PROCESSAMENTO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE NÉCTAR DE CASCA DA MANGA

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Transcrição:

PROCESSAMENTO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE NÉCTAR DE CASCA DA MANGA Daniela Dantas de Farias LEITE¹, Tamires dos Santos PEREIRA¹, Neidemarques Cassimiro VIEIRA¹, Francegildo Sérgio da SILVA¹, Adriana Ferreira dos SANTOS². ¹Estudantes de Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Pombal, Paraíba, Brasil (CCTA-UATA-UFCG).E-mail: danieladantasfl@gmail.com 2 Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia de Alimentos - CCTA/UFCG/Pombal PB. RESUMO Néctar da casca da manga é uma bebida não fermentada, obtida da dissolução, em água potável, da parte comestível da manga (Mangifera indica, L.) e açúcares, destinado ao consumo direto, podendo ser adicionado de ácidos. As frutas tropicais são de grande interesse para a indústria de alimentos, principalmente devido ao sabor e aroma característicos. O aproveitamento de resíduos dos frutos é uma alternativa para o processamento e para agroindústria, gerando um produto rico em nutrientes. Foi realizada a elaboração e processamento do suco da casca da manga, no Laboratório de Tecnologia de Produtos Hortícolas, Centro de Ciências e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Pombal, com o objetivo de obter um produto a partir dos resíduos da manga e avaliar a sua qualidade físico-química e sensorial. De acordo com os resultados, verificou-se que o teor de acidez foi inferior ao padrão para néctares de frutas tropicais, entretanto não prejudicou sua aceitação por parte dos consumidores. Verificou-se que o néctar da casca apresentou resultados consideráveis para vitamina C, concluindo que os resíduos (cascas) da manga apresentam altos teores de vitaminas. PALAVRAS CHAVE: néctar, manga, casca, qualidade. 1 INTRODUÇÃO De acordo com a Instrução Normativa nº 12, de 4 de setembro de 2003 do MAPA, Néctar é a bebida não fermentada, obtida da dissolução, em água potável, da parte comestível e açúcares, destinado ao consumo direto, podendo ser adicionado de ácidos. Essa bebida, embora lembre o suco da fruta em sabor, não pode ser chamada de suco de fruta devido à presença de água, açúcar e ácidos adicionados (Luh e El Tinay, 1993). A manga (Mangifera indica L.) é uma fruta tropical de grande importância econômica e muito apreciada por suas excelentes qualidades de sabor, aroma e exótica coloração, com volume de exportação crescente no Brasil nos últimos dez

anos. Em 1999, o Brasil, passou a ocupar a 2ª posição, depois do México, dentre os principais exportadores mundiais (Lucafó & Boteon, 2001). Estudos mostram que, de forma geral, as cascas de frutas possuem mais nutrientes que as polpas, consideradas a porção não comestível (GONDIM et al., 2005; CÓRDOVA et al., 2005). Para que se tenha um aporte adequado de macro e micronutrientes, conforme a Ingestão Diária Recomendada (IDR) faz-se necessária a determinação do valor nutricional dessas frações, as cascas, e das polpas (GONDIM et al., 2005). O Nordeste brasileiro oferece condições ideais para o cultivo das mais diversas espécies frutíferas, de modo que a fruticultura contribui para o desenvolvimento socioeconômico da região (Sousa et al., 2002). A maior produção de manga do país provém de um conjunto formado pelos estados nordestinos da Bahia, Paraíba, Piauí e Pernambuco. A produção somada dos mesmos responde por mais de 36% da produção brasileira (IBGE, 2000). Apesar de o Brasil produzir cerca de 140 milhões de toneladas de alimento por ano, a fome ainda é um dos seus maiores problemas (GONDIM et al., 2005). Bastante contraditório a esse quadro de fome é a prática do desperdício, muito comum na cultura brasileira. O aproveitamento integral de alimentos é uma alternativa para suprir as necessidades nutricionais, agregar valores no agronegócio e para reduzir o lixo orgânico (OLIVEIRA et al., 2002). A viabilização do aproveitamento racional da manga, preservando ao máximo os componentes nutricionais dessa fruta, seria extremamente importante para o Brasil, o qual se apresenta como um grande produtor mundial de manga (Ribeiro e Sabaa-Srur, 1999). A industrialização da manga, inclusive da casca, pode ser uma alternativa para atenuar as perdas pelo aproveitamento das frutas fora do padrão de comercialização in natura, para abrandar a geração de resíduos orgânicos sólidos e produzir alimentos saudáveis pela incorporação de fibras e compostos com atividade

antioxidante oriundos das cascas. Essas cascas são constituídas por água, proteínas e carboidratos (entre os quais as fibras), o que possibilita o seu aproveitamento na fabricação de doces, pães, biscoitos, geleias, etc (CHITARRA, 2005). 2 MATERIAIS E MÉTODOS Elaboração do Néctar: Como tratamento antifúngico, as mangas foram imersas por 10 minutos em uma solução de hipoclorito de sódio comercial a 1% e, em seguida, enxaguados com água destilada e secos ao ar. Descascou-se a manga e separouse a casca da polpa. Em seguida as cascas foram trituradas em liquidificador doméstico junto com água, realizou-se a filtragem e depois se adicionou o açúcar, para submeter o néctar ao tratamento térmico, logo após o tratamento térmico foram colocadas nas embalagens plásticas sob enchimento a quente, logo após, realizouse o resfriamento das embalagens. Foram produzidos dois tipos de sucos com concentrações de casca de manga diferentes conforme descrito na tabela abaixo. TABELA 1: Formulações do néctar de casca de manga com suas respectivas quantidades. FORMULAÇÕES CASCA (g) AÇÚCAR(g) ÁGUA (L) Concentração F1 350 300 1 Concentração F2 250 300 1 Análise Sensorial- O néctar da casca da manga foi avaliado no Laboratório de Análise de Alimentos e Sensorial LAAS do CCTA/UATA/UFCG Campus Pombal, por 70 provadores não treinados. Participaram da equipe sensorial estudantes, professores e funcionários da Universidade Federal de Campina Grande. O néctar

foi servido em copos descartáveis, codificados e acompanhados por biscoitos e com um copo de água para lavar o palato e retirar algum tipo de resíduo de uma amostra para outra. O teste de impressão global foi realizado utilizando-se a escala hedônica de 9 pontos( 9=gostei muitíssimo; 1= desgostei muitíssimo), segundo STONE e SIDEL, onde as notas foram agrupadas em três classificações: notas de 1 a 3 forma consideradas como sendo rejeição, 4 a 6 indiferença, 7 a 9 aceitação, facilitando assim a visualização dos resultados nos histogramas, onde foram analisando os atributos aparência, sabor, aroma, textura e impressão global. Análises Físico-Químicas: foram realizadas avaliações de acidez titulável, ph, sólidos solúveis e ácido ascórbico das amostras, sendo todas as determinações segundo o IAL, 2008. Após a contagem das fichas utilizadas na avaliação sensorial, calculou-se os resultados em porcentagem, onde os dados foram expressos em forma de histograma com a ajuda do software Excel. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 2 demonstra os resultados das análises físico-químicas dos néctares da casca de manga. TABELA 1: Média geral da avaliação físico-químicas do néctar da casca da manga RESULTADOS Avaliações Néctar F1 Néctar F2 LEGISLAÇÃO MAPA (Qtd. Min) Acidez (g.100g -1 de ác.cítrico) 0,01 0,01 0,20 ph 4,48 4,49 - Sólidos Solúveis, Brix 21 21,5 10,00 Ácido ascórbico mg/100g 147,4 109,2 -

O ph, embora não seja regulamentado pela legislação brasileira, é de suma importância para a formulação das bebidas, uma vez que, produtos processados com apresentado ph superior a 4,5, apresenta-se probabilidade do desenvolvimento de bactérias patogênicas e deteriorantes, entretanto as amostras encontraram-se adequadas para esse parâmetro. A Instrução Normativa n 12, de 4 de setembro de 2003, não estabelece valores para o teor de vitamina C no néctar de manga. No entanto, devido aos benefícios trazidos para o organismo humano pela vitamina C, este parâmetro foi realizado com intuito de verificar a quantidade presente no néctar de manga. Os resultados obtidos para a vitamina C, apresentaram uma variação significante no teor de vitamina C entre as das amostras, variando entre 147,4 e 109,2 mg/100g. Silva et al. (2005) avaliando o teor de vitamina C entre as diferentes amostras de néctar de manga industrializados e comercializados em Fortaleza-CE, encontrou teores entre 4,17 a 48,15 mg/100ml. As perdas de ácido ascórbico nas amostras podem estar relacionadas à temperatura de armazenamento relativamente alta (28 C), a permeabilidade da embalagem ao oxigênio e a suposta ação de possíveis resíduos de peróxido de hidrogênio, usado para a esterilização das embalagens durante o processamento, verificando que o néctar da casca apresentou resultados superiores ao trabalho citado, concluindo que os resíduos (cascas) apresentam altos teores de vitaminas. O teor de Sólidos Solúveis apresentou-se acima parâmetro mínimo estabelecido que é de 10 Brix, entretanto nos próximos processamentos deve-se submeter a padronização do o Brix vigente, que para néctar da polpa da fruta não pode exceder 15%.De acordo com os resultados, verificou-se que o teor de acidez foi inferior ao padrão para néctares de frutas tropicais, entretanto não prejudicou sua aceitação por parte dos consumidores.

Figura 1: Histograma da aceitabilidade para os atributos aparência e aroma Quanto ao atributo aparência ambas as amostras apresentaram aceitação satisfatória, contudo a amostra com menor concentração de casca de manga mostrou-se mais apreciável para os provadores. Quanto ao aroma às amostras não diferiram entre si, logo a concentração de casca de manga não interferiu no atributo aroma. Figura 2: Histograma da aceitabilidade para os atributos sabor e textura O sabor e o aroma foram superiores em F1, provavelmente devido ao fato de uma maior quantidade de casca dar mais característica aos compostos voláteis do néctar, apresentando também um sabor mais acentuado e característico da fruta.

Figura 3: Histograma da aceitabilidade para o atributo impressão global A partir do histograma de aceitação global, nota-se que o néctar de casca de manga apresentou grande aceitação, o que viabiliza a produção do mesmo. Souza et al (2011), estudaram quatro amostras de néctares, duas tradicionais (com sacarose) e duas do tipo light (com edulcorantes), encontrando resultados satisfatórios em relação à avaliação da aceitabilidade do aroma e sabor, onde as amostras do néctar tradicional e néctar light foram as mais aceitas, não diferindo significativamente entre si (p<0,05), indicando boa aceitabilidade do aroma e do aroma. E quanto à impressão global, as amostras tradicional e light obtiveram porcentagens de aceitação igual ou superior a 50%. Verificando-se os néctares processados com os resíduos da manga, apresentaram resultados iguais e/ou superiores aos encontrados por Souza et al. (2011). 4 CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos nas análises físico-químicas conclui-se que o néctar de casca da manga apresentou baixa acidez, entretanto não interferiu da aceitação sensorial do mesmo. Verificou-se que o néctar da casca apresentou

resultados consideráveis para vitamina C, concluindo que os resíduos (cascas) das mangas apresentam altos teores de vitaminas. A partir das análises sensoriais realizadas pode-se perceber que as formulações de néctar de manga apresentam-se como uma alternativa viável para o aproveitamento de cascas em escala domésticas. Aperfeiçoando-se o processamento pode-se aplicá-lo também em escala industrial visando à redução dos resíduos provenientes das agroindústrias, reduzindo os impactos ambientais causados pelas mesmas. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 12, de 4 de setembro de 2003. Regulamento Técnico para fixação dos padrões de Identidade e Qualidade Gerais para o Suco Tropical e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília-DF, Ed. nº 174, de 9 de setembro de 2003. BROWN, M.B., KATZ, B. P. e COHEN, E. Statistical procedures for the identification of adulteration in fruit juices. In: S. Nagy, J.A. Attaway, & M E. Rhodes (Eds.), Adulteration of fruit juice beverages. New York, Marcel Dekker, 1988. CHITARRA, A.B.; CHITARRA, M.I.F. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: UFLA, 2º edição, 2005, 785p. NEVES, L.C.; GONDIM, A. M.; MOURA, V. M. F.; DANTAS, S.A.; MEDEIROS, R. L. S.; SANTOS, K. M. Composição Centesimal e de minerais em cascas de frutas. Ciência Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.25, n.4, p.825-827, 2005. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Disponível em < http://www.sidra.ibge.gov.br >. Acesso em 13 de outubro de 2012.

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