BOLETIM INFORMATIVO. Favízia Freitas de Oliveira 2

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DADOS DO PROJETO / QUANTITATIVO DE BOLSAS TÍTULO DO PROJETO:

Transcrição:

REDE BAIANA DE POLINIZADORES (REPOL) PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DE POLINIZADORES EM ECOSSISTEMAS NATURAIS E AGRÍCOLAS NO ESTADO DA BAHIA 1 BOLETIM INFORMATIVO Favízia Freitas de Oliveira 2 1 Rede de Pesquisa em Polinização/Polinizadores constituída por Pesquisadores, Estudantes e Técnicos das Instituições de Ensino Superior (Públicas e Privadas) e Institutos de Pesquisa do Estado da Bahia. 2 Laboratório de Sistemática de Insetos, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Av. Universitária S/N, Km 03 BR 116 (Rodovia Feira de Santana Serrinha), CEP: 44031-460, Feira de Santana-BA, Brasil. Homepage: www.uefs.br/dcbio/lent_sis. e-mail: favos@uefs.br; favos@bol.com.br O Brasil, por suas dimensões continentais, inclui uma grande diversidade de ambientes naturais, englobando desde áreas tropicais (Floresta Amazônica) a áreas temperadas (Mata Atlântica e Campos Sulinos), passando por biomas como a Caatinga, o Cerrado, a Restinga e o Pantanal, nos quais se detecta uma fauna rica, porém pouco conhecida. Em termos botânicos, apenas para o Cerrado, a Mata Atlântica e os Campos Sulinos, o conhecimento é considerado razoável (LEWINSOHN; PRADO, 2004). Vale ressaltar que, dentre os biomas brasileiros, apenas dois não ocorrem no Estado da Bahia: Floresta Amazônica e Campos Sulinos. A diversidade da fauna em cada um desses ecossistemas brasileiros está muito longe de ser conhecida. Revisões de grupos zoológicos (exceto para Mamíferos e Aves) acusam a existência de 40% de espécies novas, em média. Entretanto, em alguns grupos de insetos esse percentual chega a mais de 60%. Quando se dirige o estudo para alguns estratos particulares de um ambiente (p.ex. fauna de solo, fauna de topo de árvores) o desconhecimento de suas espécies chega a ser quase total. O mesmo ocorre com alguns grupos taxonômicos que, pela dificuldade de estudo, vêm sendo relegados a um plano secundário, como os Ácaros e várias Ordens de Insetos. Por outro lado, as angiospermas figuram entre os grupos taxonômicos considerados razoavelmente bem conhecidos. No mundo são estimadas em torno de 235.000 espécies, sendo que para o Brasil em torno de 45.000, correspondendo a 18,30% da diversidade mundial (LEWINSOHN; PRADO, 2004). Apesar dos esforços dos pesquisadores, o conhecimento sobre a flora mundial, e em especial do Brasil, está muito abaixo da diversidade estimada para o planeta. A carência de dados sobre a diversidade de nossa fauna e flora é produto, principalmente, do baixo número de taxônomos brasileiros. Na Bahia, embora ainda em número reduzido, contamos com especialistas em algumas famílias botânicas e grupos zoológicos, vinculados a instituições locais, o que pode ser considerado um avanço para as pesquisas em biodiversidade, se comparado com outros estados da Região Nordeste. É importante salientar que, mesmo em países onde a flora e fauna são menos ricas e são bem documentadas, detectou-se a necessidade urgente de ampliar os conhecimentos sobre a biodiversidade, como elemento imprescindível para qualquer estudo biológico que implique na inter-relação Homem- Natureza (KIM; KNUTSON, 1986). Assim, visando ampliar os conhecimentos relacionados à diversidade da fauna e da flora do Estado Baiano, bem como dos polinizadores, foi criada a Rede Baiana de Polinizadores (REPOL), para a conservação da biodiversidade de polinizadores em ecossistemas naturais e agrícolas no Estado da Bahia. 1

A REPOL Décadas de estudos e intensos debates consolidaram o consenso geral entre os pesquisadores de que os animais desempenham um importante papel na conservação das espécies vegetais, por realizarem atividades relacionadas com a polinização das flores, a dispersão das sementes e a reciclagem de matéria orgânica. As relações entre os visitantes florais e as angiospermas têm sido tema de muitos estudos e estão embasadas em trocas de recompensas, onde as espécies vegetais, por meio de suas cores, odores e outros atributos, atraem os animais, oferecendo néctar, pólen e/ou óleo, e recebem em troca o benefício da polinização. Vale ressaltar que essas interações são essenciais para a manutenção dos processos e funções dos ecossistemas, sejam eles naturais ou manejados. Além dos recursos mencionados anteriormente, as espécies vegetais ainda podem fornecer frutos como alimento, atrativos sexuais (essências), locais para acasalamento, sítios de nidificação e/ou materiais para construção de ninhos, o que reforça ainda mais a interdependência entre as plantas e os animais. Sabe-se que cerca de 1/3 das culturas agrícolas dependem da polinização realizada por animais, o que torna este serviço essencial para a manutenção e aumento da produção agrícola e, conseqüentemente, garantindo o suprimento de alimentos para a população humana. Com a crescente redução dos hábitats naturais, devido à grande ação antrópica, o conhecimento da biodiversidade dos organismos torna-se de extrema importância, pois muitas espécies estão em processo de extinção, mesmo antes de serem conhecidas pela comunidade científica. Nesse contexto, a importância dos serviços ambientais promovidos pelos polinizadores foi reconhecida oficialmente pela "Convenção da Diversidade Biológica (CBD)", desde a ECO 92, ocorrida no Rio de Janeiro. A "Conferência das Partes (COP5)" da CBD, em 2000, aprovou um programa denominado "Iniciativa Internacional para Conservação e Uso Sustentável dos Polinizadores", citado a partir de então como "Iniciativa Internacional dos Polinizadores (IPI)". A CBD indicou a "Food and Agriculture Organization (FAO)" como facilitadora e coordenadora deste processo. A FAO, na COP6, propôs um plano de ação para a IPI, com desafios globais projetados até para o ano de 2010. Desde então, vários grupos de pesquisadores estão trabalhando nessas ações, e em 2003, várias iniciativas regionais definiram seus planos de ação e estão trabalhando em conjunto na escolha de metodologias que permitam comparações de resultados nos diversos continentes. Dentre estas podemos destacar a "Iniciativa Européia dos Polinizadores (EPI)", a "Campanha Norte Americana de Proteção aos Polinizadores (NAPPC)", a "Iniciativa Africana dos Polinizadores (API)", a "Iniciativa dos Polinizadores dos povos das montanhas da Ásia (ICIMOD)" e a "Iniciativa Brasileira dos Polinizadores (IBP)". O governo do Estado da Bahia reconhece a necessidade de ações voltadas para o conhecimento da biodiversidade baiana, tendo como exemplo a criação do programa BIOTA BAHIA. No entanto, o conhecimento específico, conservação e manejo da biodiversidade de polinizadores no Estado justificam a implantação da Iniciativa Baiana de Polinizadores. CARACTERIZAÇÃO DA REPOL Recentemente, a partir de Fevereiro de 2005, como parte integrante da IBP, o grupo de pesquisadores do Estado da Bahia tem se reunido numa "Iniciativa Baiana dos Polinizadores (IBP- BA)", com o intuito de viabilizar e agilizar as tomadas de decisões, de forma a contribuir mais direta e organizadamente com as ações da IBP. Desta forma, devido à necessidade de ações mais amplas para a Bahia, foi criada a "Rede Baiana de 2

Polinizadores (REPOL)", com reuniões mensais de seu comitê gestor, que tem como objetivo principal Integrar os Grupos de Pesquisadores e Técnicos do Estado da Bahia, mesmo aqueles em diferentes estágios de desenvolvimento e com diferentes competências (Ecólogos, Etólogos, Sistematas, Taxonomistas, dentre outros). A criação da REPOL, lançada oficialmente no dia 14 de Junho de 2006, num evento promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e realizado na sede daquela instituição (Colina de São Lázaro, 203, Federação, Salvador, Bahia), representa um grande avanço para as pesquisas e geração de tecnologias e inovação na Bahia, visto que os conhecimentos gerados pela rede poderão viabilizar ações ligadas à demarcação de áreas de reservas biológicas, projetos de polinização dirigida para culturas de interesse econômico, manejo sustentado de pragas agrícolas, prevenção e controle de doenças, prevenção de acidentes com animais (p. ex. abelhas e vespas), uso sustentado dos recursos naturais e, principalmente, a preservação das espécies da nossa fauna e flora associada e a funcionalidade dos ecossistemas. OBJETIVOS DA REPOL - Integrar os Grupos de Pesquisadores e Técnicos do Estado da Bahia, otimizando os recursos humanos, financeiros e de laboratórios para a geração de conhecimentos científicos, tecnológicos e inovadores. - Capacitação de Recursos Humanos para a Pesquisa e Extensão em temas envolvendo Polinização e Polinizadores. - Contribuir para o avanço e difusão dos conhecimentos gerados. - Viabilizar Projetos e Ações ligados ao Mapeamento, Conservação e Manejo Sustentado dos Polinizadores. - Proporcionar a abertura de mercados ainda não disponíveis ou pouco conhecidos. - Produção e disponibilização de material bibliográfico específico em língua portuguesa. PRINCIPAIS METAS DA REPOL 1- Consolidação dos grupos de pesquisa inseridos nas instituições baianas, com ações e linhas de pesquisa relacionadas direta ou indiretamente à biodiversidade de polinizadores. 2- Difusão anual de conhecimento sobre biodiversidade de polinizadores. 3- Incentivo à realização de parcerias entre as instituições do estado da Bahia, visando à elaboração conjunta de projetos multiinstitucionais para a captação de recursos frente aos órgãos de fomento nacionais e internacionais. 4- Facilitação de intercâmbio de competências e materiais para fortalecimento dos grupos de pesquisa (ex: bibliografia, material biológico, equipamentos, etc.). 5- Criação de um plano de pesquisa integrado para as instituições/pesquisadores que trabalham com biodiversidade de polinizadores. 6- Ampliação do levantamento da diversidade animal e vegetal do Estado da Bahia; 7- Definição de áreas prioritárias para estudos em biodiversidade, como por exemplo: áreas sujeitas a impacto, áreas com escassez de conhecimento e alta relevância biológica e ecossistemas ameaçados. 8- Padronização das metodologias de estudos e levantamentos. 9- Incentivo a parcerias entre as instituições componentes da REPOL e órgãos Estaduais e Federais (p. ex. IBAMA), bem como a iniciativa privada, buscando minimizar os problemas ambientais mais urgentes, como o declínio de polinizadores causado pelo uso indiscriminado 3

de agrotóxicos, desmatamentos, queimadas, etc. 10- Incentivar a aplicação dos planos de manejo dos polinizadores gerados. 11- Conservação e ampliação das coleções bibliográficas, zoológicas e botânicas. 12- Divulgação e captação de recursos para publicação dos estudos sobre biodiversidade, conservação e manejo de polinizadores do Estado da Bahia, p. ex.: catálogos, check-lists, livros, manuais, cartilhas. 13- Construção de propostas de Lançamento de Editais Específicos com temas relacionados à Polinização/Polinizadores. INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM A REPOL Atualmente a REPOL é constituída por pesquisadores, estudantes e técnicos de 12 instituições do Estado da Bahia, sendo elas: Centro de Recursos Ambientais do Estado da Bahia (CRA), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), Faculdades Jorge Amado (FJA), Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB: Núcleos de Jequié e Vitória da Conquista). Cada uma dessas instituições, além dos membros regulares, conta ainda com três representantes no comitê gestor da REPOL (dois titulares e um suplente). Esse comitê se reúne mensalmente (geralmente na primeira sexta-feira do mês) para deliberar sobre as ações da rede. Tropicais (Figura 1). O evento ocorreu no Espaço Cultural Zélia Gattai das Faculdades Jorge Amado (em Salvador, Bahia) e contou com a colaboração da FAPESB, do Ministério do Meio Ambiente (MMA, através do programa PROBIO), das Faculdades Jorge Amado (FJA), da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e de todas as demais Instituições que compõem a Rede. Como público-alvo do evento, compareceram produtores rurais (através das associações e cooperativas), ONGS relacionadas ao setor agrícola e ambiental, empresários do setor agrícola e dirigentes públicos, todos relacionados direta ou indiretamente à fruticultura, produtos relacionados ao biodiesel (p.ex. mamona, dendê), horticultura e apicultura no Estado da Bahia. Durante o evento, foram divulgados aos produtores rurais, empresários e dirigentes do setor público os serviços prestados pelos polinizadores ao setor agrícola. Foi dada ênfase em fruticultura e aos ganhos econômicos, ecológicos (ambientais) e sociais advindos do uso de polinizadores. O Simpósio teve por objetivo principal fortalecer as interações entre os membros da Rede Baiana de Polinizadores (REPOL) e divulgar a REPOL entre os produtores e empresários do setor rural, além de dirigentes e formuladores de políticas públicas do estado, dando ênfase à fruticultura. O PRIMEIRO SIMPÓSIO DA REPOL Como uma das realizações da REPOL, no dia 17 de Novembro de 2006 foi realizado o I Simpósio da Rede Baiana de Polinizadores - REPOL: Polinização de Culturas Agrícolas Figura 1. Platéia do I Simpósio da REPOL, realizado no dia 17 de novembro de 2006. Também estava entre os objetivos do evento a divulgação dos resultados práticos alcançados pelos subprojetos apoiados pelo Projeto 4

de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira-PROBIO/MMA para a elaboração de planos de manejo de polinizadores de culturas agrícolas. Programação. O simpósio teve início às 08:30 h, finalizando às 18:00 h, divulgando os seguintes temas: Abertura do evento: A abertura do evento contou com a participação da Profª Dra. Florence Heber (Diretora Acadêmica das FJA), Dr. Alexandre Paupério (Diretor Geral da FAPESB), Dra. Marina Castro (Membro da REPOL), Dr. Carlos Alfredo Carvalho (Membro da REPOL) e Dr. Lúcio Antônio de Oliveira Campos (UFV) (Figura 2). Maranhão (Palestrante: Dra. Márcia Maria Corrêa Rego UFMA). Mesa Redonda II- Polinização de Annonaceae - Estudos de Caso (Moderador: Dra. Favizia Freitas de Oliveira UEFS): Polinização da gravioleira na Paraíba (Palestrante: Dr. Celso Feitosa Martins UFPB); Polinização de araticum no cerrado matogrossense (Palestrante: Dra. Mônica Josene Barbosa Pereira UNEMAT). Figura 3. Palestra de apresentação da Rede Baiana de Polinizadores proferida pelo Prof. Dr. Carlos Alfredo Carvalho, membro da REPOL e professor da UFRB. Figura 2. Abertura do I Simpósio da REPOL. Da esquerda para a direita, Dra. Florence Heber (FJA), Dr. Alexandre Paupério (Fapesb), Dra. Marina Castro (EBDA/UEFS), Dr. Carlos Alfredo Carvalho (UFRB) e Dr. Lúcio Antônio de Oliveira Campos (UFV). Palestras: A Rede Baiana de Polinizadores (Palestrante: Dr. Carlos Alfredo Lopes de Carvalho UFRB) (Figura 3); A Iniciativa Brasileira dos Polinizadores (Palestrante: Dra. Marina Siqueira de Castro UEFS/EBDA). Mesa Redonda I- Polinização de Malpighiaceae - Estudos de Caso (Moderador: MSc. Fabiana Oliveira da Silva FJA): Polinização da aceroleira em Pernambuco (Palestrante: Dr. Fernando Cesar Vieira Zanella UFCG); Polinização do murici no Mesa Redonda III- Polinização de Anacardiaceae - Estudos de Caso (Moderador: Dra. Blandina Felipe Viana UFBA): Polinização do umbuzeiro em área de caatinga do território indígena Pankararé, Raso da Catarina, Bahia (MSc. Lílian Santos Barreto EBDA (Palestrante) e Dra. Marina Siqueira de Castro EBDA/UEFS); Polinização da mangueira na região do Vale do Sub-Médio Rio São Francisco (MSc. Camila Magalhães Pigozzo FJA (Palestrante) e Dra. Blandina Felipe Viana UFBA); Polinização do cajueiro no Ceará (Palestrante: Dr. Breno Magalhães Freitas UFC). Mesa Redonda IV- Polinização de Passifloraceae no Brasil - Estudos de Caso (Moderador: Dra. Raquel Pérez-Maluf UESB): Importância da polinização cruzada para a cultura do maracujá (Dr. Paulo Eugenio Alves Macedo de Oliveira UFU (Palestrante) e Dra. Lucia Helena Piedade Kiill EMBRAPA); Manejo sustentável dos polinizadores 5

do maracujá (Dra. Maria Cristina Gaglianone UENF (Palestrante); Dr. Gabriel Augusto Rodrigues de Melo UFPR e Dra. Blandina Felipe Viana UFBA). Mesa Redonda V- Polinização de outras culturas Estudos de caso (Moderador: Dra. Kátia Peres Gramacho FTC): Polinização do tomateiro em Minas e São Paulo (Dra. Maria José de Oliveira Campos UNESP (Palestrante) e Dr. Lucio Antonio de Oliveira Campos UFV); Polinização do açaizeiro, na Amazônia Oriental (Dr. Giorgio Cristino Venturieri EMBRAPA) Durante o I Simpósio da REPOL foi realizado o lançamento do livro Biologia e Ecologia da Polinização: Cursos de Campo, editorado pelas Professoras Dra. Blandina Felipe Viana (UFBA) e Dra. Favízia Freitas de Oliveira (UEFS). Esse livro foi preparado com as contribuições dos participantes dos Cursos de Campo em Biologia e Ecologia da Polinização, ministrados pelo Professor Dr. Peter G. Kevan, da Universidade de Guelph, Canadá, em 2003 e 2005, em Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia. Esses cursos foram promovidos pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento, do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, e contaram com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia, da Universidade Estadual de Feira de Santana e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola. Irrigantes do Mucugê e do Departament of Environmental Biology da University of Guelph. As duas primeiras edições desses cursos capacitaram 74 profissionais e estudantes de pósgraduação, em Ciências Biológicas e áreas afins, oriundos cerca de 15 instituições de pesquisa e ensino superior do Brasil, Canadá, Argentina e Colômbia. Além do Prof. Dr. Peter Kevan, os cursos contaram com a colaboração dos seguintes docentes: Blandina Felipe Viana (UFBA), Fabiana Oliveira da Silva (FJA/FTC), Favizia Freitas de Oliveira (UEFS), Lygia Funch (UEFS) e Marina Siqueira de Castro (EBDA/UEFS). Informações adicionais sobre a REPOL, bem como a programação de eventos, podem ser acessadas pelo site http://www.fapesb. ba.gov.br/fapesb/programas/projetos-estrategicos/repol REFERÊNCIAS KIM, K. C.; KNUTSON, L. (Ed.). Foundations for a national biological survey. Lawrence, Kansas: Association os Systematics Colletions, 1986. 215 p. LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Biodiversidade brasileira: síntese do estado atual do conhecimento. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004. 176 p. VIANA, B. F.; OLIVEIRA, F. F. de. Biologia e ecologia da polinização: cursos de campo. Salvador, Bahia: Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento IBUFBA. EDUFBA, 2006. 144 p. ISBN: 85-232-0421-0. Uma terceira edição do Curso de Campo em Biologia e Ecologia da Polinização será realizada em Mucugê, Bahia, no período de 07 a 18 de maio de 2007, como mais uma das iniciativas da Rede Baiana de Polinizadores (REPOL), com o apoio dos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento do IBUFBA e de Botânica da UEFS, da Associação Brasileira de Estudos Canadenses ABECAN, do Ministério do Meio Ambiente - MMA, da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB, da Prefeitura Municipal de Mucugê, da Associação dos 6