2 Fenomenologia da combustão 2.1 Formas de combustão 2.2 Manifestações e produtos da combustão



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Transcrição:

3 5 7 8 9 11 12 12 15 16 18 20 22 1 Fogo Incêndio 2 Fenomenologia da combustão 2.1 Formas de combustão 2.2 Manifestações e produtos da combustão 3 Classes de fogo 4 Extinção de incêndios 4.1 Métodos de extinção 4.2 Agentes extintores 4.3 Meios de primeira intervenção 5 Sinalética de segurança 6 Nota final 7 Referências bibliográficas 8 Ficha técnica 1

Diz um velho ditado que prevenir foi sempre mais eficaz e mais barato que remediar. A irrefutabilidade do aforismo popular atrás citado, a crescente preocupação com as questões da segurança e o facto de a segurança pessoal e colectiva ser um princípio inerente às necessidades humanas básicas, ao conceito de cidadania e ao bem individual e comum fazem com que a formação nesta área desempenhe um papel de extrema importância. Estes pressupostos implicam desde logo um forte investimento e envolvimento de todos para desenvolver uma verdadeira cultura de prevenção. Nesta perspectiva, o projecto INFORADAPT, no âmbito da sua função social e pedagógica, preocupa-se em criar condições para a criação e consolidação de hábitos de segurança. Desta preocupação resulta a elaboração do presente manual que pretende reunir um conjunto de orientações que possam auxiliar a formação a desenvolver sobre aspectos elementares da segurança, tais como meios de primeira intervenção e sinalética de segurança. Deste modo, pretende-se com este documento: Contribuir para a formação na área da segurança; Reunir informação, normas e fontes bibliográficas necessárias a formação da comunidade escolar na área da segurança; Criar um suporte escrito que sirva de base para a formação sobre meios de primeira intervenção e sinalética de segurança. Este trabalho encontra-se dividido em cinco capítulos que abordam aspectos referentes ao: fogo /incêndio definição e a sua importância/prejuízo para a Humanidade; fenomenologia da combustão abordagem dos aspectos susceptíveis de influenciar esta reacção; classes de fogo alusão aos tipos de fogo relacionando os materiais combustíveis; extinção de incêndios explicitação dos métodos/meios e agentes usados para apagar/controlar incêndios; sinalética de segurança referenciados os principais aspectos a atender relativamente à interpretação/identificação de sinais de evacuação e de meios de extinção. Esperamos que este manual seja de fácil consulta e se torne um instrumento de valor informativo e promotor de uma maior cultura de responsabilização e segurança. 2

Fogo Incêndio 3

Fogo incêndio As descobertas chamadas empíricas ocorrem, geralmente, segundo uma sequência que envolve, grosso modo, a observação, a experimentação e a aplicação. O fogo não fugiu a essa regra tendo desde a sua descoberta contribuído para o avanço da Humanidade e o seu desenvolvimento tecnológico. No entanto, quando os Homens perdem o controlo do Fogo, produz-se o incêndio, com todas as perdas e danos que pode ocasionar. Assim, podemos dizer que um incêndio é todo e qualquer fogo não circunscrito, considerada uma reacção de combustão, ou seja, de uma reacção química iniciada e desenvolvida por uma energia de activação, capaz de combinar um elemento combustível com um elemento comburente. Nele, para alem da emissão de calor, há fumos e/ou chamas e gases de emissão, que podem assumir proporções dantescas e dificilmente controláveis. 4

Fenomenologia da combustão 5

Fenomenologia da combustão Para determinar e controlar o fogo, para evitar que o incêndio se produza e para o extinguir é necessário conhecer os fundamentos do fogo, combustão, combustível, comburente, energia de activação e reacção em cadeia. A combustão é uma reacção de oxidação entre um corpo combustível e um corpo comburente. A reacção é provocada por uma determinada energia de activação, sendo do tipo exotérmica, ou seja, com libertação de calor. Ainda que os processos de combustão sejam muito complexos, podem representarse mediante um triângulo no qual cada um dos seus lados, representa um dos três factores essenciais para produzir um fogo: combustível, comburente e energia de activação. Combustível Comburente É toda e qualquer substância que em presença do oxigénio e de uma determinada energia de activação é capaz de arder. É o gás em cuja presença o combustível pode arder;de uma forma geral, considera-se o oxigénio como comburente típico que se encontra presente no ar ambiente (numa proporção de aproximadamente 21%). Energia de activação É a fonte de energia que, ao manifestarse sobre a forma de calor, pode provocar a inflamação dos combustíveis. componentes do triângulo do fogo Estes três componentes formam o Triângulo do Fogo. Esta representação aceitouse durante muito tempo. No entanto, muitos fenómenos anómalos que se produziam no incêndio não podiam explicar-se completamente tendo por base este triângulo. A união sustentada destes três elementos leva ao aparecimento do quarto elemento, a Reacção em cadeia, com o qual se produz a combustão de maneira continuada. Devido a esse facto, propôs-se uma nova representação, que compreende as condições necessárias para que se produza um fogo, em forma de tetraedro. 6

Fenomenologia da combustão A razão para se empregar um tetraedro e não um quadrado, é que cada um dos quatro elementos está directamente adjacente e em conexão com cada um dos outros três como se pode observar na figura.. 2.1 Formas de combustão A combustão torna-se mais fácil se o combustível possuir algumas características: estado da divisão da matéria, por exemplo : uma folha de papel arde mais rapidamente se estiver em pedaços. Para além disso, se num foco de incêndio dentro de uma sala, fecharmos as portas e as janelas, não renovando o comburente, a velocidade da combustão diminui. Sendo assim, podemos concluir que a velocidade da combustão depende de dois factores: grau de divisão do combustível e grau de renovação ou alimentação de comburente. As reacções de combustões podem classificar-se quanto à sua velocidade, em cinco tipos. Combustão espontânea Combustão lenta Combustão viva Deflagração Explosão é uma reacção química entre distintas matérias orgânicas a qual é acompanhada de uma elevação da temperatura que pode chegar à temperatura de ignição sem introdução de calor externo. é aquela que se reproduz a uma temperatura suficientemente baixa para que não chegue a haver emissão de luz (oxidações de metais e fermentações). é aquela em que se produz forte emissão de luz, com chamas e incandescência. é uma combustão viva, em que a velocidade de propagação é inferior à velocidade do som (340 m/s). é uma combustão viva com velocidade de propagação superior à velocidade do som e na qual uma mistura de gases com o ar está nas condições ideais. A explosão é, sem dúvida, uma brusca e violenta dilatação exercida sobre o meio em que se dá, destruindo-o e produzindo grande ruído (detonação). tipos de combustão Os resultados próprios e visíveis da combustão são: fumo, chama, calor e gases. 7

Fenomenologia da combustão 2.2 Manifestações e produtos da combustão Os fumos e gases libertos são muitas vezes mais perigosos para o indivíduo que as próprias chamas. O fumo é irritante e pode provocar danos no aparelho respiratório e/ou irritação nos olhos. Os gases podem ser tóxicos, sendo o monóxido de carbono o principal causador de vítimas nos incêndios. fumo gases calor chamas Os produtos da combustão podem manifestar-se isolada ou conjuntamente sob a forma de: gases: são o resultado da modificação da composição do combustível. fumo: aparece devido à combustão incompleta, na qual pequenas partículas se tornam visíveis, variando estas na sua cor, tamanho e quantidade. chamas: são a manifestação mais visível da combustão, é uma zona de gases incandescendentes visível em redor da superfície do material em combustão. As chamas não são mais que a combustão de gás. calor: é a energia libertada pela combustão, sendo o principal responsável pela propagação do fogo dado que aquece todo o ambiente, aquecendo ao mesmo tempo os produtos combustíveis presentes, elevando as suas temperaturas às temperaturas de inflamação e possibilitando deste modo a continuação do incêndio. Depois de nos referimos ao processo de desencadeamento dos incêndios, abordamos seguidamente as formas de classificação. 8

Classes de fogo 9

classes de fogo Atendendo aos diversos materiais combustíveis, foi acordado internacionalmente agrupá-los nas seguintes classes. classe A classe B classe C classe D Combustíveis Sólidos (geralmente de origem orgânica) Combustíveis Líquidos ou Sólidos Facilmente Liquidificáveis Combustíveis gasosos Combustíveis Metais Madeira Carvão Papel Tecidos Palha Gasolinas Vernizes Ceras Álcoois Alcatrão Butano Propano Acetileno Hidrogénio Hexano Magnésio Alumínio Sódio Urânio Lítio classes de fogo As quatro classes supra mencionadas vão facilitar a selecção da estratégia mais adequada à extinção de determinado incêndio. Cada categoria requer um método e um meio de extinção apropriado. 10

Extinção de incêndios 11

extinção de incêndios Quando ocorre um fogo, é preciso saber como extingui-lo. Como são necessários quatro elementos para que exista combustão, consequentemente terão de existir métodos que irão actuar sobre um ou mais destes elementos para que se actue sobre o fogo de forma a que seja extinto. 4.1 Métodos de extinção Existem quatro métodos de extinção (cada um válido para uma ou mais classes de fogo) Arrefecimento Abafamento Diluição ou eliminação do combustível Inibição da chama ou interrupção da reacção em cadeia É o método mais empregue e consiste em baixar a temperatura do combustível e do meio ambiente abaixo do seu ponto de ignição. É o método que consiste no isolamento do combustível e do oxigénio ou na redução da concentração deste no ambiente. É o método que consiste na separação do combustível da fonte de calor ou do ambiente do incêndio. Este método modifica a reacção química, alterando a libertação dos radicais livres produzidos na combustão e impedindo, portanto, que esta se desenvolva. métodos de extinção Sabendo os fundamentos da extinção, a questão que se coloca é a seguinte: com que se apaga? 4.2 Agentes extintores Existem vários agentes extintores que actuam de maneira específica sobre cada um dos quatro elementos anteriormente citados (Tetraedro do Fogo), que são usados no fabrico dos Meios de 1ª intervenção (Extintores Portáteis e Redes de Incêndio Armadas). A eleição do agente adequado dependerá, fundamentalmente, da classe de fogo e das características do combustível, como se pode verificar no Quadro nº5. Neste quadro, pretende-se dar uma visão global do cruzamento entre as classes do fogo e a eficácia dos meios e agentes extintores disponíveis. 12

extinção de incêndios agentes extintores pó químico classes de fogo método de extinção ABC BC especial (metal powder) CO 2 A B arrefecimento ou inibição da chama inibição da chama abafamento arrefecimento sim excelente não não não rápido abatimento das chamas controla apenas pequenas superfícies sim excelente sim excelente não sim nuvem de pó protege o operador nuvem de pó protege o operador rápido abatimento das chamas controla apenas pequenas superfícies não deixa resíduos, não contamina alimentos C inibição da chama sim sim não sim D carência O 2 ou arrefecimento não não sim excelente não perigo de explosão forma uma crosta sobre os metais e elimina o O 2 perigo de explosão fogos envolvendo electricidade inibição da chama sim sim não sim excelente não condutor até 6000V não condutor, não deixa resíduo 13

extinção de incêndios classes de fogo A método de extinção arrefecimento ou inibição da chama agentes extintores água espuma jacto pulverizada halons* sim sim sim excelente sim tem acção de abafamento e arrefecimento boa penetração, rápido arrefecimento de combustíveis e rescaldo rápido abatimento das chamas B C D inibição da chama abafamento arrefecimento inibição da chama carência O 2 ou arrefecimento sim excelente cobertura de espuma evita reignição e arrefece os líquidos combustiveis não o jacto espalha o fogo sim provoca nuvem de vapor que arrefece e Inibe sim não não não sim não não não não perigo de explosão Rápido abatimento das chamas fogos envolvendo electricidade inibição da chama não não admissível sim excelente é um condutor é um condutor até 500 V Não condutor não deixa resíduos * Actualmente o Halon foi retirado do mercado 14

extinção de incêndios 4.3 Meios de primeira intervenção São considerados meios de primeira intervenção os extintores portáteis e as redes de incêndio armadas. Quer no caso dos Extintores Portáteis, como no caso das RIA, antes do seu uso, verificar a sua adequação ao tipo de fogo de acordo com o agente extintor em uso. No caso das RIA, a água e nos Extintores Portáteis consultar a inscrição no corpo do mesmo, onde devem constar, para além das classes de fogos, a capacidade, data de inspecção e instruções de utilização. meios de 1ª intervenção Agentes extintor procedimento geral utilização Extintores Portáteis Pó químico CO2 Espumas Água Halons* Verificar adequação ao tipo de fogo; Manter extintor posição vertical; Retirar cavilha segurança; Efectuar curto disparo de verificação; Depois de tomar medidas de segurança individual (não ser cercado pelo fogo pelas costas e observar a direcção do vento), avançar para o fogo; Direccionar o jacto para a base das chamas. Redes de Incêndio Armadas (RIA) Água * Actualmente o Halon foi retirado do mercado Verificar adequação ao tipo de fogo; Abrir caixa metálica e exteriorizar o carretel; Puxar a agulheta e estender a mangueira em direcção ao foco de incêndio; Abrir o manípulo para colocar a mangueira em carga; Depois de tomar medidas de segurança individual (não ser cercado pelo fogo pelas costas e observar a direcção do vento), avançar para o fogo; Direccionar o jacto para a base das chamas. Estes meios são aqueles que estão disponíveis no local e cuja utilização se destina ao combate de primeira linha, podem ser usados quer pelos utilizadores das instalações, quer pelas equipas de primeira intervenção. A localização e a identificação destes meios, bem como dos circuitos de evacuação, encontram-se regulamentados, constam do plano de emergência e possuem sinalética própria. 15

Sinalética de segurança 16

Sinalética de segurança Neste capítulo será apresentada a sinalética de segurança relacionada com situações de incêndio e geradoras de pânico. Assim, serão abordados os sinais de meios de evacuação e os sinais de equipamentos de combate a incêndios, sendo que tanto as normas Portuguesas como Internacionais têm aspectos comuns como as cores e as formas. Para além disso, existem símbolos gráficos que podem ser associados, dando origem a um leque variado de sinais possíveis de serem criados. sinais símbolos descrição forma e cores Meios Evacuação Equipamento Combate Incêndios Simbologia Comum Saída de Emergência Boca de Incêndio Armada Extintor Setas indicam o caminho ou a localização. Vertical para cima: em frente Vertical para Baixo: local de Horizontal para Dta: à Dta Horizontal para Esq. : à Esq. Obliqua para baixo: Piso Inferior Obliqua para Cima: Piso Superior Fundo: Verde Símbolo: Branco Fundo: Vermelho Símbolo: Branco Fundo: Vermelho ou verde (de acordo com o tipo de sinal que lhe estiver associado) Símbolo: Branco simbologia usada nos sinais de segurança Os espaços devem estar dotados de blocos autónomos de iluminação que garantam um nível luminoso suficiente, condição para uma evacuação ordeira e com um mínimo de danos Humanos Usando a simbologia atrás apresentada, é possível criar uma enorme diversidade de sinais. No próximo quadro, mostram-se alguns exemplos com a respectiva descrição sinais símbolos descrição Meios Evacuação Saída de Emergência à direita forma e cores Fundo: Verde Símbolo: Branco Equipamento Combate Incêndios Boca de Incêndio Armada. Setas indicam o caminho ou a localização. Fundo: Vermelho Símbolo: Branco Extintor à esquerda A sinalética de segurança é factor fundamental, pois que, viabilizando o reconhecimento dos obstáculos e indicando o percurso a seguir para uma evacuação correcta, evita acidentes pessoais e reduz o pânico. 17

Nota final 18

Nota final Num tema tão vasto e complexo como é a segurança, falar de situações de incêndio ou outras geradoras de pânico não é mais do que uma gota no oceano, mas a importância da vida humana não se mede por estatísticas. Ajudar a proteger informando, será, sem dúvida, mais proveitoso do que salvar tratando. Prevenir para não ter de remediar é o lema do projecto INFORADAPT. A maior pretensão deste manual é poder contribuir, de algum modo, para este nobre desígnio através da formação/informação. Esperamos que este manual não seja um fim em si mesmo, mas que seja um instrumento de consulta e flexível, por forma a ser constantemente alterado e reestruturado no sentido de operacionalizar a mudança. 19

Referências bibliograficas 20

referências bibliograficas GUERRA, António Matos- Segurança e Protecção Individual, Vol. VIII: Manual de Formação Inicial do Bombeiro. Sintra: Escola Nacional de Bombeiros, 2002, 87 pag. GUERRA, António Matos- Fenomenologia da Combustão, Vol. VII: Manual de Formação Inicial do Bombeiro. Sintra: Escola Nacional de Bombeiros, 2002, 75 pag. Norma Portuguesa- Segurança contra incêndio, Sinais de Segurança. NP 3992: Instituto Português da Qualidade. Lisboa: Certitecna, 1994, 10 pag. Norma Portuguesa- Segurança contra incêndio, Utilização dos extintores de incêndio Portáteis. NP 3064: Instituto Português da Qualidade. Lisboa: Certitecna, 1989, 9 pag. PORTUGAL, Ministério da Administração Interna, Serviço Nacional de Protecção Civil Plano de emergência para estabelecimentos de ensino. Lisboa: SNPC, 1995, 48 pag. Sinalização fotoluminescente. SINALUX, 123 pag. Manual de Segurança, Higiene e Saude do trabalho. Lisboa: UGT, 1999, 503 GOMES, Artur Ventilação táctica, Vol. XII: Manual de Formação inicial do Bombeiro. Sintra: Escola Nacional de Bombeiros, 2002 62 pag. CHIAVENATO, Adalberto- Recursos Humanos, 4ª Ed. São Paulo: Ed. Atlas, 1997 643 pag. 21

Ficha técnica 22

Ficha técnica Coordenação do projecto Rui Manuel da Torre Vieito Autoria do projecto Rui Manuel da Torre Vieito Sérgio Alexandre Neves Guimarães Revisão do texto Arnaldo Varela de Sousa Rui Manuel da Torre Vieito Design gráfico multimédia Cláudio Gabriel Inácio Ferreira Programação Jorge Miguel Pereira de Sousa Sequeiros Centro técnico de H.S.T. EPRALIMA Rua D. Joaquim Carlos Cunha Cerqueira apartado 102 4970-909 Arcos de Valdevez Telef 258 523 112 258 520 320 Fax 258 523 112 258 520 329 www.epralima.pt/inforadapt hst@epralima.pt Arcos de valdevez Maio 2004 Revisão nº1 Dezembro 2005 23