EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA CÍVEL DA COMARCA DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP.-



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Transcrição:

EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA CÍVEL DA COMARCA DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP.- O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, através dos Promotores de Justiça da Pessoa Portadora de Deficiência e do Idoso que esta subscrevem, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no que dispõem os arts. 127, caput, 129, incisos I, II e III, 230, e 2º da Constituição Federal; Lei 8842/94, arts. 1º, inciso II e 5º, Lei nº 7.347/85; art. 25, inciso IV, alínea a, da Lei nº 8.625/93 (LONMP); art. 103, inciso VIII, da Lei Complementar Estadual nº 734/93 (LOEMP); artigos 39 e 42 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), art. 3º da Lei n.7.853/89, e, com base nos documentos inclusos, vem à honrosa presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA de OBRIGAÇÃO DE FAZER em face de JANDAIA TRANSPORTES E TURISMO LTDA., pessoa jurídica inscrita no CNPJ/MF 43.377.936/0001-49 e inscrição estadual n. 562.050.887.110, com sede nesta cidade de Presidente Prudente à rua Antonio Rodrigues, n. 609, Vila Industrial, nesta cidade, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas: 01. DOS FATOS A requerida mantém as linhas de transporte coletivo suburbanas, estando obrigada, portanto, a cumprir o determinado na Constituição da República 1, na Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) 2 e na legislação específica na área da pessoa portadora de deficiência 3 quanto ao transporte de idosos e portadores de deficiência. 1 Artigo 230, 2º 2 artigos 39 e 42 3 Lei Complementar n. 666/91, Decreto n. 34.753/92, Decreto n. 3.691/00 e Lei n. 10.048/00.

Segundo o apurado pela Promotoria de Justiça, a requerida não tem dado cumprimento a tais diplomas legais, não realizando o transporte gratuito de todas as pessoas maiores de 65 anos de idade que dele necessitam ou do portador de deficiência, fixando limitação de tal direito, o que é vedado pela legislação. Em comunicado distribuído aos usuários idosos e portadores de deficiência esclareceu a empresa requerida que somente irá atender QUATRO IDOSOS e HUM DEFICIENTE FÍSICO por horário de veículo. Afirmou ainda que assim procede a título de colaboração e da sua política de boa prestação de serviços em atendimento ao caráter social (doc. anexo). Em síntese, conforme constatado inclusive por declarações de usuários (doc. anexo) a empresa requerida optou por criar um sistema que lhe convém no transporte de idoso e portador de deficiência em total discrepância com o que estabelece a legislação a respeito. Tal comportamento como já afirmado se reveste de ilegalidade, e configura, à evidência, ofensa a direito do idoso e do portador de deficiência, garantido constitucional e ordinariamente, razão da propositura da presente ação. 2. DO DIREITO. A análise da legislação que trata do transporte coletivo da pessoa portadora de deficiência e do idoso comprova a ilegalidade praticada pela requerida ao limitar o ingresso desta população em seus coletivos. As leis estabelecem a necessidade de uma reserva de assentos e asseguram numero ilimitado de idosos ou portadores de deficiência a serem transportados. Vejamos. 02.a DO IDOSO Estabelece o artigo 230 da Carta da República que "a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida". Não bastasse, o artigo 1º da Lei n. 8.842/94 dispõe que "a política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade".

O Governo do Estado de São Paulo, pela Secretaria da Infra-Estrutura Viária, estabeleceu que "ficam isentos de pagamento de tarifas, nas linhas de ônibus do serviço de transporte coletivo suburbano convencional, operados sob permissão do DER-SP Departamento de Estradas de Rodagem, as pessoas maiores de 65 anos de idade e as pessoas portadoras de deficiência" (art. 1 da Resolução SIEV 113, de 18/09/92). O Estatuto do Idoso, por seu turno, em seus artigos 39, caput e 2º e 42 determina: Art. 39- Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. 2º - Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos. Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo. A simples leitura de tais dispositivos dá conta de que os idosos terão a gratuidade no transporte, tendo, ainda, embarque prioritário, não sendo lícito à concessionária a fixação de limitação alguma para o exercício de tal direito. O que estabelece a lei é que 10% dos assentos terão a identificação de que estão reservados para idosos. Portanto, a limitação, no patamar de 10%, é para assentos identificados, sinalizados com a preferência para idosos, não significando, pois, que o idoso não possa adentrar ao veículo e sentar-se em outros assentos disponíveis, estando patente a má-fé da requerida na interpretação dos dispositivos citados. Com esta interpretação, a requerida tem proporcionado lesão ao direito de inúmeros idosos que comparecem na Promotoria de Justiça, formulando reclamações contra a forma como estão sendo tratados, asseverando, todos, que o embarque está sendo limitado, efetivamente, a 10% dos assentos, ou seja, a empresa só está permitindo o ingresso de idosos em seus veículos quando aqueles assentos identificados

com a placa reservado preferencialmente para idosos estão vagos, e que mesmo existindo outros assentos desocupados tem sido imposto, aos idosos, o pagamento da tarifa da passagem, quando, então, passando pela roleta, os mesmos conseguem sentar-se. Nesse sentido, as declarações em anexo. 02.b DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA: A legislação estadual que trata da questão do transporte da pessoa portadora de deficiência está consubstanciada na Lei Complementar n. 666, de 26 de novembro de 1991, Decreto n. 34.753 de 1º de abril de 1992, Lei Federal n. 8.899 de 29 de junho de 1994 e Decreto n. 3.691, de 19 de dezembro de 2000. Em primeiro lugar assevera a referida legislação que a isenção do pagamento das tarifas contempla as pessoas portadoras de deficiência e não apenas aos portadores de deficiência física, conforme ressaltado pela requerida no folheto informativo que distribuiu aos usuários. Por outro lado, após submeter-se à avaliação por equipe multiprofissional da unidade médica da Secretaria da Saúde do Estado e ser enquadrado como portador de deficiência, obtém a credencial que o autoriza a ser transportado pelos ônibus de transporte coletivo de responsabilidade do Estado, no caso, de responsabilidade da requerida em face de concessão. Não há qualquer dispositivo na citada legislação que limite o transporte de portador de deficiência ao número indicado pela requerida. Vale ressaltar que a Lei n. 5.869 de 28 de outubro de 1987 obriga as empresas permissionárias de transporte coletivo a permitir o embarque e desembarque pela mesma porta dos portadores de deficiência física e mental, inclusive de acompanhante, não estabelecendo nenhum limite de usuário. Já a Lei n. 10.784 de 16 de abril de 2001 assegura ao portador de deficiência visual ingressar no ônibus acompanhado de cão-guia, também sem qualquer limitação de número de portador usuário. 1994 estabelece: No âmbito federal a Lei n. 8.899 de 29 de junho de

Art. 1º - É concedido passe livre às pessoas portadoras de deficiência, comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo interestadual. Por outro lado, o Decreto n. 3.691 de 19 de dezembro de 2000, estabelece: Art. 1º - As empresas permissionárias e autorizadas de transporte interestadual de passageiros reservarão dois assentos de cada veículo destinado a serviço convencional, para ocupação das pessoas beneficiadas pelo artigo 1º da Lei n. 8899/94, observando o que dispõem as Leis n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, 8.742, de 07 de dezembro de 1993, 10.048, de 09 de novembro de 2000 e os Decretos ns. 1.744, de 08 de dezembro de 1995 e 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Já a Lei n. 10.048 de 08 de novembro de 2000 estabelece a necessidade de adaptação dos veículos de transporte coletivos aos portadores de deficiência, para que se cumpra com as demais disposições que estabelece o transporte gratuito. Enfim, a legislação especifica permite ao portador de deficiência o transporte regular em coletivos da requerida, sem limitação de número de usuário, desde que munido da credencial necessária, observando a reserva de dois assentos. 02.d CONSEQÜÊNCIAS DO ATO DA REQUERIDA. A conduta da requerida externada no folheto informativo distribuído aos seus usuários limitando o número de idosos e portadores de deficiência a serem transportados e nas declarações anexas, além de proporcionar fundamentos para a presente ação, apresenta reflexos de natureza penal e administrativa. aos crimes em espécie: Com efeito. Estabelece do Código do Idoso quando

Art. 96 Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: Pena: reclusão de 6meses a um ano e multa; Quanto aos veículos não adaptados aos portadores de deficiência estabelece a Lei n. 10.048/00: Art. 6º - A infração ao disposto nesta lei sujeitará os responsáveis: I -... II no caso das empresas concessionárias de serviço pública, à multa de R$ 500,00 a R$ 2.500,00 por veículos sem as condições previstas nos artigos 3º e 5º. A Promotoria de Justiça já está tomando as devidas providências para que tais sanções sejam efetivamente aplicadas. Vale ressaltar que eventual aumento da demanda de idosos ou portadores de deficiência no transporte coletivo não justifica a conduta da requerida que deve se socorrer dos meios legais para exigir eventual compensação financeira. O que não se admite é justificar como um ato de caridade o cumprimento de uma obrigação legal. 03. DA LIMINAR. Sabe-se que além do poder cautelar geral, o juiz pode antecipar o provimento final, com a tutela liminar, para determinar providências que assegurem o resultado prático da obrigação (art. 12 da Lei 7.347/85). Rodolfo Camargo Mancuso, sobre a necessidade de concessão de liminar em caso como este, esclarece que "o que importa é evitar o dano, até porque o sucedâneo da reparação pecuniária não tem o condão de restituir o status quo ante" (Ação Civil Pública, RT, ps. 111/112). José Carlos Barbosa Moreira enfatiza que "se a justiça tem aí um papel a desempenhar; ele será necessariamente o de prover no sentido de prevenir ofensas a tais interesses, ou pelo menos de

fazê-los cessar o mais depressa possível e evitar-lhes à repetição; nunca o de simplesmente oferecer aos interessados o pífio consolo de uma indenização que de modo nenhum os compensará adequadamente do prejuízo sofrido, insuscetível de medir-se com o metro do pecúnia" (Temas de Direito Processual, p. 24). Presente, pois, o fumus boni juris" e o periculum in mora, a liminar é necessária para compelir a requerida a permitir o acesso gratuito a todos os maiores de 65 anos de idade e dos portadores de deficiência devidamente credenciados, em todos os seus ônibus e em todas as suas linhas de transporte coletivo urbano e suburbano, sem limitação de usuário, sob pena de multa diária. 04. DO PEDIDO: Diante do exposto, requeremos a Vossa Excelência: I - a concessão de liminar, sem a oitiva da parte contrária, para compelir a requerida a permitir o acesso gratuito a todos os maiores de 65 anos de idade e dos portadores de deficiência devidamente credenciados, em todos os seus ônibus e em todas as suas linhas de transporte coletivo urbano e suburbano, sem limitação de usuário, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais); II a citação da requerida JANDAIA TRANSPORTES E TURISMO LTDA., na pessoa de seu representante legal, para, em querendo, contestar a presente ação no prazo legal, sob pena de operar-se a revelia ; III - seja julgada PROCEDENTE a presente ação, em todos os seus termos, condenando-se a requerida na obrigação de fazer consistente em efetuar o transporte gratuito de idosos e das pessoas portadoras de deficiência, devidamente credenciadas, nas linhas que opera, sem restrição, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 1.000,00; IV - a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, desde logo, à vista do disposto no art. l8 da Lei 7.347/85 e no art. 87 da Lei 8.078/90, esclarecendo, desde já, que o Ministério Público não faz jus a honorários advocatícios; V - ainda, a condenação da requerida ao pagamento das custas e despesas processuais;

VI - a produção de todas as provas em Direito permitidas, tais como a oitiva de testemunhas cujo rol será oportunamente oferecido, perícias, depoimento pessoal, a juntada de documentos, etc. Dá-se à causa, tão só para fins legais, o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais). Presidente Prudente, 07 de março de 2.005. Elaine de Assis e Silva Promotora de Justiça do Idoso Luiz Antonio Miguel Ferreira Promotor de Justiça da Pessoa Portadora de Deficiência.