COMPENSADO FENÓLICO PRODUZIDO COM FARINHA DO ENDOCARPO DE PÊSSEGO COMO MATERIAL DE ENCHIMENTO

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XV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira 09-11/Mar, 2016, Curitiba, PR, Brasil COMPENSADO FENÓLICO PRODUZIDO COM FARINHA DO ENDOCARPO DE PÊSSEGO COMO MATERIAL DE ENCHIMENTO 1 Érika da Silva Ferreira (erika.ferreira@ufpel.edu.br) 1 Hélio Marques Ribeiro Neto (heliomrneto@gmail.com), 1 Andrey Pereira Acosta (andrey_acosta@outlook.com), 1 Diego Armando Munhoz Barbosa (diegoarmando1099@hotmail.com), 1 Leonardo da Silva Oliveira (leonardo76rs@yahoo.com.br), 1 Gabriel Valim Cardoso (gabriel.valim.cardoso@gmail.com) 1 Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias/ Engenharia Industrial Madeireira, Rua Conde de Porto Alegre, 793, Pelotas RS (96010-290) RESUMO: O estudo teve como objetivo avaliar o potencial tecnológico de utilização da farinha do endocarpo de pêssego (Prunus persica L.) como material de enchimento alternativo para produção de compensados estruturais constituídos por lâminas de pinus e eucalipto. Um total de 12 compensados foram confeccionados em 4 tratamentos, sendo cada painel constituído por 5 lâminas de uma mesma espécie e adesivo fenol-formaldeído, empregando em sua formulação material de enchimento alternativo e o convencional (farinha da casca de Cocos nucifera L.). Os painéis foram manufaturados de acordo com os seguintes parâmetros: formulação do adesivo (p/p) - <100 resina fenolformaldeído; 10 material de enchimento; 5 extensor; 5 água>, pressão especifica de 10 kgf/cm², gramatura de 160g/m 2 (linha simples), 10 minutos de pré-prensagem, prensagem a quente por 7 minutos e 140 C de temperatura. Após a climatização das chapas, os corpos de prova foram dimensionados e os ensaios físicos (teor de umidade, massa específica aparente, absorção de água e inchamento em espessura) realizados de acordo com as especificações da norma brasileira. De modo geral, a farinha do endocarpo de pêssego demonstrou potencial tecnológico para uso como material de enchimento alternativo na manufatura de painéis compensados em substituição ao material convencional. Palavras Chave: painéis de madeira; resina fenol-formaldeído; propriedades físicas. PHYSICAL PROPERTIES OF PHENOLIC PLYWOOD PRODUCED WITH ENDOCARP OF PEACH (Prunus persica L.) FLOUR AS AN ALTERNATIVE FILLER ABSTRACT: The study aimed to evaluate the technological potential of use of endocarp of peach (Prunus persica L.) flour as an alternative filler for the production of structural plywood made of pine and eucalyptus veneers. A total of 12 plywoods were made in 4 treatments, each panel consisting of 5 veneers of the same species and phenol formaldehyde adhesive, employing its alternative filller and the conventional (flour of Cocos nucifera L. bark). The panels were manufactured according to the following parameters: adhesive formulation (w/w) - <100 - phenol-formaldehyde resin, 10 - filler; 5 - extender; 5 - water>, specific pressure of 10 kgf/cm², amount of adhesive 360g/m 2 (double line), 10 minutes pre-pressing, hot pressing for 7 minutes and 140 C. After boards climatization, the samples were dimensioned and physical tests (moisture content, target density, water absorption and thickness swelling) performed according to the specifications of the Brazilian standard. In general, the endocarp of peach flour showed technological potential for alternative use as filler in the manufacture of plywood panels replacing the conventional material. Keywords: Wood panels, phenol formaldehyde resin, physical properties.

1. INTRODUÇÃO O compensado é um painel constituído por lâminas de madeira sobrepostas e cruzadas entre si, as quais são unidas com adesivos por meio de pressão e calor. Para sua fabricação utiliza-se uma quantidade ímpar de camadas, sendo sua propriedade dependente da qualidade das lâminas empregadas na sua composição (incidência de defeitos, número de emendas, coloração e outros). Com relação aos principais usos e aplicações, o compensado atende a uma gama diversificada que se mostra fortemente segmentada entre construção civil, indústria moveleira, embalagem, entre outros (ABIMCI, 2009). Dessa forma, características inerentes às espécies provenientes de florestas plantadas e fatores ambientais, como rápido crescimento e adaptação ao clima, fizeram com que ocorresse a substituição do uso das florestas nativas por madeira oriunda de reflorestamentos. Inicialmente os painéis eram fabricados com madeira de Pinus taeda e Pinus elliottii (ABIMCI, 2005), após a década de 1990, ocorreu um crescimento no uso de lâminas faqueadas de eucalipto como lâminas de capa, devido a suas características decorativas e estéticas. Para produção dos compensados com finalidade de uso externo é convencional o emprego da resina fenol-formaldeído, por possuir características de resistência à umidade e intempéries. Dessa forma, são empregadas formulações de adesivo específicas pelas empresas para maximizar o custo-benefício da produção sem afetar a resistência requerida para determinado uso do painel. A seleção e proporção dos ingredientes da formulação são baseadas nas propriedades físicas da madeira, bem como o uso final do compensado, consistindo na adição de material de enchimento (farinha de casca de coco), extensor (farinha de trigo) e água. De acordo com ALMEIDA (2009), são utilizados na fabricação dos painéis compensados extensores que possuem o objetivo de reduzir os custos de produção e controlar a viscosidade para a fase de aplicação do adesivo, bem como para a etapa de aquecimento inicial do painel na prensa. A farinha de trigo é o principal extensor utilizado na indústria de compensados. Além dos extensores, são adicionados à resina os materiais de enchimento, que têm por função o aumento no volume do adesivo e consequentemente a diminuição dos custos. Esse material apresenta as características de serem inertes e não possuírem a propriedade de adesão. Materiais alternativos empregados como extensor ou material de enchimento em formulações de adesivos para produção de compensados multilaminados tem constituído investigações desde a década de 1980 no Brasil, sendo observada viabilidade técnica de uso para determinadas finalidades (MOREIRA, 1985; IWAKIRI et al., 2000; RIBEIRO, 2008; FERREIRA et al., 2009; ALMEIDA, 2009). Nesse contexto, o uso da farinha do endocarpo do pêssego (Prunus persica L.) pode se tornar uma alternativa tecnicamente viável em relação à farinha da casca de coco para a região sul do Brasil em função deste material se caracterizar como um resíduo da agroindústria de beneficiamento do fruto. Dados da EMBRAPA (2009) informam que o município de Pelotas se tornou o maior produtor brasileiro de pêssego com aproximadamente 65% do volume nacional. A área de 8.508ha é a maior em nível nacional, onde mais de 95% visa o mercado de conservas (EMATER, 2002). Os caroços (endocarpo) e as amêndoas são considerados resíduos agroindustriais e equivalem a 75% dos rejeitos descartados a cada safra na região de Pelotas, material que é enterrado ou fica exposto no ambiente (DIÁRIO POPULAR, 2015). De acordo com as informações citadas anteriormente, torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que direcionem o uso adequado destes materiais considerados resíduos, como o presente estudo que visa utilizar o endocarpo do pêssego (Prunus persica L.) como material de enchimento para a produção de compensados com lâminas de pinus (Pinus taeda) e (Eucalyptus dunni).

2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Materiais Para produção dos painéis compensados foram utilizadas lâminas de pinus (Pinus taeda L.) e eucalipto (Eucalyptus dunnii Maiden) com dimensões nominais de (2x400x400)mm e (2x500x500)mm, respectivamente, doadas pela empresa Palma Sola Ltda., localizada no município de Palma Sola SC. A resina fenol-formaldeído FF (Tab. 1) foi fornecida pela empresa Hexion Química do Brasil Ltda., situada no município de Curitiba PR. Tabela 1 Propriedades físico-químicas da resina fenol-formaldeído - FF utilizada no estudo Resina FF TS Viscosidade TFG ph Massa específica (%) (mpa.s) (min) (g/cm³) Cascophen 2090 47,5 538,83 7,55 13,46 1,18 * TS: Teor de Sólidos; TFG: Tempo de Formação de Gel. A farinha da casca de coco (Cocos nucifera L.) foi doada pelo Laboratório de Painéis de Madeira / Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal (DETF) / Universidade Federal do Paraná UFPR, com granulometria de 120mesh. Entretanto, a farinha originada a partir do endocarpo de pêssego (Prunus persica L.), foi produzida, na fase inicial de preparo do material (fragmentação em moinho de martelo), no Laboratório de Painéis de Madeira LAPAM, Centro de Engenharias / Universidade Federal de Pelotas UFPel e na fase final (emprego do moinho de bolas) no Laboratório de Materiais de Construção UFPel para geração da farinha com a mesma granulometria empregada para a farinha de casca de coco. O extensor utilizado para a formulação do adesivo foi a farinha de trigo, doada pelo LAPAM / UFPEL, e adquirida em comércio local para fins alimentícios. 2.2 Produção dos painéis compensados As principais etapas utilizadas para produção dos painéis compensados foram: climatização das lâminas, produção e aplicação do adesivo, montagem, pré-prensagem, prensagem a quente e acondicionamento dos painéis. A Tab. 2 apresenta o plano experimental com os tratamentos empregados para produção dos compensados. Tabela 2 Plano experimental empregado para produção dos painéis compensados por tratamento Tratamento Espécie Material de Enchimento 1 Pinus (Pinus taeda) Farinha da casca de coco FCC 2 Pinus (Pinus taeda) Farinha do endocarpo do pêssego FEP 3 Eucalipto (Eucalyptus dunni) Farinha da casca de coco FCC 4 Eucalipto (Eucalyptus dunni) Farinha do endocarpo do pêssego FEP Para a confecção dos painéis compensados foram utilizadas lâminas de pinus e eucalipto com espessura nominal de 2mm e teor de umidade médio de 9%. Sendo produzidos um total de 12 painéis, com três repetições por tratamento, constituídos por 5 lâminas. A produção do adesivo obedeceu à seguinte formulação, em partes por peso: 100 (resina fenol-formaldeído FF) : 10 (material de enchimento) : 5 (extensor) : 10 (água). A gramatura de adesivo empregada foi de 160g/m 2 em linha simples de aplicação, sendo posteriormente montados e pré-prensados por um período de 20 minutos, com auxílio de chapas metálicas. Após a pré-prensagem os painéis foram encaminhados para o processo de prensagem a quente, de acordo com os seguintes parâmetros: temperatura da prensa de 140 C, tempo de fechamento da prensa de 5 segundos, pressão específica de 10 kgf/cm² e tempo de prensagem de 7 minutos. Posteriormente ao processo produtivo, os painéis foram

encaminhados a uma câmara climatizada à 65±5% de umidade e 20±2 C, onde permaneceram até a estabilização da umidade. 2.3 Ensaios físicos Posteriormente a estabilização da umidade, as chapas foram esquadrejadas e os corpos de prova dimensionados e ensaiados de acordo com as especificações da norma brasileira (Tab.3). Tabela 3 Ensaios físicos realizados nos painéis compensados, quantidade de corpos de prova, dimensionamento e norma utilizada para avaliação das propriedades físicas dos painéis Ensaio C.P.* por painel Dimensão (mm) Norma T.U. (%) 5 50,0 x 100,0 ABNT NBR 9484 (2011) M.E.A. (g/cm 3 ) 5 50,0 x 100,0 ABNT NBR 9485 (2011) A.A. (%) 5 25,0 x 75,0 ABNT NBR 9486 (2011) R.E. (%) e I.R. (%) 6 10,0 x 60,0 ABNT NBR 9535 (2011) * T.U.: Teor de umidade; M.E.A.: Massa específica aparente; A.A.: Absorção de água; R.E.: Recuperação de espessura; I.R.: Inchamento mais Recuperação em Espessura; C.P: Corpo de prova. 2.4 Análise Estatística O delineamento empregado foi inteiramente casualisado em arranjo fatorial com três chapas por tratamento, onde os efeitos avaliados foram os diferentes tipos de materiais de enchimento (farinha da casca de coco e farinha do endocarpo de pêssego) e espécies utilizadas (Pinus taeda e Eucalyptus dunnii), bem como a interação dos fatores. A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk e a verificação da homogeneidade das variâncias pelo teste de Cochran. Após os ensaios dos corpos de prova, os valores médios referentes a cada variável resposta foram submetidos a análise de covariância. Havendo rejeição da hipótese de nulidade pelo teste F, foi possível aplicar-se o teste Tukey ao nível 5% de significância para comparação entre as médias dos tratamentos. No caso das variáveis, teor de umidade, inchamento mais recuperação em espessura e recuperação em espessura, não foi possível o emprego da estatística paramétrica, adotando-se dessa forma uma estatística descritiva. O programa estatístico empregado para o processamento dos dados foi o Statgraphics versão 4.1. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Teor de umidade T.U. Por meio da análise da Tab. 4 constatou-se que o compensado produzido com lâminas de eucalipto e farinha da casca de coco na formulação do adesivo, apresentou teor de umidade superior em comparação aos demais tratamentos. De modo geral, os resultados estão de acordo com os valores estipulados pelo PNQM - Programa Nacional de Qualidade da Madeira (2004), que permite variação de 8 a 12% de umidade nas chapas. De acordo com ALMEIDA et al. (2014), os resultados encontrados no presente estudo podem indicar que o período de climatização dos painéis, antes dos ensaios, foi adequado para tornar imparciais os seus teores de umidade.

Tabela 4 Valores médios para o teor de umidade (T.U.) e massa específica aparente (M.E.A) dos painéis compensados Tratamento T.U. (%) M.E.A. (g/cm 3 ) pinus + FCC 10,54 (1,81) 0,64 ab (4,61) pinus + FEP 10,79 (3,34) eucalipto + FCC 12,41 (5,26) eucalipto + FEP 10,51 (8,96) Total 11,12 0,60 a (8,49) 0,65 b (5,00) 0,66 b (4,85) 0,64 (6,51) (9,33) * FCC: Farinha da casca de coco; FEP Farinha do endocarpo do pêssego; () = Coeficiente de variação; Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey. Pela análise da Tab. 4 também pode-se observar uma diferença estatisticamente significativa para a variável massa específica aparente entre o tratamento que empregou a madeira de pinus e a farinha do endocarpo de pêssego FEP em comparação aos painéis produzidos com madeira de eucalipto, apresentando valores superiores em função das propriedades anatômicas e físicas das espécies que originaram os painéis. Os tratamentos que utilizaram madeira de pinus em sua constituição apresentaram valores médios para massa específica aparente similar aos estipulados para chapas comerciais de Pinus taeda, que de acordo com a ABIMCI (2002) estão na faixa de 0,476 a 0,641 g/cm³. As Tabs. 5 e 6 apresentam os valores médios avaliando-se o efeito da espécie e material de enchimento utilizado para produção dos compensados fenólicos. Tabela 5 Valores médios para massa específica aparente avaliando o efeito da espécie Espécie M.E. A. (g/cm 3 ) pinus 0,62 a eucalipto 0,66 b * Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey. Com relação às espécies utilizadas, pode-se constatar que os painéis produzidos com Eucalyptus dunnii apresentaram valores superiores para a massa específica aparente em comparação aos painéis constituídos por Pinus taeda, constatando a influência da espécie nesta propriedade dos painéis. BORTOLETO JÚNIOR (2003) avaliando as propriedades em compensados multilaminados constituídos por 11 espécies de eucalipto, cinco lâminas (10mm) e adesivo fenólico observou a influência das diferentes massas específicas da madeira nos painéis produzidos, confirmando a tendência encontrada no presente estudo. Tabela 6 Valores médios para massa específica aparente avaliando o efeito do material de enchimento Material de Enchimento M.E.A (g/cm 3 ) FEP 0,63 a FCC 0,64 a * FEP Farinha do endocarpo do pêssego; FCC: Farinha da casca de coco; Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey.

Entretanto, avaliando-se o efeito do material de enchimento empregado foi verificado que não houve uma diferença estatisticamente significativa para a propriedade massa específica. De acordo com KOLLMAN et al. (1975) apud POLLNOW (2010), o teor de umidade das lâminas, espécie, temperatura e pressão específica aplicada são os principais parâmetros que influenciam na variação da massa específica. IWAKIRI et al. (2012) avaliaram painéis compensados constituídos pelas espécies Pinus maximinoi, Pinus oocarpa e Pinus tecunumannii encontrando valores médios para massa específica aparente de 0,64g/cm³, 0,62g/cm³ e 0,64g/cm³, respectivamente. Os resultados observados nos tratamentos (pinus+fcc), (eucalipto+fcc) e (eucalipto+fep) são similares aos encontrados pelos referidos autores. 3.2 Absorção de água A.A. De acordo com a Tab. 7 o painel compensado produzido com madeira da espécie E. dunnii constituído pelo material de enchimento farinha do endocarpo de pêssego (Prunus persica L.) apresentou valores médios superiores para esta propriedade em comparação aos demais tratamentos. Tabela 7 - Valores médios para absorção de água (A.A.) em 24 horas Tratamento A.A. (%) pinus + FCC 66,30ª (7,16) pinus + FEP 64,36ª (10,52) eucalipto + FCC 65,76ª (3,80) eucalipto + FEP 73,35 b (7,33) Total 67,61 (7,63) * FCC Farinha de casca de coco; FEP Farinha do endocarpo do pêssego; () = Coeficiente de variação; Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey. SILVA et al. (2012) produziram painéis compensados constituídos por três lâminas de Pinus oocarpa com diferentes adesivos tanino e fenol-formaldeído, obtendo valores médios para absorção de água de 63,8%, em chapas coladas exclusivamente com resina fenolformaldeído. Confirmando, dessa forma que o adesivo fenol-formaldeído influência na diminuição da capacidade de absorção de água dos painéis de madeira, tornando-os mais resistentes, sendo valor observado inferior aos encontrados no presente estudo, em função da espécie e formulação do adesivo empregado. Entretanto, BORTOLETO JÚNIOR (2003) observou valores médios para a absorção de água em compensados multilaminados produzidos com diferentes espécies de eucalipto inferiores ao presente estudo, variando de 17,51% a 36,79%. A reduzida absorção de água nos painéis produzidos pelo referido autor pode ser justificada em função da massa específica aparente (0,767g/cm 3 0,999g/cm 3 ) observada para as espécies avaliadas serem superiores ao presente estudo, disponibilizando uma proporção inferior de espaços vazios para absorção de água.

Por meio das tabelas 8 e 9 são apresentados os valores médios avaliando-se o efeito da espécie e material de enchimento. Tabela 8 Valores médios para absorção de água (A.A.) avaliando o efeito das espécies Espécie A.A. (%) pinus 65,79 a eucalipto 69,29 b * Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey. Em relação às espécies, nota-se que os painéis confeccionados com Eucalyptus dunnii apresentaram uma absorção de água superior quando comparados aos compensados produzidos com madeira de Pinus taeda. GUIMARÃES JÚNIOR et al. (2009) mencionam que espécies com baixa massa específica apresentam maior potencial de absorção de água, devido à maior porosidade da madeira que permite ocupação com uma maior quantidade de água livre em relação a um material que apresenta massa específica mais elevada. Entretanto, no presente estudo os painéis constituídos por madeira de menor massa específica (Pinus taeda) apresentaram desempenho inferior ao painel de E. dunni com material de enchimento não convencional. Tabela 9 Valores médios para absorção de água (A.A.) para o efeito do material de enchimento Material de Enchimento A.A. (%) FEP FCC 68,96 b 66,13 a * FEP Farinha do endocarpo do pêssego; FCC: Farinha da casca de coco; Médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey. Com relação aos painéis compensados produzidos com a farinha do endocarpo de pêssego (Prunus persica L.) na formulação do adesivo, houve diferença estatisticamente significativa avaliando-se este efeito (farinha), apresentando uma absorção de água superior em comparação ao material convencional farinha da casca de coco. 3.3 Inchamento mais recuperação em espessura IR Os valores médios para inchamento mais recuperação em espessura (Tab. 10), variaram de 10,91% a 14,22%, assim para esta variável resposta foi observada uma tendência de variação nos valores em função dos painéis produzidos com madeira de P. taeda e E. dunnii em combinação com diferentes materiais de enchimento, onde os valores médios encontrados para a espécie de eucalipto foram superiores em comparação aos observados para madeira de pinus.

Tabela 10 - Valores médios para o inchamento mais recuperação em espessura (I.R.) Tratamento I.R. (%) pinus + FCC 10,92 (39,67) pinus + FEP 11,54 (14,18) eucalipto + FCC 14,22 (8,10) eucalipto + FEP 12,32 (8,09) Total 12,25 (21,62) * FCC Farinha de casca de coco; FEP Farinha do endocarpo do pêssego; () = Coeficiente de variação. Avaliando-se o efeito da espécie utilizada (Tab. 11), nota-se que o painel produzido com a espécie de E. dunnii apresentou uma tendência de aumento desta propriedade, onde a espécie aparentemente tendeu a influenciar no aumento do inchamento mais recuperação em espessura. Tabela 11 Valores médios para inchamento mais recuperação da espessura (I.R.) avaliando o efeito das espécies Espécie I.R. (%) pinus 11,33 eucalipto 13,32 Pode-se observar também que o material de enchimento (Tab.12) apresentou uma tendência a não influenciar no inchamento mais recuperação em espessura, onde os compensados mantiveram-se uniformes para este efeito avaliado. Tabela 12 Valores médios para inchamento mais recuperação da espessura (I.R.) avaliando o efeito do material de enchimento Material de Enchimento I.R. (%) FEP 12,03 FCC 12,61 * FEP Farinha do endocarpo do pêssego; FCC: Farinha da casca de coco. 3.4 Recuperação em Espessura Para recuperação em espessura (Tab. 13), os valores médios variaram de 3,58% a 5,78%, onde foi observado que o material de enchimento oriundo da casca do coco (Cocos nucifera) apresentou valores com tendência a serem superiores ao material produzido com a farinha do endocarpo de pêssego (Prunus persica L.). Tabela 13 - Valores médios para a recuperação em espessura (R.E.) Tratamento R.E. (%) pinus + FCC 5,48 (61,44) pinus + FEP 3,58 (50,09) eucalipto + FCC 5,78 (24,31) eucalipto + FEP 4,71 (29,48) Total 4,89 (45,58) * FCC Farinha de casca de coco; FEP Farinha do endocarpo do pêssego; () = Coeficiente de variação.

Com relação às espécies estudas (Tab. 14), verificou-se que os valores médios encontrados para o painel confeccionado com E. dunnii apresentaram uma tendência superior de recuperação em espessura quando comparado às chapas constituídas por Pinus taeda. Tabela 14 Valores médios para recuperação da espessura (R.E.) avaliando o efeito das espécies Espécie R.E. (%) pinus 4,54 eucalipto 5,36 FERREIRA (2004), utilizando adesivo fenólico puro, obteve valor médio para a variável resposta recuperação em espessura de 8,06%, sendo superior aos valores observados para o presente trabalho, fato que se justifica em função dos painéis do referido estudo serem constituídos por três lâminas de sumaúma (Ceiba pentandra L.) e possuírem massa específica aparente de 0,46g/cm 3. Por meio da Tab. 15 pode-se confirmar a tendência de influência do material de enchimento empregado na formulação do adesivo na capacidade do painel em recuperar a espessura original, onde os valores observados nos painéis constituídos com a farinha do endocarpo de pêssego foram 1,59% inferior as chapas produzidas com o material convencional. Tabela 15 Valores médios para recuperação da espessura (R.E.) avaliando o efeito do material de enchimento Material de Enchimento R.E. (%) FEP 4,16 FCC 5,75 * FEP Farinha do endocarpo do pêssego; FCC: Farinha da casca de coco. 4. CONCLUSÃO De acordo com os resultados observados as seguintes conclusões podem ser apresentadas: Os teores de umidade dos compensados multilaminados estão de acordo com os valores de referência estipulados pelo Programa Nacional de Qualidade da Madeira; Para a variável resposta massa específica, conclui-se que a espécie interferiu na massa específica do painel, onde os painéis de E. dunnii apresentaram valores superiores para esta propriedade quando comparados aos produzidos com P. taeda; Para a absorção de água, os painéis constituídos com E. dunnii e farinha do endocarpo de pêssego (Prunus persica L.) apresentaram absorção de água superior em comparação aos painéis demais tratamentos avaliados, constatando a influência da espécie e tipo de material de enchimento nessa propriedade; Com relação ao inchamento mais recuperação em espessura, o material de enchimento não apresentou influência nesta propriedade. Entretanto, a madeira da espécie E. dunnii influenciou, proporcionando uma tendência de aumento do inchamento mais recuperação em espessura em relação ao Pinus taeda;

Para a propriedade recuperação em espessura a madeira da espécie E. dunnii apresentou uma tendência de aumento desta variável, bem como o emprego do material de enchimento convencional; De modo geral, a farinha do endocarpo de pêssego (Prunus persica L.) demonstrou potencial tecnológico para uso como material de enchimento alternativo na manufatura de painéis compensados de pinus e eucalipto em substituição ao material convencional avaliando-se as propriedades físicas dos painéis. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem as empresas Palma Sola Ltda., Hexion Química do Brasil. Ltda., Conservas Olé e ao Laboratório de Painéis de Madeira DETF - UFPR, pela doação das lâminas de madeira, resina fenólica, caroço de pêssego e farinha de casca de coco, respectivamente. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIMCI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE. Catálogo técnico painéis de compensado de pinus. Curitiba, 2002. 4p. ABIMCI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE. Estudo Setorial 2005 Ano Base 2004. Curitiba, 2005. 50p. ABIMCI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE. Estudo Setorial 2009 Ano Base 2008. Curitiba: 2009. ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9484 Compensado: Determinação do teor de umidade. Rio de Janeiro, 2011. ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9485 Compensado: Determinação da massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2011. ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9486 Compensado: Determinação da absorção de água. Rio de Janeiro, 2011. ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9535 Compensado: Determinação do inchamento. Rio de Janeiro, 1986. ALMEIDA, V. C. Efeito da adição de carga e extensor nas propriedades dos adesivos ureia-formaldeído e dos compensados de pinus e paricá. 2009. 75f. Dissertação (Mestrado) Pós-Graduação em Ciência Florestal, Universidade Federal Viçosa, Viçosa, MG, 2009. ALMEIDA, V. C. et al. O uso da farinha de Orbignya speciosa na formulação de adesivo para compensados. Ciência Florestal, v. 24, n. 1, p. 237-242, 2014. DIÁRIO POPULAR. Estudo mostra que caroço do pêssego pode ter mil e uma utilidades. Disponível em: http://www.diariopopular.com.br/tudo/index.php?n_sistema=3056&id_noticia=otu MDc=&id_area=NQ==>. Acesso em: 29 nov. 2015. EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural. Levantamento da fruticultura comercial no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, v. 28, p. 82, 2002. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Clima Temperado, Sistemas de Produção. Cultivo do Pessegueiro. Nov.2009 Disponível em <http://www.http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br>. Acesso em: 29 nov 2015. FERREIRA, E. S. Utilização dos polifenóis da casca de pinus para produção de adesivos para compensados. 2004. 79f. Dissertação (Mestrado) Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2004. FERREIRA, E. S.; BRITO, E. O.; IWAKIRI, S.; ROSSO, S.; BATISTA, D. C. Utilização da farinha de babaçu como extensor alternativo na produção de painéis compensados. Ciência Florestal. V. 19, n. 3, p. 329-333, 2009.

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