Praça general Tibúrcio, 80 Praia Vermelha, Rio de Janeiro RJ Físicas RESUMO

Documentos relacionados
FORMAÇÃO DO COMPÓSITO BIFÁSICO Al 2. - YAG ADITIVADO COM Nb 2 O 5

Formação da fase YNbO 4 O 5

with Nb 2 O 5 Instituto Militar de Engenharia - IME Centro Universitário Estadual da Zona Oeste - UEZO

Estudo do comportamento mecânico da dureza e da morfologia do compósito Al 2. -YAG Behavior study mechanical hardness and morphology of composite Al 2

524 Maracanã / Rua Dr. Xavier Sigaud, 150 Urca , Rio de Janeiro, RJ, Brasil

DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS A BASE DE ALUMINA PARA USO EM BLINDAGEM

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DAS INCLUSÕES DE 3Y-ZrO 2 EM COMPÓSITOS CERÂMICOS DE ALUMINA-ZIRCÔNIA PARA APLICAÇÃO COMO FERRAMENTA CERÂMICA

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

SINTERIZAÇÃO DE CERÂMICAS À BASE DE ALUMINA, ZIRCÔNIA E TITÂNIA

OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE FERRAMENTAS UTILIZANDO SINTERIZAÇÃO NORMAL

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

PROPRIEDADES MECÂNICAS DO COMPÓSITO ALUMINA-ZIRCÔNIA

INFLUÊNCIA DA ADIÇÂO DE NbC NA SINTERIZAÇÂO POR METALURGIA DO PÓ DO BRONZE-ALUMÍNIO

ESTUDO DA ADIÇÃO DE NIÓBIA EM COMPÓSITO DE MATRIZ ALUMINA COM DISPERSÃO DE ZIRCÔNIA*

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO COMPÓSITO CERÂMICO Al 2 O 3 - NbC, PRENSADO À QUENTE (HP)

ALUMINA COM ADIÇÕES DE NIÓBIA, SÍLICA E MAGNÉSIA PARA PROTEÇÃO BALÍSTICA*

PREPARAÇÃO DE MULITA A PARTIR DE MATÉRIAS-PRIMAS NATURAIS. Departamento de Engenharia de Materiais, UFPB, , João Pessoa, Brasil

OBTENÇÃO DE TIALITA ESTABILIZADA COM ADIÇÃO DE ARGILA CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E MECÂNICA

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

EFEITO DO TEOR DE COBALTO NA SINTERIZAÇÃO DO COMPÓSITO CERÂMICO Al 2 O 3 - Co

Cadernos UniFOA. Artigo Original. Wagner Martins Florentino 1. Original Paper. Bruno José Silva de Jesus 1. Gabriella da Silva Lopes 1

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

PRODUÇÃO DE COMPÓSITO CERÂMICO VISANDO APLICAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CORTE

COMPORTAMENTO MECÂNICO DO SIC ADITIVADO COM OXIDOS DE ALUMINIO E ITRIO PRODUZIDOS POR SHS*

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS LSM-YSZ PARA APLICAÇÃO COMO CATODO EM CÉLULAS A COMBUSTÍVEL TIPO SOFC

SÍNTESE E CARCATERIZAÇÃO DE BETA FOSFATO TRICÁLCICO OBTIDO POR MISTURA A SECO EM MOINHO DE ALTA ENERGIA

PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA

Análise Microestrutural e de Fases de um Carbeto Cementado Dopado com Terras-Raras Sinterizado por Fase Líquida

Engenharia e Ciência dos Materiais II. Prof. Vera Lúcia Arantes

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

AVALIAÇÃO COMPORATIVA DA SINTERIZAÇÃO DE CERÂMICA VERMELHA EM FORNO DE MICRO-ONDAS E FORNO CONVENCIONAL

ESTUDO COMPARATIVO DE AMOSTRAS SINTERIZADAS DE NiTi 1

RICARDO DE FREITAS CABRAL. PRODUÇÃO DO COMPÓSITO BIFÁSICO Al 2 O 3 -YAG COM ADIÇÃO DE Nb 2 O 5

INCORPORAÇÃO DA CINZA DO CAROÇO DE AÇAÍ EM FORMULAÇÕES DE CERÂMICA ESTRUTURAL

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

peneira abertura Peneiramento Pó A Pó B # μm Intervalos % % #

ANÁLISE MICROESTRUTURAL DE PÓ DE ALUMÍNIO SINTERIZADO OBTIDO PELA MOAGEM DE ALTA ENERGIA DE LATAS DE BEBIDAS

SINTERIZAÇÃO DE WC-CO COM ATMOSFERA DE ARGÔNIO, PREPARADO EM MOINHO ATRITOR

AVALIAÇÃO DA ADIÇÃO DO PÓ DE RESÍDUO DE MANGANÊS EM MATRIZ CERÂMICA PARA REVESTIMENTO

Cerâmica 49 (2003) 6-10

MATERIAIS DE CONSTRUÇÂO MECÂNICA II EM 307 TRABALHO PRÁTICO N.º 1. Observação e análise microscópica de diferentes tipos de materiais cerâmicos

ESTUDO DA MICROESTRUTURA DE CERÂMICAS POROSAS DE ALUMINA A 1450ºC E 1550ºC

5. CARACTERIZAÇÃO POR MICROSCOPIA ELETRONICA DE TRANSMISSÃO E VARREDURA.

INFLUÊNCIA DA MICROESTRUTURA NAS PROPRIEDADES ELÉTRICAS DE LIGAS Al-Mg-Th E Al-Mg-Nb

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DA HIDROXIAPATITA BOVINA SINTERIZADA COM BIOVIDRO NIOBO-FOSFATO

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE REFRATÁRIOS DOS SISTEMAS ALUMINA-ZIRCÔNIA E ALUMINA-ZIRCÔNIA-SÍLICA

AVALIAÇÃO DE CERÂMICA DENSA A BASE DE NITRETO DE ALUMÍNIO SINTERIZADA VIA SPS

MATERIAIS DE CONSTRUÇÂO MECÂNICA II M 307 TRABALHO PRÁTICO N.º 2. Estudo do processamento e evolução microestrutural de um vidro cerâmico

EFEITO DA PRÉ-FORMAÇÃO DE FASE NA DENSIFICAÇÃO E MICROESTRUTURA DO TITANATO DE ALUMÍNIO

OBTENÇÃO DE VITRO-CERÂMICOS DE CORDIERITA ATRAVÉS DA SINTERIZAÇÃO E CRISTALIZAÇÃO DE PÓS DE VIDRO

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II (EM307) 2º Semestre 2005/06 9. NOVOS MATERIAIS CERÂMICOS

ceramic composite Densificação e propriedades mecânicas do compósito cerâmico Al 2 sinterizado -Y 2 and Y 3

USO DE PÓ DE EXAUSTÃO GERADO NA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO COMO MATÉRIA PRIMA PARA A INDÚSTRIA DE REVESTIMENTO CERÂMICO.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO ÓXIDO DE CÉRIO PREPARADO POR DIVERSOS MÉTODOS

ANÁLISE ESTATÍSITICA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS CERÂMICOS CONTENDO RESÍDUO MUNICIPAL

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO AERONÁUTICA I SMM 0181

Domingues, R. O. 1, a, Yadava, Y. P. 1, b, Sanguinetti Ferreira, R. A. 1,c

INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DE MASSA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POROSO

SINTERIZAÇÃO SEM PRESSÃO DE COMPÓSITOS ZrB2/SiC COM ADIÇÃO DE AlN:Y2O3. Escola de Engenharia de Lorena-EEL-USP

EFEITO DA ADIÇÃO DE SILICATO DE LÍTIO NA DENSIFICAÇÃO DA ZIRCÔNIA- ÍTRIA

EFEITO DA ADIÇÃO DE MoO3 NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA ZIRCÔNIA CÚBICA ESTABILIZADA COM ÓXIDO DE ÍNDIO (InO1,5)

Processamento de Cerâmicas II Sinterização Processos especiais

Moagem Fina à Seco e Granulação vs. Moagem à Umido e Atomização na Preparação de Massas de Base Vermelha para Monoqueima Rápida de Pisos Vidrados

Necessária onde a sinterização no estado sólido não é possível (Si 3

ESTUDO DE MASSAS CERÂMICAS PARA REVESTIMENTO POROSO PREPARADAS COM MATÉRIAS-PRIMAS DO NORTE FLUMINENSE

PRECIPITAÇÃO DA AUSTENITA SECUNDÁRIA DURANTE A SOLDAGEM DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX S. A. Pires, M. Flavio, C. R. Xavier, C. J.

OTIMIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE INCLUSÕES METÁLICAS EM COMPÓSITOS DO TIPO CERÂMICA-METAL RESUMO

SÍNTESE DE BETA FOSFATO TRICÁLCICO, POR REAÇÃO DE ESTADO SÓLIDO, PARA USO BIOMÉDICO

ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS MICROESTRUTURAIS E ELÉTRICAS DE UM VARISTOR À BASE DE ZnO DOPADO COM ÓXIDOS DE TERRAS-RARAS

AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS DE LIGAS NANOCRISTALINAS DO SISTEMA Ti-Mo-Fe-Sn

Metalurgia do Pó. Introdução

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

Efeito do tempo e do tipo de aditivo na infiltração de compactos de SiC

Efeito da adição de Nb, Mo, Cr e Ti na microestrutura do WC-6Co

SÍNTESE E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE CERÂMICAS MONOLÍTICAS COM EXPANSÃO TÉRMICA NULA OU NEGATIVA

Compósitos. Prof. Vera Lúcia Arantes

INFLUÊNCIA DA TÉCNICA DE OBTENÇÃO DAS LIGAS DE SiGe NA PREPARAÇÃO DE UM MATERIAL TERMOELÉTRICO

Sinterização 31/8/16

EFEITO DA MOAGEM DE ALTA ENERGIA E DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO NA DENSIFICAÇÃO DE UM PÓ COMPÓSITO Nb-20%Cu

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II (EM307) 2º Semestre 2005/ Materiais para Ferramentas

Sinterização ultrarrápida por micro-ondas do compósito mulita-cordierita. (Microwave fast sintering of mullite-cordierite composite)

DESEMPENHO DE MASSA CERÂMICA VERMELHA COM ADIÇÃO DE CAREPA/RESÍDUO DE LAMINAÇÃO EM DIFERENTES TEMPERATURAS DE QUEIMA

Cadernos UniFOA. Artigo Original. Lucas Mendes Itaboray. Original Paper. Anna Paula de Oliveira Santos. Maria Aparecida Pinheiro dos Santos

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MATERIAIS CERÂMICOS A PARTIR DE RESÍDUOS DE LAPIDÁRIOS

ANÁLISE DE PROPRIEDADES MECÂNICAS DE COMPÓSITOS CERÂMICOS DE ALUMINA-ZIRCÔNIA PARA APLICAÇÃO COMO FERRAMENTAS DE CORTE

SENSORES CERÂMICOS PARA MONITORAMENTO DE UMIDADE RELATIVA DO AR EM PLATAFORMAS DE COLETAS DE DADOS AMBIENTAIS (PCDS) DO INPE

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA DILATAÇÃO-RETRAÇÃO E DENSIFICAÇÃO DA MULITA EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DO ÓXIDO DE FERRO

Sinterização. Conceitos Gerais

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

MOLHABILIDADE DO SiC PELOS ADITIVOS AlN/RE 2 O 3 (RE 2 O 3 ÓXIDO DE TERRAS RARAS)

3 Metodologia experimental

SINTERIZAÇÃO EM MICRO-ONDAS DE CERÂMICAS DE ZIRCÔNIA ESTABILIZADA COM ÍTRIA SINTETIZADAS POR COPRECIPITAÇÃO

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA LIGA Ti-15Zr-12,5Mo PARA APLICAÇÃO COMO BIOMATERIAL

visando produção de nanocompósitos de ZrO 2

23º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2018, Foz do Iguaçu, PR, Brasil

Estudo da microestrutura e da microdureza das cerâmicas piezoelétricas tipos PZT I e III utilizadas em transdutores eletroacústicos

Síntese e Caracterização de Óxidos Nanoestruturados: Óxidos de Vanádio

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO NITRETO DE SILÍCIO OBTIDO POR PRENSAGEM UNIAXIAL A QUENTE

8º CONGRESO IBEROAMERICANO DE INGENIERIA MECANICA Cusco, 23 al 25 de Octubre de 2007

Transcrição:

SINTERIZAÇÃO DO COMPÓSITO BIFÁSICO Al 2 O 3 -YAG ADITIVADO COM Nb 2 O 5 1 CABRAL, R.F.;. 2 LOURO, L. H. L.; 3 CAMPOS, J. B.; 4 COSTA, C. R. C, 5 PRADO DA SILVA; M. H.; 6 LIMA, E. S. Praça general Tibúrcio, 80 Praia Vermelha, Rio de Janeiro RJ 22290-270 1 ricardof@ime.eb.br CEP: 1,2,4,6 Instituto Militar de Engenharia; 3 Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas RESUMO O compósito bifásico Al 2 O 3 -YAG possui diversas aplicações no campo da engenharia aeronáutica e espacial, tais como em motores a jato e turbinas à gás de alta eficiência por suas excelentes propriedades em altas temperaturas. Este material também apresenta perspectivas favoráveis a seu emprego como blindagem, devido a sua elevada dureza e resistência à abrasão. Foram preparados pós de Al 2 O 3 e do compósito Al 2 O 3 -YAG, ambos aditivados com 4% em peso de Nb 2 O 5. Os corpos verdes foram compactados a 70 MPa e sinterizados a 1450 ºC, por 3h. Estes produtos foram caracterizados por difração de raios-x com quantificação de fases por Rietveld, microscopia eletrônica de varredura e densidade por arquimedes. O Al 2 O 3 aditivado com Nb 2 O 5 apresentou uma densidade de 96% enquanto que para o compósito, a densificação foi de 60%, indicando ser necessário, ainda, a otimização de seu processamento. Palavras-chave: Compósito, sinterização, Al 2 O 3 -YAG, Nb 2 O 5 e Rietveld 1. INTRODUÇÃO Os óxidos cerâmicos apresentam como vantagem em relação a outros cerâmicos uma alta resistência à oxidação e à corrosão em ambientes

agressivos e em elevadas temperaturas (1). Estudos desenvolvidos na década de 90 (2, 3) mostraram o YAG (Y 3 Al 5 O 12 Yttrium Aluminum Garnet ) como o óxido de maior resistência à fluência até então conhecido. Esse composto também é um componente em potencial nos compósitos cerâmicos óxidos, tanto como matriz quanto como reforço. O compósito Al 2 O 3 -YAG é atrativo pois ambos resistem à vaporização em baixas pressões parciais de O 2, possuem estabilidade química quando em contato, exibem coeficiente de expansão térmica semelhantes, quando submetidos até a temperatura de fusão não sofrem mudança de fase e formam um eutético que permite um processamento por fusão (2, 3). Várias pesquisas confirmaram a integridade mecânica deste material em temperaturas acima de 1500 ºC (2, 3, 4). O diagrama de fases mais atual do sistema Al 2 O 3 -Y 2 O (2) 3, mostrado na FIG. 1.1, é formado pelos compostos YAG, YAP (YAlO 3 Yttrium Aluminum Perovskite ) e YAM (Y 4 Al 2 O 9 Yttrium Aluminum Monoclinic ). As linhas cheias representam o diagrama de equilíbrio eutético estável, onde a composição eutética de 18,5 mol% de Y 2 O 3 e 81,5 mol% de Al 2 O 3, permite a formação do compósito Al 2 O 3 -YAG, que possui temperatura de fusão de 1824 ºC. As linhas pontilhadas representam a reação eutética metaestável, cuja composição de 77 mol% de Al 2 O 3 e 23 mol% de Y 2 O 3 possibilita obter as fases Al 2 O 3 -YAP à 1702 ºC (2, 3, 4). O objetivo desta pesquisa foi produzir o compósito bifásico Al 2 O 3 -YAG em pó e sinterizá-lo em presença de fase líquida com o uso da nióbia (Nb 2 O 5 ) como aditivo de sinterização. E ainda comparar com a sinterização do Al 2 O 3 aditivado com Nb 2 O 5. 2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS Os pós de Al 2 O 3 e Y 2 O 3 foram misturados na proporção em peso de 63,65% de Al 2 O 3 e 36,35% de Y 2 O 3, que correspondem a 79,5 e 20,5% em mols, respectivamente, conforme a TAB. 2.1 e a FIG. 1.1. Por meio da regra das misturas (EQ. 2.1), foi obtida a densidade teórica da mistura Al 2 O 3 -Y 2 O 3. Para esta medida, foi usada a densidade teórica das fases presentes (ICSD), sendo então obtido o valor de 4,33 g/cm 3. 2

Temperatura 0 C FIG. 1.1 Porção rica em Al 2 O 3 do sistema Al 2 O 3 -Y 2 O 3 (4) TAB. 2.1 Proporção estequiométrica da mistura Al 2 O 3 -Y 2 O 3 Mistura Al 2 O 3 - Y 2 O 3 Densidade (g/cm 3 ) Mols(%) Peso Molecular(g) Peso(%) Y 2 O 3 5,06 20,50 46,29 36,35 Al 2 O 3 4,00 79,50 81,06 63,65 4,33 Total 127,35 1,00 1 ρ = w i i ρ i onde: i é a i-ésima fase, w i, o percentual em peso da fase i (2.1) A moagem foi realizada em moinho de bolas planetário Retsch, modelo PM-400, equipado com copos de aço de 10 cm de diâmetro interno e volume de 500 ml, revestidos internamente com WC. Os corpos de moagem utilizados foram bolas de Al 2 O 3 com diâmetros na faixa de 2 a 3 mm. Com o término da moagem, os pós foram postos em bandejas de vidro do tipo pirex e levados para a estufa à uma temperatura em torno de 120 ºC secos por 48h. Após a secagem, os pós foram desaglomerados em gral e pistilo de 3

Al 2 O 3 e passados em peneira de 80 mesh (0,177 mm), por meio de um vibrador de peneiras, modelo TWB. Foi preparada a mistura de Al 2 O 3 -YAG com Nb 2 O 5, a partir de 96g de Al 2 O 3 -YAG e 4g de Nb 2 O 5. Também foi preparada mais uma mistura, Al 2 O 3 - Nb 2 O 5, com 96% em peso de Al 2 O 3 e 4% em peso de Nb 2 O 5. O tempo de moagem foi maior, de 4 h, para garantir uma redução do tamanho de partícula dos pós, que foram produzidos na condição de desaglomerado somente. Os pós de Al 2 O 3 -YAG foram produzidos de acordo com procedimentos descritos anteriormente (5). Os procedimentos para secagem, desaglomeração e peneiramento foram os mesmos utilizados anteriormente. Nesta pesquisa, foi realizada uma prensagem uniaxial de 70 MPa, com 20s de aplicação de carga em uma máquina universal de ensaios EMIC, modelo DL 10000. Foram sinterizadas no forno NETZSCH, modelo 417/1, com taxa de aquecimento e resfriamento de 10 ºC/min, em atmosfera a ar, à 1450º C, com 2, 3 e 4h de patamar. As análises por difração de raios-x foram realizadas nos corpos de prova sinterizados, em difratômetro PANalytical, modelo X'Pert Pro. Utilizou-se radiação CuKα de comprimento de onda 1,5453Å, com uma tensão de tubo de 40 kv, corrente de 40 ma e varredura com 2θ entre 20 e 80º. O tempo de coleta das amostras sinterizadas foi de 5s por passo, com 1º, 1º e 0,3º para a fenda incidente, divergente e programável, respectivamente. As análises por difração foram complementadas por refinamento de Rietveld para a quantificação de fases, usando o programa Topas versão acadêmica. Este método utiliza um algoritmo baseado no ajuste de curvas por mínimos quadrados (6, 7, 8). A densidade foi obtida por meio do quociente da densidade de massa aparente (dma) pela densidade teórica (ρ r ). A densidade de massa aparente (dma) foi determinada pelo princípio de Arquimedes, de acordo com a norma NBR 6220 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A densidade teórica (ρ r ) foi calculada pela regra das misturas (EQ. 2.1). Os valores de percentual em peso e densidade da fase i ( wi e ρi, respectivamente), são fornecidos pela metodologia de Rietveld. Para a medida de densidade de 4

massa aparente (dma) foi usada uma balança do tipo METTLER, modelo AE 200, com precisão de 1 x 10-4 g. As amostras sinterizadas foram recobertas com ouro por 3 min na evaporadora Balzers, modelo FL-9496 e observadas no MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura), JEOL, modelo JSM-5800 LV, equipado com o EDS ( Energy Dispersive X-ray Spectrometer - Espectrômetro de Dispersão de Energia ), Noran System SIX, modelo 200. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Quantificação de fases por Rietveld A TAB. 3.1, apresenta a quantificação de fases do compósito Al 2 O 3 -YAG com Nb 2 O 5 pelo método de Rietveld, do Al 2 O 3 com Nb 2 O 5. O percentual de Al 2 O 3 presente no primeiro material situou-se acima de 62%. Este valor é superior ao esperado para este compósito, como pode ser visualizado na TAB. 3.2. Esta tabela apresenta a densidade teórica, número de mols, peso molecular e o percentual em peso do Al 2 O 3 e do YAG. Este resultado deve-se à aditivação secundária oriunda das bolas de moagem de Al 2 O (5) 3, tanto na moagem da mistura inicial quanto na do compósito. A amostra de Al 2 O 3 mais Nb 2 O 5 apresentou a formação de 1,17% em peso de AlNbO 4 e a presença de 1,39% de Nb 2 O 5, já em outras pesquisas (9, 10, 11), houve a formação completa do AlNbO 4. Provavelmente deveria ter sido usada uma temperatura de sinterização maior e uma taxa de aquecimento mais lenta, a fim de reagir todo o Nb 2 O 5 com o Al 2 O 3 para a completa formação do AlNbO 4. No compósito Al 2 O 3 -YAG mais Nb 2 O 5 houve ainda a formação da fase YNbO 4, com valores em peso entre 4,28 e 7,05%. Porém, não houve a formação de AlNbO 4, como observada na amostra de Al 2 O 3 sinterizada com Nb 2 O 5, provavelmente devido ao Y ter se ligado preferencialmente ao Nb em relação ao Al. 5

TAB. 3.1 Quantificação de fases pelo método de Rietveld Material Tempo(h) Al 2 O 3 (%) YAG(%) Nb 2 O 5 (%) YNbO 4 (%) AlNbO 4 (%) 2 63,22 30,20 0,00 6,58 0,00 * SYN 3 64,35 31,40 0,00 4,28 0,00 4 63,21 29,70 0,00 7,05 0,00 # SAN 3 97,44-1,39-1,17 * Al 2 O 3 -YAG sinterizado com Nb 2 O 5, # Al 2 O 3 sinterizado com Nb 2 O 5 TAB. 3.2 Proporção estequiométrica em peso do compósito Al 2 O 3 -YAG Mistura AY Densidade (g/cm 3 ) Número de mols Peso Molecular (g) Peso(%) Y 3 Al 5 O 12 4,53 13,67 81,13 63,65 Al 2 O 3 3,97 45,33 46,22 36,35 4,31 Total 127,35 1,00 3.2 Densidade Na FIG. 3.1 são apresentados os valores da densidade do compósito sinterizado Al 2 O 3 -YAG com Nb 2 O 5 e também do Al 2 O 3 sinterizado com Nb 2 O 5. O Al 2 O 3 sinterizado com Nb 2 O 5 apresentou uma densidade de 96% o que corrobora os resultados já descritos para este material (9, 10 e 11). Este resultado satisfatório deve-se à formação da fase líquida AlNbO 4, que molhou os grãos de Al 2 O 3 ajudando no processo de sinterização (12, 13). A densificação das amostras com YAG, entretanto, foi pouco efetiva. Esse efeito provavelmente é devido ao tamanho médio de partículas, que foi de 1,74 µm para a mistura final de Al 2 O 3 -Y 2 O 3 (12). Além disso, a temperatura de sinterização de 1450 ºC possivelmente foi baixa. A baixa densificação do compósito Al 2 O 3 -YAG sinterizado com Nb 2 O 5 pode ser atribuído também, à presença do YNbO 4, que provavelmente inibiu a sinterização. Aparentemente, esta fase não molhou as partículas do compósito, o que mantém os poros maiores, com tendência de maior coordenação. Poros deste tipo tendem a crescer, e não a desaparecer (12, 13). De acordo com 6

Alckerman (14), esta fase funciona como um inibidor da sinterização. O autor aditivou a ZrO 2 estabilizada com Y 2 O 3 com Nb 2 O 5. 95 90 85 Densidade (%) 80 75 70 SYN SAN 65 60 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Patamar (h) FIG. 3.1 Valores de densidade do compósito sinterizado Al 2 O 3 -YAG e do Al 2 O 3 aditivados com 4% de Nb 2 O 5 nas diferentes condições de tempo. 3.3 Caracterização morfológica Na amostra Al 2 O 3 -YAG com Nb 2 O 5 sinterizada, foram observadas partículas de uma fase clara por Elétrons Retroespalhados (ERE), FIG. 3.2(a) em uma matriz em tons de cinza escuro. A Espectrometria de dispersão de energia (EDS) permitiu associar a maior fração de Al à fase cinza escuro, como pode ser visualizado na FIG. 3.2(b). No Al 2 O 3 com Nb 2 O 5 sinterizado, foi possível observar a presença de uma fase intergranular formada nos cortornos de grãos por Elétrons Secundários (ES), como indicada na FIG. 3.3(a). Comprovou-se, por EDS, que esta fase é rica em Nb, como ilustrado na FIG. 3.3(b). Essa observação concorda com os resultados de ERE, que associam fases ricas em elementos de maior peso atômico a tons mais claros, e aos resultados de DRX, que indicaram a presença da fase AlNbO 4. A formação desta fase líquida na sinterização permitiu maior densificação. 7

Fase cinza escuro Fase clara Fase escura (a) FIG. 3.5 (a) Imagem por BSE da amostra sinterizada Al2O3-YAG com Nb2O5, com uma região indicativa da presença de YNbO4, com aumento de 10.000X e (b) EDS da região do contorno da partícula rica em Al X 5,000 5 µm (a) FIG. 3.6 (a) Microestrutura da mistura Al2O3-Nb2O5 sinterizada, usando SE, com os pontos indicativos do EDS, com aumento de 5.000 X e (b) EDS da fase intergranular formada rica em Nb 4 CONCLUSÕES As amostras aditivadas com Nb2O5 mostraram uma densidade menor, provavelmente pela formação de YNbO4. No Al2O3 com Nb2O5 sinterizado a 1450 ºC, houve a formação do AlNbO4 nos contornos dos grãos que promoveu ótima densificação, de 96%. Embora a sinterização de Al2O3 e YAG com Nb2O5 não possua referência na literatura, estes resultados mostraram que são necessários ainda ajustes nas condições de processamento e de sinterização para minimizar a sua baixa densificação. 8

5 REFERÊNCIAS (1) MIZUTANI, Y.; YASUDA, H., Coupled growth of unidirectionally solidified Al 2 O 3 -YAG eutectic ceramics, v. 242, 2002, p. 384-392. (2) PARTHASARATHY, T. A., MAH, T., MATSON, L. E., Processing, structure and properties of alumina-yag eutectic composites, 2004, v. 5, p.380-90. (3) LI, W.Q., GAO, L., Processing, Microstruture and mechanical properties of 25vol % YAG-Al 2 O 3 nanocomposites, v. 11, 1999, p. 1073-1080. (4) WAKU, Y., NAKAGAWA, N., High-temperature strength and thermal stability of a unidirectionally solidified Al 2 O 3 -YAG eutectic composite, v. 33, 1998, p. 1217-1225. (5) CABRAL, R. F., Produção do compósito bifásico Al 2 O 3 -YAG com adição de Nb 2 O 5, Tese de M. C., IME, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2008. 2005. (6) YOUNG, R. A., The Rietveld Method, Orford University Press, USA, (7) ORTIZ, A. L., SÁNCHEZ-BAJO, F., PADTURE, N. P., CUMBRERA, F. L., GUIBERTEAU, F., Quantitative Polytype-Composition Analyses of SiC Using X-Ray Diffraction: a Critical Comparison Between the Polymorphic and the Rietveld Methods, Journal of the European Ceramic Society, v. 21, p. 1237-48, 2001. (8) JIMÉNEZ, A. H., ORTIZ, A. L., BAJO, F. S. and GUIBERTEAU F., Determination of Lattice Parameters of Polytypes in Liquid-Phase-Sintered SiC Using the Rietveld Method, Journal of American Ceramic Society, v. 87, n. 5, p. 943-949, 2004. (9) GOMES, A. V., Comportamento balístico da alumina com adição de nióbia e variação da geometria do alvo, Tese de D. C., IME, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2004. (10) SANTOS, W. N., Effect of addition of niobium oxide on the thermal conductivity of alumina, v. 18, 1998, p. 807-811. (11) JIN, X. H, GAO, L., CHEN, Y. R., YUAN, Q. M., Effect of Nb 2 O 5 addition on the sinterability, microstructure and mechanical behaviour of ZTM- Al 2 O 3 (12) GERMAN, R. M., Sintering Theory and Practice, John Wiley & Sons, New York, 1996. (13) BARSOUM, M. W., Fundamentals of Ceramics, The Mc Graw-Hill Companies Inc., 1997. (14) ACKERMAN, J. F., SPITSBERG, I., VENKATARAMANI, V. S., DAROLINA, R., Article protected by thermal barrier coating having a sintering inhibitor, and its fabrication, European patent EP 1295965, 2003 9

SINTERING OF Al 2 O 3 -YAG BIPHASIC COMPOSITE ADDED BY Nb 2 O 5 ABSTRACT SINTERING OF Al 2 O 3 -YAG BIPHASIC COMPOSITE ADDED BY Nb 2 O 5 The two-phase composite Al 2 O 3 -YAG presents diverse applications in the field of aeronautical and space engineering, such as in jet engines spurt and gas turbines, due to itsf high efficiency and excellent properties at high temperatures. This material also presents favorable perspectives to be used as shield, due to high hardness and resistance to the abrasion. Al 2 O 3 and Al 2 O 3 -YAG composite were prepared, both with 4% in weight of Nb 2 O 5. The green bodies were compact at 70 MPa and sintered at 1450 ºC for 3h. These products were characterised by X-ray diffraction with quantification by He Rietveld method, scanning electron microscopy and density by the Archimedes method. Al 2 O 3 with Nb 2 O 5 samples presented a density of 96% whereas for the composite, the densification was of 60%, indicating that processing optimization must by improved. Key-words (em inglês): Composite, sintering, Al2O3-YAG, Nb2 O5, Rietveld Key-words: Composite, sintering, Al 2 O 3 -YAG, Nb 2 O 5, Rietveld 10