Normas constitucionais. Classificação. Aplicabilidade. Teoria Geral da Constituição

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Transcrição:

Normas constitucionais. Classificação. Aplicabilidade. Teoria Geral da Constituição

Normas Constitucionais A Constituição é o complexo de normas fundamentais de um dado ordenamento jurídico. Por ser a Constituição, vista aqui no seu conteúdo normativo (complexo de normas jurídicas fundamentais) é que se dá a ela a denominação de Lei Fundamental, porque nela é que estão exarados os pressupostos jurídicos básicos e necessários à organização do Estado, além da previsão das regras asseguradoras de inúmeros direitos aos cidadãos, colocando-se, em razão disso, como base, ponto de partida e fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico pátrio.

A Constituição pode ser definida em sentido jurídico, político e sociológico. Sentido jurídico percussor Hans Kelsen Nessa concepção, a Constituição pode ser entendida como o conjunto de normas fundamentais que exterioriza os elementos essenciais de um Estado. Para Kelsen, com base no sentido lógico-jurídico, a Constituição é norma hipotética fundamental. Sentido Político percussor Carl Schimitt para ele a Constituição é a decisão política fundamental, não se confunde com leis constitucionais. Complementa que, a Constituição deveria cuidar apenas da estrutura do Estado e direito fundamentais. Sentido sociológico percussor Ferdinand Lassale pra ele, a Constituição é uma soma dos fatores reais de poder presentes em um determinado Estado.

CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO Quanto ao conteúdo: Formal: regras formalmente constitucionais, é o texto votado pela Assembléia Constituinte, estão inseridas no texto constitucional. Material: regras materialmente constitucionais, é o conjunto de regras de matéria de natureza constitucional, isto é, as relacionadas ao poder, quer esteja no texto constitucional ou fora dele.

Quanto à forma: Escrita: pode ser: sintética (como a Constituição dos Estados Unidos) e analítica (expansiva, como a Constituição do Brasil). A ciência política recomenda que as constituições sejam sintéticas e não expansivas como é a brasileira. Não escrita: é a constituição cuja normas não constam de um documento único e solene, mas se baseie principalmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos constitucionais esparsos.

Quanto ao modo de elaboração: Dogmática: é Constituição sistematizada em um texto único, elaborado reflexivamente por um órgão constituinte; é escrita. É a que consagra certos dogmas da ciência política e do Direito dominantes no momento. Histórica ou costumeira: é sempre não escrita e resultante de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado. Ex. Constituição do Reino Unido da Grã Bretanha e da Irlanda do Norte. (ex. Magna Carta - datada de

Quanto a sua origem ou processo de positivação: Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de as elaborar. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988. Outorgada: aquela em que o processo de positivação decorre de ato de força, são impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas sem a participação do povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969. Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215.

Quanto à estabilidade ou mutabilidade: Imutável:constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas imutabilidade absoluta. Rígida: permite que a constituição seja mudada mas, depende de um procedimento solene que é o de Emenda Constitucional que exige 3/5 dos membros do Congresso Nacional para que seja aprovada.. Flexível: o procedimento de modificação não tem qualquer diferença do procedimento comum de lei ordinária. Ex.: as constituições não escritas, na sua parte escrita elas são flexíveis Semi-rígida: aquela em que o processo de modificação só é rígido na parte materialmente constitucional e flexível na parte formalmente constitucional.

Quando à extensão Sintéticas ou resumidas: dispõe somente sobre os aspectos essenciais para organização e formação do Estado, possui poucos artigos. Analíticas ou prolixas: dispõe sobre as mais diversas matérias no corpo da Constituição, abrange temas que poderiam ser objeto de leis infraconstitucionais.

Quanto à dogmática Ortodoxas ou simples: baseada em um único ideal. Ecléticas ou complexas: baseia-se nos mais diversos ideais, o que resulta em um agrupamento de forças políticas existentes em um determinado momento histórico.

Quanto ao modelo Constituição-garantia: a Constituição estrutura e delimita o poder do Estado, estabelece a divisão de poderes e respeito às garantias individuais de seu povo. Constituição-balanço: a Constituição abarca a situação política, econômica e social em determinado momento, com a alteração significativa de qualquer desses fatores nova Constituição seria promulgada. Busca contemplar a luta de classes e a evolução do Estado. Constituição-dirigente: A constituição não contempla somente a estrutura e delimitação do Estado, mas propõe diretrizes e programas a serem seguidos por ele São as seguintes classificações da CF/88: (formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida, dirigente, analítica e ecléticatransitórias)

Regras Constitucionais Quanto à Aplicabilidade: Normas Auto-Executáveis: Aquelas que tem aplicabilidade imediata. São completas e definidas quanto à hipótese e à disposição, bastam por si mesmas e assim podem e devem ser aplicadas de imediato. Normas não Auto-Executáveis: Aquelas que não podem ter aplicação imediata, porque dependem de regra ulterior que as complemente. Há três espécies: a) normas incompletas: não são suficientemente definidas; b) normas condicionadas: dependem de uma lei posterior; c) normas programáticas: indicam planos ou programas de atuação.

Eficácia das Normas Constitucionais: Segundo José Afonso da Silva, há as seguintes formas de eficácia: 1) Normas de Eficácia Plena; 2) Normas de Eficácia Contida; 3) Normas de Eficácia Limitada.

1-) Normas de Eficácia Plena são aquelas de aplicabilidade imediata, direta, integral, independentemente de legislação posterior para sua inteira operatividade; produzem ou têm possibilidades de produzir todos os efeitos que o constituinte quis regular; tem autonomia operativa e idoneidade suficiente para deflagrar todos os efeitos a que se preordena; Auto-aplicáveis Exemplos: artigo 2º; 14º parágrafo 2º;17º parágrafo 4º;19º;20º; 21º; 22º;24º;,28º, caput;30º, 37º, III; 44º parágrafo único;45º, caput; 46º, parágrafo primeiro; 51º, 52º; 60º; 70º, 76º;145º, parágrafo 2º;155º; 156º; 226º, parágrafo 1º.

2-) Normas de Eficácia Contida são aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, direta, mas que podem ter o seu alcance reduzido pela atividade do legislador infraconstitucional. São também chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível. A restrição pode ser dar através de lei infraconstitucional ou até mesmo pela incidência de normas da própria constituição, desde que ocorram certos pressupostos, exemplo: estado de defesa e estado de sítio (artigo 136, parágrafo primeiro e 139)

Exemplo: Artigo 5º: Inciso XIII que assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. VII é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII- - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXV-- no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano

XXXVII I - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; XXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; Artigo 15º, IV; 37º, I; 170º

3-) Normas de Eficácia Limitada Por fim, normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que apresentam "aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade. Podem ser: 3-1) Normas de princípios institutivos ou organizativos; - são aquelas que dependem de lei para dar corpo às instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição (instituições, órgãos ou entidades) -Exemplos: Art. 25º, parágrafo terceiro; 33º, 37º, XI, 88º,90º, parágrafo segundo, 91º, parágrafo segundo, 102º, parágrafo primeiro, 107º, parágrafo único, 109º, VI; 109º, parágrafo terceiro; 113º, 121º, 125º, parágrafo terceiro, 128º, parágrafo quinto; 131º; 146º; 161º, I e 224º.

3-1) Normas de Princípio Programático ; - são as que estabelecem programas a serem desenvolvidos mediante legislação integrativa da vontade constituinte - veiculam programas a serem implementados pelo Estado, visando a realização de fins sociais. - Exemplos: artigo 196º saúde; 205º educação 215º cultura 218º ciência e tecnologia 227º criança.

Normas inconstitucionais Nos sistemas de Constituição rígida. Deste atributo formal da rigidez deriva o princípio da supremacia da Constituição em relação às demais normas do sistema jurídico. Esta característica se subdivide em: supremacia formal, significando que a Constituição deriva da vontade popular, expressa através de um processo especial de exercício do poder político (poder constituinte originário), presumindo-se alto grau de legitimidade e revelando a relação de hierarquia entre o texto constitucional e os demais atos normativos em geral; supremacia material, no sentido de que nela estão contidas as normas essenciais de estruturação da entidade estatal, de limitação do exercício do poder e de garantias individuais, coletivas e sociais. Em face disto, funciona como fundamento de validade para todas as demais normas do sistema, que fica hierarquicamente estabelecido.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL Canotilho enumera diversos princípios e regras interpretativas das normas constitucionais: da unidade da constituição: a interpretação constitucional dever ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas; do efeito integrador: na resolução dos problemas jurídicoconstitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como ao reforço da unidade política; da máxima efetividade ou da eficiência: a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe conceda; da justeza ou da conformidade funcionai: os órgãos encarregados da interpretação da norma constitucional não poderão chegar a uma posição que subverta, altere ou perturbe o esquema organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido pelo legislador constituinte originário;

da concordância prática ou da harmonização: exige-se a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros; da força normativa da constituição: entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais.

Paulo Bonavides destaca três métodos atuais de interpretação constitucional: método integrativo ou científico-espiritual (Rudolf Smend ): vê na Constituição um conjunto de distintos fatores integrativos com distintos graus de legitimidade. Esses fatores são a parte fundamental do sistema, tanto quanto o território é a sua parte mais concreta. método tópico (Theodor Viehweg e Josef Esser):caracteriza-se como uma "arte de invenção" e, como tal, uma "técnica de pensar o problema", elegendo-se o critério ou os critérios recomendáveis para uma solução adequada. método concretista (Konrad Hesse, Friedrich Müller e Peter Häberle): Cada um deles ofereceu valiosos contributos para o desenvolvimento desse método. O método concretista gravita em torno de três elementos essenciais: a norma que vai concretizar, a compreensão prévia do intérprete e o problema concreto a solucionar.

INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO A interpretação conforme à Constituição, na qual o órgão jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se mostra compatível com a Lei Maior, origina-se da jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. "Não raro afirma a Corte Constitucional a compatibilidade de uma lei com a Constituição, procedendo à exclusão das possibilidades de interpretação consideradas inconstitucionais." (MENDES, Gilmar Ferreira, op. cit., pág. 230) Veja-se, a propósito, o seguinte trecho da ementa de decisão da ADIN nº 1.344-1-ES, na qual foi relator o Ministro Moreira Alves:

"Impossibilidade, na espécie, de se dar interpretação conforme à Constituição, pois essa técnica só é utilizável quando a norma impugnada admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a compatibilize com a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco, como sucede no caso presente. Quando, pela redação do texto no qual se inclui a parte da norma que é atacada como inconstitucional, não é possível suprimir dele qualquer expressão para alcançar essa parte, impõe-se a utilização da técnica de concessão da liminar para a suspensão da eficácia parcial do texto impugnado sem a redução de sua expressão literal, técnica essa que se inspira na razão de ser da declaração de inconstitucionalidade sem redução do texto em decorrência de este permitir interpretação conforme à Constituição."

Na Representação de Inconstitucionalidade nº 1.417-7-DF, de que foi também relator o Ministro Moreira Alves, pronunciou-se o Supremo Tribunal Federal da seguinte forma, na ementa de decisão: "O princípio da interpretação conforme à Constituição ("Verfassungskonforme Auslegung") é princípio que se situa no âmbito do controle da constitucionalidade, e não apenas simples regra de interpretação. A aplicação desse princípio sofre, porém, restrições, uma vez que, ao declarar a inconstitucionalidade de uma lei em tese, o STF, em sua função de Corte Constitucional, atua como legislador negativo, mas não tem o poder de agir como legislador positivo, para criar norma jurídica diversa da instituída pelo Poder Legislativo. Por isso, se a única interpretação possível para compatibilizar a norma com a Constituição contrariar o sentido inequívoco que o Poder Legislativo lhe pretendeu dar, não se pode aplicar o princípio da interpretação conforme à Constituição, que implicaria, em verdade, criação de norma jurídica, o que é privativo do legislador positivo."

1. Assinale a afirmativa incorreta. (A) As normas constitucionais definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. (B) As normas constitucionais podem ter eficácia plena, contida e limitada. (C) As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que desde a entrada em vigor da Constituição produzem, ou podem produzir, todos os efeitos essenciais, relativos aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constitucional, direta e normativamente, quis regular. (D) As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que apresentam aplicação indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre os interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade. (E) As normas constitucionais programáticas são de aplicação diferida e não de aplicação ou execução imediata.

BIBLIOGRAFIA BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo, Saraiva, 1994.. Hermenêutica e interpretação constitucional. São Paulo, Celso Bastos Editor/IBDC, 1997. BASTOS, Celso Ribeiro e TAVARES, André Ramos. As tendências do Direito Público no limiar de um novo milênio. São Paulo, Saraiva, 2000. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo, Malheiros, 1994. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. Coimbra, Almedina, 1993. CANOTILHO, José Joaquim Gomes e MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituição. Coimbra, Coimbra Editora, 1991. MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição constitucional. São Paulo, Saraiva, 1999.. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade: estudos de direito constitucional. São Paulo, Celso Bastos Editor/IBDC, 1998. MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Gustavo Gonet. Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais.brasília, Brasília Jurídica, 2000. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo, Malheiros, 1998. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 4ª ed., trad. de João Baptista Machado, Coimbra, Armênio Amado, 1979.