atividades, incentivos governamentais para desenvolvimento do agronegócio (investimentos financeiros como as Letras de Crédito Agrícola que fomentam a captação de recursos para financiar as atividades agrícolas e como beneficio o governo concede a isenção de fiscal para Pessoa Física), organismo público como a EMBRAPA que fomenta o desenvolvimento de pesquisas a fim de impulsionar o setor, dentre outros fatores. 20

Abaixo, na tabela 3, será apontado os dados para os países do grupo 2, que são países que possuem as commodities com papel significante nas suas economias: Tabela 3 Margem Extensiva e Intensiva e Índices Preço e Quantidade Países Grupo 2 Grupo 2 País ME 2000 ME 2007 ME 2010 MI 2000 MI 2007 MI 2010 África do Sul 100,00% 99,84% 99,97% 79,28% 91,77% 73,02% Argentina 93,77% 92,95% 94,35% 145,72% 166,71% 114,65% Bolívia 60,19% 72,13% 55,01% 9,14% 16,57% 23,26% Chile 76,81% 85,43% 34,37% 113,67% 162,53% 259,05% China 99,72% 99,84% 100,00% 226,00% 221,17% 153,45% Colômbia 81,16% 84,68% 87,70% 92,03% 82,54% 79,11% Índia 60,14% 93,57% 99,63% 118,04% 121,49% 92,18% Indonésia 78,55% 97,49% 72,31% 270,32% 253,78% 312,90% Peru 71,30% 80,78% 93,02% 35,92% 81,19% 54,39% Tailândia 89,59% 98,27% 68,10% 127,43% 109,57% 136,25% Grupo 2 País P 2000 P2007 P 2010 Q 2000 Q2007 Q 2010 África do Sul 1,73 0,99 0,598 0,46 0,92 1,22 Argentina 1,81 1,00 0,348 0,80 1,67 3,30 Bolívia 1,16 1,09 0,805 0,08 0,15 0,29 Chile 1,26 1,36 1,495 0,90 1,20 1,73 China 1,70 0,96 0,398 1,33 2,30 3,85 Colômbia 1,45 1,17 0,394 0,64 0,71 2,01 Índia 1,28 1,10 0,449 0,92 1,10 2,05 Indonésia 1,13 0,96 0,971 2,38 2,64 3,22 Peru 1,62 1,09 0,305 0,22 0,74 1,78 Tailândia 1,46 1,13 0,943 0,87 0,97 1,44 Fonte: elaborado pelo autor Uma análise mostra que em países como o Chile a ME caiu 55,25% quando comparado 2010 ao ano 2000. Mais uma vez, essa queda pode ser explicada pela especialização do país nos setores/bens que possuem melhores vantagens competitivas. O caso do Chile é interessante, pois ao analisar a margem intensiva, verifica-se um crescimento ao longo de 2000, 2007 e 2010. Tal crescimento da MI ao ser derivado os índices preço e quantidade mostram que o país elevou seus preços ao longo dos anos, além de conseguir aumentar o índice quantidade, ou seja, obteve uma boa estratégia via crescimento da quantidade e preço das commodities 21

exportadas. Tal fato mostra que o Chile foi uma economia que se especializou em determinadas commodities e com isso tal especialização resultou em melhor qualidade dos produtos que por consequência criou-se um mercado potencial para tais produtos, daí surgiu uma demanda específica que promoveu uma elevação dos preços. Replicando o comportamento do grupo 1, a maioria dos países do grupo 2 demonstraram o mesmo comportamento em relação aos índices quantidade, ou seja, ao longo dos três anos analisados os índices mostraram uma trajetória de crescimento. Daí aponta-se que durante a década houve uma alta demanda por commodities o que trouxe margem para aumento da produção, sendo que aqueles com melhores vantagens competitivas ganharam maior exposição no mercado internacional. Vale destacar que como característica do grupo 2 no ano de 2010 apenas três dos dez países possuíam margem extensiva superior a 99% (África do Sul, China e Índia), ou seja, dado o fato de que estes são países que possuem as commodities como importante destaque para o desenvolvimento econômico, tais países especializaram-se na produção das commodities que mais lhes geram valor via suas respectivas vantagens competitivas. 22

5. Conclusão A partir da análise apresentada nas seções anteriores e guiando-se através do artigo de Hummels e Klenow (2005) a margem extensiva mostrou-se nesse trabalho como um indicador para mensurar a variedade de bens exportados por uma economia com relação a um país referência, no caso o mundo, com todos os relatos de exportações da COMTRADE nos anos de 2000, 2007 e 2010. Já a margem intensiva mostrou-se como um indicador que mensura a quantidade de exportações e o preço destas. Deste último indicador foram derivados os índices preço e quantidade para mensurar as causas da variação na margem intensiva. Os dados do Grupo 1, dez maiores países exportadores de commodities do mundo, apresentados na seção anterior mostraram que a maioria deles exportaram em 2010 mais de 99% dos bens comercializados naquele ano de acordo com as margens extensivas calculadas. Contudo, o Brasil apresentou uma redução da ME de 98,63% em 2000 para 91,14% em 2010, significando uma redução da pauta exportadora. O indicador de margem intensiva não apresentou um movimento comum para a maioria dos países. Contudo, para um maior esclarecimento, através da decomposição dos índices preço e quantidade pode ser observado que todos os países do Grupo 1 tiveram uma redução dos preços das commodities de 2000 para 2010 (variação negativa no índice preço) e a maioria deles apresentaram um aumento da quantidade de exportações (variação positiva no índice quantidade durante o mesmo período). Os dados do Grupo 2, dez países que possuem as commodities como item importante para a composição econômica, mostraram que de 2000 para 2010 alguns países aumentaram suas pautas exportadoras de commodities, enquanto outros diminuíram. O indicador de margem intensiva, também como no Grupo 1 não apresentou um movimento comum a todos os países. A decomposição dos índices preço e quantidade mostrou que todos os países do grupo tiveram aumento da quantidade exportada e com exceção do Chile os demais países apresentaram uma redução dos preços das commodities no período de 2000 a 2010. 23

Após os resultados analisados, um enfoque nos dados brasileiros mostrou a redução da variedade da pauta exportadora de 2000 para 2010 (diminuição da margem extensiva). Foi apontado neste trabalho que essa redução de variedade das commodities exportadas pode ser explicada pela especialização do país na produção de bens com maiores vantagens competitiva. Com relação ao indicador de margem intensiva, no período em análise ele apresentou uma forte elevação, que para entender o motivo desse aumento, os índices preço e quantidade foram decompostos de forma que índice preço no caso brasileiro mostrou uma forte queda, enquanto que o índice quantidade mostrou uma forte elevação. A especialização do Brasil em bens primários pode não ter resultado um grande ganho em relação aos preços relativos, uma vez que, os índices preço decompostos no período mostraram uma variação negativa (tal observação corroborava com a Teoria Cepalina). Contudo, vale destacar que a variação positiva do índice quantidade foi boa para o desenvolvimento econômico do país, uma vez que, a especialização em bens primários no Brasil ocorreu através da produção de bens que o país possuía maiores vantagens competitiva, de forma a resultar no aumento da participação brasileira na oferta mundial de bens primários. Resta perguntar neste momento qual seria nível de especialização ideal para o setor primário de um país? Sempre que um país se especializa ele obterá o desenvolvimento? As respostas para essas perguntas não são únicas! Como elucidado neste trabalho, cada país possuirá sua especificidade, seu contexto histórico, social e econômico, para que a partir disso possam ser definidas vantagens competitivas que contribuirão para a especialização e desenvolvimento econômico do país. 24

6. Referências Bibliográficas ANDERTON, Bob. Innovation, Product Quality, Variety and Trade Performance: an Empirical Analysis of Germany and the UK, 1999. ARMINGTON, Paul S. A Theory of Demand for Products Distinguished by Place of Production. International Monetary Fund Staff Papers, 1969, 16(1), pp. 159 78. BHAGWATI, Jagdish. Immiserizing growth: a geometrical note, Review of Economic Studies, 25, jun. 1958, pp. 201-205. DOBBS, R.; OPPENHEIM, J.; THOMPSON, F.; BRINKMAN, M.; ZORNES, M. Resource revolution: Meeting the world s energy, materials, food, and water needs. Report of the McKinsey Global Institute (MGI). November 2011, pp. 224. FEENSTRA, Robert C. New Product Varieties and the Measurement of International Prices. American Economic Review, 1994, 84(1), pp. 157 77. FLAM, Harry e HELPMAN, Elhanan. Vertical Product Differentiation and North South Trade. American Economic Review, 1987, 77(5), pp. 810 22. GROSSMAN, Gene M. e HELPMAN, Elhanan. Innovation and growth in the global economy. Cambridge, MA: MIT Press, 1991. HADDAD, Mona; HARRISON, Ann; HAUSMAN, Catherine. Decomposition the Great Trade Collapse - Products, Prices, and Quantities in the 2008-2009 Crisis. The World Bank, 2011. HUMMELS, David e KLENOW, Peter J. The Variety and Quality of a Nation s Exports. The American Economic Review, Vol. 95, No. 3 (Jun., 2005), pp. 704-723. KRUGMAN, Paul R. Intraindustry Specialization and the Gains from Trade. Journal of Political Economy, 1981, 89(5), pp. 959 73. NASSIF, André; FEIJÓ, Carmen e ARAÚJO, Eliane. Structural change and economic development: is Brazil catching up or falling behind?, 2012. 25

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7. Anexo 7.1. Tabela de Países Exportadores Ano 2000 Número País Número País 1 Afghanistan 61 Dominica 2 Albania 62 Dominican Republic 3 Algeria 63 Ecuador 4 American Samoa 64 Egypt 5 Andorra 65 El Salvador 6 Angola 66 Equatorial Guinea 7 Anguilla 67 Eritrea 8 Antarctica 68 Estonia 9 Antigua and Barbuda 69 Ethiopia 10 Argentina 70 Faeroe Islands 11 Armenia 71 Falkland Islands (Malvinas) 12 Aruba 72 Federated State of Micronesia 13 Australia 73 Fiji 14 Austria 74 Finland 15 Azerbaijan 75 France, Monaco 16 Bahamas 76 French Polynesia 17 Bahrain 77 Gabon 18 Bangladesh 78 Gambia 19 Barbados 79 Georgia 20 Belarus 80 Germany 21 Belgium 81 Ghana 22 Belize 82 Gibraltar 23 Benin 83 Greece 24 Bermuda 84 Greenland 25 Bhutan 85 Grenada 26 Bolivia 86 Guam 27 Bosnia Herzegovina 87 Guatemala 28 Botswana 88 Guinea 29 Brazil 89 Guinea-Bissau 30 Brunei Darussalam 90 Guyana 31 Bulgaria 91 Haiti 32 Burkina Faso 92 Heard Island and McDonald Islands 33 Burundi 93 Holy See (Vatican City State) 34 Cambodia 94 Honduras 35 Cameroon 95 Hungary 36 Canada 96 Iceland 37 Cape Verde 97 India 38 Cayman Islands 98 Indonesia 39 Central African Republic 99 Iran 40 Chad 100 Iraq 41 Chile 101 Ireland 42 China 102 Israel 43 China, Hong Kong Special Administrative Region 103 Italy 44 China, Macao Special Administrative Region 104 Jamaica 45 Christmas Islands 105 Japan 46 Cocos Islands 106 Jordan 47 Colombia 107 Kazakhstan 48 Comoros 108 Kenya 49 Congo 109 Kiribati 50 Cook Islands 110 Kuwait 51 Costa Rica 111 Kyrgyzstan 52 Côte d'ivoire 112 Lao People's Dem. Rep. 53 Croatia 113 Latvia 54 Cuba 114 Lebanon 55 Cyprus 115 Lesotho 56 Czech Republic 116 Liberia 57 Democratic People's Republic of Korea 117 Libya 58 Democratic Republic of the Congo 118 Lithuania 59 Denmark 119 Luxembourg 60 Djibouti 120 Madagascar 27

Número País Número País 121 Malawi 181 Slovakia 122 Malaysia 182 Slovenia 123 Maldives 183 Solomon Islands 124 Mali 184 Somalia 125 Malta 185 South Africa 126 Marshall Islands 186 Spain 127 Mauritania 187 Sri Lanka 128 Mauritius 188 Suriname 129 Mayotte 189 Swaziland 130 Mexico 190 Sweden 131 Mongolia 191 Switzerland, Liechtenstein 132 Montserrat 192 Syria 133 Morocco 193 Tajikistan 134 Mozambique 194 Thailand 135 Myanmar 195 Timor-Leste 136 Namibia 196 Togo 137 Nauru 197 Tokelau 138 Nepal 198 Tonga 139 Netherlands 199 Trinidad and Tobago 140 Netherlands Antilles 200 Tunisia 141 New Caledonia 201 Turkey 142 New Zealand 202 Turkmenistan 143 Nicaragua 203 Turks and Caicos Islands 144 Niger 204 Tuvalu 145 Nigeria 205 Uganda 146 Niue 206 Ukraine 147 Norfolk Islands 207 United Arab Emirates 148 Northern Mariana Islands 208 United Kingdom 149 Norway, Svalbard and Jan Mayen 209 United Republic of Tanzania 150 Occupied Palestinian Territory 210 Uruguay 151 Oman 211 USA, Puerto Rico and US Virgin Islands 152 Pakistan 212 Uzbekistan 153 Palau 213 Vanuatu 154 Panama 214 Venezuela 155 Papua New Guinea 215 Viet Nam 156 Paraguay 216 Wallis and Futuna Islands 157 Peru 217 Western Sahara 158 Philippines 218 Yemen 159 Pitcairn 219 Zambia 160 Poland 220 Zimbabwe 161 Portugal 162 Qatar 163 Republic of Korea 164 Republic of Moldova 165 Romania 166 Russian Federation 167 Rwanda 168 Saint Helena 169 Saint Kitts and Nevis 170 Saint Lucia 171 Saint Pierre and Miquelon 172 Saint Vincent and the Grenadines 173 Samoa 174 San Marino 175 Sao Tome and Principe 176 Saudi Arabia 177 Senegal 178 Seychelles 179 Sierra Leone 180 Singapore 28

7.2. Tabela de Países Exportadores Ano 2007 Número País Número País 1 Afghanistan 61 Dominica 2 Albania 62 Dominican Republic 3 Algeria 63 Ecuador 4 American Samoa 64 Egypt 5 Andorra 65 El Salvador 6 Angola 66 Equatorial Guinea 7 Anguilla 67 Eritrea 8 Antarctica 68 Estonia 9 Antigua and Barbuda 69 Ethiopia 10 Argentina 70 Faeroe Islands 11 Armenia 71 Falkland Islands (Malvinas) 12 Aruba 72 Federated State of Micronesia 13 Australia 73 Fiji 14 Austria 74 Finland 15 Azerbaijan 75 France, Monaco 16 Bahamas 76 French Polynesia 17 Bahrain 77 Gabon 18 Bangladesh 78 Gambia 19 Barbados 79 Georgia 20 Belarus 80 Germany 21 Belgium 81 Ghana 22 Belize 82 Gibraltar 23 Benin 83 Greece 24 Bermuda 84 Greenland 25 Bhutan 85 Grenada 26 Bolivia 86 Guam 27 Bosnia Herzegovina 87 Guatemala 28 Botswana 88 Guinea 29 Brazil 89 Guinea-Bissau 30 Brunei Darussalam 90 Guyana 31 Bulgaria 91 Haiti 32 Burkina Faso 92 Heard Island and McDonald Islands 33 Burundi 93 Holy See (Vatican City State) 34 Cambodia 94 Honduras 35 Cameroon 95 Hungary 36 Canada 96 Iceland 37 Cape Verde 97 Ile Bouvet 38 Cayman Islands 98 India 39 Central African Republic 99 Indonesia 40 Chad 100 Iran 41 Chile 101 Iraq 42 China 102 Ireland 43 China, Hong Kong Special Administrative Region 103 Israel 44 China, Macao Special Administrative Region 104 Italy 45 Christmas Islands 105 Jamaica 46 Cocos Islands 106 Japan 47 Colombia 107 Jordan 48 Comoros 108 Kazakhstan 49 Congo 109 Kenya 50 Cook Islands 110 Kiribati 51 Costa Rica 111 Kuwait 52 Côte d'ivoire 112 Kyrgyzstan 53 Croatia 113 Lao People's Dem. Rep. 54 Cuba 114 Latvia 55 Cyprus 115 Lebanon 56 Czech Republic 116 Lesotho 57 Democratic People's Republic of Korea 117 Liberia 58 Democratic Republic of the Congo 118 Libya 59 Denmark 119 Lithuania 60 Djibouti 120 Luxembourg 29

Número País Número País 121 Madagascar 181 Seychelles 122 Malawi 182 Sierra Leone 123 Malaysia 183 Singapore 124 Maldives 184 Slovakia 125 Mali 185 Slovenia 126 Malta 186 Solomon Islands 127 Marshall Islands 187 Somalia 128 Mauritania 188 South Africa 129 Mauritius 189 South Georgia and the South Sandwich Islands 130 Mayotte 190 Spain 131 Mexico 191 Sri Lanka 132 Mongolia 192 Suriname 133 Montenegro 193 Swaziland 134 Montserrat 194 Sweden 135 Morocco 195 Switzerland, Liechtenstein 136 Mozambique 196 Syria 137 Myanmar 197 Tajikistan 138 Namibia 198 Thailand 139 Nauru 199 Timor-Leste 140 Nepal 200 Togo 141 Netherlands 201 Tokelau 142 Netherlands Antilles 202 Tonga 143 New Caledonia 203 Trinidad and Tobago 144 New Zealand 204 Tunisia 145 Nicaragua 205 Turkey 146 Niger 206 Turkmenistan 147 Nigeria 207 Turks and Caicos Islands 148 Niue 208 Tuvalu 149 Norfolk Islands 209 Uganda 150 Northern Mariana Islands 210 Ukraine 151 Norway, Svalbard and Jan Mayen 211 United Arab Emirates 152 Occupied Palestinian Territory 212 United Kingdom 153 Oman 213 United Republic of Tanzania 154 Pakistan 214 Uruguay 155 Palau 215 USA, Puerto Rico and US Virgin Islands 156 Panama 216 Uzbekistan 157 Papua New Guinea 217 Vanuatu 158 Paraguay 218 Venezuela 159 Peru 219 Viet Nam 160 Philippines 220 Wallis and Futuna Islands 161 Pitcairn 221 Western Sahara 162 Poland 222 Yemen 163 Portugal 223 Zambia 164 Qatar 224 Zimbabwe 165 Republic of Korea 166 Republic of Moldova 167 Romania 168 Russian Federation 169 Rwanda 170 Saint Helena 171 Saint Kitts and Nevis 172 Saint Lucia 173 Saint Pierre and Miquelon 174 Saint Vincent and the Grenadines 175 Samoa 176 San Marino 177 Sao Tome and Principe 178 Saudi Arabia 179 Senegal 180 Serbia 30

7.3. Tabela de Países Exportadores Ano 2010 Número País Número País 1 Afghanistan 61 Dominica 2 Albania 62 Dominican Republic 3 Algeria 63 Ecuador 4 American Samoa 64 Egypt 5 Andorra 65 El Salvador 6 Angola 66 Equatorial Guinea 7 Anguilla 67 Eritrea 8 Antarctica 68 Estonia 9 Antigua and Barbuda 69 Ethiopia 10 Argentina 70 Faeroe Islands 11 Armenia 71 Falkland Islands (Malvinas) 12 Aruba 72 Federated State of Micronesia 13 Australia 73 Fiji 14 Austria 74 Finland 15 Azerbaijan 75 France, Monaco 16 Bahamas 76 French Polynesia 17 Bahrain 77 Gabon 18 Bangladesh 78 Gambia 19 Barbados 79 Georgia 20 Belarus 80 Germany 21 Belgium 81 Ghana 22 Belize 82 Gibraltar 23 Benin 83 Greece 24 Bermuda 84 Greenland 25 Bhutan 85 Grenada 26 Bolivia 86 Guam 27 Bosnia Herzegovina 87 Guatemala 28 Botswana 88 Guinea 29 Brazil 89 Guinea-Bissau 30 Brunei Darussalam 90 Guyana 31 Bulgaria 91 Haiti 32 Burkina Faso 92 Heard Island and McDonald Islands 33 Burundi 93 Holy See (Vatican City State) 34 Cambodia 94 Honduras 35 Cameroon 95 Hungary 36 Canada 96 Iceland 37 Cape Verde 97 Ile Bouvet 38 Cayman Islands 98 India 39 Central African Republic 99 Indonesia 40 Chad 100 Iran 41 Chile 101 Iraq 42 China 102 Ireland 43 China, Hong Kong Special Administrative Region 103 Israel 44 China, Macao Special Administrative Region 104 Italy 45 Christmas Islands 105 Jamaica 46 Cocos Islands 106 Japan 47 Colombia 107 Jordan 48 Comoros 108 Kazakhstan 49 Congo 109 Kenya 50 Cook Islands 110 Kiribati 51 Costa Rica 111 Kuwait 52 Côte d'ivoire 112 Kyrgyzstan 53 Croatia 113 Lao People's Dem. Rep. 54 Cuba 114 Latvia 55 Cyprus 115 Lebanon 56 Czech Republic 116 Lesotho 57 Democratic People's Republic of Korea 117 Liberia 58 Democratic Republic of the Congo 118 Libya 59 Denmark 119 Lithuania 60 Djibouti 120 Luxembourg 31

Número País Número País 121 Madagascar 181 Seychelles 122 Malawi 182 Sierra Leone 123 Malaysia 183 Singapore 124 Maldives 184 Slovakia 125 Mali 185 Slovenia 126 Malta 186 Solomon Islands 127 Marshall Islands 187 Somalia 128 Mauritania 188 South Africa 129 Mauritius 189 South Georgia and the South Sandwich Islands 130 Mayotte 190 Spain 131 Mexico 191 Sri Lanka 132 Mongolia 192 Suriname 133 Montenegro 193 Swaziland 134 Montserrat 194 Sweden 135 Morocco 195 Switzerland, Liechtenstein 136 Mozambique 196 Syria 137 Myanmar 197 Tajikistan 138 Namibia 198 Thailand 139 Nauru 199 Timor-Leste 140 Nepal 200 Togo 141 Netherlands 201 Tokelau 142 Netherlands Antilles 202 Tonga 143 New Caledonia 203 Trinidad and Tobago 144 New Zealand 204 Tunisia 145 Nicaragua 205 Turkey 146 Niger 206 Turkmenistan 147 Nigeria 207 Turks and Caicos Islands 148 Niue 208 Tuvalu 149 Norfolk Islands 209 Uganda 150 Northern Mariana Islands 210 Ukraine 151 Norway, Svalbard and Jan Mayen 211 United Arab Emirates 152 Occupied Palestinian Territory 212 United Kingdom 153 Oman 213 United Republic of Tanzania 154 Pakistan 214 Uruguay 155 Palau 215 USA, Puerto Rico and US Virgin Islands 156 Panama 216 Uzbekistan 157 Papua New Guinea 217 Vanuatu 158 Paraguay 218 Venezuela 159 Peru 219 Viet Nam 160 Philippines 220 Wallis and Futuna Islands 161 Pitcairn 221 Western Sahara 162 Poland 222 Yemen 163 Portugal 223 Zambia 164 Qatar 224 Zimbabwe 165 Republic of Korea 166 Republic of Moldova 167 Romania 168 Russian Federation 169 Rwanda 170 Saint Helena 171 Saint Kitts and Nevis 172 Saint Lucia 173 Saint Pierre and Miquelon 174 Saint Vincent and the Grenadines 175 Samoa 176 San Marino 177 Sao Tome and Principe 178 Saudi Arabia 179 Senegal 180 Serbia 32