Adriana Oliveira Barros¹ Márcio Castanha¹ Lunalva Moura Schwenk¹

Documentos relacionados
Avaliação de métodos de classificação para o mapeamento de remanescentes florestais a partir de imagens HRC/CBERS

¹ Estudante de Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estagiária na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

Mapeamento do uso da terra baseado em imagem Ikonos II com a utilização de algoritmos classificadores por pixels e por regiões

Anais 1º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Campo Grande, Brasil, novembro 2006, Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p

USO DO APLICATIVO SPRING NO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO: ESTUDO DE CASO NA REGIÃO DE SANTA CARMEN MT

COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA MAXVER E DISTÂNCIA MÍNIMA NA ANÁLISE DO USO E COBERTURA DO SOLO NA REGIÃO DO ALTO ARAGUAIA

CLASSIFICAÇÃO PIXEL A PIXEL DE CULTIVOS CAFEEIROS EM IMAGEM DE SATÉLITE DE ALTA RESOLUÇÃO

Desempenho de classificadores de SIG em imagens do Landsat-8 da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco Verdadeiro Oeste do PR, no ano de 2015

II Semana de Geografia UNESP / Ourinhos 29 de Maio a 02 de Junho de 2006

ANÁLISE DA ACURÁCIA DO MAPEAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS NO ÂMBITO DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL NO MUNICÍPIO DE CURAÇÁ BA

Classificação de imagens de Sensoriamento Remoto. Disciplina: Geoprocessamento Profª. Agnes Silva de Araujo

Maria Gonçalves da Silva Barbalho 1 André Luiz Monteiro da Silva 1 Mariana Almeida de Araújo 1 Rafael Antônio França Ferreira 1

AVALIAÇÃO TEMPORAL DA COBERTURA E USO DA TERRA NA BACIA DO RIO VERDE, MICRORREGIÃO DE CERES GOIÁS, EM 1998, 2008 E 2018

AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS CLASSIFICAÇÃO NA EXTRAÇÃO DE FEIÇÕES EM IMAGENS DE ALTA RESOLUÇÃO DO SENSOR AEROTRANSPORTADO ADS-80.

ANÁLISE TEMPORAL DAS ÁREAS DE EXPANSÃO DE REFLORESTAMENTO NA REGIÃO DO CAMPO DAS VERTENTES-MG

Uso da terra na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai no Brasil

MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DO SOLO DE DOIS VIZINHOS-PR NOS ANOS DE 1984 E 2011 ATRAVÉS DE IMAGENS ORBITAIS TM/LANDSAT 5

CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA EM IMAGEM ALOS PARA O MAPEAMENTO DE ARROZ IRRIGADO NO MUNICÍPIO DE MASSARANDUBA SC

CARACTERIZAÇÃO DAS APP S DOS CÓRREGOS INSERIDOS NO PERÍMETRO URBANO DA CIDADE DE GURUPI TO

VALIDAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES DAS IMAGENS DOS SATÉLITES LANDSAT 8 E SENTINEL-2 NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO RIBEIRÃOZINHO/MS

USO DE IMAGENS DO SATÉLITE RESOURCESAT 1 (IRS-P6) PARA ESTUDO DO DESMATAMENTO NO ASSENTAMENTO VALE VERDE, GURUPI-TO

Projeto TERRACLASS Cerrado. Mapeamento do Uso e Cobertura Vegetal do Cerrado

MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA MICROBACIA DO CÓRREGO DO KARAMACY - ITAPEVA/SP.

IMAGENS DIGITAIS APLICADAS PARA DETERMINAÇÃO DE ÁREAS AGRÍCOLAS ATRAVÉS DO CLASSIFICADOR BAYES

RECURSOS HÍDRICOS ESTUDO DAS FORMAS DE OCUPAÇÃO DAS APPs DE PARTES DO RIO URAIM PARAGOMINAS-PA.

Anderson Ribeiro de Figueiredo Laurindo Antonio Guasselli Guilherme Garcia de Oliveira

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - MONITORAMENTO AMBIENTAL

Caracterização da adequação do uso agrícola das terras no Distrito Federal 1.

Avaliação de métodos de classificação de imagens IKONOS para o mapeamento da cobertura terrestre

SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO A ANÁLISE AMBIENTAL NO SEMIÁRIDO: A CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA

QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE DESMATAMENTO NO ESTADO DO TOCANTINSS DURANTE O PERÍODO DE 1995 A 2000

Uso conflitivo do solo nas áreas de preservação permanente do município de Bocaina de Minas /MG.

Relação entre Autos de Infração lavrados pelo IBAMA e detecções do sistema DETER no estado de Mato Grosso.

Alterações no padrão de cobertura da terra na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro/RJ nos anos de 1985 e DOMINIQUE PIRES SILVA

Segmentação de imagens-fração derivadas do sensor TM-Landsat para o mapeamento do uso do solo no municipio de Sapezal (MT)

Análise da dinâmica espacial da área de soja em municípios do Mato Grosso por meio de imagens do sensor MODIS 1. INTRODUÇÃO

Uso de SIG para confecção de um mapa de uso e ocupação do solo do município de Bambuí-MG

Análise Temporal De Uso/Cobertura Do Solo Na Bacia Da Represa Do Rio Salinas, Minas Gerais

SENSORIAMENTO REMOTO NA IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE ÁREAS ÚMIDAS NO DISTRITO FEDERAL

COMPARAÇÃO TEMÁTICA DE IMAGENS FUSIONADAS E NÃO FUSIONADAS RESUMO ABSTRACT

5 Experimentos Corpus

MAPEAMENTO DAS CLASSES DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR) EM MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO PORTAL DA AMAZÔNIA

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES AVALIAÇÃO DETER JUNHO DE 2009 INPE COORDENAÇÃO GERAL DE OBSERVAÇÃO DA TERRA

SÍNTESE. AUTORES: MSc. Clibson Alves dos Santos, Dr. Frederico Garcia Sobreira, Shirlei de Paula Silva.

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES AVALIAÇÃO DETER JULHO DE 2009 INPE COORDENAÇÃO GERAL DE OBSERVAÇÃO DA TERRA

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES AVALIAÇÃO DETER OUTUBRO DE 2009 INPE COORDENAÇÃO GERAL DE OBSERVAÇÃO DA TERRA

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR SATÉLITES

USO INADEQUADO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Classificação digital de Imagens

DETECÇÃO AUTOMÁTICA DAS ÁREAS DE REFORMA DENTRO DAS ÁREAS DE CANA-DE-AÇÚCAR (Projeto CANASAT)

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR SATÉLITES

DEGRADAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA BACIA HIDRÁULICA DO AÇUDE DE BODOCONGÓ

Mapeamento do uso do solo para manejo de propriedades rurais

André Moscardo Salles Almeida Luz 1 Rita de Cassya Almeida Sousa 1 Edison Crepani 1 Juliano Vieira de Paula ¹

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - GEOPROCESSAMENTO

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR SATÉLITES

EXPANSÃO AGROPECUÁRIA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO AREIAS, TOCANTINS.

Mapeamento de uso e ocupação do solo do município de Uberlândia-MG utilizando técnicas de Geoprocessamento.

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO-BAIXO CURSO DO RIO ARAGUARI

Sensoriamento Remoto

Ecologia de Paisagem Conceitos e métodos de pesquisa 2012

Mapeamento e análise multitemporal do uso e ocupação do solo em região do município de Santarém-PA através de imagens Landsat 5-TM

Utilização de imagens de satélite para criação do mapa de uso e cobertura da terra para o estado de Goiás Ano base 2015

Mapeamento espaço-temporal da ocupação das áreas de manguezais no município de Aracaju-SE

Técnicas de Sensoriamento Remoto na análise temporal para a gestão territorial do município de Timon-MA

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR SATÉLITES

TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO NA ANÁLISE TEMPORAL PARA A GESTÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE TIMON-MA

V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

Cidade Universitária Zeferino Vaz Campinas - SP

Metodologia adotada pelas iniciativas de monitoramento do Atlas da Mata Atlântica e do MapBiomas

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E IMPACTOS AMBIENTAIS NA MICROBACIA DO CÓRREGO MATRIZ-GO, BRASIL

ANÁLISE DE IMAGENS COMO SUBISÍDIO A GESTÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DA BACIA DO RIO JUNDIAÍ-MIRIM

Validação do mapeamento de vegetação secundária do projeto TerraClass para município de Bragança, Estado do Pará

3 Bolsista de iniciação cientifica Fapemig Ufla-MG. 4 Pesquisadora Doutora Epamig Lavras-MG. 5 Pesqiusadora Mestre Epamig Lavras-MG

Utilização de imagens do satélite CBERS2 para estudo multitemporal do desmatamento no assentamento Vale Verde, Gurupi - TO

MAPEAMENTO E ANÁLISE DOS DESMATAMENTOS NO BIOMA CERRADO PARA O PERÍODO

Atlas didático-pedagógico para educação sócio-ambiental nos municípios da Grande Dourados-MS

RELATÓRIO: MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DA MORATÓRIA DA SOJA.

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES. AVALIAÇÃO TRIMESTRAL DO DETER Novembro de 2008 a Janeiro de

Modelo de estratificação de áreas visando à recuperação da área no entorno da Usina Hidrelétrica do Funil (Rio Grande) - MG

Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Ministério da Ciência e Tecnologia

ANÁLISE TEMPORAL DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ASSENTAMENTO RURAL GRANDE VITÓRIA

ANEXO-UNDER 2 ESTADO DE MATO GROSSO

USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA- MG ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO

artigo anterior Mudanças no uso do solo nas bacias do rio Preto e ribeirão Entre Ribeiros/MG a partir de imagens do sensor Landsat 5 TM Abstract

AVALIAÇÃO DA ACURÁCIA DAS COORDENADAS OBTIDAS NO GOOGLE EARTH PARA O MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES - MG

MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL DA AMAZÔNIA POR SATÉLITES. Fevereiro. ro/feverei

CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA UTILIZANDO O SPRING VISANDO A AVALIAÇÃO TEMPORAL DO USO DO SOLO NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Mapeamento de áreas ocupadas com cana-de-açúcar no município de Campo Florido por meio de imagens Landsat / TM

Uso De Índice De Vegetação Para Determinar A Evolução Do Desmatamento Numa Sub-Bacia Do Uruçuí-Preto

Figura 1 - Abrangência espacial do Bioma Cerrado. Fonte: Adaptado de Scariot et al. (2005).

EIXO TEMÁTICO: TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS

MAPEAMENTO DO USO DA TERRA E DA EXPANSÃO URBANA EM ALFENAS, SUL DE MINAS GERAIS

Uso de geotecnologias livres para o mapeamento das plantações de Eucalipto, Nossa Senhora do Socorro-SE

Adequação agrícola do uso e ocupação das terras na Bacia do Rio São Bartolomeu, Distrito Federal

Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016)

COMPARATIVO ENTRE MÉTODOS DE TRATAMENTO DE MAPAS DE PRODUTIVIDADE. Favoni, VA 1, Tedesco, DO 2, Tanaka, EM, 3

Isaque Daniel Rocha Eberhardt

I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

Transcrição:

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6089 Classificação de uso da terra no município de Lucas do Rio Verde: uma análise da confiabilidade na classificação automática e manual de imagem Landsat nas áreas de preservação permanente Adriana Oliveira Barros¹ Márcio Castanha¹ Lunalva Moura Schwenk¹ ¹Universidade Federal de Mato Grosso UFMT Av: Fernando Correia s/n. Cuiabá MT, Brasil dricabarros1@hotmail.com mcastanha1@hotmail.com lunalvaschwenh104@hotmail.com Abstract. The present work has as main objective the mapping of agricultural expansion in the city of Lucas do Rio Verde emphasizing the permanent preservation areas, where there will be an analysis of the reliability of automatic classification and manual as validation of Landsat data classification. Thus, for the mapping and classification of land use in that municipality became a supervised classification on Landsat-TM5 image with a resolution of 30 meters using Bhattacharya classifier using the software SPRING version 5.0.6. Subsequently the vector was done in the areas where there were the highest environmental impacts in a timely manner, in this case, the Permanent Preservation Areas, in Arc-GIS 9.3 software obtained as parameter three Google image clippings High Spatial Resolution. Finally the evaluation of data, made the comparison of manual and automatic classification of Landsat image data for the clips of vectorized images from Google. Thus the work resulted in the classification of Lucas do Rio Verde has a total area of 368,044 ha ², 66.37% of deforested areas, 29.62% of areas with natural vegetation and even 4.01% of wetlands or rivers. As for the areas of APP are degraded considerably since the three methods were classified between 40 and 60% degradation in APP within the limits of cut samples. Finally, the accuracy of the data was considered reasonable for the automatic classification and excellent for the vector image in regard to the method of index Kappa. Palavras-chave: Image classification; APP; Validation; Index Kappa. 1. Introdução O avanço desordenado da agropecuária no Brasil principalmente pós revolução verde com a predominância da soja, tem causado impactos ambientais em muitos Estados e municípios. Em Mato Grosso, o avanço da fronteira agrícola nos limites não permitidos pela legislação, tem sido preocupante, pois vem afetando a dinâmica ambiental principalmente, ao longo dos cursos de água e causando desequilíbrios no regime hídrico dos mesmos, entre outros fatores. Desta maneira, o aumento do uso da terra pela ação antrópica, especialmente pela agropecuária, vem supostamente ocupando as Áreas de Preservação Permanente do município de Lucas do Rio Verde, haja vista que é um dos maiores produtores de grãos do Estado de Mato Grosso. Neste sentido, vem comprometendo principalmente a qualidade e quantidade da água, ou seja, interferindo no regime hídrico, onde se pode constatar em todo o Mato Grosso em que rios perenes se tornam intermitentes e rios intermitentes, efêmeros, além de outros impactos inerentes. Assim, o presente trabalho tem como objetivo principal, o mapeamento do avanço agrícola do município de Lucas do Rio Verde sob influência do eixo de integração e 6089

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6090 desenvolvimento da BR-163 enfatizando as áreas de preservação permanente onde será feita uma análise da confiabilidade na classificação automática e manual de imagem Landsat como validação dos dados de classificação. 2. Localização da Área Lucas do Rio Verde localiza-se na região geográfica Centro Oeste; mesorregião geográfica Norte Mato-Grossense e Microrregião do Alto Teles Pires. Sua Altitude é de 400 metros e as coordenadas geográficas da sede municipal correspondem: Latitude 13 04 33 S e Longitude 55 44 41 W. Está situado na região Norte do Estado de Mato Grosso, também as margens da BR-163, distante 350 Km da capital Cuiabá, figura 1. Figura 1. Localização da área de estudo. Fonte. Seplan, elaborado por CASTANHA. M, 2010 3. Materiais e Métodos Foram utilizados os seguintes dados e programas para a realização do presente trabalho. Segue os passos: 1) Uma imagem Landsat (TM) 5, de 30 m de resolução espacial na Órbita 227/069 nas bandas 3, 4 e 5, na composição (RGB) do ano de 2008, disponível no (SISCON) sistema de imagens georeferenciadas do IBAMA e três recortes de imagens IKONOS de resolução espacial de 5 metros disponibilizadas pelo Google Earth. 2) O banco de dados utilizado foi processado no laboratório de Geoprocessamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso. 3) Fez-se a classificação automática no software Spring 5.0.6 e classificação manual no software Arc-Gis versão 9.3. na imagem Landsat-5. Posteriormente fez-se a classificação manual no Arc-Gis para os recortes de imagens IKONOS para em seguida utilizá-los como verdade de campo para a avaliação das classificações na imagem Landsat-5. 4) Por fim, com base na classificação manual de imagens IKONOS como parâmetro de classificação verdadeira para verificar a acurácia da classificação manual na imagem Landsat e da classificação automática gerada pelo algoritmo Bhattacharya disponível no Spring versão 5.0.6 (INPE) e feito o cruzamento dos dados. 6090

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6091 3.1 Programas Utilizados 1) O principal programa utilizado foi o software Spring na versão 5.0.6 disponibilizado gratuitamente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); 2) Utilizou-se também para o processamento final e validação da classificação automática o software Arc-Gis versão 9.3; 3) Por ultimo, para a validação final da classificação foi utilizado o software excel 2007. 3.2 Desenvolvimento do Trabalho O desenvolvimento do respectivo trabalho consiste nas seguintes etapas: Seleção da área de estudo, definida pelo projeto Reflexos Ambientais, Econômicos e Sociais causados pelo Agronegócio da Soja em Municípios sob a influência das BRs 364 e 163 no Estado de Mato Grosso. Posteriormente, coletou-se as informações secundarias em órgãos federais e estaduais com o objetivo de classificar o uso da terra do município de Lucas do Rio Verde. O ultimo passo foi à tabulação dos dados e produção de um mapa de uso da terra do município de Lucas do Rio Verde, com ênfase nas Áreas de Preservação Permanente e validação das classificações para estas áreas. 3.3 Definição e caracterização das classes de interesse A seleção e caracterização das classes de uso da terra foram definidas como base metodológica no sentido de analisar o desmate no município de Lucas do Rio Verde com o intuito de retirar algumas amostras para comparar além do desmatamento a agressão as Áreas de Preservação Permanente no que rege ao código florestal de Mato Grosso. Justifica-se a utilização do código florestal de MT, por este ser mais restritivo no contexto das Áreas de Preservação Permanente quanto ao código florestal brasileiro. Neste contexto, foram definidas as seguintes classes: Rios, Áreas Vegetadas e Áreas Desmatadas para todo o município em cada respectiva classificação de imagem. 3.4 Validação Realizada a classificação da imagem, utilizou-se de procedimentos estatísticos para definir a acurácia do mapeamento. A acurácia avalia o posicionamento da distribuição espacial de uma classe temática em relação à realidade no campo (BERNARDES, 2007). Na prática, podemos testar a precisão da classificação de quatro maneiras: 1) Os controles de campo em pontos selecionados; 2) estimativa do acordo sobre o tema ou identidade de classe entre um mapa de classes e mapas de referência; 3) análise estatística de dados numéricos desenvolvidos na amostragem; 4) cálculos da matriz de confusão (COLGATON, 1991). Embora o tema desta análise seja o erro temático, não é possível dissociá-lo dos demais tipos de erros (posicional e temporal), pois se houver grande discordância posicional a validação estará comprometida. E dependendo de sua área de estudo, o erro temporal se torna muito relevante. Desta maneira, foi levado em consideração para o erro posicional a análise individual para cada recorte de imagem, pois no cruzamento dos dados havia um considerável deslocamento, o que inviabilizaria uma matriz consistente. Quanto ao erro temporal, as imagens utilizadas foram selecionadas com preocupação de cruzar imagens da mesma periodicidade. 6091

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6092 Os mapas de verdade de campo gerados pelo software Arc-Gis em imagem de alta resolução espacial e os mapas gerados a partir das classificações digitais foram cruzados (tabulação cruzada) e dessa forma, geradas matrizes de confusão. As matrizes de confusão foram feitas no Microsoft Excel, onde daí realizados os cálculos de exatidão geral e do índice de Kappa. 4. Discussão dos Resultados 4.1 Do Mapeamento do Uso da terra Os resultados da classificação de uso da terra estão expressos da seguinte forma: De um total de 368044 m² da área classificada do município de Lucas do Rio Verde, 66,37% são de áreas desmatadas, 29,62% de áreas ainda com vegetação natural e 4,01% de áreas alagadas ou rios, veja figura 2. Figura 2. Classificação do uso da terra em Lucas do Rio Verde Fonte. Márcio Castanha, 2010. Destes dados, verifica-se que a área desmatada deste município supera o que a legislação prevê para reserva legal e APP s, pois este município se localiza dentro dos limites do Bioma Cerrado, ou seja, se encontra com bastante desobediência de acordo com a legislação vigente para as áreas de reserva legal ou preservação permanente. 4.2 Áreas de Preservação Permanente Entre os impactos ambientais produzidos devido a perda da vegetação natural, tem-se a destruição da fauna e da flora; a compactação, erosão e perda do solo; assoreamento dos rios e desmatamento de florestas de galeria; alterações climáticas; contaminação das águas provenientes do uso intensivo de agrotóxicos, entre vários outros. Os desmatamentos ocorridos nas Áreas de Preservação Permanente vem agilizar e agravar ainda mais esses impactos. Com relação aos três recortes onde se fez a classificação visual nas imagens do Landsat 5 para validar a degradação das APP s do município na constatação do nível de agressão das áreas de preservação permanente, pode-se observar que as amostragens estimam que 57% da área total das APP s estão degradadas e 43% estão conservadas de acordo com o código florestal de Mato Grosso vigente, veja figura 3. 6092

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6093 Figura 3. Classificação automática das APP`s em Lucas do Rio Verde. Fonte. Márcio Castanha, 2010. Ao analisar tais resultados gerados a partir da classificação automática gerada no Spring, observa-se que há uma grande quantidade de ação antrópica nas APP`s do município de Lucas do Rio Verde, apresentando 57% de APP s degradadas. No que se refere aos três recortes na imagem Landsat-5 onde se fez a classificação manual no Arc-Gis Versão 9.3, temos o seguinte resultado: 44% da área total de amostragem em APP s estão degradadas e 56% estão conservadas de acordo com o código florestal de Mato Grosso vigente, veja figura 4. Figura 4. Classificação LANDSAT das Apps em Lucas do Rio Verde. Fonte. Márcio Castanha, 2010. Este resultado foi consideravelmente diverso em relação ao da classificação automática, pois tem mais de 50% das áreas preservadas, isso mostra a priori, que possivelmente os resultados da classificação feita pelo software Spring terá problemas quanto a consistência dos resultados, quanto as APP`s. Por último, teve-se como parâmetro os recortes de imagens classificadas manualmente em imagens google a partir do cruzamento do uso da terra com os buffers realizados de acordo com as normas do Código Ambiental de Mato Grosso, assim obtivemos 41% das APP s degradadas e 59% preservadas, veja 5. Figura 5. Classificação GOOGLE das APP s em Lucas do Rio Verde. Fonte. Márcio Castanha, 2010 6093

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6094 Neste sentido, o resultado considerado verdade de campo, apontou que existe uma variabilidade no que tange a classificação das APP s de acordo com as duas metodologias empregadas, a classificação automática e a manual. Contudo, não foi objetivo da classificação analisar a reserva legal, porém fica evidente que estão com um considerável nível de agressão. De acordo com Schwenk (2005) os agricultores estão utilizando grande parte das áreas de preservação permanente para realizar o plantio de grãos, estando estes bem próximos aos cursos d água. Esta constatação é bastante preocupante, uma vez que, estas áreas possuem grande e inquestionável valor ambiental, podendo trazer muitos impactos com sua diminuição ou extinção. Estes resultados mostram que os proprietários de terras não estão respeitando rigorosamente a legislação ambiental, podendo-se verificar que não há uma fiscalização efetiva pelos órgãos competentes, uma vez que, tal situação se apresenta em todos os recortes do mapeamento amostrados para a classificação do município. 4.3 Avaliação da classificação O resultado da verdade de campo pode ser observado no quadro abaixo através da matriz de confusão com o respectivo índice de exatidão geral e índice de Kappa, sendo este o principal parâmetro para avaliar a classificação Segundo Colgaton (1991) pode-se definir a precisão, como o grau (muitas vezes como uma percentagem) da correspondência entre observação e realidade. Costumamos julgar com rigor em relação a mapas existentes, em grande escala de fotografias aéreas, ou verificações de campo. A tabela 1, expressa a validação da classificação automática gerada pelo classificador Bhattacharya nas imagens Landsat-TM5 desenvolvido pelo software Spring do INPE. Verdade Tabela 1. Matriz de confusão, Exatidão Geral e Índice de Kappa. Classificador Bhattacharya EG 0,74770 6 desmatada vegetada total 74,77059 desmatada 175,267 40,336 215,60 3 vegetada 103,871 252,109 355,98 Total 279,138 292,445 427,37 K 0,49251 6 Observou-se com este processo de validação para a média dos três recortes do parâmetro de campo, que o índice de kappa foi considerado como razoável na classificação automática gerada pelo software Spring 5.0.6, pois teve uma acurácia de 0,49, o que configura uma avaliação razoável de acordo com os parâmetros do índice de Kappa. Pode-se constatar ainda que os maiores erros ocorreram nas menores áreas, pois o trabalho leva em consideração APP s, onde existem muitas pequenas áreas degradadas, veja Tabela 2. Tabela 2. Diferença de área entre o classificador e a imagem Google. Recorte 02 Poligono Buffer Google Des Spring Des 0 200 482652,2973 569811,7321 1 200 156757,5634 311990,5179 6094

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6095 2 200 318864,3549 301860,1303 As figuras 6 e 7, esboçam a diferença existente entre a imagem classificada pelo software Spring da imagem Landsat 5 e a classificação visual no recorte numero 02 do Google (verdade de campo). Figura 6. Recorte Google Figura 7. Recorte Spring Fonte. Márcio Castanha, 2010. Fonte. Márcio Castanha, 2010. Isso se deu, principalmente porque durante a classificação, onde havia pequenos polígonos de vegetação natural entre as áreas desmatadas, o classificador não separou, resultando numa superestimação das áreas desmatadas. Isso ocorre devido há uma confusão dos níveis de cinza da imagem, haja vista que o método de classificação através da segmentação leva em consideração os níveis de cinza, onde agrupa-os de acordo com sua tonalidade. Cabe ressaltar que a segmentação foi feita com similaridade de 10 x 15, o que configura um bom detalhamento para classificação. Desta maneira, evidenciamos que o método de classificação automática precisa ser melhorado para dar maior confiabilidade aos dados, no caso em estudo, referente as APP s. É importante ressaltar que para a classificação automática foi utilizado áreas de treinamento para o município total de Lucas do Rio Verde e, não somente para as Áreas de Preservação Permanente. Quanto as imagens Landsat TM5 a tabela 3, demonstra o resultado de avaliação do Índice de Kappa e Exatidão Geral. Verdade Tabela 03: Matriz de confusão, Exatidão Geral e Indice de Kappa Imagem Landsat Landsat EG 0,944743 desmatada Vegetada Total 94,47425 desmatada 175,267 14,987 190,254 vegetada 10,01 252,109 262,119 Total 185,277 267,096 427,376 K 0,886216 Ao analisar os resultados da classificação visual na imagem Landsat 5, verifica-se que os mesmos são considerados Excelentes, de acordo com o parâmetro do Índice de Kappa. Desta maneira, fica evidente que a classificação visual em uma imagem de média resolução espacial pode ser consistente, principalmente se o interprete for criterioso com o processo de vetorização. Contudo, estes dados ainda necessitam de um aprimoramento, tendo em vista que as amostras são pequenas para concluir qual a acurácia verdadeiramente existe entre os dados obtidos na classificação automática e visual das respectivas APP s. 6095

Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.6096 5. Considerações e Recomendações O presente trabalho tratou de analisar o uso da terra no município de Lucas do Rio Verde, com parâmetros que deram suporte para ponderar e avaliar a sua própria análise, sendo que isto se tornou importante para a finalização do trabalho. Contudo, a pesquisa evidenciou que o uso da terra, principalmente pela agropecuária tem causado inúmeros problemas de ordem ambiental para este município, haja vista que em torno de 50% de suas Áreas de Preservação Permanente estão degradadas. No que diz respeito a avaliação do método utilizado para a classificação, podemos verificar que é razoável de acordo com a avaliação do índice de Kappa (K), pois este avaliou o classificador com uma precisão de aproximadamente 50% com relação os dados de campo. Cabe destacar que no parâmetro de avaliação foi levado em consideração somente as pequenas áreas de APPs, desta maneira a probabilidade de erro do classificador é consideravelmente maior. Sendo assim, a classificação do uso da terra para todo o município tem uma maior aceitação, pois leva em consideração maiores generalizações. Por fim, é importante considerar que este trabalho deve ter continuidade no sentido de se obter mais dados bem como trabalhar com diferentes graus de similaridade para dar uma maior consistência nos resultados avaliativos da classificação, pois quanto maior o número de amostras e os testes de similaridade provavelmente melhor a coerência dos dados. 6. Referências Bibliográficas BERNARDES. Et al. Avaliação da acurácia do mapeamento do uso da terra no complexo Serra Negra, Patrocionio, MG, por interpretação visual e classificação automática de imagens Landsat. In: Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 5587-5594. BRASIL. Código Florestal Brasileiro. Lei Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 15 set. 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4771.htm>. Acesso em: 27 Setembro de 2009. COLGATON, G. A Review of Assessing the Accuracy of Classifications of Remotely Sensed. Department of Forestry and Resource Management, University of California, Berkeley, 1991. INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Disponível em: <www.ibama.gov.br>. Acesso em: 10/06/2010. SCHWENK, Lunalva Moura. Conflitos Sócio-Econômicos-Ambientais Relativos ao Avanço do Cultivo da Soja em Áreas de Influência dos Eixos de Integração e Desenvolvimento no Estado de Mato Grosso. Rio de Janeiro: UFRJ / Geociências, 2005. SECRETARIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL DE MATO GROSSO (SEPLAN). Disponível em: <www.seplan.mt.gov.br>. Acesso em: 11/08/2010. TUTORIAL SPRING. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/tutorial/index.html>. Acesso em: 10/08/2010. 6096