TECIDO NERVOSO (parte 1) Profª Patrícia Mendes Disciplina: Histologia Geral e Embriologia Curso: Medicina Veterinária www.faculdadevertice.com.br
Características É tecido mais especializado do organismo Constituído por células com alta particularidade Células contém pouquíssima matriz extracelular em um mínimo espaço intercelular Bastante vascularizado, refletindo sua elevada atividade metabólica Encontra-se no cérebro, medula espinhal, e nervos que percorrem o corpo do animal Em particular está em contacto com os músculos, regulando o seu movimento, e com os tecidos glandulares regulando a sua atividade secretora
O Tecido Nervoso nos Invertebrados Os primeiros animais a apresentar um sistema nervoso são os celenterados (cnidários) Nos cnidários esse sistema é do tipo difuso uma vez que não existem centro coordenadores
O Tecido Nervoso nos Invertebrados Platelmintos, nematelmintos e moluscos apresentam sistema nervoso formado por gânglios nervosos Nos anelídeos o sistema nervoso é composto por uma cadeia nervosa ventral, com um par de gânglios por segmento
O Tecido Nervoso nos Invertebrados Nos insetos e moluscos cefalópodes existem gânglios cerebrais bem desenvolvidos e uma cadeia nervosa ganglionar ventral
Comparação entre invertebrados:
O Tecido Nervoso nos Vertebrados Nos vertebrados o sistema nervoso tem origem no tubo neural na região dorsal A parte anterior aumenta e se dilata formando o encéfalo e o restante forma a medula espinhal, ambas protegidas por estruturas ósseas
Comparação entre vertebrados:
Composição do Tecido Nervoso O tecido nervoso forma quase exclusivamente o sistema nervoso, com exceção do tecido conjuntivo, que sustenta os vasos sanguíneos que nutre o tecido nervoso. O tecido nervoso é formado por células excitáveis Células excitáveis especializadas em transmitir estímulos ou impulsos nervosos graças a uma série muito complexa de atividades físico-químicas da sua membrana As células que formam o tecido nervoso podem ter diversas formas, características, comprimentos e funções muito diversas, segundo o papel desempenhado por cada uma.
Sistema Nervoso O tecido nervoso constitui o sistema nervoso, que anatomicamente está dividido em: SNC Sistema Nervoso Central Formado pelo encéfalo e a medula espinhal Responsável pelo pensamento, memória, emoções SNP Sistema Nervoso Periférico Formado pelos nervos e gânglios nervosos Dividido em Sistema Nervoso Somático SNS e Autônomo SNA
Células Nervosas As células do sistema nervoso dividem-se em: Neurônios responsáveis pelas funções receptivas Células da Glia, Gliócitos ou Neuróglia responsáveis pela sustentação e pela proteção dos neurônios Os 2 tipos celulares formam uma complexa organização tecidual Origem a partir das células que constituem o tubo neural (neuroepitélio)
Origem dos neurônios e das células da glia a partir do neuroepitélio
Neurônios O neurônio ou célula nervosa é a unidade morfofuncional do tecido nervoso O neurônio caracteriza o tecido em sua função de excitabilidade e condutibilidade A transmissão de sinais e informações é a principal função do neurônio, sendo realizada através da combinação de processos elétricos e químicos Assim sendo, as funções dos neurônios são: recepção, integração, condução e transferência de informações
Neurônios Neurônios rede diferenciada de células, responsáveis por receber e transmitir impulsos nervosos sob a forma de sinais elétricos Estas células não têm a capacidade de se regenerar O SNC de um mamífero de grande porte contém cerca de 100 bilhões de neurônios
Produção de células nervosas A grande maioria dos neurônios é gerada antes do nascimento Algumas células-fonte (stem cells, em inglês) persistem e dão origem a um pequeno número de novos neurônios, através do tempo de vida dos mamíferos A constante adição de novos neurônios pode ser importante para a manutenção e plasticidade de algumas partes do sistema nervoso central Porém, é insuficiente para repor neurônios que morrem por doenças ou lesões agudas, pois os neurônios maduros não são mitoticamente ativos, ou seja, não se dividem
Atividade da Célula Nervosa Geralmente, os neurônios são células grandes cuja atividade neural, assim como o seu controle, requer a expressão de muitos genes, o que é refletido no grande núcleo, predominantemente eucromático, da maioria dos neurônios As chaves para o entendimento dos neurônios residem nos seguintes fatos: na forma do neurônio e, em particular, em seus processos citoplasmáticos nas substâncias (neurotransmissores) que o neurônio usa para se comunicar com outros neurônios nos caminhos através dos quais os neurônios podem alcançar outros neurônios e liberar seus neurotransmissores
Estrutura do Neurônio Corpo celular Dentritos Corpúsculos de Nissl Célula de Schwann Extrato mielínico (Bainha de Mielina) Axônio Telodendro Terminal do axônio Nódulos de Ranvier
Estrutura do Neurônio
Estrutura do Neurônio Corpo celular ou pericário: Região celular propriamente dita Constituído pelo núcleo e citoplasma perinuclear Núcleo grande, geralmente esférico, e localizado centralmente, apresentando um nucléolo bem evidente Citoplasma perinuclear apresenta grande quantidade RER que, devido à riqueza em ribossomos, é visível ao microscópio de luz esses aglomerados basófilos no citoplasma são denominados corpúsculos de Nissl
Estrutura do Neurônio Corpúsculos de Nissl também denominada substância cromófila São acumulações basófilas, que se encontram no citoplasma de células nervosas Constituída principalmente de RER Funções metabólicas de síntese enzimática
Estrutura do neurônio Corpúsculos de Nissl Microscopia coloração intensa, já que têm grande afinidade pelos corantes básicos O corpúsculos Nissl se encontram: no corpo celular na primeira porção dos dentritos Ausentes no axônio e no cone de início do axônio
Estrutura do Neurônio Corpo celular ou pericário: No corpo celular ocorre: Todas as funções celulares em geral Síntese proteica Convergência das correntes elétricas geradas na árvore dendrítica Cada corpo celular neuronal contém apenas um núcleo que se encontra no centro da célula
Estrutura do Neurônio Dentritos: Ramificações curtas que emergem do corpo celular Especializados em receber informações vindas de outros neurônios, de células sensoriais ou do ambiente e as transmitem para o corpo celular
Dentritos: Estrutura do Neurônio Os dendritos podem apresentam numerosas ramificações e, através de suas extremidades, recebem simultaneamente estímulos de vários neurônios Nos dendritos, também podem ser observados os corpúsculos de Nissl OBS: Os impulsos recebidos pelos dendritos são encaminhados ao corpo celular. Porém, algumas vezes é através dos dendritos de um neurônio que o impulso nervoso pode ser transmitido a outro neurônio.
Estrutura do Neurônio Axônio: Prolongamento do citoplasma do corpo celular de um neurônio Vários diâmetros e pode atingir mais de 100cm de comprimento Terminações axonais ou telodendro região terminal do axônio que comumente se ramifica Alguns neurônios apresentam ramos colaterais que emergem em ângulo reto a partir do tronco do axônio
Estrutura do Neurônio Axônio: As extremidades finais do telodendro apresentam expansões denominadas botões terminais, onde são observadas as vesículas sinápticas que armazenam os neurotransmissores
Estrutura do Neurônio Axônio: Função conduz informações do corpo celular em direção a outros neurônios ou outro tipo de célula (músculos, glândulas), sempre no sentido: corpo celular axônio Os impulsos nervosos chegam através dos dentritos e saem pelos axônios
Axônio: Fluxo Axoplasmático Por não possuírem ribossomos, REL e mitocôndrias, os axônios necessitam de um fluxo contínuo de substâncias solúveis e de organelas que se deslocam do pericário até a terminação axônica Contudo, a renovação dos componentes da terminação nervosa é feita através de um fluxo em sentido contrário, ou seja, do axônio ao pericário
Fibras Nervosas As fibras são axônios circundados por bainhas envoltórias A maioria dos neurônios dos vertebrados, o axônio está circundado pelo Estrato Mielínico, composto por lipídios e proteínas (atuam como isolante elétrico) Axônios que têm esse estrato são chamados fibras mielinizadas e aqueles que não às possuem são chamadas fibras não mielinizadas O estrato é produzido pelos oligodentrócitos e células de Schwann e forma várias camadas em volta do axônio
Estrutura do Neurônio Nódulos de Ranvier: São espaços do neurônio que não estão preenchidos por mielina
Células da Glia (Gliócitos) Células da Glia, gliócitos ou neuróglia responsáveis pela sustentação e pela proteção dos neurônios São células lábeis, de importância vital para os neurônios, sendo a sua principal função a nutrição (além da estrutural) As células da glia geralmente são menores que os neurônios, porém, são de 5 a 50 vezes mais numerosas Em preparações histológicas coradas pela hematoxilina e eosina (HE), as células da glia não são bem visualizadas, sendo identificados apenas os seus núcleos Estas células não produzem potencial de ação (impulso nervoso), mas participam no controle do meio ambiente onde estão os neurônios
Células da Glia (Gliócitos) As células da glia, ao contrário dos neurônios, são capazes de se dividirem, mesmo na fase adulta Existem 6 tipos morfológicos de neuróglia: Astrócitos Oligodendrócitos Micróglia Células ependimárias Células de Schwann (neurolemócitos) Células satélites
Tipos de células da glia Astrócitos: São células em forma de estrela com muitos processos, com núcleo esférico e central, sendo as maiores células da glia Participam no metabolismo de neurotransmissores e mantêm o equilíbrio do potássio no microambiente dos neurônios do SNC para a geração de impulsos nervosos Os astrócitos também auxiliam na formação da barreira hematoencefálica, que regula a passagem de substâncias do sangue para as células nervosas
Tipos de células da glia Astrócitos: Auxiliam na migração que ocorre durante o desenvolvimento do encéfalo A porção terminal de seus prolongamentos forma pequenas dilatações (pedicelos ou pés vasculares) que estabelecem contato com vaso sangüíneo. Estudos recentes indicam que as substâncias vindas do sangue para nutrir os neurônios passam primeiro pelos astrócitos
Tipos de células da glia Astrócitos: Protoplasmáticos: com várias ramificações curtas, essencialmente na matéria cinzenta Fibroso: com prolongamentos longos com poucas ramificações, essencialmente na substancia branca
Tipos de células da glia Oligodendrócitos: Possuem um corpo celular arredondado e de pequenas dimensões, com poucos prolongamentos, curtos, finos e pouco ramificados Formam uma rede de sustentação em torno dos neurônios e produzem o estrato mielínico dos axônios Esse envoltório constitui a bainha de mielina, que atua protegendo o neurônio e auxiliando o desempenho de suas funções
Tipos de células da glia Microgliócitos ou micróglia: Células com origem na medula óssea Funções: - defesa imunológica do SNC (têm capacidades fagocitária e antigênica) - fagocitam e destroem bactérias e células - ao morrerem, segregam proteínas que atraem macrófagos do sistema imunitário para o local infectado
Tipos de células da glia Células Ependimárias: Formam um epitélio cilíndrico simples que recobre a superfície ventricular Ventrículos cerebrais são cavidades naturais do cérebro onde é produzido e circula o líquido cefalorraquiano Revestem as cavidades do SNC Produzem o líquido cerebroespinal e auxiliam sua circulação Líquido cerebroespinal atua na nutrição e no amortecimento do SNC, protegendo-o em caso de movimentos súbitos
As meninges São envolvidos por meninges: Duramáter Aracnóide Pia-máter Entre a aracnóide e a piamáter circula o líquido céfalorraquidiano, que protege e nutre o sistema nervoso
Estrutura do Neurônio Célula de Schwann: Tipo de célula glial Função: produção de mielina Mielina: Envolve os axônios dos neurônios no SNP isola eletricamente os nervos e assim permitem a propagação rápida de potenciais de ação (impulso nervoso) Seus prolongamentos enrolam-se sobre as neurofibras que constituem os nervos, formando ao redor delas estratos mielínicos protetores que auxiliam no funcionamento dos neurônios
Substâncias branca e cinzenta MASSA BRANCA: Rica em axônios mielínicos e amielínicos A presença de mielina, substância esbranquiçada, confere esse cor à substância branca MASSA CINZENTA: Composta por corpos celulares, dentritos, alguns axônios e gliócitos A cor dessas organelas é responsável pelo tem rosaacinzentado
Substâncias branca e cinzenta Substâncias branca (SB) e cinzenta (SC) Transição: substância cinzenta (esquerda) e branca (direita)
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS: QUANTO À FORMA DO PERICÁRIO
Classificação quanto à forma do pericário: Podem ser classificados como: neurônio estrelado: pericário em forma de uma estrela (neurônio motor da medula espinhal) neurônio piramidal: de forma triangular, com um proeminente dendrito ascendente (neurônio do córtex cerebral)
Classificação quanto à forma do pericário: Podem ser classificados como: neurônio piriforme: pericário apresentase em forma de uma pêra (neurônio de Purkinje do córtex cerebelar) neurônio fusiforme: o pericário exibe forma alongada de um fuso. Este neurônio é observado entre as células do epitélio respiratório na região olfatória da cavidade nasal (epitélio olfativo)
Classificação quanto à forma do pericário: Podem ser classificados como: neurônio globoso: forma esférica (neurônios glanglionares presentes nos gânglios cerebroespinhais) neurônio em cesta: aspecto de uma cesta, onde o axônio emite um grupo de pequenos ramos que envolvem a célula de Purkinje (célula em cesta do córtex cerebelar)
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS: QUANTO À QUANTIDADE DE PROLONGAMENTOS QUE PARTEM DO PERICÁRIO
Classificação quanto à quantidade de prolongamentos que partem do pericário: Podem ser classificados como: Multipolares Bipolares Unipolares Pseudounipolares
Classificação quanto à quantidade de prolongamentos que partem do pericário: Multipolares: Apresentam um só axônio e muitos dendritos, geralmente ramificados São encontrados no encéfalo e na medula espinhal Correspondem à maior parte dos neurônios do corpo do animal Ex.: neuronios motores
Classificação quanto à quantidade de prolongamentos que partem do pericário: Bipolares: Apresentam apenas um axônio e poucos dendritos Encontrados na retina e mucosa olfativa Geralmente constituem estruturas sensitivas ligadas ao olfato, à visão, à audição e ao equilíbrio
Classificação quanto à quantidade de prolongamentos que partem do pericário: Unipolares: Possuem apenas um corpo celular e um prolongamento Muito raros
Classificação quanto à quantidade de prolongamentos que partem do pericário: Pseudounipolares Têm apenas um prolongamento, que se divide em dois: um correspondente ao dentrito e outro, ao axônio Quando do desenvolvimento embrionário apresenta-se bipolar, sofrendo uma mutação posterior Quando se desenvolve torna-se unipolar devido a crescimento assimétrico do citoplasma e rotação Encontrado nos gânglios espinhais
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS: DE ACORDO COM A FUNÇÃO QUE DESEMPENHAM
Classificação de acordo com a função que desempenham: Podem ser classificados como: neurônios sensoriais ou aferentes neurônios motores ou eferentes interneurônios
Classificação de acordo com a função que desempenham: Podem ser classificados como: neurônios sensoriais ou aferentes: captam as informações a partir de receptores sensoriais e as transmitem para o SNC, conduzindo informação sensorial
Classificação de acordo com a função que desempenham: Podem ser classificados como: neurônios motores ou eferentes: inervam e regulam a atividade de células-alvo, transmitindo comandos originados no SNC para células musculares e glândulas
Classificação de acordo com a função que desempenham: Podem ser classificados como: interneurônios: neurônios que conectam um neurônio com um outro, sendo representado pela maioria das células nervosas do tecido nervoso
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS: QUANTO À LOCALIZAÇÃO
Classificação quanto à localização: Podem ser classificados como: centrais: localizados no interior da substância cinzenta ou da substância branca, do SNC organizado em camadas: localizados no córtex cerebral e córtex cerebelar, regionalmente diferenciados em áreas distintas organizados em grupos (ou núcleos): presentes no interior da substância branca (substância nigra, núcleo rubro, núcleo olivar)
Classificação quanto à localização: Podem ser classificados como: periféricos: localizados na retina ou em gânglios do sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) organizado em camadas: organizados no córtex retiniano localizados em gânglios: cerebroespinhais, intramurais (bexiga) (parassimpático) e intramedulares (medula da adrenal)