OA AO-SRN - CICLO 3R REABILITAR / REUTILIZAR / / RECICLAR PORTO, OUTUBRO, 2008 WORKSHOP 2 CONSERVAÇÃO DE REVESTIMENTOS E SUPERFÍCIES ARQUITECTÓNICAS (exteriores) José Aguiar (jaguiar@fa.utl.pt) (Professor Associado da FA UT, Presidente do ICOMOS Portugal) «La couleur est par excellence la partie de l'art qui détient le don magique. Alors que le sujet, la forme, la ligne s'adressent d'abord à la pensée, la couleur n'a aucun sens pour l'intelligence, mais elle a tous les pouvoirs sur la sensibilité». Delacroix «A côr é por excelência a parte da arte que possui o dom mágico. Enquanto o tema, a forma, a linha dirigemse sobretudo ao pensamento, a cor não tem qualquer sentido para a inteligência, mas detém todos os poderes sobre a sensibilidade». Retirado de: Fernando Gonçalves: Cidade que temos. Cidade que queremos. Ordem dos Arquitectos. Lisboa 29 de Maio de 2004 1
1 MATERIAIS (com cor) MATERIAIS: LIGANTES Orgânicos Resinas naturais ou artificiais (polímeros, resinas vinílicas, acrílicas, alquídicas), betumes, derivados do leite, ceras, ovo, colas animais (ossos, pele, peixe, etc.), etc. Inorgânicos (minerais) Argila, gesso, cal aérea, cal hidráulica natural ou artificial, cimentos naturais ou artificiais. Normalização (classificação europeia) Cal Aérea em pasta (ainda sem norma?) Cal Aérea (L) em pó micronizada (cálcica CL ou dolomítica DL, viva Q ou apagada S) Cal Hidráulica Natural (NHL) (8 a 20% argila, 1000ºC) Cal Hidráulica Natural com Cimento (NHL Z) Cal Hidráulica Artificial (HL) Cimento Natural (CNP)(20 a 40% argila, 1050/1300ºC) Cimento Portland (CPA) 2
Fonte: http://civil.fe.up.pt/pub/apoio/ano1/cienciadosmateriais/apontamentos/teorica_20022003/jsc_031a043.pdf Mais informação: http://conservarcal.lnec.pt/ Cal aérea gorda cal branca, obtida a partir de cálcarios puros e mais reactiva (99% de carbonato de cálcio) Cal aérea magra cal acinzentada e obtidas de calcários menos puros ( com teores de 1 a 5 % de impurezas, argilas etc.) A rocha (carbonato de cálcio, CaCO 3 ) com o fogo (cerca de 800º a 850ºC) torna-se um material ávido de água (cal viva, ou óxido de cálcio, OCa+CO 2 ), depois de extinta (apagada) converte-se numa pasta maleável (hidróxido de cálcio, Ca(OH) 2 e que pouco a pouco endurece (carbonatando) até se tornar rocha de novo! 3
CAL AÉREA: Importância da matéria prima, e da calcinação. CAL AÉREA: Importância da hidratação. 4
Técnica wet on wet! Importância fulcral: do apagamento (quantidade de água); agregados; do processo de mistura; e de aplicação (projecção). Importância da amassadura (tipo de betoneira e quantidade de água: com pasta de cal quase não se adiciona água!). 5
argamassas: materiais com cor! Outras cais para além da branca: as cais negras, ou pardas ou d obra (cais impuras). outros componentes de argamassas: Água - isenta de impurezas e sais, óleos etc.), potável de preferência. Areia geralmente siliciosa, tb calcária, limpa, solta, fina, isenta de sais, com boa resistência mecânica, extraída do rio ou de minas. Como agregado tem como função dar maior resistência, dureza e compacticidade à argamassa. Importância da heterogeneidade granulométrica e da morfologia dos grãos, para o eficaz preenchimento de vazios, influindo na resistência, retracção em secagem e textura final. Pó de pedra / areia de estuque - agregados mais finos (obtido por moagem de pedra calcária ou mármore, crivagem de areias finas. Aumentava a impermeabilidade à água, conservando a parmeabilidade ao vapor, maior durabilidade e resistência das massas e dava um melhor acabamento. Aditivos (pozolânicos, metacaulinos, pó de tijolo e pó de telha, etc.). Adjuvantes (resinas, gorduras vegetais e animais, fluidificantes, etc.). 6
IMITAÇÕES DE PEDRA: NOVA CONSERVAÇÃO, MÉRTOLA 2007 A IMPORTÃNCIA DOS AGREGADOS outras argamassas De Gesso - usadas há milénios. Na Europa surge com os árabes, na Península Ibérica nos sec. VII e XV (Alhambra, Granada ). O gesso natural é uma rocha sedimentar, de estrutura cristalina, constituída por sulfato de cálcio. De Argila muito frequente no interior do país e onde rareava o calcário 7
Camadas de um revestimento-tipo (multicamada) Camadas de protecção e regularização - emboço, reboco, esboço. Constituídas por cal e agregados (até 3cm de espessura, em várias camadas). Camadas de protecção, acabamento e decoração - barramento, pintura, camadas de ornamentação (de 20 mícrones a 3mm, em várias camadas). REBOCOS: Emboço - primeira camada de contacto com a parede, mais grosseira, com agregadso de maior granulometria, função de preenchimento e ocultação dos defeitos de construção. Lançada com colher ou talocha, acabamento áspero. Aplicada com a alvenaria humedecida e limpa, deixava-se secar 3 a 6 semanas. Reboco - segunda camada, intermediária ou de regularização, com agregados mais finos, mais apertado, sobre esboço humedecido. O acabamento depende da função da camada. Esboço - era a camada de preparação para o acabamento, com granulometria fina dos apregados, aspecto liso. Camadas de um revestimento-tipo (multicamada) BARRAMENTOS: Em duas camadas, em pasta de cal ou pasta de cal e pó de pedra, ou pasta de cal e areia de estuque, com ou sem outras cargas (tijolo moído) ou pigmentos. 8
Acabamentos e texturas (rebocos): LISO sucessivas passagens da talocha sobre a camada de argamassa (por vezes com inertes mais finos) ainda fresca. RISCADO utilizam-se argamassas com agregados de maior dimensão, passando a talocha mas deixando os riscos mais grossos, estrias ou riscas à vista. RASPADO raspagem do paramento após inicio do endurecimento da argamassa, utilizando uma lâmina denteada, uma prancha de madeira com pregos, etc. ÁSPERO OU CRESPO OU TIROLÊS OU RUSTICO acabamento muito rugoso, é executado projectando a argamassa com uma vassoura, que é embebida na argamassa, deixando uma superfície muito texturas (áspera). PICADO com o reboco ainda fresco, golpeia-se a superfície com o ângulo inferior de uma espátula, ou de outro instrumento. As texturas variam conforme o instrumento utilizado. Acabamentos e texturas (rebocos): PEDRA ARTIFICIAL E IMITAÇÕES DE PEDRA Argamassas coloradas na própria massa, acabando-se com a passagem de rolos, ou picando com uma bojarda, simulando as diversas texturas da pedra, para o que é fulcral a cuidada selecção dos ligantes e agregados (cor e dimensões). 9
IMITAÇÕES DE PEDRA: NOVA CONSERVAÇÃO, MÉRTOLA 2007 IMITAÇÕES DE PEDRA: NOVA CONSERVAÇÃO, MÉRTOLA 2007 10
IMITAÇÕES DE PEDRA: NOVA CONSERVAÇÃO, MÉRTOLA 2007 OS UTENSÍLIOS técnicas de pintura mural PINTURA DE CAL Diversos aspectos, espessas ou transparentes (de aguarela ). É feita a partir do leite de cal (cal em pasta + cal aérea em pó + água, geralmente a 1:2), com ou sem pigmentos dispersos, com ou sem aditivos (alúmen, resinas e colas). O tipo da cal é importante para a qualidade final da pintura. PINTURA A SECO Tintas de cal aplicadas sobre rebocos já secos, aspergidos com água (ou água de cal). PINTURA A FRESCO Aplicada com argamassas de reboco ainda húmidas. A água de cal pigmentada, ou os pigmentos dispersos em água, impregnam o reboco e na secagem, a carbonatação conjunta fixa os pigmentos, produzindo pinturas muito mais duradouras. De difícil execução técnica e artística (jornadas, tempos e modos, formas de aplicar cores, retoques, etc.). 11