Estaleiros Temporários ou Móveis Decreto-Lei n.º 273/2003, de 29 de Outubro



Documentos relacionados
Coordenação de Segurança e Saúde da fase de construção. José M. Cardoso Teixeira 1

Decreto - executivo nº 6/96 de 2 de Fevereiro

Decreto - executivo nº 6/96 de 2 de Fevereiro

Circular nº 24/2015. Lei nº. 41/2015, de 3 de Junho. 17 de Junho Caros Associados,

REGULAMENTO DA COMISSÃO DE AUDITORIA BANCO ESPÍRITO SANTO, S. A. Artigo 1.º Composição

Resolução da Assembleia da República n.º 64/98 Convenção n.º 162 da Organização Internacional do Trabalho, sobre a segurança na utilização do amianto.

REGULAMENTO DO COLÉGIO DA ESPECIALIDADE DE URBANISMO

PROPOSTA ALTERNATIVA

REGULAMENTO DE APOIO A INICIATIVAS EMPRESARIAIS ECONÓMICAS DE INTERESSE MUNICIPAL

Manda o Governo, pelos Ministros de Estado e das Finanças e das Obras Públicas Transportes e Comunicações, o seguinte: Artigo 1.º.

Normas de Funcionamento do Banco Local de Voluntariado de Albergaria-a-Velha

REGULAMENTO DAS PROVAS ORAIS DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO

SISTEMA DE APOIO AO FINANCIAMENTO E PARTILHA DE RISCO DA INOVAÇÃO (SAFPRI)

Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis. Enquadramento Legal

Anúncio de concurso. Serviços

PRESIDÊNCIA DO GOVERNO REGIONAL Resolução do Conselho do Governo n.º 107/2010 de 14 de Julho de 2010

Regulamento n.º 1 /2007 BANCO DE CABO VERDE. Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários. Auditores dos Organismos de Investimento Colectivo

Ministério d. da Presidência do Conselho, em 7 de Abril de Registado com o n.º DL 178/2008 no livro de registo de diplomas

Estatutos Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil da Universidade Évora = NEECUE = - Capitulo I Princípios Gerais

Procedimento de Contratação. (artº 5º do CCP Contratação Excluída) Procedimento 5/2013

Regulamento Interno da PROMUNDO Associação de Educação, Solidariedade e Cooperação Internacional

Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infracções Conexas

DECRETO-LEI Nº 207/94 DE 6 DE AGOSTO

PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA

NOVO REGIME JURÍDICO DA REABILITAÇÃO URBANA. Decreto-Lei n.º 309/2007, de 23 de Outubro Workshop IHRU 12 Abril 2010

Lei Orgânica da Provedoria de Justiça

Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) Avaliação do Desempenho do Pessoal Docente. Regulamento

Projecto de Avaliação do Desempenho Docente. Preâmbulo. Artigo 1.º. Objecto. Básico e Secundário, adiante abreviadamente designado por ECD. Artigo 2.

PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR. Relatório de auditoria para efeitos de supervisão prudencial das empresas de seguros

PLANO DE GESTÃO DE RESIDUOS ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO IDENTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS MODO OPERATIVO RESPONSABILIDADES...

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR LESTE MINISTÉRIO DAS FINANÇAS GABINETE DA MINISTRA. Diploma Ministerial Nº 5/2009, De 30 de Abril

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

3. A autonomia político-administrativa regional não afecta a integridade da soberania do Estado e exerce-se no quadro da Constituição.

RESOLUÇÃO Nº 015/2009-CONSUNIV-UEA ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Avaliação do Pessoal Não Docente SIADAP

MUNICÍPIO DE CONDEIXA-A-NOVA Página 1 de 11

- REGIMENTO - CAPITULO I (Disposições gerais) Artigo 1.º (Normas reguladoras)

O presente anúncio no sítio web do TED:

CAPÍTULO I. Denominação, Natureza, Âmbito, Duração, Sede e Objecto

Ministério das Obras Públicas

PROJETO DE REGULAMENTO DO PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO NORMA JUSTIFICATIVA

REGIMENTO DO CONSELHO DO INSTITUTO

ACORDO DE PRINCÍPIOS PARA A REVISÃO DO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE E DO MODELO DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES DOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Requisitos do Sistema de Gestão de Segurança para a Prevenção de Acidentes Graves (SGSPAG)

Autoriza o Governo a alterar o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de Novembro

Discurso do IGT na conferência da EDP

SECÇÃO III Serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho SUBSECÇÃO I Disposições gerais

MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES GUIA DE ORGANIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DOS ESTÁGIOS

Portaria n.º 129/2009, de 30 de Janeiro, Regulamenta o Programa Estágios Profissionais (JusNet 211/2009)

ACORDO DE PRINCÍPIOS PARA A REVISÃO DO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE E DO MODELO DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES DOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DE ESTÁGIO (Art.º 22.º do Regulamento de Estágio, publicado no Diário da República de 9 de Fevereiro de 2010)

TURISMO DE PORTUGAL DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS REGULAMENTO GERAL DA FORMAÇÃO

PROPOSTA DE ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS DO CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE SÃO JOSÉ, DA GUARDA

Projecto de diploma. que estabelece o regime jurídico aplicável aos aparelhos áudio portáteis

CÓDIGOS REGIME JURÍDICO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO FINANCEIRA TERMOS DE DISPONIBILIZAÇÃO E DE UTILIZAÇÃO

AVISO (20/GAOA/2015)

ACEF/1112/14972 Relatório preliminar da CAE

CÓDIGOS ESTABELECE O REGIME JURÍDICO DE ACESSO E DE EXERCÍCIO DA ACTIVIDADE DE ORGANIZAÇÃO DE CAMPOS DE FÉRIAS

PRINCÍPIOS DE ENQUADRAMENTO DO VOLUNTARIADO DA UPORTO

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM Dr. José Timóteo Montalvão Machado

REGULAMENTO GERAL DOS. 2ºs CICLOS DE ESTUDOS CONDUCENTE AO GRAU DE MESTRE NA UNIVERSIDADE LUSÍADA

REGULAMENTO DA ÁREA MÉDICA DOS SERVIÇOS SOCIAIS DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

Decreto-Lei n.º 478/99, de 9 de Novembro

CADERNO DE ENCARGOS CONCESSÃO DE USO PRIVADO DE ESPAÇO DO DOMÍNIO PÚBLICO NO JARDIM MUNICIPAL PARA INSTALAÇÃO E EXPLORAÇÃO DE DIVERSÕES

PROJECTO DE REGULAMENTO MUNICIPAL DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS E NÃO FINANCEIROS. Nota justificativa

FREGUESIA DE CANAVIAIS Concelho de Évora PROJECTO DE REGULAMENTO E TABELA GERAL DE TAXAS FREGUESIA DE CANAVIAIS

Orientações relativas à avaliação interna do risco e da solvência

Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra

Avaliação do Desempenho dos Médicos.

PRÉ-FABRICAÇÃO QUE MAIS VALIA PARA A SEGURANÇA?

Avisos do Banco de Portugal. Aviso nº 2/2007

Regulamento do Centro de Investigação em Educação e Psicologia da Universidade de Évora (CIEP-UE)

Regimento do Conselho Municipal de Educação

Junta de Freguesia de Ançã

a) Empresa, que crie o maior número de postos de trabalho; c) A empresa estar sediada no concelho de Portalegre;

Introdução. Artigo 1.º Objecto e âmbito de aplicação

Ministérios das Finanças e dos Negócios Estrangeiros

O ACOMPANHAMENTO TÉCNICO COMO CONTRIBUTO PARA A MELHORIA DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA

REGULAMENTO INTERNO COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS CONCELHO DE VILA NOVA DE CERVEIRA

REGULAMENTO DO BANCO LOCAL DE VOLUNTARIADO DE SOBRAL DE MONTE AGRAÇO

REGIMENTO INTERNO DOS SERVIÇOS DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO

GOVERNO REGIONAL DOS AÇORES

Agrupamento de Escolas n.º 2 de Beja. Regulamento Interno. Biblioteca Escolar

CAPÍTULO I DENOMINAÇÃO, SEDE E FINS ARTIGO 1º

Transcrição:

Estaleiros Temporários ou Móveis Decreto-Lei n.º 273/2003, de 29 de Outubro 1. INTRODUÇÃO A indústria da Construção engloba um vasto e diversificado conjunto de características, tais como: Cada projecto tem um carácter único. O processo produtivo não decorre em torno da máquina. A pequena dimensão da maioria das empresas constitui um factor condicionante do investimento em prevenção de riscos profissionais e Segurança. Frequentemente os decisores reais do processo de produção, ao nível do projecto, estão pouco ao corrente da prevenção de riscos profissionais. Desvios frequentes entre o projectado e a obra. Sobreposição de tarefas no espaço e no tempo. As características de uma elevada percentagem de trabalhadores da construção trabalhadores independentes e artesãos, temporariamente vinculados a uma empresa, com baixo nível de qualificação e formação constituem uma enorme limitação à formação e informação em prevenção e segurança.... Pelo que o trabalho desenvolvido em estaleiros temporários ou móveis está na origem de um grande número de acidentes de trabalho graves e mortais. Provocados sobretudo por: Quedas em altura. Esmagamentos. Soterramentos. NOTA: As escolhas arquitectónicas e/ou organizacionais inadequadas ou uma má planificação dos trabalhos na elaboração do projecto da obra contribuíram para mais de metade dos acidentes de trabalho nos estaleiros na União Europeia. 2. ENQUADRAMENTO LEGAL A Directiva Quadro 89/391/CEE, transposta para a lei portuguesa pelo Decreto Lei n.º 441/91, de 14 Novembro, diploma que estabeleceu os princípios gerais de promoção da segurança, higiene e saúde no trabalho, prevê que tais princípios sejam concretizados, designadamente através da transposição para o direito interno de directivas comunitárias. NB: Com esta Directiva Quadro o conceito de prevenção evoluiu da perspectiva da correcção para a perspectiva da antecipação (eliminação do perigo e avaliação do risco), visando adaptar o trabalho ao homem, através de um processo permanente de melhoria contínua. O DL 273/2003 de 29/10: Procede à revisão da regulamentação relativa às condições de segurança e saúde no trabalho nos estaleiros temporários ou móveis e continua

a assegurar a transposição para o direito interno da Directiva n.º 92/57/CEE, do Conselho de 24 de Junho, relativa às prescrições mínimas de segurança e saúde no trabalho a aplicar em estaleiros temporários ou móveis. Visa estabelecer regras orientadoras das acções dirigidas à prevenção da segurança e saúde dos trabalhadores, nas fases de concepção, projecto e instalação de estaleiros temporários ou móveis. 3. OS INSTRUMENTOS DE PREVENÇÃO Conjunto de instrumentos de prevenção, com vista à redução dos acidentes de trabalho graves e mortais e, consequentemente, da elevação dos níveis da produtividade e da qualidade. Comunicação Prévia. Plano de Segurança e Saúde. Fichas de Procedimentos. Compilação Técnica. 3.1. COMUNICAÇÃO PRÉVIA DE ABERTURA DO ESTALEIRO Efectuada pelo dono da obra à IRT. Dois objectivos fundamentais: Publicitar perante toda a população presente no estaleiro as características fundamentais da edificação a construir e a identificação dos principais actores para a segurança e saúde do trabalho, respectivos papéis e responsabilidades. Possibilitar à IRT o conhecimento de determinados empreendimentos que, pela sua dimensão ou complexidade devam ser objecto de intervenção que anteceda a própria abertura do estaleiro, possibilitando, a montante da realização dos trabalhos, contribuir para a definição de um bom nível de segurança inerente à execução da obra. 3.1.1. ELABORAÇÃO Sempre que seja previsível: Um prazo total superior a 30 dias e, em qualquer momento, a utilização simultânea de mais de 20 trabalhadores; ou, Um total de mais de 500 dias de trabalho, correspondente ao somatório dos dias de trabalho prestados por cada um dos trabalhadores. 3.1.2. CONTEÚDO De acordo com o n.º 2 do artigo 15º: a) O endereço completo do estaleiro; b) A natureza e a utilização previstas para a obra; c) O dono da obra, o autor ou autores do projecto e a entidade executante, bem como os respectivos domicílios ou sedes; d) O fiscal ou fiscais da obra, o coordenador de segurança em projecto e o coordenador de segurança em obra, bem como os respectivos domicílios; e) O director técnico da empreitada e o representante da entidade executante se for nomeado para permanecer no estaleiro durante a execução da obra, bem como os respectivos domicílios, no caso de empreitada de obra pública; f) O responsável pela direcção técnica da obra e o respectivo domicílio, no caso de obra particular; g) As datas previstas para início e termo dos trabalhos no estaleiro;

h) A estimativa do número máximo de trabalhadores por conta de outrem e independentes que estarão presentes em simultâneo no estaleiro, ou do somatório dos dias de trabalho prestado por cada um dos trabalhadores; i) A estimativa do número de empresas e de trabalhadores independentes a operar no estaleiro; j) A identificação dos subempreiteiros já seleccionados. 3.1.3. DECLARAÇÕES QUE ACOMPANHAM Do autor ou autores do projecto e do coordenador de segurança em projecto, identificando a obra. Da entidade executante, do coordenador de segurança em obra, do fiscal ou fiscais da obra, do director técnico da empreitada, do representante da entidade executante e do director da obra, identificando o estaleiro e as datas previstas para início e termo dos trabalhos. 3.1.4. ALTERAÇÕES AO CONTEÚDO INICIAL Comunicação de actualização dirigida à IRT: Tratando-se de elementos de informação e caracterização constantes nas alíneas a) a i) do n.º 2 do art. 15º, o dono da obra deve comunicá-los: À IRT nas 48 horas seguintes; Ao coordenador de segurança em obra e à entidade executante, com a maior brevidade possível. Tratando-se de elementos de informação constantes da alínea j) do n.º 2 do art. 15º, o dono da obra deve comunicá-los mensalmente à IRT. 3.1.5. AFIXAÇÃO A entidade executante deverá afixar no estaleiro, em local bem visível, cópia da comunicação prévia e das suas actualizações. 3.2. PLANO DE SEGURANÇA E SAÚDE (PSS) 3.2.1. OBJECTIVO Planificação da segurança no estaleiro através da reunião de todas as informações e indicações relevantes em matéria de segurança e de saúde que se mostrem necessárias para eliminar ou reduzir o risco de ocorrência de acidentes e para protecção da saúde dos trabalhadores durante a fase de construção. 3.2.2. ELABORAÇÃO É obrigatória em obras sujeitas: A projecto e que envolvam trabalhos que impliquem riscos especiais (previstos no art. 7º); ou, A comunicação prévia. Nos casos em que não haja projecto ou a comunicação prévia, mas os trabalhos impliquem riscos especiais, é obrigatório um instrumento mais simplificado a Ficha de Procedimentos de Segurança (FPS). A existência do PSS é da responsabilidade do dono da obra que deverá assegurá-la, ainda na fase de projecto, através das seguintes opções: Elaboração pelo coordenador de segurança em projecto ou, em alternativa,

Elaboração por outro técnico por si designado devendo, neste caso, o coordenador de segurança validar tecnicamente o plano. 3.2.3. APROVAÇÃO PELO DONO DE OBRA O desenvolvimento e especificação do PSS, da responsabilidade da entidade executante, são submetidos à aprovação do dono da obra, com base em parecer técnico do coordenador de segurança em obra. 3.2.4. INCLUSÃO NOS PROCESSOS DE EDIFICAÇÃO No regime de empreitadas de obras públicas, o PSS deve ser incluído pelo dono da obra no conjunto de elementos que servem de base ao concurso. Tratando-se de obras particulares o PSS deve ser incluído pelo dono da obra no conjunto dos elementos que servem de base à negociação, para que a entidade executante o conheça no momento de contratar a empreitada. Deve ficar anexo ao contrato de empreitada. 3.2.5. APLICAÇÃO A entidade executante só pode iniciar a implantação do estaleiro depois da aprovação pelo dono da obra do PSS para a execução da obra. O dono da obra deve impedir que a entidade executante inicie a implantação do estaleiro sem estar aprovado o PSS para a execução da obra. A entidade executante deve assegurar que o PSS e as suas alterações estejam acessíveis, no estaleiro, aos subempreiteiros, trabalhadores independentes e aos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde que nele trabalhem. Os subempreiteiros e os trabalhadores independentes têm o dever de cumprir o PSS para a execução da obra, devendo esta obrigação ser mencionada nos contratos celebrados com a entidade executante ou o dono da obra. NB: Responsabilidade solidária que sobre a entidade executante impende pelo pagamento de coimas aplicadas a um subcontratado que infrinja as regras relativas à segurança, higiene e saúde no trabalho, se a entidade executante não for diligente no controlo da actividade do subcontratado. 3.2.6. CONTROLO PÚBLICO A IRT pode determinar a apresentação do PSS, quer ao dono de obra, quer à entidade executante (nas fases de projecto e de obra, respectivamente). Sendo o PSS a matriz da prevenção de riscos profissionais nos empreendimentos da construção, a IRT terá certamente presente, nos diferentes momentos da sua acção, o interesse e a necessidade de conhecimento desse instrumento. 3.3. FICHA DE PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA (FPS) 3.3.1. OBJECTIVO Simplificação relativamente aos instrumentos de planeamento da prevenção de riscos profissionais associados à realização de determinados trabalhos. Esta simplificação pretende assegurar uma efectiva aplicação prática dos princípios da Directiva Estaleiros temporários ou móveis, sem contudo diminuir os níveis de segurança a observar na realização dos trabalhos de construção. 3.3.2. ELABORAÇÃO

A entidade executante elabora a FPS sempre que se esteja em presença de trabalhos para os quais não seja obrigatória a elaboração do PSS (porque a obra pode ser executada, sem projecto ou, porque não se encontra sujeita a comunicação prévia), mas que impliquem riscos especiais. 3.3.3. APLICAÇÃO Os trabalhos no estaleiro só poderão ser iniciados pela entidade executante quando estiver disponível a respectiva FPS, previamente analisada pelo coordenador de segurança, quando for obrigatória a sua nomeação. A FPS deve estar acessível, no estaleiro, a todos os intervenientes. 3.3.4. CONTROLO PÚBLICO A IRT pode determinar à entidade executante a apresentação da FPS. 3.4. COMPILAÇÃO TÉCNICA DA OBRA (CT) 3.4.1. OBJECTIVO Dispor de um registo de informações de apoio à utilização e intervenções futuras na edificação, de forma a preservar a segurança e saúde de quem executar os trabalhos. Activar, nas fases de projecto e de obra, a incorporação na edificação de sistemas permanentes de prevenção. 3.4.2. ELABORAÇÃO O dono da obra deve elaborar ou mandar elaborar uma CT da obra que inclua os elementos úteis a ter em conta na utilização futura da edificação. Não se elabora de uma vez só. Acompanha a dinâmica própria do acto de construir. NB: A CT não está sujeita a aprovação por parte de qualquer entidade pública. Contudo, a respectiva elaboração, tem de estar adequada à obra e ao PSS. 3.4.3. ACTUALIZAÇÃO Em intervenções posteriores que afectem as características e as condições de execução de trabalhos anteriores, o dono da obra deve assegurar que a CT seja actualizada com os elementos relevantes. Exceptuam-se do dever de actualização, as operações de conservação, reparação e limpeza da obra, uma vez que, por regra, tais operações não afectam a configuração de situações de risco. 3.4.4. RECEPÇÃO PROVISÓRIA DA OBRA O dono da obra pode recusar a recepção provisória da obra enquanto a entidade executante não prestar os elementos necessários à elaboração e actualização da Compilação Técnica. 4. COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA Para assegurar o princípio fundamental da coordenação, estão previstas duas figuras: Coordenador de Segurança em Projecto. Coordenador de Segurança em Obra.

4.1. MISSÃO Os coordenadores de segurança representam o dono da obra, em matéria de SHST. Aconselhamento e apoio técnico aos processos de decisão do dono de obra e de dinamização da acção dos diversos intervenientes no que se refere à observância dos princípios gerais de prevenção nas fases de elaboração do projecto, de contratualização da empreitada, de execução dos trabalhos de construção. 4.2. NOMEAÇÃO A quem compete? Os coordenadores de segurança, quer em projecto, quer em obra, são nomeados pelo dono da obra. Em que circunstâncias é obrigatória a nomeação de coordenador de segurança? Em projecto Quando o projecto da obra for elaborado por mais de um sujeito, desde que as opções arquitectónicas e as escolhas técnicas dos projectistas impliquem complexidade técnica para a integração dos princípios gerais de prevenção de riscos profissionais; Ou, Quando os trabalhos a executar envolvam riscos especiais; Ou, ainda, Quando for prevista a intervenção na execução da obra de duas ou mais empresas (incluindo a entidade executante e subempreiteiros). Em Obra Quando na obra intervierem duas ou mais empresas (incluindo a entidade executante e subempreiteiros). 4.3. EXERCÍCIO Que garantias? O exercício da actividade de coordenador de segurança, quer em projecto, quer em obra, deve ser objecto de contratualização que se exprime sob a forma de declaração escrita do dono da obra, com a inclusão dos elementos constantes do n.º 2 do art.9º, por ex.: Se a coordenação couber a uma pessoa colectiva, deve ser identificado quem assegura o exercício da mesma. Os recursos a afectar ao exercício da coordenação. A declaração do dono da obra deve ser acompanhada de uma declaração de aceitação subscrita pelo(s) coordenador(es). 4.4. REQUISITOS As actividades inerentes ao exercício da função de coordenador de segurança, quer em projecto, quer em obra, deverão ser exercidas por pessoa qualificada. A qualificação para o exercício da função, deverá assentar em três pilares fundamentais: A habilitação escolar de base nas valências científicas ou técnicas relacionadas com a actividade. A experiência profissional no sector. A frequência de formação profissional específica no âmbito da coordenação de segurança na construção (quando existir).

4.5. INCOMPATIBILIDADES O coordenador de segurança em obra não pode intervir na execução da obra como entidade executante, subempreiteiro ou trabalhador independente, nem ser trabalhador por conta da entidade executante ou de qualquer subempreiteiro. Em função desta finalidade, não existe incompatibilidade no caso em que o coordenador de segurança em obra integra a equipa de fiscalização da obra. De igual modo, não existe incompatibilidade no caso em que o coordenador de segurança em projecto integra a respectiva equipa de projecto. 4.6. OBRIGAÇÕES EM PROJECTO De acordo com o n.º1 do art. 19º deve por ex.: Assegurar que os autores do projecto tenham em atenção a integração dos princípios gerais da prevenção de riscos profissionais no respectivo projecto. Elaborar ou validar tecnicamente o PSS, quando este for elaborado por outra pessoa designada pelo dono da obra. Iniciar a organização da CT da obra e completá-la quando não existir coordenador de segurança em obra. Prestar informações ao dono da obra no âmbito da SHST e colaborar com ele na preparação do processo de contratualização da empreitada e nos actos preparatórios da execução da obra, na parte respeitante à segurança, higiene e saúde no trabalho. 4.7. OBRIGAÇÕES EM OBRA De acordo com o n.º2 do art. 19º deve por ex.: Apoiar o dono da obra na elaboração e actualização da comunicação prévia. Apreciar o desenvolvimento e as alterações do PSS para a execução da obra. Promover e verificar o cumprimento do PSS. Registar as actividades de coordenação em matéria de segurança e saúde no livro de obra e, na sua falta, de acordo com um sistema de registos apropriado que deve ser estabelecido para cada obra. 5. SISTEMA DE REGISTOS DOS INTERVENIENTES NO ESTALEIRO Existência de um sistema de registo dos intervenientes no estaleiro. Este sistema permitirá conhecer o universo desses intervenientes, bem como os vínculos laborais existentes. Cabe, quer à entidade executante, quer a cada empregador, efectuar determinados registos. 5.1. REGISTO A ORGANIZAR PELA ENTIDADE EXECUTANTE Organizar um registo de cada subempreiteiro ou trabalhador independente por si contratado durante um prazo superior a 24 horas, com os elementos constantes do n.º 1 do art. 21º por ex.: A identificação completa, residência ou sede e número fiscal de contribuinte. O número de registo ou da autorização para o exercício da actividade de empreiteiro de obras públicas ou de industrial da construção civil,

bem como de certificação exigida por lei para o exercício de outra actividade realizada no estaleiro. A actividade a efectuar no estaleiro e a sua calendarização. O responsável do subempreiteiro no estaleiro. 5.2. REGISTO A ORGANIZAR POR TODOS OS EMPREGADORES Cada empregador deve organizar um registo de cada trabalhador e, trabalhador independente por si contratado, durante um prazo superior a 24 horas, que inclui: A identificação completa e a residência habitual. O número fiscal de contribuinte. O número de beneficiário da Segurança Social. A categoria profissional ou profissão. As datas do início e do termo previsível do trabalho no estaleiro. As apólices de seguros de acidentes de trabalho relativas a todos os trabalhadores que trabalhem no estaleiro, com os quais tenha vínculo laboral e a trabalhadores independentes por si contratados, bem como os recibos correspondentes. Os subempreiteiros devem comunicar esse registo à entidade executante, ou permitir o acesso ao mesmo por meio informático. 6. COMUNICAÇÃO DA SINISTRALIDADE Todos os acidentes de trabalho de que resulte morte ou lesão grave para o trabalhador ou que assuma particular gravidade na perspectiva da segurança do trabalho, mesmo que as consequências não sejam graves sob o ponto de vista humano, devem ser comunicadas à IRT e ao coordenador de segurança em obra, no prazo mais curto possível, nunca podendo exceder as 24 horas. A comunicação do acidente de trabalho é feita pelo respectivo empregador. Quando o acidente envolver um trabalhador independente a comunicação é feita pela entidade que o tiver contratado. Se por qualquer motivo não for possível, às entidades anteriormente referidas, efectuar a comunicação do acidente, essa obrigação deverá ser assegurada pela entidade executante dentro do mesmo prazo. Se após as primeiras 24 horas o acidente não tiver sido comunicado, competirá ao dono de obra efectuar a comunicação nas 24 horas subsequentes. Após a ocorrência do acidente, os intervenientes no estaleiro devem suspender todos os trabalhos sob sua responsabilidade, que possam vir a destruir ou alterar os vestígios do acidente. A entidade executante deverá tomar as medidas necessárias de modo a impedir o acesso de pessoas, máquinas e materiais ao local do sinistro até que sejam recolhidos os elementos necessários para a realização do inquérito ao acidente, não podendo a concretização das medidas atrás mencionadas prejudicar a intervenção dos meios de socorro e assistência a prestar às vitimas. Compete à IRT a realização do inquérito sobre as causas do acidente de trabalho. Nestas circunstâncias, a IRT pode determinar a suspensão imediata dos trabalhos susceptíveis de destruir ou alterar os vestígios do acidente, procedendo com a maior brevidade possível à recolha dos elementos necessários para a realização do inquérito.

Assim que a entidade executante comprove que estão reunidas as condições técnicas ou organizativas necessárias à prevenção de riscos profissionais, a IRT deverá autorizar, com a maior brevidade possível, o reinício dos trabalhos. 7. OBRIGAÇÕES DOS DIVERSOS INTERVENIENTES 7.1. DONO DE OBRA De acordo com art. 17 º deve por ex.: Nomear os coordenadores de segurança, quer em projecto, quer em obra, sempre que exista essa obrigatoriedade. Elaborar ou mandar elaborar o PSS, quando tal for obrigatório. Assegurar a divulgação do PSS. Aprovar o desenvolvimento e as alterações do PSS para a execução da obra. Dar conhecimento, por escrito, à entidade executante, do PSS aprovado. Impedir que a entidade executante inicie a implantação do estaleiro sem que esteja aprovado o PSS para a execução da obra. Elaborar ou mandar elaborar a compilação técnica da obra. 7.2. AUTOR DO PROJECTO De acordo com art. 18 º, deve por ex.: Na elaboração do projecto da obra, ter em conta os princípios gerais de prevenção de riscos profissionais, designadamente nos seguintes domínios: No que diz respeito às opções arquitectónicas. No âmbito das escolhas técnicas equacionadas e desenvolvidas no projecto, incluindo as metodologias relativas aos processos e métodos construtivos, bem como os materiais e equipamentos a incorporar na edificação. Nas definições relativas aos processos de execução do projecto, incluindo as relativas à estabilidade e às diversas especialidades, as condições de implantação da edificação e os condicionalismos envolventes da execução dos trabalhos. Nas definições relativas à utilização, manutenção, conservação e demolição da edificação. 7.3. ENTIDADE EXECUTANTE De acordo com art. 20 º, deve por ex.: Avaliar os riscos associados à execução da obra e definir e implementar as medidas de prevenção adequadas. Elaborar a FPS para os trabalhos que impliquem riscos especiais e assegurar que os subempreiteiros e trabalhadores independentes tenham conhecimento das mesmas. Dar a conhecer o PSS para a execução da obra e as suas alterações aos subempreiteiros e trabalhadores independentes, ou pelo menos a parte que os mesmos necessitam de conhecer por razões de prevenção. Assegurar a aplicação do PSS ou da FPS por parte dos seus trabalhadores, de subempreiteiros e trabalhadores independentes. Organizar um registo actualizado dos subempreiteiros e trabalhadores independentes por si contratados com actividade no estaleiro. Assegurar que os subempreiteiros e trabalhadores independentes cumpram as suas obrigações no âmbito da SHST. Colaborar com o coordenador de segurança em obra.

Fornecer ao dono da obra as informações necessárias à elaboração e actualização da comunicação prévia. Fornecer os elementos necessários à elaboração da compilação técnica. 7.4. EMPREGADORES De acordo com art. 22 º, devem por ex.: Comunicar, pela forma mais adequada, aos respectivos trabalhadores e aos trabalhadores independentes por si contratados o PSS ou FPS, no que diz respeito aos trabalhos por si executados, e fazer cumprir as suas especificações. Comunicar, à IRT e ao coordenador de segurança em obra, qualquer acidente de trabalho de que resulte a morte ou a lesão grave de trabalhador ou trabalhador independente, colocado sob sua responsabilidade. Organizar um registo dos seus trabalhadores e trabalhadores independentes por si contratados que trabalhem no estaleiro durante um prazo superior a 24 horas. Informar e consultar os trabalhadores e os seus representantes para a segurança, higiene e saúde no trabalho sobre a aplicação das respectivas disposições legais. Manter o estaleiro em boa ordem e em estado de salubridade adequado. Cumprir as indicações do coordenador de segurança em obra e da entidade executante. Efectuar a manutenção e o controlo das instalações e dos equipamentos de trabalho antes da sua entrada em funcionamento e com intervalos regulares durante a laboração. Delimitar e organizar as zonas de armazenagem de materiais, em especial de substâncias, preparações e materiais perigosos. 7.5. TRABALHADORES INDEPENDENTES São obrigados a respeitar os princípios que visam promover a segurança e a saúde, devendo, no exercício da sua actividade: Cumprir, na medida em que lhes sejam aplicáveis, as obrigações estabelecidas no artigo 22º. Cooperar na aplicação das disposições específicas estabelecidas para o estaleiro, respeitando as indicações do coordenador de segurança em obra e da entidade executante. 8. RESPONSABILIDADE PENAL Artigo 277º do Código Penal: Quem: No âmbito da sua actividade profissional infringir regras legais, regulamentares ou técnicas que devam ser observadas no planeamento, direcção ou execução de construção, demolição ou instalação, ou na sua modificação e criar deste modo perigo para a vida ou para a integridade física de outrem é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.