Módulo 2 Estoques e controle de armas no Brasil

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Transcrição:

Módulo 2 Estoques e controle de armas no Brasil Apresentação do Módulo Armas de fogo são produtos de alta periculosidade e deveriam merecer a fiscalização e controle que o Estado dedica a outros produtos, como venenos, produtos químicos e radioativos, remédios de uso controlado, etc. Isso começa a acontecer no Brasil, mas nem sempre foi assim. Neste segundo módulo, você estudará sobre a defasagem entre o início da grande produção de armas e munições no País, sem o devido controle, e as medidas graduais de fiscalização. Até bem pouco tempo, nem mesmo se tinha ideia do número de armas em circulação entre nós. Pesquisas recentes já revelam esses dados, imprescindíveis para orientar o trabalho das forças públicas de segurança e que serão aqui analisados. A metodologia desenvolvida pelo Brasil e pela Suíça, aplicada nesses estudos, é considerada a mais avançada do mundo. Esses aspectos guiarão seus estudos neste módulo. Objetivos do Módulo Reconhecer que o aumento da produção de armas e munições no Brasil não foi acompanhado da devida fiscalização, favorecendo a proliferação de armas ilegais; Compreender a metodologia criada para estimar as armas legais e ilegais em circulação num país. Estrutura do Módulo Este módulo compreende as seguintes aulas: Aula 1 Histórico e bancos de dados Aula 2 O Universo das armas de fogo no Brasil

Aula 1 Histórico e bancos de dados Nesta aula você analisará o processo de controle de armas e munições por parte do Estado, desde o surgimento da indústria nacional sem a correspondente fiscalização dos armamentos vendidos no País, passando pelos primeiros passos dados no governo Fernando Henrique Cardoso com a criação do SINARM (Sistema Nacional de Armas e Munições), banco de dados da Polícia Federal até o governo Lula, com a aprovação do Estatuto do Desarmamento, para que a polícia contasse com um banco de dados nacional de forma a se habilitar no exercício do controle sobre o armamento em circulação no País. Com essas informações, você poderá comparar o SINARM e o SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas), banco de dados das Forças Armadas, e apontar as dificuldades e a necessidade de sua integração, de forma a possibilitar o rastreamento de armas e munições por parte da polícia. Vamos lá! 1.1. Histórico Entre as décadas de 1930 e 1970, com o apoio do Estado, o Brasil desenvolveu uma indústria competitiva de armas de fogo. Essa evolução, contudo, não foi acompanhada pela regulamentação de uso e de posse de armas de fogo, tampouco houve fortalecimento de órgãos policiais encarregados dessa atividade. O resultado foi um longo período de descontrole, sem obrigatoriedade de registro. Segundo a recente pesquisa sobre estoques de armas no Brasil, (NASCIMENTO & PURCENA, 2010), o primeiro regulamento nacional sobre armas de fogo foi promulgado em 1934 e tratava essencialmente da produção e do comércio internacional de armas de fogo, enquanto os registros para civis eram regulamentados por diretrizes do Ministério do Exército. Este regulamento previa que as autoridades estaduais deveriam providenciar esse controle, que, contudo, não era obrigatório. A partir de 1980, o Ministério do Exército introduziu novas regras, como: o registro obrigatório das armas nas secretarias de segurança pública e quantidade e tipo de armas para os civis maiores de 21 anos de idade, armas que ficavam registradas nas polícias civis de cada estado. Entretanto, não havia nenhuma instituição nacional responsável pela centralização desses registros.

Essas medidas foram possíveis graças à criação da primeira versão do SINARM, através da Lei 9.437, de 20 de fevereiro de 1997. Seus objetivos foram centralizar o registro de armas, controlar os pedidos de posse e, excepcionalmente, portes de armas, através da consulta de registros criminais. Desse modo, somente após a autorização da Polícia Federal, os estados podiam emitir as licenças. Os estados tinham a obrigação de atualizar essas informações periodicamente, mas o processo de digitalização de registros locais era lento, o que dificultava a interligação ao SINARM. Além do mais, a maioria das informações sobre armas de fogo registradas e apreendidas era subnotificada. Por essa razão, o número de armas registradas no SINARM era inferior ao número de armas comunicadas (DREYFUS, PABLO et al., 2005). 1.2. Bancos de dados A segunda versão do SINARM a Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003, denominada Estatuto do Desarmamento, consistiu na elaboração de um sistema que centralizava mais as informações sobre armas no Brasil. Os aspectos técnicos e administrativos da nova lei só entraram plenamente em vigor em julho de 2004, por meio do Decreto nº 5.123. Estabeleceu-se a responsabilidade de registro de armas, bem como de suas licenças, pela Polícia Federal. A Polícia Federal passou a centralizar em um único banco de dados todas as informações sobre fabricação, vendas internas, importações de armas de fogo para civis, armas de fogo apreendidas, e outras situações, pelos estados. O Exército, através da DFPC, permaneceu controlando as informações sobre os principais aspectos relacionados aos fluxos e aos estoques, tais como: a fabricação e o comércio internacional de todos os segmentos (civil e militar); o registro e a posse de armas de fogo particulares de oficiais militares, dos membros das polícias militares, dos caçadores, dos atiradores e dos colecionadores (C.A.C.); e as armas patrimoniais das Forças Armadas, das policias militares e dos corpos de bombeiros dos estados, da Agência Brasileira de Inteligência e do Gabinete Segurança Institucional da Presidência da República. Essa informação, segundo o Decreto 5.123, fica armazenada em um banco de dados conhecido como o SIGMA. A diferença entre os dois sistemas reside no fato de o SINARM concentrar as informações para armas de fogo nas mãos de civis, além de aspectos

relacionados à segurança pública, como apreensão de armas, e o SIGMA concentra as informações sobre armas em mãos de militares, bem como informações ligadas às questões de defesa nacional, como produção e destruição, isto é, o que se relaciona com o nível de estoque. Aula 2 Universo das armas de fogo no Brasil Introduzindo pela primeira vez informações baseadas em pesquisas, pôs-se fim às especulações sobre a realidade desse universo, que obrigava as forças públicas a combaterem o tráfico de armas sem terem noção de sua dimensão, procedência e situação. O Brasil e a Suíça foram pioneiros em desenvolver uma metodologia para estimar as armas legais e ilegais em circulação num país. As pesquisas, realizadas por uma equipe de ex-policiais e especialistas civis da ONG Viva Rio, com apoio da Polícia Federal e do Exército Brasileiro, derrubaram vários mitos, que sobreviviam pela ignorância sobre esse mercado semiclandestino, cuja sombra vem favorecendo o abastecimento de armas pelo crime organizado. São aqui revelados também os números de armas registradas, isto é, legalizadas, no País. 2.1. Metodologia A metodologia aplicada de forma pioneira no mundo foi desenvolvida com a colaboração de duas equipes: do Instituto Internacional de Estudos Pós-Graduados Small Arms Survey, da Suíça, sob a coordenação do canadense Keith Krause; e a equipe do Viva Rio, coordenada por Pablo Dreyfus, grande especialista argentino, que, trabalhando no Brasil, foi fundamental para que nos tornássemos ponto de referência no estudo de armas de fogo, e que faleceu no desastre aéreo da companhia Air France em 2009. Este modelo de análise está explicado em detalhes (DREYFUS, PABLO et al., 2005 ) e foi elaborado para estimar inclusive as armas sob sigilo militar e as ilegais, como é feito nas estimativas da produção e comercialização de drogas ilícitas. O levantamento sobre as armas em circulação no Brasil é até hoje o mais amplo já realizado a nível internacional. A mesma equipe do Dr. Dreyfus deu continuidade à pesquisa, ampliando as fontes de informação e atualizando os dados, que serão aqui expostos, contidos nas pesquisas citadas.

2.2. Universo das armas Quantas são as armas em circulação no Brasil? Quem as tem? Quais são legais? Antes da citada pesquisa Brasil: as Armas e as Vítimas, não se tinha noção do universo de armas no Brasil, e as opiniões variavam de 4 a 40 milhões de armas. Agora, é possível estimar o seu número em 15.996.300, distribuídas conforme a tabela 2. Tabela 2 Total de armas de fogo em circulação no Brasil por grupo de usuários. Observe que chamam a atenção os seguintes aspectos, que também em grande medida explicam os altos índices de descontrole das armas e das mortes por arma de fogo (PAF):

Grande número das armas está concentrado em mãos da sociedade e não do Estado (Forças Armadas e forças de segurança pública): 13,9 milhões (86,87 %, quando a média internacional é de 59,2%). A estimativa de armas de fogo legais em circulação concentra-se mais nas mãos de pessoas físicas, enquanto o Estado fica em segundo lugar (25,3%); lojas de armas (2,1%) e empresas privadas (3,1%) representam uma parcela pequena das armas de fogo legais em circulação; os C.A.C apenas 2,5%. As armas de fogo legais em mãos privadas encontram-se em sua maioria com pessoas físicas (90%). Entre os C.A.C, as armas se distribuem entre colecionadores (73%), atiradores (24,8%) e caçadores (2,2%). Há um índice alto de armas ilegais, isto é, não registradas: 7,6 milhões (47,6 %). Veja, a seguir, o gráfico 1. Gráfico 1 Estimativa de armas de fogo em circulação segundo a legalidade. Fonte: Nascimento, M.; Purcena, J.C. Estoques, p. 24 Das armas inseridas no SIGMA, o maior percentual é o de uso privado (armas que não pertencem à corporação) de bombeiros e PMs (51,2%), enquanto os C.A.C, possuem 17,1% do total. O uso privado de armas por militares é de 31,7%.

Entre as armas de fogo patrimoniais, são os militares da reserva (43,1%) e os órgãos de segurança pública (37,9%) que possuem o maior percentual. 2.3. Armas registradas no SINARM e nas SSPs dos estados Não foi possível obter dados diretos sobre os estoques das Forças Armadas nem das armas de uso privado dos militares, já que o sistema SIGMA continua praticamente inacessível para análise. Por outro lado, ao analisar o universo de armas de fogo em mãos civis, os especialistas basearam-se nos dados do SINARM e nos enviados pelas Secretarias de Segurança Pública dos Estados (SSPs) à CPI das Armas (você estudará mais sobre a CPI no Módulo 3). Veja a comparação na Tabela 3.

Tabela 3 Armas de fogo registradas por fonte de informação, período e UF. Fonte: Nascimento; Purcena. Estoques, p. 13. Na Tabela 4 são apresentados os registros no SINARM referentes aos grupos de civis (A) pessoas físicas, (B) empresas de segurança privada, (C) empresas privadas e (D) lojas de armas: UF Registros no Sinarm (2003) Registros no Sinarm (2006) Registros no Sinarm (2010) Registros nas SSP's Período coberto pelo registros estaduais Início do registro AC 3.652 35.151 62.906 481 2000 04 S/I AL 13.822 38.296 46.493 1.299 2002 03 1969 AM 36.322 43.201 64.328 34.813 1942 2003 1942 AP 6.008 10.296 15.893 9.500 1980 2004 1968 BA 56.037 70.340 86.394 61.414 1983 2003 1952 CE 22.668 65.429 85.682 53.278 1980 2004 S/I DF 70.713 190.826 202.236 160.000 1962 2003 1962 ES 20.975 27.033 51.940 39.541 1983 2004 1965 GO 86.321 251.642 261.557 144.000 1996 2003 1967 MA 21.958 33.714 48.345 S/I S/I 1970 MG 96.908 121.846 266.264 99.327 1995 2003 1942 MS 43.643 54.516 73.875 20.201 1997 2003 S/I MT 58.862 72.882 103.730 18.011 1997 2003 1975 PA 33.669 45.518 64.207 124.258 1943 2003 1943 PB 105.285 97.479 102.073 S/I S/I 1963 PE 124.748 199.420 222.710 172.947 1975 2005 1975 PI 34.458 32.990 42.612 S/I S/I 1987 PR 229.470 233.422 297.558 300.000 1964 2003 1964 RJ 160.646 190.183 224.713 550.669 1951 2001 1951 RN 51.852 60.935 66.838 34.860 1997 2003 1980 RO 26.202 28.986 44.996 19.340 1997 2003 S/I RR 10.077 13.861 20.487 S/I S/I S/I RS 164.133 207.322 492.807 501.901 1950/55 2003 Entre 1950 e 1955 SC 57.888 229.376 292.462 245.545 1972 2003 1972 SE 15.384 18.053 23.824 21.940 1983 2003 S/I SP 1.593.902 1.957.808 2.077.004 1.593.902 1935 2003 1935 TO 10.088 21.607 27.024 36.000 S/I 1989 Total 3.155.691 4.352.132 5.368.958 4.243.227

Tabela 4 Registros de armas de fogo no SINARM, 2006. UF Pessoa física (A) 2006 2010 Segurança Empresas Lojas de privada (B) privadas (C) armas (D) Total Pessoa física (A) Segurança Empresas Lojas de privada (B) privadas (C) armas (D) Total AC 32.038 450 20 231 32.739 58.179 540 34 1.069 59.822 AL 32.975 2.059 406 965 36.405 39.531 2.503 143 1.573 43.750 AM 33.178 3.064 574 4.087 40.903 52.142 4.367 486 4.675 61.670 AP 7.861 743 8 548 9.160 13.214 1.214 11 555 14.994 BA 43.967 12.441 895 1.459 58.762 52.841 15.558 1.312 4.090 73.801 CE 52.640 4.866 407 1.437 59.350 66.808 6.468 620 2.518 76.414 DF 149.119 7.039 4.407 5.639 166.204 149.004 6.281 7.743 6.897 169.925 ES 16.108 5.369 313 549 22.339 38.158 6.484 806 809 46.257 GO 236.894 5.069 1.159 6.122 249.244 243.758 7.087 1.062 7.596 259.503 MA 25.716 2.936 742 2.752 32.146 37.838 4.163 860 2.280 45.141 MG 88.206 16.685 859 5.324 111.074 212.747 19.327 636 9.284 241.994 MS 46.691 2.672 639 2.993 52.995 62.190 2.886 633 3.234 68.943 MT 65.243 2.274 230 4.540 72.287 95.021 2.894 196 4.752 102.863 PA 27.878 10.144 517 2.227 40.766 41.752 10.887 750 3.247 56.636 PB 91.004 2.950 710 663 95.327 94.314 2.625 566 571 98.076 PE 180.466 8.269 3.205 4.560 196.500 194.403 9.127 2.853 1.316 207.699 PI 28.122 1.340 249 404 30.115 36.078 1.757 259 583 38.677 PR 203.336 11.600 2.440 7.161 224.537 262.037 12.614 2.455 9.652 286.758 RJ 132.433 25.659 1.621 11.049 170.762 164.269 24.689 1.421 14.478 204.857 RN 53.529 2.207 281 243 56.260 58.816 2.197 268 332 61.613 RO 24.152 1.217 334 1.650 27.353 39.209 1.457 342 1.902 42.910 RR 12.285 304 26 546 13.161 18.120 335 27 536 19.018 RS 153.263 14.407 2.399 29.811 199.880 418.075 16.610 2.104 36.089 472.878 SC 206.402 5.800 343 7.334 219.879 260.837 7.608 450 12.710 281.605 SE 13.094 1.625 198 674 15.591 15.965 2.705 142 743 19.555 SP 1.712.577 86.734 40.015 31.330 1.870.656 1.765.956 86.582 34.762 45.882 1.933.182 TO 19.329 539 67 1.072 21.007 22.946 891 83 1.347 25.267 Total 3.688.506 238.462 63.064 135.370 4.125.402 4.514.208 259.856 61.024 178.720 5.013.808 Fonte: Nascimento; Purcena. Estoques, p. 18. Finalizando... Neste módulo, você estudou que: O aumento da produção de armas e munições no Brasil não foi acompanhado da devida fiscalização, favorecendo a proliferação de armas ilegais; Já há uma metodologia, desenvolvida pelo Brasil e Suíça, que permite estimar inclusive o número de armas sob sigilo militar e nas mãos da criminalidade; No Brasil, grande parte das armas está nas mãos da sociedade e não do Estado, e cerca da metade é ilegal, colocando um grande desafio para a polícia.