II Domingo do Advento (Ano B)



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Transcrição:

EVANGELHO Mc 1,1-8

Ambiente: O Evangelho segundo Marcos parece ter sido o primeiro dos Evangelhos. O final da década de 60 é uma época difícil para os cristãos em geral e para os cristãos da cidade de Roma em particular. Por volta do ano 66, o imperador Nero organizou uma terrível perseguição contra os cristãos da capital do império. Pedro e Paulo foram mortos nesta altura, juntamente com um número considerável de outros cristãos. A fidelidade no seguimento de Jesus comportava o risco contínuo de verse desprezado, perseguido e maltratado. Nesta situação de perseguição e de crise, era necessário afirmar a fé em Jesus Cristo. Neste texto, o autor enuncia as coordenadas fundamentais do seu Evangelho. Trata-se, diz o título da obra, de apresentar uma Boa Notícia ( evangelho ) aos crentes mergulhados na crise e na perseguição. Qual é essa Boa Notícia que deve dar sentido ao sofrimento dos cristãos? É que esse Jesus, à volta do qual se constrói a vida e a fé da Igreja, é o Messias libertador ( o Cristo ) e o Filho de Deus. 1

Mensagem: O corpo central do nosso texto apresenta-nos a missão de João Baptista (v.2-3), a sua pregação (v.4), a reacção dos ouvintes (v.5), o seu estilo de vida (v.6) e o testemunho de João sobre Jesus (v.7-8). Qual é, pois, a missão de João? De acordo com o nosso texto, é ser o mensageiro que prepara o caminho para o Messias, Filho de Deus (v.2). Em que consistia a pregação de João? João apareceu no deserto a proclamar um baptismo de penitência para remissão dos pecados (v.4). De acordo com a catequese judaica, o Messias só chegaria quando Israel fosse, na verdade, a comunidade santa de Deus Antes de o Messias chegar, o Povo devia, portanto, realizar um caminho de purificação e de conversão, de forma a tornar-se um Povo santo. O baptismo de penitência (literalmente, baptismo de conversão ou de metanoia ) proposto por João deve ser entendido neste contexto e representa um convite à mudança radical de vida, de comportamento, de mentalidade. 2

Mensagem: Este baptismo proposto por João não era, na verdade, uma novidade insólita. O judaísmo conhecia ritos diversos de imersão na água. Era, inclusive, um rito usado na integração dos prosélitos (os pagãos que aderiam ao judaísmo) na comunidade do Povo de Deus. Na perspectiva de João, provavelmente, este baptismo é um rito de iniciação à comunidade messiânica: quem aceitava este baptismo passava a viver uma vida nova e aceitava integrar a comunidade do Messias. A pregação de João é feita no deserto. O deserto é, no contexto da catequese judaica, o lugar onde o Povo de Deus realizou uma caminhada de purificação e de conversão. Foi no deserto que os israelitas libertados do Egipto passaram de uma mentalidade de escravos a uma mentalidade de homens livres, de uma mentalidade de egoísmo a uma mentalidade de partilha. A pregação de João lembrava aos israelitas a necessidade de voltar ao deserto e de percorrer um caminho semelhante àquele que os antepassados tinham percorrido. 3

4 Reflexão: Estamos atentos à necessidade de conversão continua? Deus convida o homem à transformação e à mudança através desses profetas a quem Ele chama e a quem confia a missão de questionar o mundo e os homens. Estamos suficientemente atentos aos profetas que questionam o nosso estilo de vida e os nossos valores? Damos crédito às suas interpelações, ou consideramo-los figuras incomodativas, ultrapassadas e dispensáveis? E nós, constituídos profetas desde o nosso baptismo, sentimo-nos nos enviados por Deus a interpelar e a questionar o mundo e os nossos irmãos?