O que a Entidade precisa saber antes de elaborar o Plano de Trabalho. A regulamentação das Transferências Voluntárias (descentralização de recursos públicos) no âmbito municipal se dá através do Decreto Municipal nº. 8.324/2008 1, que antes de qualquer coisa, deve ser consultado pela Entidade que pretende requerer recursos públicos. É pressuposto para descentralização de recursos públicos a existência de condições que devem estar estabelecidas no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual do Município (LOA). A execução orçamentária se dá através dos Órgãos Municipais (Secretarias, Autarquias, Fundações, Empresas Públicas) que tem como finalidade precípua a execução de programas e ações de governo, instituídos no PPA, LDO e LOA. Para a elaboração dos programas de governo é feito um diagnóstico preliminar pelos Órgãos da Administração Municipal, com a finalidade de levantar os problemas que serão enfrentados pela administração, os objetivos do programa (onde se pretende chegar), o público alvo (quem será atendido pelo programa), as ações que devem ser tomadas pela administração para consecução do programa, o estabelecimento de metas (quantos podem ser atendidos/executados efetivamente) e os indicadores de desempenho do programa (avaliação quanto ao atingimento das metas estabelecidas). Outro aspecto importante é saber se no Orçamento Anual destinado ao Órgão Municipal foi prevista a dotação orçamentária para essa descentralização de recursos, com vista ao atendimento de um programa ou ação de governo. Essa dotação estará expressa como subvenção 2, auxílio 3 ou contribuição 4, conforme o caso. Resumindo, a Transferência Voluntária Municipal é a entrega de recursos públicos (descentralização) às entidades privadas sem fins lucrativos, ou a outra entidade da administração pública, denominada aqui como Entidade Proponente, que tenha condições estatutárias, físicas, técnicas e humanas satisfatórias, para a execução de programas ou ações de governo de maneira mais econômica e eficiente. 1 O Decreto Municipal 8.324/2008 foi elaborado em consonância com a Lei nº. 4.320/1964, Lei nº. 8.666/1993, Lei Complementar nº. 101/2001 (LRF) e Resolução 03/2006 TCE-PR 2 Subveção Social: é a transferência de recursos públicos às entidades públicas ou privadas de caráter assistencial, médica, educacional ou cultural, sem finalidade lucrativa, com o objetivo de cobrir despesas de custeio. 3 Auxílio: é a transferência de capital derivada de lei orçamentária, destinada a atender despesas de invetimentos ou inversões financeiras de outras esferas de governo ou de entidades privadas sem fins lucrativos. 4 Contribuição: é a transferência corrente ou de capital destinada às entidades da Administração Pública ou às Entidades Privadas sem fins lucrativos, que não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços e não seja reembolsável pelo recebedor, observada a legislação vigente. Página 1
O que é um Plano de Trabalho: O plano de trabalho é um documento, elaborado pela Entidade proponente. É um planejamento do programa ou ação que a Entidade pretende executar, considerando todos os aspectos relacionados a essa execução (finalidade, tempo de execução, recursos físicos, técnicos, humanos, financeiros, entre outros, envolvidos na execução). Neste planejamento deve constar obrigatoriamente, no mínimo: Identificação do Objeto; Prazo para execução do objeto (vigência: data de início e fim) Justificativa para celebração do Ato de Transferência; Etapas ou fases de execução; Comprovação dos recursos próprios; Coletividade abrangida; Interesse Público e Metas Qualitativas a serem atingidas; Comprovação de Propriedade; Plano de Aplicação de Recursos Financeiros; Cronograma de Desembolso; e Metas a serem atingidas. No STVM Sistema de Transferências Voluntárias Municipais, além dos elementos acima, a Entidade Proponente deverá definir o Tipo de Projeto, que deverá estar relacionada com sua finalidade estatutária e o objeto que esta pleiteando, sendo elas: Assistência Social; Cultural; Educacional; Esportiva; Saúde; Outras Entidades. Outro aspecto importante é o período em que a Entidade pretende executar o objeto (data de início e fim). Lembre-se: Nessa fase, o Plano de Trabalho é a proposta da Entidade para executar um programa ou ação de governo. Deve considerar o tempo que o processo tramita no Município (aprovação do Plano de Trabalho, Formalização do Termo de Repasse e Repasse dos Recursos). Resumindo: A data de início para a execução do objeto deve, necessariamente, considerar o tempo do trâmite anterior ao repasse dos recursos. Página 2
Identificação do Objeto: Trata-se do(s) objetivo(s) do Plano de Trabalho que a Entidade Proponente pretende alcançar ao seu final, e deve ser escrito de forma clara, objetiva e sucinta. Este objetivo deve estar relacionado diretamente ao programa e/ou ação de governo que a entidade pretende executar para o Município (aqueles expressos nas leis orçamentárias municipais PPA/LDO/LOA), caso contrário o Município, não poderá aprovar o Plano de Trabalho e celebrar o ato de formalização da transferência voluntária. Pense que: O objeto é um produto/serviço que a Entidade tem a oferecer, e que pode ser adquirido pelo Município. O que/qual é esse produto/serviço? Justificativa para celebração do ato de transferência: Na justificativa a Entidade Proponente vai discorrer sobre todos os problemas existentes e que pretende solucionar através do seu objeto (produto/serviço), e quais os benefícios que esse produto/serviço irá trazer a comunidade que se encontra com os problemas detectados previamente. Questione-se: Por que o Município deveria adquirir o seu produto/serviço? Venda seu peixe!... OBS: Lembre-se que Município somente poderá adquirir o seu produto/serviço se este trouxer benefícios diretos à população, e que seja mais barato do que ele próprio executar ou adquirir de outro. Etapas ou Fases de Execução: Trata-se das etapas ou fases para se alcançar o objetivo final. Planeje: Qual é o primeiro, segundo, terceiro (...) passo para a Entidade atingir seu objetivo final quanto a sua propositura (Objeto)? Página 3
Comprovação de Recursos Próprios: Trata-se de discriminar todos os recursos físicos, humanos e técnicos que a entidade já dispõe para a execução do objeto que deseja realizar. Lembre-se: É condição legal para aprovação do Plano de Trabalho e conseqüente formalização do ato de transferência, que a Entidade disponha de condições estatutárias, físicas, técnicas e humanas. Coletividade Abrangida: Trata-se de identificar a população/comunidade (Público Alvo) que vai ser atendida pela proposta constante do Plano de Trabalho. Atenha-se A Entidade esta oferecendo um produto/serviço ao Município que é a execução de um programa ou ações de governo. Estes programas ou ações visam melhorar a vida da população cascavelense através da prestação de serviços. A que faixa da população cascavelense se destina o produto/serviço que a Entidade oferece? A quem se destina o produto/serviço? Quem é o PÚBLICO ALVO do meu projeto/proposta? Interesse Público e Metas Qualitativas a serem Atingidas: O Interesse Público e Metas Qualitativas esta relacionado ao bem estar ou melhorias que a execução do programa ou ação trará a população (Público Alvo) diretamente atingida pelo projeto. Observe: Antes da execução do objeto por parte da Entidade aquela comunidade (Público Alvo) se encontrava em uma determinada situação (diagnóstico atual). Depois da execução do programa ou ação, qual é a perspectiva que a comunidade (Público Alvo) vai se encontrar ao término da execução do objeto pela Entidade (cenário futuro). Quais os ganhos sociais que o projeto deverá trazer para a comunidade (Público Alvo) atingida? Página 4
Comprovação de Propriedade: Comprovação de Propriedade esta relacionado à propriedade dos recursos físicos disponíveis para a execução do objeto, caso se trate de um objeto que será executado na estrutura da entidade proponente. Podemos entender aqui a própria escritura do imóvel ou contrato de locação da estrutura que será utilizada para consecução do objeto. No caso em que o objeto for para serviços de engenharia, obras, entre outros, é necessário que a propriedade seja da entidade convenente, observadas as demais normas vigentes. Quando preencher este campo, coloque alguns elementos do documento que possam ser identificados e comprovados (nº. escritura ou matrícula do imóvel, nº. contrato de locação, vigência, as partes,...) Intervenientes: No STVM (Sistema de Transferências Voluntárias Municipais), este campo será preenchido, quando tiver um terceiro envolvido (além da Entidade Proponente e o Município) na execução do objeto e que fará parte da formalização do ato de transferência, consentindo e assumindo obrigações em nome próprio. Local do Projeto: Local do Projeto refere-se ao local (endereço) onde será disponibilizado o objeto (serviço/produto). Caso o projeto não seja desenvolvido em um lugar fixo, descreva as comunidades/localidades que serão atingidas. Plano de Aplicação: A entidade deverá classificar todas as categorias em que vai desembolsar os recursos para consecução do objeto, atribuindo valor a cada categoria de despesa, considerando o número de parcelas que receberá os recursos e o prazo de vigência do Plano de Trabalho. IMPORTANTE: Deverão ser levantados pela Entidade todos os gastos financeiros que terá para consecução do objeto que está pleiteando. Após, levantado todos os gastos, deverá classificar todas essas despesas conforme as categorias dispostas no STVM (Sistema de Transferências Voluntárias Municipais). Página 5
Caso tenha dúvidas quanto à classificação da despesa em relação às categorias, procure no Google a PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº. 163, DE 04 DE MAIO DE 2001 (ANEXO II NATUREZA DA DESPESA) E PORTARIA Nº 448, DE 13 DE SETEMBRO DE 2002 MF/STN. Só serão aceitas despesas que tenham relação direta com a execução do objeto e de acordo com a classificação da despesa no Plano de Aplicação!!! Planeje bem os recursos financeiros necessários e quais as despesas que atenderão a execução do objeto. Ainda com dúvidas: converse com o seu contador. Verifique com o contador da Entidade, quando da classificação de categorias de despesas, quais as que podem ter reflexos de retenções fiscais, incidência de encargos, entre outros.... Essas despesas para serem cobertas pelo Município, caso seja aprovado, deverão estar previstas e classificadas corretamente já no Plano de Aplicação elaborado pela Entidade. Por exemplo, quando se tratar de gastos relativos às categorias Serviços de Terceiros Pessoa Física e Pessoa Jurídica, verificar com seu contador todas as retenções fiscais que incidem sobre essas aplicações, pois essas retenções deverão ser classificadas como Obrigações Tributárias e Contributivas. Cronograma de Desembolso: O cronograma de desembolso indica de que forma (meses e valores) a Entidade vai aplicar os recursos financeiros repassados pelo Município para consecução do objeto. O cronograma de desembolso deve estar em consonância com as Etapas/Fases de execução do objeto. Importante aqui que se observem quais são os períodos que demandarão mais e menos recursos financeiros, conforme as Etapas/Fases estabelecidas para a execução do objeto. É conforme o cronograma de desembolso que o Município repassará, caso aprovado o Plano de Trabalho e formalizado o Ato de Transferência, os recursos financeiros à Entidade para consecução do objeto. Página 6
Metas do Plano de Trabalho: As Metas do Plano de Trabalho são os objetivos que se pretende alcançar em cada fase/etapa de execução do objeto. As metas devem ser atingíveis e mensuráveis. É através das metas que se verifica se o objetivo proposto foi ou não atingido. Metas podem ser entendidas como o resultado que é esperado no futuro, relacionado a um objetivo, tempo e valor, ou seja, uma meta é um objetivo traduzido em termos quantitativos e que pode ser mensurado. Pense: Se o meu projeto visa o atendimento direto a pessoas: Quantas pessoas serão diretamente atendidas?? Se o meu projeto visa à disponibilidade de serviços: Quantos cursos, palestras,..., serão disponibilizados à população (público alvo)?? Se o meu projeto visa à aquisição de material permanente, equipamentos...: Quais e quantos serão os materiais/equipamentos adquiridos? IMPORTANTE: Será feito pelo Órgão Repassador dos recursos uma relação entre os valores envolvidos para execução do objeto e as metas propostas para se chegar ao custo/beneficio do projeto. LEMBRE-SE: De acordo com a Legislação Federal, Estadual e Municipal, o Município descentralizará recursos financeiros às Entidades sem fins lucrativos ou a outras entidades públicas (Transferências Voluntárias Municipais), se ficar comprovado através do Plano de Trabalho, que é mais econômico e eficiente para a Administração Municipal esta descentralização dos programas ou ações de governo. Atenção: Esse manual tem como única finalidade ajudar de forma conceitual na elaboração de Planos de Trabalho que serão analisados pela Administração Pública Municipal para concessão de Transferências Voluntárias Municipais. Em nenhum momento este manual substitui as obrigatoriedades expressas nas normas vigentes e a análise discricionária dos técnicos municipais. Acesse o STVM em http://www.cascavel.pr.gov.br/stvm/index.html (legislação e manuais), e veja o Decreto nº. 8.324/2008 e os manuais de operacionalização do Sistema. Página 7