Dos Costumes ao Espetáculo: A Transformação da Festa Junina Campinense n O Maior São João do Mundo

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Transcrição:

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Administração Mestrado Profissional em Administração João Gabriel de Lima Perdigão Relatório Executivo: Dos Costumes ao Espetáculo: A Transformação da Festa Junina Campinense n O Maior São João do Mundo Recife 2013

2 Sumário 1 Apresentação... 02 2 Resultados e Achados... 05 3 Conclusões... 07 4 Recomendações Gerenciais... 09

3 1 Apresentação Este relatório tem origem na dissertação desenvolvida com o título Dos Costumes ao Espetáculo: A Transformação da Festa Junina Campinense n O Maior São João do Mundo. O São João de Campina Grande, objeto do estudo desenvolvido, é hoje um evento de enorme repercussão nacional e até internacional, devido ao seu caráter cultural e regional e pelo resgate às raízes nordestinas, embora tenham sido inseridos, ao longo dos vários anos, elementos considerados modernos, seja no aspecto musical, gastronômico e até no jeito de vestir-se de seus freqüentadores, dando contornos de espetáculo ao megaevento realizado no interior da Paraíba. Neste sentido, o São João de Campina Grande assumiu diversas formas de manifestar sua identidade e seus símbolos. Assim, partiu-se da premissa de que a identidade é marcada pela diferença, surgindo então a pergunta de pesquisa: como se configura a identidade cultural do São João de Campina Grande com a sua transformação em megaevento? Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa por meio de entrevistas, cujos dados foram acessados junto a quatro grupos de agentes produtores do São João de Campina Grande, conforme Quadro a seguir:

4 Quadro 1 Entrevistas que foram aplicadas junto aos agentes envolvidos GRUPO AGENTES ACESSADOS ENTREVISTADOS Staff administrativo da Governo municipal Prefeitura Municipal de 01 gestor da área de turismo da Campina Grande, formado por Prefeitura Municipal gestores da área de turismo 01 proprietário de restaurante que tem operação dentro e fora do Parque do Povo; 01 gerente de Empresários hotel; 01 proprietário de agência Empresários e gestores de de turismo; 01 executivo da estabelecimentos cuja atividade Associação Comercial de Campina fim está relacionada diretamente Grande; 01 colunista social e com o São João proprietário de empresa de eventos; 01 proprietário de uma das empresas fornecedora de serviços ao São João Representantes culturais Patrocinadores Representantes do Memorial do Maior São João do Mundo e do Parahyba Convention Bureau Representantes de empresas patrocinadoras do evento Fonte: Autoria própria, 2013. 01 representante do Memorial do Maior São João do Mundo e 02 Representantes do Parahyba Convention Bureau 02 representantes de empresas patrocinadoras Os dados coletados e analisados foram agrupados em 10 dimensões, que remetem para uma diferença entre os discursos dos entrevistados, pautados no paralelo tradição x modernidade, a saber: Explorador X Valoroso, Segregador X Segmentado, Incômodo X Oportuno, Provedor X Lucrativo, Memorial X Antiquado, Singelo X Simplório, Autêntico X Estagnado, Orgulhante X Atraente, Artesanal X Profissional, e Permissivo X Diversificado. A base teórica para desenvolvimento do estudo seguiu a estrutura a seguir: Foi apresentada num primeiro momento a abordagem no contexto empírico, envolvendo todo arcabouço acerca das origens da festa de São João no mundo, no Brasil e o evento O Maior São João do Mundo na cidade de Campina Grande - PB. No estudo, esse evento foi entendido como um processo em que a atividade de marketing apresenta forte influência na sociedade local. Para tanto, foi feita uma revisão sobre Macromarketing, configurando-se como a abordagem temático-conceitual do estudo. Por outro lado, a discussão do fenômeno Macromarketing foi baseada na abordagem teórica sobre identidades culturais e seus aspectos.

5 2 Resultados e Achados Os achados do estudo apontaram para uma diferença entre os discursos da tradição e da modernidade. Tradição, no estudo, se referiu à evocação de um São João que apresenta toda uma simbologia dos festejos juninos de décadas atrás onde as famílias se reuniam para comemorar a colheita do milho. O ciclo junino tem início em 12 de junho, véspera do dia de Santo Antonio, e se encerra em 29 de junho, dia de São Pedro, tendo no dia 24 a comemoração do dia de São João, o ponto alto das comemorações. Vários elementos compõem o que chamamos de tradição em relação aos festejos juninos, como: as fogueiras, os fogos de artifício, os balões, as quadrilhas, os vestidos de chita, as camisas quadriculadas, o xote e o baião, as comidas de milho, o artesanato local, o forró pé-de-serra, as bandeirolas decorativas, o chapéu de palha, as simpatias, enfim, uma infinidade de símbolos que referenciam todo o sentido tradicional da festa de São João. Já modernidade, no estudo, se referiu a toda uma evolução na forma da festa de São João se manifestar junto ao público participante, principalmente aos mais jovens, que vem se seduzindo pelos novos ares de espetáculo que o festejo junino vem assumindo. Tal modernidade também pode ser percebida pelos novos símbolos que foram introduzidos na festa ao logo dos anos, tais como: o forró eletrônico, a variedade de comidas de diversas regiões, o salto alto das moças e o tênis de marca dos rapazes, o novo formato das quadrilhas, a forma de montagem e decoração das barracas, a interação dos freqüentadores com as ações de merchandising dos patrocinadores, ou seja, toda uma nova concepção de se fazer uma festa junina que dão hoje então status de modernidade. Tal relação diferencial apareceu, no estudo, em 10 dimensões, conforme o Quadro 2, a seguir.

6 Quadro 2 Coexistência dos discursos da tradição e da modernidade DISCURSO DA TRADIÇÃO Explorador Segregador Incômodo Provedor Memorial Singelo Autêntico Orgulhante Artesanal Permissivo DISCURSO DA MODERNIDADE Valoroso Segmentado Oportuno Lucrativo Antiquado Simplório Estagnado Atraente Profissional Diversificado Fonte: Autoria própria, 2013. Percebe-se, através dos resultados apresentados anteriormente, como o São João de Campina Grande é caracterizado pela coexistência do antigo e do novo, ou seja, do tradicional e do moderno, conforme demonstrado nas 10 dimensões vistas acima, que foram compostas por 20 categorias que foram identificadas durante a análise dos dados, evidenciando o jogo de diferenças que compõem a identidade do festejo junino de Campina Grande.

7 3 Considerações finais Partindo da premissa de que a identidade é pautada num jogo de diferenças,foi lançada uma reflexão com base nos achados da pesquisa com vistas a responder à pergunta norteadora do estudo: Como se configura a identidade cultural do São João de Campina Grande com a sua transformação em megaevento? Neste sentido, foi identificado através da análise que o São João se configura pela existência de dicotomias que sustentam dois discursos identitários, o tradicional e o moderno. Os discursos que foram apresentados nas 20 categorias identificadas são nada mais que o jogo das diferenças sendo jogado. Do lado da tradição, foram encontrados indícios através dos discursos de que o São João apresenta-se como: dispendioso, espetaculoso, explorador, segregador, incômodo, provedor, memorial, singelo, autêntico, orgulhante, artesanal e permissivo. Do lado da modernidade, foram percebidas situações por meio dos discursos que demonstram que o São João é também: oneroso, grandioso, valoroso, segmentado, oportuno, lucrativo, antiquado, simplório, estagnado, atraente, profissional e diversificado. Ter ganhado o status de cidade turística e de realizar uma das maiores festas populares do país talvez tenha colocado Campina Grande em um caminho sem volta, o caminho da espetacularização, da fama, do consumismo, da expressividade em números, da quantidade de pessoas envolvidas direta e indiretamente, enfim, foi lançada a âncora da modernidade e dificilmente a mesma será retirada, pois os ganhos que a cidade obtém são bastante significativos, seja no aspecto econômico, social, cultural e político. Todas estas vertentes tem direta ou indiretamente ganhos associados à realização da festa. No aspecto econômico, o evento movimenta valores expressivos que são comparados a um segundo natal para algumas categorias. Já no aspecto social, há toda uma mobilização de vários atores que são inseridos

8 direta ou indiretamente no evento, desde a costureira que confecciona as roupas das quadrilhas juninas até os sanfoneiros que vêem no mês de junho uma forma de fazer um pé de meia para o restante do ano. No aspecto cultural, há todo um resgate da cultura e das raízes nordestinas, seja através da música, do artesanato, do folclore, etc. Por fim, no aspecto político, o São João se transforma em plataforma para políticos das três esferas, a saber: municipal, estadual e federal, que se projetam através de um evento cuja visibilidade é imensa. Já o caminho da tradição é também uma das bandeiras que vão perdurar por muitos anos, pois ela é simplesmente a base da festa, foi a tradição que fez com que o evento ganhasse contornos de espetáculo. É a tradição que atrai o turista de São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, para ver in loco o que é vendido lá fora, sim, porque quando a prefeitura ou o governo estadual participa de feiras ou eventos turísticos, o que aparece no material de divulgação são justamente os símbolos da tradição, é a comida de milho, é o sanfoneiro, a moça com vestido quadriculado, o artesanato local, a decoração com bandeirolas e balões juninos, é mostrando esses elementos que o São João é vendido. É também essa mesma tradição que atrai a mídia para Campina Grande no período junino. Em um link ao vivo ou em uma reportagem de qualquer emissora de TV sobre o São João, o que é mostrado são os símbolos que retratam a tradição do evento. É essa mesma tradição que enche de brilho os olhos dos mais antigos ao mergulharem em suas lembranças e encontrar os símbolos que originaram o festejo e que contribuíram para que hoje o festejo assumisse uma postura de megaevento.

9 4 Implicações Gerenciais Este estudo, mesmo que tenha abordado um evento popular e de caráter público, implica em várias considerações de cunho gerencial não só para o agente público responsável pela organização do evento, a saber: a Prefeitura Municipal de Campina Grande, mas também para todas as empresas que fazem parte do trade turístico e da cadeia de suprimentos do evento. Para a prefeitura de Campina Grande e para os demais governos, estadual e federal, o conhecimento gerado através do estudo pode implicar numa reflexão acerca das políticas públicas que são direcionadas ao evento, seja no aspecto da infra-estrutura a ser melhorada, seja no aspecto da segurança pública, da saúde coletiva, nas práticas de divulgação do evento nas demais regiões do país ou ainda no exterior, em ações de inclusão social por meio do incentivo ao empreendedorismo local, na capacitação dos agentes envolvidos, enfim, uma série de oportunidades que podem ser canalizadas com vistas a enriquecer ainda mais o evento. Para o empresariado de Campina Grande, o estudo contribui para uma reflexão acerca dos direcionamentos que estão sendo dados em relação à política de preços que estão sendo praticados no período junino, gerando uma insatisfação em parte dos moradores e turistas que freqüentam o evento. Ao mesmo tempo, 0 estudo se apresenta como uma oportunidade do empresário local visualizar melhorias que possam ser implementadas no intuito de oferecer uma melhor prestação de seus serviços e, em conseqüência, auferir maiores ganhos por meio do evento. Uma das possíveis formas dos empresários locais obterem um melhor retorno de suas atividades relativas ao festejo junino poderia ser a articulação em rede junto aos demais empresários, visando ações integradas que pudessem minimizar custos ou facilitar o acesso a

10 novas tecnologias ou fornecedores, dentre várias outras possibilidades que poderão ser acarretadas através da rede empresarial. Para o povo de Campina Grande, o conhecimento gerado através do estudo contribui para que fique mais clara a noção da importância cultural, econômica e social que o evento proporciona para a cidade e para sua população. Que sirva para uma reflexão individual de como cada um recebe o turista, de como cada um contribui para a manutenção da cultura e da tradição, seja ao prestigiar um show de um artista local, seja em vestir-se a caráter no período junino, seja em manter vivos os elementos juninos ao decorar sua casa com bandeirolas e balões, ao acender a fogueira, ao fazer a comida de milho.