& PERFIL DOS USUÁRIOS DE ANOREXÍGENOS DE UMA DROGARIA EM IJUÍ-RS

Documentos relacionados
DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS CONTENDO SIBUTRAMINA ANTES E APÓS RDC Nº 52/2011 1

O CRESCENTE USO DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS EMAGRECEDORES: Bases Científicas x Dados Empíricos

ESTUDO DAS PRESCRIÇÕES DE ANOREXÍGENOS DISPENSADOS EM UMA FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO DE CASCAVEL-PR

ANÁLISE DO IMPACTO DAS RDC 13/2010 E 52/2011 NAS PRESCRIÇÕES DE SIBUTRAMINA NO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA-GO

Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de Apetite

CÂMARA DOS DEPUTADOS COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA (CSSF)

& ANÁLISE DA VARIAÇÃO SAZONAL DA PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS AOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNÍCIPIO DE IJUÍ/RS

O CONSUMO DE INIBIDORES DE APETITE E SEUS EFEITOS EM MULHERES DE APUCARANA

ANÁLISE DA PRESCRIÇÃO DE PAROXETINA EM UMA DROGARIA DO MUNICÍPIO DE PONTE NOVA, MINAS GERAIS

PERFIL DE VENDA DE SIBUTRAMINA EM FARMÁCIA COMERCIAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 1

Nota Técnica sobre Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de Apetite

Diário Oficial da União Seção 01 DOU 10 de outubro de 2011 Página [55]

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS RELACIONADAS À TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL EM MULHERES PÓS-MENOPAUSA 1

CLIMATÉRIO E AUMENTO DE PESO

Avaliação do consumo de medicamentos para emagrecer em farmácias, no município de Ceres Goiás, Brasil

RISCOS DA INTERAÇÃO ENTRE BENZODIAZEPÍNICOS E ETANOL EM USUÁRIOS DE FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS DA CIDADE DE MILAGRES- CEARÁ

O USO FARMACOLÓGICO DE ANFREPAMONA E SIBUTRAMINA NO TRATAMENTO COADJUVANTE DA OBESIDADE

IDENTIFICAÇÃO DE INCONFORMIDADES NAS PRESCRIÇÕES MÉDICAS DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE GUIRICEMA, MG

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

Palavras-chave: Obesidade; Medicamentos de controle especial; Anorexígeno.

FATORES ASSOCIADOS À DESISTÊNCIA DE PROGRAMAS MULTIPROFISSIONAIS DE TRATAMENTO DA OBESIDADE EM ADOLESCENTES

AVALIAÇÃO DA DISPENSAÇÃO DE SIBUTRAMINA NO PERÍODO DE 2009 A 2013 PARA PACIENTES DE UMA FARMÁCIA DO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ PR

ANÁLISE DO PERFIL DE SOBREPESO E OBESIDADE EM ALUNOS DO CURSO DE FARMÁCIA DA UNILAGO

PERFIL DO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM MULHERES NO CLIMATÉRIO 1

TÍTULO: ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DA UTILIZAÇÃO DE GARCINIA CAMBOGIA EM CLIENTES DE UMA FARMACIA DO MUNICIPIO DE MOGI GUAÇU SP

MEDICAMENTOS CONTROLADOS Agência apresenta primeiros dados de sistema pioneiro no mundo

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE VENDA DA SIBUTRAMINA NA CIDADE DE CERES-GO

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

Geovani Carvalho de Jesus. Perspectivas em farmacoterapia da obesidade. Orientador: Érica Soares Martins Co-orientador: Leonardo Batista Silva

Lei 9782/1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências.

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Farmácia Trabalho de Conclusão de Curso USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO TRATAMENTO DE OBESIDADE

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

Análisis de las prescripciones de sibutramina en farmacia

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

Anfetaminas A anfetamina é uma droga sintética de efeito estimulante da atividade mental. A denominação anfetaminas é atribuída a todo um grupo de

AVALIAÇÃO DO USO DE INSULINA GLARGINA EM ATENDIDOS PELA FARMÁCIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE VIÇOSA-MG¹

PERFIL DO USO DE MEDICAMENTOS E POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM UMA IDOSA INSTITUCIONALIZADA: RELATO DE CASO 1

Análise das prescrições de sibutramina dispensadas em drogarias no município de Cuiabá-MT, Brasil

ESCOLA MUNICIPAL LEITÃO DA CUNHA PROJETO BOM DE PESO

ANÁLISE COMPARATIVA DE SOBREPESO E OBESIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ESCOLA PARTICULAR E UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA.

AVALIAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DE BENZODIAZEPÍNICOS EM UMA DROGARIA DA CIDADE DE SERICITA, MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO DO PERFIL DE CONSUMO DE ANTIDEPRESSIVOS NA FARMÁCIA MUNICICIPAL DA CIDADE DE IBIAPINA-CE

PERFIL CLÍNICO, ANTROPOMÉTRICO E AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR EM IDOSOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN

A OBESIDADE E A SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DE VIDA, DEPRESSÃO, AUTOESTIMA, AUTOIMAGEM E AUTOREALIZAÇÃO

ESTADO NUTRICIONAL E FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

PALAVRAS-CHAVE: Homeopatia. Consumo. Práticas Alternativas.

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

Guilherme Lourenço de Macedo Matheus Alves dos Santos Fabiana Postiglione Mansani

Obesidade. O que pesa na sua saúde.

Referências em Saúde INTRODUÇÃO

Aluna do curso de Graduação em Nutrição da UNIJUÍ, bolsista PIBIC/ UNIJUI, 3

DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM POPULAÇÃO ATENDIDA DURANTE ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

TÍTULO: PERFIL DE UTILIZAÇÃO DE ANTI INFLAMATORIOS NÃO ESTEROIDAIS DE UMA DROGARIA DE AGUAÍ-SP

Titulo do trabalho: INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS EM IDOSOS NA REGIÃO NORDESTE NO PERÍODO DE 2001 A 2010

AVALIAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DE CITALOPRAM NO MUNÍCIPIO DE CASTILHO/SP

Guias sobre tratamento da obesidade infantil

INSATISFAÇÃO CORPORAL E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

ESTADO NUTRICIONAL DE MULHERES NO PERÍODO DO CLIMATÉRIO 2017 E NUTRITIONAL STATUS OF WOMAN IN THE CLIMATERIC PERIOD 2017 E 2018

NUT-154 NUTRIÇÃO NORMAL III. Thiago Onofre Freire

O CUIDADO FARMACÊUTICO COM PACIENTES ASSISTIDOS NO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CORONARIANA DOS SERVIDORES DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

AVALIÇÃO DO CONSUMO DE ANOREXÍGENOS DERIVADOS DE ANFETAMINA EM CIDADES DE GOIÁS

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

6º Simposio de Ensino de Graduação PERFIL DE POPULAÇÃO HIPERTENSA ATENDIDA EM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, TIETÊ-SP, 2008.

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO RISCO CARDIOVASCULAR DA CORPORAÇÃO DE BOMBEIROS DE MARINGÁ/PR

Jaqueline Rocha Borges dos Santos 1 Talita Magalhães Aguilar 2

O que é a obesidade? Nas doenças associadas destacam-se a diabetes tipo II e as doenças cardiovasculares.

Estudo avalia beneficiários de planos de saúde

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DE UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO

FACULDADE CATÓLICA SALESIANA DO ESPÍRITO SANTO CAROLINE AHAVENE SOUZA DE ANDRADE MILENE FERREIRA DE FREITAS

MANUAL DE ORIENTAÇÃO SOBRE PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL

I SIMPÓSIO DE ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR EM OBESIDADE, CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA

CONSUMO DE LEITE POR INDIVÍDUOS ADULTOS E IDOSOS DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 1

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA CONCEPÇÃO DO USO DE SUPLEMENTOS ESPORTIVOS ENTRE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA EM NATAL/RN

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE BENZODIAZEPÍNICOS NA CIDADE DE ITAPURA-SP

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL E AUTOESTIMA EM ADOLESCENTES ESCOLARES

Autor(es) MILENE FRANCISCHINELLI. Orientador(es) FÁTIMA CRISTIANE LOPES GOULARTE FARHAT. Apoio Financeiro FAPIC/UNIMEP. 1.

AVALIAÇÃO DO USO DE ANTIDEPRESSIVOS POR ESTUDANTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

A VISÃO DISTORCIDA E O PRECONCEITO EM RELAÇÃO A REMÉDIOS PARA EMAGRECER

A ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA DOR E SUAS INTERFACES 1 PHARMACEUTICAL CARE IN PAIN AND ITS INTERFACES. Flávia Graziela Riese 2

COMPORTAMENTO ALIMENTAR

de Estudos em Saúde Coletiva, Mestrado profissional em Saúde Coletiva. Palavras-chave: Reações adversas, antidepressivos, idosos.

PERFIL DE USUÁRIOS DE PSICOFÁRMACOS ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO DO SUL DO BRASIL

COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ESCOLARES DA REDE DE ENSINO PÚBLICA E PRIVADA EM UMA CIDADE DA REGIÃO NORTE RESUMO

ABORDAGEM SOBRE O USO IRRACIONAL DE BENZODIAZEPÍNICOS NO BRASIL 1

ANÁLISE DO MONITORAMENTO DA GLICEMIA CAPILAR EM INSULINODEPENDENTES PARA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DIABETES MELLITUS

III Jornadas do Potencial Técnico e Científico do IPCB

CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE PSICOTRÓPICOS EM UMA DROGRARIA NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ/RN

AVALIAÇÃO DA PRESCRIÇÃO, DISPENSAÇÃO E USO DE QUETIAPINA EM UMA FARMÁCIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE TERESINA, PI.

CNC-CENTRO DE NEFROLOGIA DE CANINDÉ

Análise de prescrições destinadas ao emagrecimento em farmácia magistral antes e após a vigência da RDC Nº 52/2011

AS LINHAS DE CUIDADO COMO ESTRATÉGIAS DE ATENÇÃO EM SAÚDE PARA DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS 1

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

Transcrição:

& PERFIL DOS USUÁRIOS DE ANOREXÍGENOS DE UMA DROGARIA EM IJUÍ-RS Dieine Caroline de Melo Wirzbicki 1 Hiandra Silveira Chaves 1 Paula Shubert 1 Karla Renata de Oliveira 2 Vanessa da Veiga Buzanelo 3 R e s u m o Conhecer o perfil dos usuários de medicamentos anorexígenos, clientes de uma drogaria de Ijuí/RS foi o objetivo deste estudo. Foram entrevistados os portadores de 80 prescrições/notificações de anorexígenos conforme a sua entrada na drogaria no período de outubro a dezembro de 2009. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário sobre o perfil destes usuários e o medicamento utilizado. Verificou-se a prevalência de mulheres (85%) entre os consumidores de anorexígenos, principalmente as com idades entre 20 e 39 anos (89,71%) e sobrepeso (42,65%). Destaca-se que o uso desses medicamentos é indicado em situações específicas e com acompanhamento e avaliação dos usuários devido aos riscos que oferecem e que provavelmente a situação identificada neste estudo está relacionada aos padrões de beleza impostos pela sociedade. Tendo em vista os riscos relacionados à saúde decorrentes do uso destes medicamentos, cabe aos profissionais de saúde, prescritores e dispensadores, bem como aos órgãos fiscalizadores, uma revisão das suas práticas e a instituição de ações que modifiquem esta realidade. Palavras-chave: Anorexígenos. Obesidade. Uso de medicamentos. 1 Acadêmicas do curso de Graduação em Farmácia, DCSa Unijuí. E-mail: dieinew@hotmail.com; paula@luanett.com.br 2 Professora do DCSa Unijuí, mestre em Ciências Biológicas. e-mail: karla@unijui.edu.br 3 Farmacêutica graduada pela Unijuí. REVISTA CONTEXTO & SAÚDE IJUÍ EDITORA UNIJUÍ v. 10 n. 19 JUL./DEZ. 2010 p. 122-126

PERFIL DOS USUÁRIOS DE ANOREXÍGENOS DE UMA DROGARIA EM IJUÍ-RS 123 Mattar et al. (2009) apresentam dados da OMS sobre a obesidade definindo-a como uma epidemia global, que em 2005 acometia 400 milhões de adultos no mundo, representando um aumento de 50% em comparação com 1995. Segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2010b) no Brasil, de 2006 a 2009 a proporção de pessoas com excesso de peso passou de 42,7% a 46,6% e o percentual de obesos cresceu de 11,4% para 13,9%. Conforme Rang, Dale e Ritter (2001), os índices de excesso de peso são calculados com base no índice de massa corporal (IMC), dividindo o peso corporal (kg) pelo quadrado da altura em metros. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) (2006) considera o IMC de 18,5 kg/ m² a 24,9 kg/m² normal; de 25,0 kg/m² a 29,9 kg/m² sobrepeso; 30,0 kg/m² a 34,9 kg/m² obesidade grau I; 35,0 kg/m² a 39,9 kg/m² obesidade grau II e acima de 40 kg/m² obesidade grau III. A obesidade é reconhecida como um distúrbio multifatorial do balanço energético, em que a ingestão crônica de calorias é maior do que o consumo de energia, resultando num IMC excessivamente alto (Rang; Dale; Ritter, 2001). Segundo estes autores, em indivíduos obesos, o risco de Diabetes Mellitus tipo II, hipertensão, hipertrigliceridemia, cardiopatia isquêmica e muitos outros distúrbios aumenta de três a quatro vezes. Na concepção de Viana e Rates (2004), a obesidade também está relacionada a distúrbios emocionais e/ou psíquicos, como ansiedade e depressão. No entendimento desses autores, os medicamentos mais empregados no tratamento farmacológico da obesidade são os anorexígenos ou moderadores de apetite, que devem ser utilizados exclusivamente sob prescrição médica para facilitar a perda de peso. A SBEM (2006) recomenda o uso destes medicamentos para pacientes com IMC igual ou superior a 30 kg/m² ou superior a 25 kg/m², acompanhado de outros fatores de risco, como hipertensão arterial, Diabetes Melittus tipo II, e sempre que não se alcançarem os objetivos com os planos alimentares e estímulo à atividade física. Ainda de acordo com a SBEM (2006) cinco medicamentos estão registrados no Brasil para tratar a obesidade: dietilpropiona (anfepramona), femproporex, mazindol, sibutramina e orlistat. Os três primeiros são denominados anorexígenos porque atuam no sistema nervoso central promovendo a liberação de noradrenalina e dopamina e/ou serotonina, as quais inibem o centro controlador do apetite. Além disso, esses medicamentos modificam as taxas de metabolismo, diminuindo a síntese de gorduras e aumentando a sua decomposição (Viana; Rates, 2004). A sibutramina também atua no SNC bloqueando a receptação de noradrenalina, serotonina e dopamina, entretanto não possui efeito estimulante (Schatzberg; Cole; Debattista, 2009). Este estudo teve como objetivo caracterizar os usuários de medicamentos anorexígenos clientes de uma drogaria do município de Ijuí/RS. Metodologia Foi realizado estudo transversal, utilizando um questionário, constituído de questões sobre o perfil do usuário tais como: idade, sexo, altura e peso, bem como sobre o medicamento anorexígeno utilizado para a coleta de dados. O IMC dos entrevistados foi calculado a partir dos dados obtidos. A coleta de dados foi realizada de outubro a dezembro de 2009, em uma drogaria situada na região central do município de Ijuí/RS, mediante assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, sob o Parecer Consubstanciado nº 258/2009. Resultados e Discussão A amostra foi constituída por 80 usuários de anorexígenos, a maioria (85%-68) mulheres. Dados semelhantes foram encontrados em Fortaleza/CE por Romeu; Justino e Lima (2008), quando foram estudadas 80 farmácias, e as mulheres representaram 74,5% dos usuários deste tipo de medicamento. As mulheres também r epresentaram 93,35% dos usuários de anorexígenos num estudo

124 Dieine Caroline de Melo Wirzbicki Hiandra Silveira Chaves Paula Shubert Karla Renata de Oliveira Vanessa da Veiga Buzanelo realizado em Santa Maria/RS, que avaliou 13 estabelecimentos farmacêuticos (Feltrin et al., 2009), assim como no estudo realizado em Belo Horizonte/MG em 455 farmácias, nas quais também se evidenciou a predominância de consumo pelas mulheres (88%) (Carneiro; Guerra; Acurcio, 2008). Conforme Carazzatto (2003), isto ocorre, provavelmente, porque as mulheres são influenciadas pela mídia e pela sociedade, que cultua corpos extremamente magros, o que promove uma busca incessante pelo corpo perfeito em pouco tempo e sem grandes esforços. Feltrin et al. (2009) corroboram tal afirmação, evidenciando que novembro, outubro e dezembro foram respectivamente os meses do ano em que estes produtos foram mais dispensados. Segundo os autores, a maior exposição do corpo no verão influencia no aumento da procura por esse tipo de medicamentos. Ainda reforçando a hipótese de Carazzatto (2003), verificou-se que 4,41% (3) das mulheres que utilizam anorexígenos apresentam IMC ideal e 45,59% (31) sobrepeso (Tabela 1), o que não é indicativo para tratamento farmacológico, de acordo com a SBEM (2006). Tabela 1: Distribuição dos entrevistados conforme IMC e gênero IMC Feminino% (n) Masculino% (n) Total (n) Ideal 4,41 (3) 0 3,75 (3) Sobrepeso 45,59 (31) 0 38,75 (31) Obesidade grau I 38,24 (26) 33,34 (4) 37,5 (30) Obesidade grau II 11,76 (8) 58,33 (7) 18,75 (15) Obesidade grau III 0 8,33 (1) 1,25 (1) Total 100 (68) 100 (12) 100 (80) Fonte: Banco de dados dos organizadores. Tendo em vista o IMC dos entrevistados (Tabela 1) e o que preconiza a SBEM (2006), 57,5% (46) destes sujeitos poderiam ter o uso de anorexígenos indicado, desde que apresentassem comorbidades como diabetes, hipertensão e dislipidemias ou ainda falha no tratamento não farmacológico. No estudo de Santos et al. (2007) em Goiânia/GO, verificou-se que a maioria dos usuários de anorexígenos (41,3%) apresentava obesidade grau I, e ainda que o uso de anorexígenos foi maior entre os indivíduos com IMC ideal (9,3%) do que entre aqueles com obesidade grau III, realidade esta também encontrada no presente estudo (Tabela 1). Com relação às mulheres, observou-se que 89,71% delas apresentavam idades entre 20 e 40 anos, constatando-se que 41,18% das usuárias encontram-se na faixa etária entre 20 e 29 anos (Tabela 2). Um estudo realizado com acadêmicas em uma Universidade no Paraná identificou um maior consumo na faixa etária de 21 a 29 anos (37,66%; n= 29), e entre as que tinham menos de 20 anos (35,06%; n= 27) (Silva; Campesatto-Mella, 2008). Estes dados permitem inferir que os medicamentos anorexígenos são utilizados por mulheres de diferentes faixas etárias. No mesmo estudo os autores verificaram que grande parte das usuárias (55,84%) apresentavam IMC ideal, o que contraindica o uso destes medicamentos. Nonino-Borges, Borges e Santos (2006) alertam que durante o tratamento com anorexígenos podem ocorrer efeitos indesejados, como boca seca, taquicardia, ansiedade, insônia e que com o uso da sibutramina além desses sintomas pode ocorrer constipação, sudorese e eventualmente aumento da pressão arterial. No estudo de Silva e Campesatto-Mella (2008) com uni- Tabela 2: Distribuição das usuárias de anorexígenos de acordo com o IMC e a idade Faixa etária (anos) % IMC Ideal % Sobrepeso % Grau I % Grau II % Grau III % Total 20-29 2,94 (2) 23,53 (16) 10,30 (7) 4,41 (3) 0 41,18 (28) 30-39 1,47 (1) 19,12 (13) 23,53 (16) 4,41 (3) 0 48,53 (33) 40-49 0 2,94 (2) 4,41 (3) 1,47 (1) 0 8,82 (6) 50 ou mais 0 0 0 1,47 (1) 0 1,47 (1) Total 4,41 (3) 45,59 (31) 38,24 (26) 11,76 (8) 0 100 (68) Fonte: Banco de dados dos pesquisadores.

PERFIL DOS USUÁRIOS DE ANOREXÍGENOS DE UMA DROGARIA EM IJUÍ-RS 125 versitárias de Maringá/PR as entrevistadas que apresentavam entre 19 e 29 anos relataram irritabilidade (44,15%), tontura e tremor (37,66%), agitação (36,36%) e fraqueza (31,17%) devido ao uso de anorexígenos. No presente estudo este aspecto não foi investigado, entretanto grande parte das mulheres encontra-se na faixa etária de 30 a 49 anos, o que aumenta o risco da manifestação de tais efeitos, devido ao processo natural de envelhecimento caracterizado pela redução das funções celulares e metabólicas. No período do estudo foram aviadas 80 prescrições/notificações e 80 medicamentos, ou seja, um medicamento por prescrição, o que está de acordo com o que preconiza o Ministério da Saúde (Brasil, 1998) sobre o número de substâncias e formas farmacêuticas que podem ser dispensadas a partir de uma notificação de receita. Foram dispensados quatro medicamentos distintos: sibutramina (76%), femproporex (12%), anfepramona (9%) e manzidol (3%). No estudo de Romeu, Justino e Lima (2008) realizado em Fortaleza/CE, a anfepramona foi o anorexígeno mais dispensado (36,3%), enquanto em Belo Horizonte/MG 59,8% das prescrições eram de femproporex. Romeu, Justino e Lima (2008) sugerem que a grande procura pelo femproporex deve-se ao baixo custo deste medicamento. Para Mancini e Halpern (2002), o femproporex é uma alternativa para usuários que não têm condições financeiras de utilizar sibutramina, para aqueles que não respondem ao tratamento com este último, ou para pacientes aos quais a sibutramina é contraindicada. O alto consumo de sibutramina evidenciado neste estudo pode estar relacionado à elevada tolerabilidade destes produtos em relação aos efeitos adversos previstos (Mancini; Halpern, 2002), bem como à ampla propaganda da indústria farmacêutica, apesar do maior valor comercial deste em relação a outros anorexígenos (Romeu; Justino; Lima, 2008). Conclusões Os resultados deste estudo indicam que as mulheres com idades entre 20 e 39 anos com sobrepeso, são as principais usuárias de anorexígenos, preferencialmente sibutramina e que esta é uma tendência nacional. Considerando que este perfil vai de encontro com o que preconiza a SBEM e que o uso de anorexígenos expõe os usuários a um grande número de efeitos colaterais, bem como a interações medicamentosas e consequentes danos à saúde, entende-se que se faz necessária uma discussão sobre o tema que envolva a sociedade, os profissionais de saúde, prescritores e dispensadores, bem como os órgãos fiscalizadores, para que cada um assuma sua responsabilidade com o uso racional de medicamentos. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS n 344 de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, 31 de dezembro de 1998. [s.l.:s.n], 2010a. BRASIL. Ministério da Saúde. Quase metade dos brasileiros tem excesso de peso. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/ default.cfm?pg=dspdetalhenoticia&id_area =124&CO_NOTICIA=11458>. Acesso em: 25 jun. 2010b. CARAZZATO, P. R. A farmácia magistral e o tratamento farmacoterápico da obesidade. Racine, n. 77, p. 34-40, 2003. CARNEIRO, M. de F. G.; GUERRA Jr., A. A.; ACURCIO, F. de A. Prescrição, dispensação e regulação do consumo de psicotrópicos anorexígenos em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(8):1.763-1.772, 2008. FELTRIN, A. C. et al. Medicamentos anorexígenos panorama da dispensação em farmácias comerciais de Santa Maria (RS). Saúde, Santa Maria, vol. 35, n. 1, p. 46-51, 2009. MANCINI, C. M.; HALPERN, A. Tratamento farmacológico da obesidade. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, vol. 46, n. 5, p. 497-513, out. 2002. MATTAR, R. et al. Obesidade e gravidez. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 31, n. 3, mar. 2009.

126 Dieine Caroline de Melo Wirzbicki Hiandra Silveira Chaves Paula Shubert Karla Renata de Oliveira Vanessa da Veiga Buzanelo NONINO-BORGES, C. B.; BORGES, R. M.; SANTOS, J. E. Tratamentos clínico da obesidade. Simpósio: Distúrbios respiratórios do sono capítulo X. Medicina, Ribeirão Preto, 39 (2): 246-252, 2006. RANG H.; DALE, M. M.; RITTER, J. M. Farmacologia /. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. ROMEU, G. A.; JUSTINO P. F. C.; LIMA, A. M. A. Perfil da prescrição e dispensação de fármacos anorexígenos em Fortaleza Ceará. Infarma, v. 20, n. 7/8, p. 32-37, 2008. SANTOS, E. N. et al. Avaliação do consumo de anorexígenos em farmácias de manipulação, em Goiânia-GO. Infarma, v. 19, n. 9/10, p. 17-19, 2007. SBEM. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Obesidade: tratamento. Projeto Diretrizes, p. 1-7, 2006. SCHATZBERG, A. F.; COLE, J. O.; DEBATTIS- TA, C. Manual de psicofarmacologia clínica. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. SILVA, M.; CAMPESATTO-MELLA E. Avaliação do uso de anorexígenos por acadêmicas de uma instituição de ensino superior em Maringá, PR. Arquivo de Ciências da Saúde Unipar, v. 12, n. 1, p. 43-50, 2008. VIANA, A. F.; RATES, S. M. K. Os medicamentos para emagrecer. In: SCHENKEL E. P et al. Cuidado com os medicamentos. Porto Alegre; Florianópolis: Ed. da UFRGS; Editora da UFSC, 2004.