A peleja entre o moderno e o antigo na preservação brasileira

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Transcrição:

A peleja entre o moderno e o antigo na preservação brasileira Autora discorre sobre as linhas da preservação mundial, enfatizando a contribuição do nosso movimento moderno. Intervenções na paisagem e conservação de prédios antigos convivem no Moderno. O conceito de preservação do patrimônio não é tão antigo quanto se imagina. Paradoxalmente, ele aparece no contexto do modernismo. No Brasil, não foi diferente, mostra o livro Interpretações do patrimônio arquitetura e urbanismo moderno na constituição de uma cultura de intervenção no Brasil, 1930-1960, da arquiteta e urbanista Ana Lúcia Cerávolo. A Semana de Arte Moderna de 1922, que pregava a ideia de que o Brasil precisava imergir na sua própria história (como defenderia, em 1928, o manifesto antropofágico de Oswald de Andrade), foi fundamental para a propagação da ideia de criação de uma identidade cultural brasileira. Os modernos professavam a necessidade de ser preservar os bens culturais tanto materiais quanto simbólicos, sobretudo as manifestações populares. No entanto, as concepções de arquitetura e

urbanismo modernas com o conceito de colonial não se harmonizaram sem conflitos. As discussões acerca do o tema aconteciam ao mesmo tempo em que se travava o debate sobre a necessidade de criação de uma identidade nacional para o Brasil. O dilema era saber onde ela estaria, tarefa desafiadora encampada pelos modernistas. Desde o fim da I Guerra Mundial, a proteção dos monumentos deixou de ser uma questão restrita à Europa, avançando para outros continentes, salienta a autora. Didática A obra é ilustrada e dividida didaticamente em cinco capítulos. É uma versão aprimorada da tese de doutorado de Ana Lúcia Cerávolo, que recorre a importantes obras do patrimônio brasileiro para mostrar como se deu a peleja entre as diversas correntes preservacionistas. O Brasil e a América Latina ganham destaque na obra, que tenta reconstruir um pouco dessa história, que teve nos congressos de arquitetos, desde 1920, um dos principais fóruns para discussões. Na época, o debate era pautado no tema da renovação artística, que teve como fio condutor, o movimento moderno, que buscava uma tradição arquitetônica/identidade cultural como processo comum aos países latinos-americanos, inclusive o Brasil. Nesse cenário, surgem grandes nomes da arquitetura brasileira, a exemplo de Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-1998), que defendiam os preceitos da arquitetura moderna, impulsionada mundo afora pelas ideias de Le Corbusier (1867-1965). Na cúpula do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), criado em 1937, foram travadas discussões entre intelectuais, arquitetos e urbanistas que tentavam construir um conjunto de ideias de preservação patrimonial para o País. Apesar da autora centrar sua investigação no contexto brasileiro, traz à tona as principais tendências de

intervenção, como os conceitos das escolas francesa, inglesa e italiana, demonstrando o dilema entre conservar ou restaurar. Eis a questão chave das primeiras discussões em torno do tema que, até hoje, não encontraram um denominador comum. Reflexões A criação do Sphan abriu caminho para outras experiências e reflexões acerca da preservação patrimonial no País, que passa a sofrer profundas transformações a partir da década de 1950. No período, é observado o envolvimento de projetos de restauração de profissionais não vinculados organicamente ao Sphan, a participação mais ativa de entidades no âmbito da preservação como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(Unesco). Nos anos 60, o tema ganha reforço com o surgimento de outras instituições, como a então Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). O período é caracterizado, ainda, pela introdução no solo brasileiro, pelas mão da arquiteta italiana Lina Bo Bardi dos princípios da restauração crítica, que estava sendo disseminada internacionalmente. A teoria da restauração crítica é uma contribuição do movimento moderno, servindo também para sintetizar as correntes do restauro, como mostra a autora no primeiro capítulo. A Carta de Veneza, referendada em 1964, reforça essa linha de pensamento, ou seja, como se deu a atualização das principais linhas teóricas em torno do restauro. Projetos Um dos méritos da autora é promover o diálogo entre as diversas correntes da preservação, tomando como ponto de partida o Brasil, mas sem deixar de lado a relação com o resto do mundo. Para enfatizar a importância do movimento moderno brasileiro, exibe fotos do edifício Gustavo Capanema, conhecido também como Mec. O prédio inaugura a arquitetura

moderna brasileira ao exibir o edifício suspenso em cima de colunas de concreto armado, roliças, possibilitando uma praça no nível da rua, e ao fundo o painel de azulejo de Portinari. O modernismo destacava-se pelas ideias racionais, formas limpas, e o uso de materiais como vidro e concreto armado. O Conjunto das Missões de São Miguel, no Rio Grande do Sul é revisitado pela autora, para discutir a questão do restauro, no contexto entre o moderno e a arquitetura colonial. O projeto para a recuperação das Missões Jesuítas, em 1937, constitui um dos primeiros desafios do Sphan, que tinha à frente intelectual Rodrigo Melo Franco de Andrade. Fizeram parte do primeiro corpo técnico da instituição de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional: Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, entre outros. Divergências Enquanto seis arquitetos defendiam a linha da moderna arquitetura e urbanismo, a outra, considerado dissonante, tinha como parâmetro estudar os traçados reguladores das igrejas barrocas mineiras, dedicando-se especialmente à obra de Aleijadinho. Vale lembrar que, no início do Sphan, a instituição tinha como principal objetivo a salvaguarda das cidades coloniais brasileiras, com ênfase sobre o barroco. Aliás, o presidente do Sphan defendia esse pensamento e fazia parte do grupo que se dedicava a pesquisar o tema. O barroco brasileiro foi interpretado pelos intelectuais modernistas ligados ao Sphan como o primeiro momento realmente genuíno da manifestação da nossa cultura brasileira, escreve. O barroco, naquele momento, sintetizou o pensamento moderno, ora defendido, principalmente pelo grupo de intelectuais remanescentes da Semana de 1922. O trabalho de recuperação nas Missões de São Miguel, construção colonial executada pelos jesuítas, que ganha um museu e a casa do caseiro assinados por Lúcio Costa, revela um

pouco como se deu a convivência entre os grupos. Tradição e modernidade encontram na arquitetura antiga, particularmente na colonial brasileira, elementos de interesses comuns. É a partir de suas formulações que a restauração no Brasil, naquele período, passa a ser considerada um problema contemporâneo, de construção da identidade cultural brasileira, preocupando os arquitetos. Nos primeiros anos de atuação do Sphan o tema suscitou polêmica justamente por congregar duas correntes. O tema preservação surge no seio do movimento moderno, sendo os embates inevitáveis, uma vez que o moderno dava boas-vindas, trazendo uma nova concepção de arquitetura e urbanismo. O barroco trabalhava com a ilusão, com alegorias, fazendo alusão ao sonho, ao simulacro ou ilusão de ótica, como fez Aleijadinho. Os anos 1940 serviram para a consolidação do Sphan, marcando também o momento de definições de estratégias de trabalho e estabelecimento de normativas para intervenção em imóveis e sítios históricos, ilustra Ana Lúcia Cerávolo. A prova de fogo de Lúcio Costa foi a visita que fez, em 1937, à área das Missões Jesuíticas. O arquiteto recebeu a incumbência de propor soluções para o equipamento. No geral, as construções guardavam o saber construtivo dos europeus e poucos vestígios de colaboração indígena. No final, o projeto tentou unir as duas concepções arquitetônicas, ou seja, buscou uma harmonização entre a arquitetura colonial, com traços modernos. O Museu das Missões, projetado por Lúcio Costa, sincretiza elementos da antiga construção, como telhas de barro e colunas estilizadas, sem deixar de lado a linguagem de nova arquitetura, presente no grande pano de vidro, revela a arquiteta e urbanista. A autora chama a atenção para uma das preocupações marcantes do movimento moderno brasileiro, que é a valorização de aspectos da cultura colonial. Aos poucos, os

conceitos modernos foram sendo absorvidos, bem como a utilização de materiais, usados de acordo com a região. Outro monumento que merece destaque na obra, o Grande Hotel de Ouro Preto, em Minas Gerais, obra de Oscar Niemeyer. Para Ana Lúcia Cerávolo, a construção representa a primeira grande polêmica sobre o tema da intervenção em imóveis e sítios históricos. O projeto de Niemeyer tem o efeito da gota d água que faltava para criar uma diáspora no Sphan. Tanto que logo após a confusão gerada pela construção do hotel, o criador de Brasília sai dos quadros da instituição. Oscar Niemeyer abre um escritório particular para desenvolver os projetos do Grande Hotel e do conjunto da Pampulha, diz, abrindo caminho para sua prestigiosa carreira. A postura do criador de Brasília não foi única, outros arquitetos modernos seguiram o mesmo caminho, abandonando os preceitos do Sphan. Assim, aos poucos, foram implementando os ensinamentos de Le Corbusier no território nacional. Além de alicerçar um novo momento para a política de preservação do patrimônio histórico e cultural. Por Iracema Sales Livro Interpretações do patrimônio Arquitetura e urbanismo moderno na constituição de uma cultura de intervenção no Brasil Ana Lúcia Cerávolo Edufscar 2013, 228 páginas R$ 48 Fonte: Diário do Nordeste

Projeto de documentação arquitetônica e histórica da cidade de Rio de Contas/BA O município de Rio de Contas está situado ao sul da região da Chapada Diamantina no estado da Bahia, e distante 736 km da capital do Estado, Salvador. É considerada a cidade mais antiga da região do Centro Sul Baiano e o seu conjunto arquitetônico e paisagístico foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em abril de 1980. A documentação arquitetônica e do sítio histórico de Rio de Contas se configura como a terceira iniciativa do Programa de Documentação Arquitetônica e de Sítios Históricos do Estado da Bahia, desenvolvido pelo Laboratório de Computação Gráfica

Aplicada à Arquitetura e ao Desenho (LCAD) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA), que desde 2004 vem desenvolvendo trabalhos na área de documentação do patrimônio arquitetônico do Estado. Conheça o website Este website disponibiliza um acervo digital composto por textos, imagens, desenhos, vídeos, modelos 3D e panoramas referentes a herança cultural de Rio de Contas. Foi especialmente desenhado para permitir o acesso a estas informações tanto via MAPA interativo como por seções temáticas organizadas no menu ACERVO. Este website procura através da colaboração de todos os interessados na preservação da herança cultural de Rio de Contas, divulgar e ampliar seu acervo além de promover o diálogo entre a comunidade, os pesquisadores, os profissionais de conservação e restauro e os gestores do patrimônio. Este é um projeto experimental, especialmente dedicado a todos os moradores e aos interessados em contar e conhecer a história de Rio de Contas. Fonte original da notícia Exposição reúne a mais importante e completa

documentação do patrimônio histórico O Museu do Diamante, na histórica cidade Diamantina, abre suas portas para a exposição Diamantina 360º sob o olhar de Assis Horta, uma Mostra que reúne a mais importante e completa documentação individual dentro dos 70 anos da política de preservação patrimonial do Brasil. Trazendo imagens de lavadeiras de assoalho, senhores do diamante, alto clero, ex-escravos, vendedores, militares, funileiros, garimpeiros, seresteiros, tecelãs, dos cortejos, funerais, folguedos carnavalescos, residências, comércios, repartições públicas, igrejas e a força documental da sociedade diamantinense do início do século XX, a exposição garante a memória de tempos distantes. Diamantina 360º sob o olhar de Assis Horta ficará aberta até 28 de março de 2009. A entrada é franca. O fotógrafo Assis Horta, 90 anos, é o único fotógrafo vivo dos idos tempos em que o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) atual IPHAN possuía verdadeiros artistas da fotografia espalhados por todo o país. Foi ele que proporcionou o título de Patrimônio Histórico Nacional, conferido à cidade em 1938. Galeria de fotos