TEMA: O CASAMENTO É UMA BENÇÃO DO CRIADOR A SER DESFRUTADO EM TEMOR PELA CRIATURA PARA SUA ALEGRIA E REALIZAÇÃO PESSOAL. 1 1 O RELATO DE GÊNESIS NOS GARANTE QUE O CASAMENTO FOI ESTABELECIDO PELO CRIADOR COMO PARTE DA IMAGEM DE DEUS NO HOMEM. (Gn 1.26-28) 1.1 A imagem de Deus significa o domínio sobre a natureza (1.26) Então disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se move rente ao chão. A mulher participava como o homem na tarefa de sujeitar a terra novamente a gramática hebraica alterna pronomes singulares ( Tenha ele domínio... Gn 1.26) e pronomes plurais (dominai vós sobre os peixes do mar... Gn 1.28). O domínio sobre a criação é elemento importante na imagem de Deus. O homem foi estabelecido como regente de Deus, o primeiro exemplo de terceirização na história. Macho e fêmea eram essenciais para essa tarefa, embora Gênesis não detalhe para nós a parte que cabia a cada um deles. Naturalmente a sujeição da terra dependia do seu enchimento, e aí os papéis eram claramente definidos e a interdependência dos sexos era óbvia (argumento que defensores de estilos alternativos de relacionamento insistem, cegamente, ignorar). 1.2 A imagem de Deus significa o exercício de comunhão (1.27) E criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou. A alternância entre o sufixo pronominal objetivo direto singular e plural é quase tão intrigante quanto o uso no singular (criou) para um substantivo plural (elohim). Conquanto fossem estruturalmente distintos (macho e fêmea), ambos eram Homem. A humanidade dependia de serem macho e fêmea. A mulher participava com o homem na constituição da imago Dei embora a expressão imagem de Deus continue a ser debatida quanto ao seu significado, ela certamente inclui a capacidade de relacionamento entre as três Pessoas da Trindade. O reflexo de Deus no homem precisava demonstrar essa categoria fundamental da natureza divina, daí a necessidade de um 1 Adaptado e desenvolvido a partir de um esboço exegético de Gn 1-26 - 2.25 de Carlos Osvaldo Pinto.
relacionamento pessoal e íntimo como o que mais tarde seria definido como osso dos meus ossos e carne da minha carne. 1.3 A imagem de Deus significa o exercício da criatividade (1.28) Deus os abençoou e lhes disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a face da terra. O homem é chamado para glorificar a Deus ou representá-lo, refletindo a sua imagem ao administrar o reino e se reproduzir. A necessidade central de Adão era ter prazer na presença de Deus, amar e glorificar a Deus. Esse amor era expresso no cuidado para com a criação e na obediência à ordem de não comer da árvore proibida. Mas refletir a imagem de Deus é algo que não podemos fazer sozinhos, é algo que compartilhamos com outro. Ela não está completa em uma única pessoa que não Deus. Em um sentido prático, a ordem de Deus para reproduzir, como meio de Lhe dar glória, não podia ser cumprida por um único indivíduo. Por isso Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem. 2 O RELATO DE GÊNESIS NOS GARANTE QUE O CASAMENTO FOI ESTABELECIDO COMO ALGO BOM E NECESSÁRIO (Gn 2.18-25) 2.1 O casamento foi estabelecido para por fim à solidão humana (2.18-20.A) 2.1.1 A solidão do homem não era boa O casamento foi estabelecido como algo bom e necessário; antes da criação da mulher, faltava algo na criação de Deus. Na sua criação, a solidão do homem foi a primeira coisa que Deus disse que não era boa. Paradoxo: Aquilo que Deus criou para acabar com a solidão do homem se transforma em sua causa de alienação mais profunda. 2.1.2 Entendendo a expressão: "uma mulher para um homem" Deus decidiu criar "uma mulher para um homem", isto evidencia que o casamento é monogâmico e heterossexual.
2.2 O casamento foi estabelecido para tornar funcional o agente de Deus na terra (2.18.B e 20.B) 2.2.1 Entendendo o termo auxiliadora - c ezer O termo não é pejorativo, nem sinal de menosprezo; Deus é chamado de Auxílio/Auxiliador/Aquele que Auxilia ( ezer ) (Ex 18.4; Sl 46.1). A palavra descreve essencialmente aquele que provê aquilo que falta ao homem, que pode fazer aquilo que o homem sozinho é incapaz de fazer (A. Ross). 2.2.2 Entendendo o termo idônea - - K e negddû Este termo literalmente quer dizer: como que diante dele, enfatiza a correspondência exata: A mulher foi criada para corresponder ao homem em seus aspectos fisiológicos, intelectuais, psicológicos (emocionais) e espirituais. Esta correspondência é inserida num contexto de dependência (Eva procedeu de Adão, ela foi criada para auxiliá-lo, ele não poderia desprezar este auxílio providenciado por Deus). Obs.: Ao se unir os termos auxiliadora e idônea, conclui-se que a mulher é o complemento exato, completamente adequado do homem. 2.2.3 Entendendo a soberania mediada de Deus Antes de criar a mulher, Deus deu ao homem a tarefa de dar nomes aos animais. No contexto do A.T. aquele que dá o nome exerce autoridade sobre aquele que por ele é nominado. Esta tarefa, além de mostrar ao homem que ele não tinha uma auxiliadora que lhe fosse correspondente, também evidencia que Deus o escolhera como o Seu mediador (representante, dispenseiro, e intermediário) no exercício de Sua soberania sobre a criação. Este fato fundamenta o papel do homem como o líder instituído por Deus. É importante ressaltar, que o homem deu nome inclusive para a mulher (cf. a seguir, as implicações do nome dado à mulher). 3 O CASAMENTO FOI ESTABELECIDO DE MODO A ESTABELECER, AO MESMO TEMPO, HIERARQUIA E INTERDEPENDÊNCIA (2.21-23; cf. 1CO 11.11-12) 3.1 Entendendo a expressão: Chamar-se-á varoa - -, issâ
O nome mulher além de derivar do nome homem, foi dado pelo homem. No relato de Gênesis, aquele que dá o nome, exerce autoridade sobre o que é nomeado. Entretanto, sabemos que essa hierarquia é apenas funcional e não essencial, como já vimos. 3.2 Entendendo a expressão: carne da minha carne e osso dos meus ossos (cf 1 Co 11. 11-12) Paulo expande o conceito de dependência para interdependência. 4 A SEXUALIDADE FOI ESTABELECIDA DENTRO DOS LIMITES DO CASAMENTO PARA ATINGIR TODA A SUA PLENITUDE SOB A BENÇÃO DE DEUS (2.24-24) 4.1 Entendendo a expressão: deixa o homem - - ya c ozob Literalmente, o verbo significa deixar para trás, partir e abandonar. Sugere uma ruptura tanto geográfica quanto emocional (a dependência financeira que muitos casais mantém com os seus pais tende a inviabilizar esta ruptura geográfica e emocional). Tal ruptura requer uma preparação que exige planejamento e treino. É importante frisar que a sociedade testemunha este deixar os pais para unir-se com a esposa. Tal afastamento é essencial para que haja o legítimo e pleno desfrute da sexualidade. 4.2 Entendendo a expressão: e se une à sua mulher - - w e dabaq b e, istô Literalmente, o verbo significa apegar-se a, grudar-se em, ficar junto de, fundir-se a e colar-se em. O substantivo solda deriva deste verbo. Tal observação evidencia que o casamento é indissolúvel. 4.3 Entendendo a expressão: e serão os dois uma só carne Significa mais do que somente matéria e menos do que somente uma pessoa. Não há redução da personalidade, nem absorção de um pelo outro. O mesmo que integrar-se a outro ser. Uma união de propósitos, de vontades, uma busca mútua da satisfação do outro, onde cada um se entrega a Deus como um canal para que as bênçãos do prazer e da realização ordenados pelo Senhor sejam plenamente experimentados pelo cônjuge. Esta "fusão"-união-integração-complementação
tem a conotação de compromisso pactual, de uma aliança. A união não tem como objetivo o prazer, mas a intimidade. 4.4 Entendendo a expressão: estavam nus e não se envergonhavam Referem-se à perfeita segurança e intimidade no relacionamento que permitia liberdade na contemplação da sexualidade. Isso se perdeu com o advento do pecado.