Escrito por Hélio Clemente Sex, 30 de Setembro de 2011 06:39 - Última atualização Sex, 30 de Setembro de 2011 06:40



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Por: Helio Clemente 3 CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER - HISTÓRICO A primeira das confissões realizadas por um grande sínodo internacional foi Os Cânones de Dort, na Holanda. Antes disso, todos os catecismos e confissões foram preparados por autores individuais ou por grupos religiosos locais. ORIGEM DA IGREJA PRESBITERIANA A reforma na Escócia: A reforma na Escócia tomou impulso em 1527 através de Patrick Hamilton, discípulo de Lutero e Melanchton. Esta reforma foi fruto de um movimento popular e da Igreja da Escócia, independente da classe governante. Seus principais líderes foram John Knox e Andrew Melville e sua primeira Assembléia Geral foi em 1560 e o Parlamento Escocês reconheceu-a como Igreja Nacional em 1567, ela foi constituída como igreja presbiteriana. 1 / 10

Através da influência da Inglaterra e da monarquia escocesa esta igreja foi perseguida e chegou às beiras da destruição. A Liga e o Pacto solenes subscritos em 1643 pelo governo da Inglaterra e da Escócia, através da Assembléia Geral Escocesa, do Parlamento Inglês e da Assembléia de Westminster determinou que os Reinos Unidos (Inglaterra, Escócia e Irlanda) promovessem a preservação da religião reformada na Igreja da Escócia: O presbiterianismo. A reforma na Inglaterra:A reforma na Inglaterra foi iniciada pela publicação do Novo Testamento Grego de Erasmo, em Oxford, no ano de 1517, em 1526 foi publicada a tradução inglesa da bíblia. Através do uso da bíblia e do trabalho dos reformadores ingleses (Crammer e Ridley, os principais) a religião inglesa foi se tornando eminentemente protestante. Até 1534, a Inglaterra adotou a religião católica romana, sob a liderança do rei Henrique VIII a Inglaterra rompeu com Roma e aprovou o Ato de Supremacia, pelo qual o rei passou a ser o chefe da Igreja da Inglaterra. Assim foi criada a Igreja Anglicana. Com a morte de Henrique VIII em 1547, subiu ao trono Eduardo VI. Sob a liderança de Thomas Crammer, arcebispo de Cantuária, foram elaborados dois importantes documentos influenciados pela teologia calvinista: os Trinta e Nove Artigos da Religião Inglesa e o Livro de Oração Comum. Eduardo foi sucedido por sua meia-irmã, Maria Tudor, ela estava disposta levar a Inglaterra de volta para a Igreja de Roma, o arcebispo Crammer e muitos outros líderes da Reforma foram queimados na fogueira. Muitos protestantes fugiram para Genebra, onde o reformador João Calvino estava no auge da sua influência. Eles organizaram uma igreja presbiteriana, tendo como pastor um dos refugiados, o escocês João Knox. Outro refugiado, Miles Coverdale, e alguns companheiros fizeram uma nova tradução das Escrituras, que ficou conhecida como a Bíblia de Genebra. Foi a primeira Bíblia de tamanho pequeno a ser publicada e a primeira Bíblia em inglês na qual os livros eram divididos em capítulos e versículos. 2 / 10

Com a morte de Maria em 1558, sua meia-irmã Elizabete subiu ao trono para um longo reinado de 45 anos. O Ato de Supremacia foi restabelecido e os protestantes exilados tiveram permissão para retornar. Eles voltaram para a Inglaterra e a Escócia com a sua Bíblia de Genebra e com maior convicção acerca do calvinismo e do presbiterianismo. Os puritanos: Nesse contexto, solidificou-se um movimento cujas raízes mais remotas vinham desde John Wycliffe (século XIV), passando pelo tradutor da Bíblia William Tyndale (1536) e muitos outros líderes. Firmemente apegados às Escrituras e à teologia calvinista, esses protestantes começaram a insistir numa reforma genuína da igreja inglesa, por volta de 1565 eles passaram a ser chamados de puritanos. A rainha Elizabeth alarmou-se com o crescimento do puritanismo e tudo fez para forçar os puritanos a se submeterem aos padrões religiosos vigentes. Todavia, o movimento continuou a crescer. A Bíblia era lida nas igrejas e nos lares, gerando grande vitalidade espiritual ao movimento puritano. Com a morte de Elizabeth em 1603, Tiago VI da Escócia, filho de Maria Stuart, tornou-se Tiago I, rei da Inglaterra e da Escócia, e chefe da igreja. Os puritanos nutriam grandes esperanças em relação ao novo rei, que havia sido educado pelos presbiterianos da Escócia. Todavia, ele estava muito apegado ao sistema episcopal de governo eclesiástico. No seu reinado, um grupo de puritanos foi inicialmente para a Holanda e depois para a Nova Inglaterra, na América do Norte. Apesar de tudo isso, o Rei Tiago aprovou uma nova e influente versão da bíblia, que ficou conhecida como a Versão do Rei Tiago (King James Version 1611). 3 / 10

A Assembléia de Westminster Tiago foi sucedido no trono por seu filho Carlos I, que reinou de 1625 a 1649. Seu principal conselheiro era William Laud, arcebispo de Cantuária, um adepto da teologia pelagiana e da uniformidade religiosa. Em 1637, Carlos I e Laud tentaram fazer com que os presbiterianos da Escócia se submetessem ao governo e culto da Igreja da Inglaterra, com seu sistema episcopal (bispos e arcebispos). No ano seguinte, os escoceses assinaram um Pacto Nacional no qual se comprometiam a defender o presbiterianismo e entraram em guerra contra o rei. Carlos precisava de mais homens e dinheiro para lutar contra os escoceses e assim foi forçado a convocar a eleição de um Parlamento, para sua decepção, os ingleses elegeram um Parlamento puritano. Ele rapidamente dissolveu o parlamento e convocou nova eleição, que resultou em uma maioria puritana ainda mais expressiva. O rei tentou novamente dissolver o Parlamento, que entrou em guerra contra ele. Estava iniciada a guerra civil inglesa que foi vencida pelos puritanos, que vieram então a confirmar um Parlamento com maioria puritana. Entre outras coisas, esse Parlamento puritano voltou sua atenção para a questão religiosa. Há 75 anos os puritanos vinham insistindo que a Igreja da Inglaterra tivesse uma forma de governo, doutrinas e culto mais puros. Em 1641 o Parlamento aboliu a corte da Alta Comissão e em 1642 foi ordenado que o ofício de arcebispo e de bispo bem como toda a estrutura de governo episcopal da igreja fosse abolida a partir de 1643. E 12 de junho de 1643, o Parlamento convocou a Assembléia de Teólogos de Westminster, que ficou composta de 121 dos ministros mais capazes da Inglaterra, além de 20 membros da Câmara dos Comuns e 10 membros da Câmara dos Lordes. Todos os ministros, exceto dois, eram da Igreja da Inglaterra. Praticamente todos eles eram puritanos e calvinistas. Não havia unanimidade entre eles quanto à forma de governo: a maioria era composta de presbiterianos, muitos eram partidários da forma congregacional e alguns defendiam o episcopalismo. Os debates mais longos e acalorados foram travados nessa área. 4 / 10

A Assembléia de Westminster iniciou seus trabalhos na Abadia de Westminster, em Londres, no dia 1 de julho de 1643, e continuou em atividade durante cinco anos e meio. Nesse período, houve 1163 reuniões do plenário e centenas de reuniões de comissões e subcomissões. a participação escocesa Após o início dos trabalhos, a guerra prosseguia e as forças parlamentares começaram a ficar em desvantagem. Por este motivo, foi enviada uma delegação à Escócia em busca de auxílio. Os escoceses concordaram em enviar o socorro providencial mediante duas condições: a) Todos os membros da Assembléia de Westminster e do Parlamento deviam assinar uma Liga e Pacto Solene a ser redigido pelos escoceses; b) Os escoceses iriam nomear alguns representantes junto à Assembléia de Westminster. 5 / 10

Ao assinarem esse documento, os ingleses se comprometeram a manter e defender a Igreja Presbiteriana da Escócia e a realizarem uma reforma da igreja na Inglaterra e na Irlanda em sua doutrina, governo, culto e disciplina, de acordo com a Palavra de Deus e o exemplo das melhores igrejas reformadas. Os escoceses enviaram seis delegados à Assembléia de Westminster quatro pastores e dois presbíteros sem direito a voto. Os ministros eram: Alexander Henderson, Robert Baillie, George Gillespie e Samuel Rutherford, esses poucos representantes escoceses exerceram uma influência decisiva sobre a Assembléia. Com a chegada dos escoceses e a assinatura da Liga e Pacto Solene em setembro de 1643, houve uma mudança radical no trabalho da Assembléia. Antes disso, a maior parte do tempo havia sido dedicada a uma revisão dos Trinta e Nove Artigos e não se pensara em elaborar uma nova Confissão de Fé, mas com a participação escocesa, os Trinta e Nove Artigos foram postos de lado e passou-se a fazer uma reforma profunda na Igreja da Inglaterra. O trabalho da Assembléia Durante seus cinco anos e meio de atividade, a Assembléia de Westminster produziu os chamados Padrões Presbiterianos. À medida que era concluído, cada documento era encaminhado ao Parlamento como o humilde conselho da Assembléia. O Parlamento não aprovou automaticamente o trabalho da Assembléia, mas gastou muito tempo estudando e discutindo cada documento. Os Padrões Presbiterianos, na ordem em que foram concluídos pela Assembléia, são os seguintes: 6 / 10

a) Diretório do Culto Público a Deus: foi concluído em dezembro de 1644 e aprovado pelo Parlamento em janeiro de 1645, substituiu o Livro de Oração Comum; b) Forma de Governo Eclesiástico e Ordenação: foi concluída em novembro de 1644 e aprovada pelo Parlamento em 1648. Era uma forma presbiteriana de governo e substituiu o episcopalismo na Igreja da Inglaterra; c) Confissão de Fé: foi concluída em dezembro de 1646 e aprovada pelo Parlamento em março de 1648; d) Catecismos Maior e Breve: foram concluídos no final de 1647 e aprovados pelo Parlamento em setembro de 1648; e) Saltério: versão métrica dos salmos para o culto, aprovada em novembro de 1645 pela Assembléia e aprovada pelo Parlamento no ano seguinte. 7 / 10

A Confissão de Fé O esboço inicial da Confissão de Fé de Westminster foi preparado por duas comissões a partir de outubro de 1644, com a plena participação dos representantes da Igreja da Escócia. O plenário da Assembléia discutiu o documento de julho de 1645 a dezembro de 1646. Alguns dos debates foram acalorados, especialmente sobre temas como os Decretos Eternos, a Liberdade Cristã, a Liberdade de Consciência e a liderança de Cristo. De um modo geral, houve uma notável unanimidade entre os participantes. No dia 26 de novembro de 1646 o texto ficou pronto, com a exceção do prefácio e de algumas emendas. Estes foram concluídos no dia 4 de dezembro, quando a Confissão de Fé foi apresentada à Câmara dos Comuns. Todavia, o Parlamento exigiu a apresentação de textos bíblicos de apoio, cuja preparação e discussão continuou até abril de 1647. Em 29 de abril de 1647, a Confissão, com as passagens bíblicas, foi apresentada às duas câmaras. A Câmara dos Comuns determinou a impressão de 600 cópias, somente para os membros do Parlamento e da Assembléia. O título era: O humilde conselho da Assembléia de teólogos que por autoridade do Parlamento ora está reunida em Westminster... com respeito a uma Confissão de Fé, com a adução de citações e textos da Escritura. 8 / 10

A Confissão foi aprovada pelo Parlamento em 1648, com o seguinte título: Artigos de religião cristã, aprovados e sancionados por ambas as casas do Parlamento, segundo o conselho da Assembléia de teólogos ora reunida em Westminster por autoridade do Parlamento. A Confissão de Fé é uma expressão da teologia agostiniana e calvinista que há mais de um século vinha influenciando os teólogos ingleses. Especificamente, a forma da Confissão foi influenciada pelos chamados Artigos Irlandeses, elaborados pelo bispo Ussher em 1615. Quanto ao esquema teológico geral sob o qual os teólogos de Westminster agruparam suas principais doutrinas, trata-se do sistema conhecido como Teologia Federal ou Teologia do Pacto (Pacto das Obras e Pacto da Graça). Como uma declaração da doutrina reformada e como uma afirmação do calvinismo do século 17, a Confissão de Fé é um documento extremamente moderado e judicioso. William Beveridge conclui: Devemos agradecer a Deus por essa declaração sábia, completa e equilibrada de nossa fé, que chegou até nós como uma preciosa herança da Assembléia de Westminster. EVENTOS POSTERIORES Com o auxílio dos escoceses, as forças parlamentares lideradas por Oliver Cromwell esmagaram o rei Carlos e seus exércitos. Cromwell e o exército inglês eram partidários do congregacionalismo; assim sendo, os presbiterianos foram expulsos do Parlamento em 1648. 9 / 10

O rei Carlos foi decapitado na Torre de Londres em janeiro de 1649, sendo então criada a Comunidade (Commonwealth), tendo Cromwell como Lorde Protetor da Inglaterra e da Escócia. Cromwell morreu em 1658 e dois anos depois foi restaurada a monarquia com Carlos II no trono dos dois países. O episcopado foi restaurado, sendo aprovadas rígidas leis que impunham submissão ao governo e ao culto da Igreja da Inglaterra. Cerca de dois mil ministros presbiterianos foram expulsos de suas igrejas e residências. Seguiu-se um longo período de intolerância e cerceamento. Somente no século 19 foi organizada a Igreja Presbiteriana da Inglaterra (1876). Na Escócia, os Padrões de Westminster foram prontamente adotados pela Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana, substituindo os antigos documentos que vinham desde a época de John Knox. Isso é notável se lembrarmos que a Assembléia de Westminster era composta de 121 ministros puritanos ingleses e apenas quatro ministros escoceses. Os presbiterianos escoceses agiram assim por causa dos méritos intrínsecos dos Padrões de Westminster e em especial devido ao seu desejo de promover a unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Através da imigração e do esforço missionário dos presbiterianos escoceses, esses padrões foram levados para a Irlanda do Norte, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil e até aos confins da terra. ATUALIDADE DA CONFISSÃO A Confissão de Fé de Westminster é considerada uma das melhores e mais equilibradas exposições da fé reformada já escrita. Suas definições doutrinárias foram cuidadosamente elaboradas por alguns dos homens mais cultos e piedosos do século XVII. Talvez a sua linguagem e algumas de suas ênfases pareçam estranhas à mentalidade do início do século XXI, todavia, suas formulações continuam plenamente válidas para os dias atuais. 10 / 10