ESDE. Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita ESTUDO DO NOVO TESTAMENTO



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Transcrição:

Programa VI Unidade 1 Sub-unidade 4 ESDE Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita ESTUDO DO NOVO TESTAMENTO (...) O Cristo nada escreveu. Suas palavras, disseminadas ao longo dos caminhos, foram transmitidas de boca em boca e, posteriormente, transcritas em diferentes épocas, muito tempo depois da sua morte. Uma tradição religiosa popular formou-se pouco a pouco, tradição que sofreu constante evolução até o século IV. (...) (13) (...) Mateus e João, discípulos diretos, de contacto pessoal com o Mestre, escreveram respectivamente em hebraico e em grego; Marcos e Lucas, ambos em grego, o primeiro transmitindo reminiscências de Pedro apóstolo, o segundo investigando e recolhendo por via indireta. Harmonizam-se os quatro textos num todo orgânico, composto sem acomodações sob inspiração mediúnica, cujo influxo não derrogou a liberdade volitiva e os pendores psíquicos: Mateus, menosprezado funcionário, atende ao aceno do novo chefe e Nele passa a vislumbrar o diretor supremo, o rei em nomenclatura humana, embora ao nível do reino dos céus ; Marcos, atemorizado quando jovem com a intensidade da tarefa, sublima depois em Jesus o servo incansável, paradigma da fraternidade a serviço divino; Lucas, mais intelectualizado, pesquisador do pretérito e analista do futuro, apresenta Jesus como entidade imaculada, presa pela genealogia ao pai Adão, porém subtraída ao pecado pela redenção no Pai Criador; João, mais espiritualizado, portanto mais próximo da essência, tem olhos de ver em Jesus a entidade celestial, o verbo mesmo de Deus, não apenas o rei, o servo, o homem, sinopses de biografia terrena. (19) Somente as (epístolas) de Paulo se conhecem por título, conforme destinação: aos romanos, aos coríntios (I, II), aos gálatas, aos efésios, aos filipenses, aos colossenses, aos tessalonicenses (I, II), a Timóteo (I, II), a Tito, a Filêmon, aos hebreus. As demais, dirigidas a todos os fiéis, são chamadas católicas ou universais. Sem rigorismo de averiguação técnica, talvez assim possamos dispor as Epístolas, em ordem cronológica: primeira de Pedro; de Paulo aos tessalonicenses (I e II), coincidentes com a segunda viagem missioneira do Apóstolo dos gentios; idem aos gálatas, coríntios (I e II), romanos, coincidentes com a terceira viagem missioneira; única de Tiago menor; de Paulo aos efésios, aos colossenses, aos filipenses, a Filêmon, aos hebreus, a Tito, a Timáteo (I e II), coincidentes com a prisão do Apóstolo dos gentios e viagem a Roma para final julgamento; segunda de Pedro; primeira, segunda e terceira de João Evangelista. (20) (...) Ao lado desses evangelhos, únicos depois reconhecidos pela Igreja, grande número de outros vinha à luz. Desses, são conhecidos atualmente uns vinte; mas, no século III, Orígenes os citava em maior número. Lucas faz alusão a isso no primeiro versículo da obra que traz o seu nome. Por que razão foram esses numerosos documentos declarados apócrifos e rejeitados? Muito provavelmente porque se haviam constituído num embaraço aos que, nos séculos II e

III, imprimiram ao Cristianismo uma direção que o devia afastar, cada vez mais, das suas formas primitivas (...). (14) O Antigo Testamento é o livro sagrado de um povo o povo hebreu; o Evangelho é o livro sagrado da Humanidade. As verdades essenciais que ele contém acham-se ligadas às tradições de todos os povos e de todas as idades. A essas verdades, porém, muitos elementos inferiores vieram associar-se. (...) Quanto à sua verdadeira origem, admitindo-se que os Evangelhos canônicos sejam obra dos autores de que trazem os nomes, é preciso notar que dois dentre eles, Marcos e Lucas, se limitaram a transcrever o que lhes fora dito pelos discípulos. Os outros dois, Mateus e João, conviveram com Jesus e recolheram os seus ensinos. (...) (16) (...) Dos quatro livros canônicos que narram a Boa Nova (sentido do Termo Evangelho) que Jesus Cristo veio trazer, os três primeiros apresentam entre si tais semelhanças que, muitas vezes, podem ser postos em colunas paralelas e abarcados com um só olhar, daí o seu nome de sinóticos. A tradição eclesiástica, atestada desde o século II, atribui-os respectivamente a (São) Mateus, (São) Marcos e (São) Lucas. De acordo com ela, Mateus, o publicano pertencente ao colégio dos doze apóstolos, (...) escreveu o primeiro; redigiu-o na Palestina, para os cristãos convertidos do judaísmo, e sua obra, composta em língua hebraica, isto é, aramaico, foi depois traduzida para o grego. João Marcos, um discípulo de Jerusalém (AT 12, 12), que auxiliou no apostolado a Paulo, (...) a Barnabé, seu primo (...) e a Pedro, (...) do qual era intérprete, redigiu em Roma a catequese oral deste último. Um outro discípulo, Lucas, médico, (...) de origem pagã, (...) nascido em Antioquia, (...) companheiro de Paulo na sua segunda viagem apostólica (...) e na terceira, (...) bem como nas duas vezes que ele esteve preso em Roma (...), foi o terceiro a escrever um evangelho, que podia portanto apoiar-se na autoridade de Paulo (...), como o de Marcos se apoiava na de Pedro (...). A língua original do segundo e terceiro evangelhos é o grego.(...) (03) O evangelho de João também foi escrito em grego. (...) Os três Evangelhos sinóticos, ou concordantes, (...) acham-se fortemente impregnados do pensamento judeu-cristão, dos apóstolos, mas já o evangelho de João se inspira em influência diferente. (15) No evangelho segundo Marcos (..) suas grandes linhas denotam uma evolução que merece ser levada em conta, por causa de sua verdade histórica e de seu alcance teológico: primeiramente, Jesus é recebido favoravelmente pelas multidões, seu messianismo humilde e espiritual decepciona a expectativa do povo e o entusiasmo arrefece; então Jesus se afasta da Galiléia para se dedicar à formação do pequeno grupo dos discípulos fiéis (...). Assim é exatamente o paradoxo de Jesus, incompreendido e rejeitado pelos homens, mas por Deus enviado e triunfante (...). Preocupa-se menos (no evangelho de Marcos) em explanar o ensinamento do Mestre e refere poucas palavras suas. Seu tema essencial é a manifestação do Messias crucificado (...). (04) O evangelho segundo Mateus pode-se caracterizar (...) como um drama em sete atos sobre a vinda do Reino dos Céus: 1. seus preparativos na pessoa do Messias menino; (...) 2. a

promulgação do seu programa, diante dos discípulos e do povo, no Sermão da Montanha; (...) 3. sua pregação por meio de missionários, cujos sinais que vão confirmar sua palavra são anunciados pelos milagres de Jesus e aos quais o Discurso da missão apresenta diretrizes; (...) 4. os obstáculos que deve encontrar da parte dos homens, segundo o plano humilde e oculto, desejado por Deus, o qual o Discurso das parábolas (11,1 13,52) ilustra; 5. seus começos num grupo de discípulos que têm Pedro como chefe, primícias da Igreja, cujas normas de vida são esboçadas no Discurso comunitário (...); 6. a crise que prepara seu advento definitivo, suscitada pela crescente oposição dos chefes judeus e anunciada pelo Discurso escatológico*; (...) 7. enfim, o próprio advento, no sofrimento e no triunfo, pela paixão e pela ressurreição. (...) (05) (...) O mérito particular do terceiro evangelho lhe vem da personalidade muito cativante do seu autor, que nele transparece continuamente. (São) Lucas é um escritor de grande talento e uma alma dedicada. Elaborou sua obra de modo original, com um esforço de informação e ordem (...). Isto não quer dizer que tenha podido dar ao material recebido da tradição um arranjo mais histórico que Mateus e Marcos (...). (06) O estilo como Marcos escreve (...) é áspero, cheio de aramaísmo e muitas vezes incorreto, mas impulsivo e de uma vivacidade popular cheia de encanto. O de (São) Mateus é também aramaizante, porém mais trabalhado, menos pitoresco, mais correto. O de (São) Lucas é complexo: de qualidade excelente quando depende só de si próprio, (...) enfim ele gosta de imitar o estilo bíblico dos Setenta e o faz de modo admirável. (...) (07) O evangelho de João além de ser bem mais complexo é dirigido (...) aos cristãos em geral (...). (17) (...) a obra joanina apresenta traços que lhe são próprios e a distinguem claramente dos evangelhos sinóticos. Seu autor parece ter sofrido influência bastante forte duma corrente de pensamento amplamente difundida em certos círculos do judaísmo, cuja expressão se redescobriu recentemente nos documentos essênios de Qumrã. Neles se atribuía importância especial ao conhecimento (...). Mais ainda: o quarto evangelho, mais que os sinóticos, quer dar a entender o sentido da vida, dos gestos e das palavras de Jesus (...). Por outro lado, ele demonstra possuir, muito mais que os sinóticos, um caráter cultual e sacramental. (...) (08) (...) O que antes de tudo interessa ao evangelista é manifestar o sentido de uma história, que é tão divina quanto humana: história mas também teologia, que acontece no tempo, mas tem suas raízes na eternidade; quer narrar fielmente e propor à fé dos homens o acontecimento espiritual que se realizou no mundo com a vinda de Jesus Cristo: a encarnação do Verbo para a salvação dos homens. (...) (09) Com relação á redação do texto evangélico, podemos concluir com Emmanuel: (...) As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista. (25) (...)Supuséramos sempre como impossíveis de concatenação adequada: a mente prática de Mateus, a descritiva, de Marcos, a artística, de Lucas, e a divina, de João. (...) O Novo

Testamento, revelação divina por instrumentos humanos, quais o foram os seus autores, apresenta-nos muitos degraus de revelação e conhecimento, somente acessíveis pela evolução com o tempo ou pela iluminação com o esforço próprio; uma só LUZ por filtros diversos. (26) Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constitui matéria das disputas religiosas (...) (01) Além dos evangelhos, contém o Novo Testamento outros livros ou conjuntos: Atos dos Apóstolos, Epístolas e o Apocalipse. Atos dos Apóstolos é uma obra que possivelmente foi escrita pelo evangelista Lucas (02). Trata-se da (...) continuação do Evangelho, após o episódio do Calvário. (...) Nela se destaca o papel de Pedro, mormente o de Paulo. (...) (20) Lucas quis nos dar nessa obra, acima de tudo, (...) uma exposição da força de expansão espiritual do Cristianismo. (...) (10) Com relação às Epístolas, (...) salvou-se do olvido pequeno acervo de cartas enviadas pelos apóstolos Paulo, Tiago (menor), Pedro, João (Evangelista) e Judas (Tadeu). Somente as de Paulo se conhecem por título, conforme destinação (...). As demais, dirigidas a todos os fiéis, são chamadas católicas ou universais. (...) (20) (Ver Anexo 01) As epístolas de Paulo e Atos dos Apóstolos revelam a missão de Paulo e sua vigorosa personalidade, sendo que a Epístola aos romanos representa (...) uma das mais belas sínteses da doutrina paulina. Todavia, não é uma síntese completa, nem é a doutrina toda. (...) (11) O Apocalipse, que significa revelação, foi escrito pelo apóstolo e evangelista João quando se encontrava desterrado na ilha de Patmos. O Apocalipse é um livro de visões místicas onde é difícil definir exatamente a fronteira que separa o gênero apocalíptico do profético; (...) mas enquanto os antigos profetas ouviam as revelações divinas e as transmitiam oralmente, o autor de um apocalipse recebia suas revelações em forma de visões, que ele consignava num livro. Por outro lado, tais visões não têm valor por si mesmas, mas pelo simbolismo que encerram. (...) (12) (...) O Apocalipse de João tem singular importância para os Destinos da Humanidade terrestre. (...) (24) É o que nos fala Emmanuel. Só nos séculos XV e XVI a invenção de Gutemberg e a rebeldia de Lutero facilitariam traduções da Bíblia em idiomas nacionais, a começar pelo alemão. (...) (21) Conhece-se também (...) a chamada Bíblia dos 70, corpo doutrinário traduzido ao que se diz por 72 sábios de Alexandria, do qual teriam sido tiradas 70 cópias. (...) (21) Recomendamos a leitura das partes essenciais do Novo Testamento, citadas nesta síntese, para maior entendimento do assunto aqui abordado.

Segundo Emmanuel (Paulo e Estevão) Paulo de Tarso sempre alimentou a esperança de, um dia, escrever um Evangelho decalcado nas recordações de Maria, para que tudo ficasse bem claro sobre a vida e os feitos de Jesus. Complementaria as anotações de Levi (Mateus). Mas, não lhe sendo possível realizar pessoalmente o feito, designou Lucas para fazê-lo, o qual ouviu tudo de Maria Santíssima, tendo ainda procurado diversos cristãos que testemunharam eventos da vida do Senhor, inclusive o próprio Mateus. Mais tarde, Lucas prosseguiria esse trabalho, complementando-o com o seu Atos dos Apóstolos, auxiliado nessa tarefa por Aristarco, um dos que espontaneamente partilharam da prisão de Paulo, em Roma. Quanto aos escritos e tradições orais envolvendo os fatos do Novo Testamento, há páginas valiosas no citado romance histórico-mediúnico Paulo e Estevão, psicografado por Francisco Cândido Xavier. O APOCALIPSE DE JOÃO Alguns anos antes de terminar o primeiro século, após o advento da nova doutrina, já as forças espirituais operam uma análise da situação amargurosa do mundo, em face do porvir. Sob a égide de Jesus, estabelecem novas linhas de progresso para a civilização, assinalando os traços iniciais dos países europeus dos tempos modernos. Roma já não representa, então, para o plano invisível, senão um foco infeccioso que é preciso neutralizar ou remover. Todas as dádivas do Alto haviam sido desprezadas pela cidade imperial, transformada num vesúvio de paixões e de esgotamentos. O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se encontrava preso nos liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a linguagem simbólica do invisível. Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como advertência a todas as nações e a todos os povos da Terra, e o velho Apóstolo de Patmos transmite aos seus discípulos as advertências extraordinárias do Apocalipse. Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos. É verdade que freqüentemente a descrição apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua expressão humana não pôde copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante interesse para a história da Humanidade. As guerras, as nações futuras, os tormentos porvindouros, o comercialismo, as lutas ideológicas da civilização ocidental, estão ali pormenorizadamente entrevistos. E a figura mais dolorosa, ali relacionada, que ainda hoje se oferece à visão do mundo moderno, é bem aquela da igreja transviada de Roma, simbolizada na besta vestida de púrpura e embriagada com o sangue dos santos. (23)

A REDAÇÃO DOS TEXTOS DEFINITIVOS Nesse tempo, quando a guerra formidável da crítica procurava minar o edifício imortal da nova doutrina, os mensageiros do Cristo presidem à redação dos textos definitivos, com vistas ao futuro, não somente junto aos Apóstolos e seus discípulos, mas igualmente junto aos núcleos das tradições. Os cristãos mais destacados trocam, entre si, cartas de alto valor doutrinário para as diversas igrejas. São mensagens de fraternidade e de amor, que a posteridade muita vez não pôde ou não quis compreender. Muitas escolas literárias se formaram nos últimos séculos, dentro da crítica histórica, para o estudo e elucidação desses documentos. A palavra apócrifo generalizou-se como o espantalho de todo o mundo. Histórias numerosas foram escritas. Hipóteses incontáveis foram aventadas, mas os sábios materialistas, no estudo das idéias religiosas, não puderam sentir que a intuição está acima da razão e, ainda uma vez, falharam, em sua maioria, na exposição dos princípios e na apresentação das grandes figuras do Cristianismo. A grandeza da doutrina não reside na circunstância de o Evangelho ser de Marcos ou de Mateus, de Lucas ou de João; está na beleza imortal que se irradia de suas lições divinas, atravessando as idades e atraindo os corações. Não há vantagem nas longas discussões quanto à autenticidade de uma carta de Inácio de Antioquia ou de Paulo de Tarso, quando o raciocínio absoluto não possui elementos para a prova concludente e necessária. A opinião geral rodopiará em torno do crítico mais eminente, segundo as convenções. Todavia, a autoridade literária não poderá apresentar a equação matemática do assunto. É que, portas a dentro do coração, só a essência deve prevalecer para as almas e, em se tratando das conquistas sublimadas da fé, a intuição tem de marchar à frente da razão, preludiando generosos e definitivos conhecimentos. (22) * * * FONTES DE CONSULTA 01 - KARDEC, Allan. Introdução. ln:_. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. 111. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Pág. 25. 02 - Novo Testamento e Salmos. ln:_. A Bíblia de Jerusalém. Trad. de Estevão Bittencourt e Outros. São Paulo: Edições Paulinas, 1984. Pág. 12. 03 - Págs. 12-13. 04 - Pág. 17. 05 - Pág.18. 06 - Pág. 19.

07 - Pág. 20. 08 - Pág. 163. 09 - Pág. 166. 10 - Pág. 288. 11 - Pág. 296. 12 - Pág. 482. 13 - DENIS, Léon. Origem dos Evangelhos. ln:_. Cristianismo e Espiritismo. Trad. de Leopoldo Cirne. 7. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1978. Pág. 25. 14 - Págs. 26-27. 15 - Págs. 28. 16 - Págs. 268-269, (Notas complementares nº 02). 17 - MACEDO, Roberto. Apóstolos. ln:_. Vocabulário Histórico-Geográfico. Rio [de Janeiro]: FEB, 1960. Pág.42. 18 - Pág. 78, (Bíblia). 19 - Págs. 78-80. 20 - Págs. 79-80. 21 - Pág.81. 22 - XAVIER, Francisco Cândido. A edificação cristã. ln:_. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 21. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Págs. 124-125. 23 - Pág. 126-127. 24 - Pág. 129. 25 - In:_. O Consolador Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Questão 284, págs. 168-169. 26 - MINIMUS. ln:_. Síntese de o Novo Testamento. 4. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1979.Pág.31.

ANEXO 01 MACEDO, Roberto. In:_. Vocabulário Histórico-Geográfico. Rio [de Janeiro]: FEB, 1960. Pág. 83. Texto Extraído do Programa VI do ESDE Editado Pela FEB www.cura.metafisica.nom.br