Efeito do uso de MAP revestido com polímeros de liberação gradual em parâmetros vegetativos do milho. Wender S. Rezende 1,5, Flavia B. Agostinho 1,6, Érico A.S. Borges 1,7, Francis E. da Silva 2,8, Adriane A. Silva 3,9, Regina M. Q. Lana 4,10 1 Bolsista PET Agronomia Universidade Federal de Uberlândia, Bairro Umuarama, Uberlândia, MG, CEP 38400-015, Uberlândia MG; 2 Graduando Agronomia UFU; 3 Professora Adjunta da UFU, 4 Professora Titular da UFU; 5 endin.rezende@gmail.com; 6 flavinha_agostinho@hotmail.com; 7 erico_asb@hotmail.com; 8 francisender@hotmail.com; 9 adriane@iciag.ufu.br; 10 rmqlana@iciag.ufu.br Palavras-chave: Zea mays; Fósforo; LGP REVISÃO DE LITERATURA A cultura do milho (Zea mays L.) destaca-se em importância, tanto a nível nacional como mundial, sendo a fonte principal de carboidratos em diversos países. Além disso, desempenha grande papel na rotação de culturas, principalmente com soja e algodão, sustentando diferentes sistemas de produção no Brasil e no mundo (SILVA et al., 2004). Vários fatores, dentre os quais a irregularidade pluvial, os sistemas tradicionais de cultivo, o manejo cultural e a ausência de uma adubação balanceada, concorrem para o insucesso do cultivo milho (LUCENA et al., 2000). Logo, para o bom desempenho dessa cultura, é importante que haja uma adubação adequada, para que ocorra seu suprimento nutricional, maximizando, assim, seu desempenho. Dentre os nutrientes presentes nos fertilizantes, talvez o fósforo se constitua um dos mais limitantes para a cultura do milho, especialmente em solos sob vegetação de cerrado, que apresentam, em geral, baixo teor de fósforo disponível e reação ácida. Estas características, aliadas às altas taxas de fixação do fósforo, têm sido consideradas as limitações mais severas para a utilização destes solos no processo produtivo e para o aumento da produtividade, já que se fazem necessárias aplicações de altas doses de fósforo (LOPES, 1984). Ressalta-se, ainda, que os fosfatos são recursos naturais não renováveis, escassos e sem sucedâneos, devendo, portanto, ter utilização eficaz (PRADO, 2001). Segundo Melo (2004), uma alternativa no mercado para potencializar a adubação fosfatada é a utilização de adubo revestido com polímeros, que implicam em uma liberação gradativa do fósforo contido nos grânulos do adubo. Esse revestimento reduz perdas por fixação, com isso, aumenta a absorção desse elemento, reduzindo as perdas e, consequentemente, incrementando a produtividade da cultura. Em vista disso, o presente trabalho objetivou avaliar o desempenho vegetativo de plantas de milho sob adubação com diferentes fontes de adubos fosfatos, com e sem revestimento de polímeros. 1821
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal de Uberlândia, em Uberlândia MG, com duração de 45 dias. A semeadura ocorreu no dia 30 de setembro de 2009 utilizando-se a variedade de milho DKB 390. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 5 X 3 (5 doses, 3 fontes de MAP), sendo que cada parcela foi constituída de um vaso de 3 kg de solo com 2 plantas. O solo utilizado foi um Latossolo Amarelo Ácrico Típico, na fase cerrado tropical subcadosifólio com horizonte A moderado, relevo plano, textura muito argilosa (121 g.kg -1 de areia grossa, 69 g.kg -1 de areia fina, 24 g.kg -1 de silte e 806 g.kg -1 de argila), cujas características químicas encontram-se na Tabela 1. Observa-se que este solo apresenta média disponibilidade natural de fósforo, o que é importante para observar os processos de disponibilização de fósforo com interferência das reservas do solo. Tabela 1 Características químicas do solo utilizado. ph H 2 O P K Ca Mg Al H+Al M.O ---1: 2,5--- ----mg dm -3 --- ---------------cmol c dm -3 ------------- dag kg -1 5,2 9,5 34 0,4 0,1 0,4 4,3 2,6 Argila Silte Areia fina Areia Grossa B Mn Zn ---------------------------g kg -1 ----------------------- mg dm -3 806 24 69 121 0,12 1,2 0,4 Foi feita uma adubação em todos os vasos com 1,66 g por vaso de cloreto de potássio (KCl) e 2,22 g por vaso de sulfato de amônio ((NH 4 ) 2 SO 4 ). A determinação do número de sementes por vaso foi calculada considerando uma densidade igual a 90.000 plantas por hectare, equivalendo a duas plantas por vaso, sendo que para isto, foi feito um desbaste após a emergência das sementes. As fontes de fósforo aplicadas foram MAP convencional, sem tratamento com polímero; MAP revestido com um polímero de liberação gradual, PHOSMAX; e MAP encapsulado com três polímeros, KIM COAT (LGP). Estas fontes não possuíam variação na concentração de P 2 O 5, tendo 59% do mesmo solúvel em CNA + H 2 O. Além das diferentes fontes de fósforo, variaram-se também as dosagens aplicadas. Essas consistiram na aplicação do equivalente a 40, 80, 120 e 160 kg ha -1 de P 2 O 5 das diferentes fontes citadas anteriormente sem a realização da incorporação ao solo. Esses tratamentos estão descritos na Tabela 2. Tabela 2 Tratamentos. Tratamentos: T1 Testemunha (Sem adubação fosfatada) T2 40 kg ha -1 de MAP convencional T3 80 kg ha -1 de MAP convencional T4 120 kg ha -1 de MAP convencional 1822
T5 160 kg ha -1 de MAP convencional T6 40 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T7 80 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T8 120 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T9 160 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T10 40 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) T11 80 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) T12 120 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) T13 160 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) Mensuraram-se dados vegetativos como a altura de planta, diâmetro da base do colmo, ambos aos 15 e 30 dias, produção de matéria seca (MS) e matéria verde (MV). RESULTADOS E DISCUSSÃO O efeito da fonte de fósforo na altura de plantas aos 15 dias depende da dose utilizada e vice-versa. Quando aplicada a dose de 40 kg.ha -1, o tratamento com PHOSMAX apresentou a maior altura em relação às demais fontes, já na dose de 160 kg.ha -1 este apresentou a menor altura, sendo que nas demais doses não houve diferença significativa entre as fontes. Em média, observou-se que não houve diferença entre as fontes para esta variável e, em relação às doses, somente a dose de 160 kg.ha -1 diferiu da testemunha, conforme apresentado na Tabela 3. Tabela 3 Resultados de altura de plantas aos 15 dias. Altura 15 dias (cm) 0 11,4 ab 11,4 aba 11,4 aa 11,4 B 40 11,17 bb 10,83 bb 16,58 aa 12,86 AB 80 15,67 aab 11,67 aab 15,92 aa 14,41 AB 120 13,78 aab 10,92 ba 14 aa 12,9 AB 160 17 aa 16,67 aa 12 ba 15,2 A Média 13,8 a 12.3 a 13.98 a CV % 16,35 Já aos 30 dias a altura não foi influenciada pelas fontes e pelas doses (P<0,05), logo, independente da fonte utilizada, a melhor a aplicação de MAP promoveu uma altura superior em 65% ao tratamento sem aplicação de MAP. A utilização de fontes revestidas não causou interferência na altura em ambas as alturas avaliadas (Tabelas 3 e 4). 1823
Tabela 4 Resultados de altura de plantas aos 30 dias. Altura 30 dias (cm) 0 24,83 ab 24,83 ab 24,83 aa 24,83 B 40 44,83 aa 50,5 aab 46,33 aa 47,22 A 80 47,5 aa 48,83 aab 42 aa 46,11 A 120 31,92 aa 49,83 aab 42,33 aa 41,36 A 160 50,5 aa 49,67 aa 38,17 aa 46,11 A Média 39,92 a 44,73 a 38,73 a CV % 22,83 Em relação ao número de folhas, não foi observada interação significativa (P<0,05) entre as doses testadas e as fontes de MAP. Tanto a dose de MAP quanto a fonte não diferiram significativamente do tratamento controle (sem aplicação de MAP), inferindo-se que o número de folhas não é alterado pela aplicação de MAP (Tabela 5). Tabela 5 Resultados de números de folhas. Número de folhas 0 5,5 aa 5,5 aa 5,5 aa 5,5 A 40 4,83 ba 4,67 ba 6 aa 5,17 A 80 5,5 aa 5,33 aa 5,67 aa 5,5 A 120 5,33 aa 5,67 aa 5,67 aa 5,6 A 160 5,83 aa 5,5 aa 5 aa 5,4 A Média 5,4 a 5,33 a 5,57 a CV % 9,31 Mesmo não havendo diferenciação nas variáveis vegetativas avaliadas, o fornecimento de fósforo deve ser feito para o desenvolvimento destas características uma vez que sua função esta correlacionada com a taxa fotossintética que influencia estes parâmetros. Este fato pode estar correlacionado, pois o solo estudado (Tabela 1) encontrava-se originalmente com boa disponibilidade de fósforo, de acordo com CFSEMG (1999), o que limita o efeito da adubação. CONCLUSÃO Em geral, não houve efeito entre dose e fonte nas características vegetativas avaliadas. Porém, vale salientar que na altura das plantas aos 15 dias foi notada uma pequena diferença, sendo que o PHOSMAX respondeu melhor a menores doses, enquanto o LGP respondeu melhor a maiores doses. 1824
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CFSEMG - Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 5. ed. Lavras, 1999. 359 p. MELO, L. A. F.; SILVA, D. S.; CARNEVALE, A. B.; CABACINHA, C. D.; CUNHA, S. C. Adubos polimerizados podem reduzir a adubação nitrogenada e fosfatada no algodoeiro. 2004. Disponível em: < http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/algodao/publicacoes/cba6/trabalhos/solos_e_nutricao_ de_plantas/trabalho%20sn04.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2010. LOPES, A.S. Solos sob "cerrado": características, propriedades e manejo. Piracicaba: Potafós, 1984. 162p. LUCENA, L. F. C.; OLIVEIRA, F. A.; SILVA, I. F.; ANDRADE, A. P. de. Resposta do milho a diferentes dosagens de nitrogênio e fósforo aplicados ao solo. Rev. bras. eng. agríc. ambient. [online]. 2000, vol.4, n.3, pp. 334-337. ISSN 1415-4366. doi: 10.1590/S1415-43662000000300005. PRADO, R. M.; FERNANDES, F. M. Aspectos econômicos da adubação fosfatada para cultura do milho. Sci. agric. [online]. 2001, vol.58, n.3, pp. 617-621. ISSN 0103-9016. doi: 10.1590/S0103-90162001000300027. SILVA, D.J.; VENEGAS, V.H.A.; RUIZ, H.A.; SANT'ANNA, R. Translocação e redistribuição de enxofre em plantas de milho e de soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v.38, n 6, p.715-721; 2004. 1825