Decreto - Lei nº85/78 de 22 de Setembro 1



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e) A sustentação das vertentes científica e técnica nas actividades dos seus membros e a promoção do intercâmbio com entidades externas.

Transcrição:

Decreto - Lei nº85/78 de 22 de Setembro 1 Os acidentes de viação constituem um verdadeiro flagelo pelas suas consequências sociais e económicas. Por isso se acentua em todo o mundo a tendência para tornar obrigatório o seguro de responsabilidade automóvel. Basta pensar no número de vítimas de acidentes de viação que, por falta de seguro e incapacidade económica do responsável, ficam sem qualquer protecção e em difíceis condições de subsistência, para nos convencermos da impossibilidade de pôr em prática um esquema coerente de segurança social, mantendo facultativo o seguro. Daí o presente diploma instituindo o seguro obrigatório automóvel. Consagra-se, relativamente aos acidentes corporais, o princípio da responsabilidade pelo dano. Afasta-se, pois, o actual sistema baseado na responsabilidade pela culpa, não só por se mostrar inadequado à nossa realidade e aos princípios de justiça social, mas também, tendo em consideração o quanto se consome em vida, tempo e dinheiro na discussão, tantas vezes estéril, da responsabilidade por acidente de viação. Assim, será possível garantir uma ampla protecção Às vítimas de acidente de viação, abrangendo até o condutor porventura responsável. Quanto aos danos materiais, achou-se conveniente manter o regime vigente. Em coerência com o alcance social atribuído ao seguro obrigatório automóvel, altera-se o conteúdo do direito à reparação, que deixa de implicar a atribuição de capitais por morte ou incapacidade permanente, para se traduzir numa pensão que se não afasta da devida por acidente de trabalho. Procurou-se, por outro lado, reduzir os custos administrativos do seguro, simplificar e tornar mais eficazes os processos da cobrança e controle. Salienta-se, finalmente, a preocupação, que é fundamental, da prevenção do acidente. Nesse sentido devem ser interpretados o agravamento dos prémios para os condutores com elevado índice de frequência de acidentes e a criação do ficheiro nacional de condutores. Nestes termos, usando da faculdade conferida pelo nº4 do artigo 15º da Lei sobre a Organização Política do Estado, de 5 de Julho de 1975, o Governo decreta e eu promulgo, para deixar valer como lei, o seguinte PARTE I Disposições gerais Artigo 1º 1. Os veículos terrestres a motor, seus reboques e semi-reboques só serão autorizados a circular na via pública ou em locais públicos ou privados abertos ao público ou a certas 1 O regime deste decreto-lei sofreu profundas alterações introduzidas pelo DL 106/89 de 30 de Dezembro.

pessoas com direito de os utilizar, desde que se mostrem seguros, nos termos do presente diploma, contra o risco emergente da sua utilização. 2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os carros de inválidos com motor não superior a 58cm 3 e velocidade máxima limitada por construção a 50km 2 3. O seguro de veículos, celebrado nos termos do n.º1, não garante a indemnização dos danos causados durante a realização de provas desportivas em que intervenham veículos a motor. 4. O Serviço Nacional de Viação não concederá autorização para a realização das provas e respectivos treinos, referidos no número anterior, sem que se mostre efectuado seguro especial que garanta o pagamento das indemnizações prevista no presente diploma. Artigo 2º A obrigação de segurar recai sobre o proprietário do veículo, exceptuando os casos de usufruto e de venda com reserva de propriedade, em que recairá sobre o usufrutuário ou adquirente. Artigo 3º 1. Ficam isentos da obrigação de segurar, os Estados estrangeiros e as organizações intergovernamentais 3. 2. As pessoas isentas da obrigação de segurar respondem nos mesmos termos em que responde o Instituto de Seguros e Previdência Social, adiante designado por Instituto, e gozam, no que for aplicável, dos direitos que a este assistem Artigo 4º 4 1. O Seguro garante a responsabilidade do proprietário do veículo, do seu detentor efectivo, bem como o condutor devidamente autorizado. 2. As pessoas isentas da obrigação de segurar e, solidariamente, os proprietários, detentores e condutores de veículos isentos da obrigação de segurar, respondem nos mesmos termos em que responde o Instituto de Seguros e Previdência Social e gozam, no que for aplicável, dos direitos que a este assistem. 2 Este número tem a redacção que lhe foi introduzida pelo Decreto-lei n.º 106/89 de 30 de Dezembro. A anterior redacção era a seguinte: 2. Exceptuam-se do disposto no nº1: a) As máquinas agrícolas e industriais não sujeitas a matrícula; b) Os velocípedes referidos no n.º2 do artigo 38º do código da Estrada c) Os carros de inválidos com motor não superior a 58 cm 3 e velocidade máxima limitada por construção a 50km horários 3 Idem. A anterior redacção era: 1. Ficam isentos da obrigação de segurar, os Estados estrangeiros e as organizações intergovernamentais. 4 Idem. Anterior redacção: O Seguro garante a responsabilidade do proprietário do veículo, do seu detentor efectivo, bem como o condutor devidamente autorizado.

Artigo 5º O Instituto não pode opor aos lesados outras excepções ou cláusulas limitativas da sua responsabilidade que não sejam as que este diploma, os decretos regulamentares e a lei estabelecem. O Instituto não é responsável Artigo 6º a) Pelos danos directa ou indirectamente consequentes de explosão não inerentes ao funcionamento do veículo, libertação de calor e radiação proveniente de desintegração ou fusão do núcleo de átomos, aceleração artificial de partículas ou radioactividade 5 b) Pelos danos ocorridos durante as operações de carga e descarga. PARTE II Seguro de lesões corporais e morte Artigo 7º 1. Às pessoas vítimas de acidentes de viação é garantido o direito à reparação dos danos patrimoniais emergentes de lesões corporais e morte, consequentes do acidente, quer haja ou não culpa do condutor do veículo e independentemente de o acidente ser causado pelo lesado, por terceiros ou resulte de caso fortuito ou de causa de força maior estranha ou funcionamento do veículo: 2. O direito do número anterior assiste ao condutor e passageiros do veículo. 3. O direito consignado no n.º 1 não assiste: 6 a) aos autores de e cúmplices dos actos referidos no artigo 9º b) aos condutores em estado de embriaguez ou sob a influência de estupefacientes; c) aos condutores sem carta, quando total ou parcialmente culpados no acidente; d) aos proprietários e condutores de veículos sem seguro, quando total ou parcialmente culpados no acidente 4. Não são indemnizáveis os acidentes resultantes de dolo do próprio lesado: Artigo 8º 1. O direito à reparação consignado no artigo anterior compreenderá as seguintes prestações: a) Prestações de natureza médica, cirúrgica, farmacêutica, hospitalar e outras acessórias ou complementares, seja qual for a sua forma, desde que necessárias 5 Esta alínea tem a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-lei n.º 106/89 de 30 de Dezembro. A anterior redacção era: O Instituto não é responsável: a) Pelos danos directa e indirectamente consequentes de explosão, libertação de calor e radiação proveniente de desintegração ou fusão núcleo de átomos, aceleração de partículas ou radioactividades; 6 Idem; anterior redacção: 3. O direito considerado no nº1, não assiste aos autores e cúmplices dos actos referidos no artigo 9º, nem ao condutor sem carta, em estado de embriaguez ou sob o efeito de estupefacientes.

e adequadas ao restabelecimento do estado de saúde e da capacidade de trabalho ou de ganho da vítima e à sua recuperação para a vida activa; b) A indemnização por incapacidade temporária ou permanente para o trabalho bem como as pensões a familiares e despesas de funeral no caso de morte. 2. O direito à prestação consignado neste artigo será regulado por legislação complementar do presente diploma. Artigo 9º 1. O Instituto tem direito de regresso daquilo que houver pago contra os causadores do acidente quando autores e cúmplices dos crimes de roubo, furto, furto de uso, utilização abusiva, e bem assim quando a condução se efectue sem carta, em estado de embriaguez ou sob o efeito de estupefacientes. 2. O mesmo direito do n.º1, assiste ao Instituto em caso de dolo do condutor do veículo ou de acidentes imputável a terceiro e que não integre risco inerente à circulação automóvel. 7 3. O direito de regresso pode exerce-se sobre comitentes nos termos em que estes são solidariamente responsáveis pelos actos dos comissários. Artigo 10º 1. São indemnizáveis por um fundo de reserva especial, os danos patrimoniais emergentes de lesões corporais sofridas em consequência de acidentes ocorridos: a) Com veículos que contrariamente ao disposto neste diploma, não mostrem ter pago, à data, o respectivo prémio de seguro; b) Com veículos isentos da obrigação de segurar, na medida em que os seus condutores dêem causa ao acidente; 8 2. O Fundo de reserva especial será constituído por 2% da receita total dos prémios do Seguro obrigatório automóvel, de cada anuidade, não podendo o saldo do Fundo ultrapassar 25% da conta de indemnizações do ramo no último exercício. 3. O Instituto, tem direito de regresso por aquilo que houver pago, através do fundo, em consequência de acidentes com os veículos a que se referem as alíneas a) e b) do número 1. 9 Artigo 11º O direito à reparação das lesões corporais prescreve no prazo de três anos, a contar da data do acidente. 7 Idem: anterior redacção era: 2. O mesmo direito no n.º1, assiste ao Instituto em caso de dolo do condutor do veículo ou de acidente imputável a terceiro. 8 Estas alíneas têm a redacção do DL 106/89. A anterior redacção era: 1. Serão indemnizáveis por um fundo de reserva especial os danos patrimoniais emergente de lesões corporais sofridas em consequência de acidentes ocorridos com veículos que, contrariamente ao disposto neste diploma, não mostrem ter pago, à data, o respectivo prémio de seguro ou quando for desconhecido o autor do acidente. 9 Este número foi aditado pelo DL 106/89

Artigo 12º Não são aplicáveis aos danos corporais consequentes de acidente de viação as disposições da Secção V do capítulo II e da secção VIII do capítulo II do título I do livro II do Código Civil. PARTE III Outros danos patrimoniais Artigo 13º 10 1. O Instituto garante o pagamento da indemnizações que, de acordo com a legislação em vigor, possam ser exigidas às pessoas referidas no artigo 4º por danos causados em coisas e animais em consequência de acidente de viação ocasionado pelo veículo seguro e até ao limite de 200.000$00 e com a franquia de 4000$. 2. O direito à indemnização pelos danos patrimoniais referidos neste artigo prescreve no prazo de dois anos a contar da data do acidente, não se aplicando o disposto no artigo 498º do Código Civil. Artigo 14º Sendo vários os lesados e se o montante global dos danos exceder a quantia referida no artigo anterior, far-se-á rateio. Artigo 15º Para além dos limites referidos no artigo 13º, é subsidiária a responsabilidade das pessoas referidas no artigo 4º. Artigo 16º No caso de choque entre veículos, a determinação da responsabilidade será feita de acordo com uma Tabela Prática interpretativa do Código da Estrada. Artigo 17º 1. A determinação do montante dos danos será objecto de constatação pericial. 2. O perito será nomeado pelo Instituto. 3. Os exames periciais serão sempre reduzidos a escrito, podendo o Instituto usar impresso próprio para o efeito. Artigo 18º Excluem-se da garantia do seguro os danos materiais sofridos por: a) Pessoas a que se refere o artigo 4º; b) Seus cônjuges, ascendentes, descendentes naturais ou civis, afins no mesmo grau e bem assim todas as pessoas que com elas viva, em economia comum ou a seu cargo; 10 Este artigo tem a redacção dado pelo DL 106/89. A redacção inicial era: O Instituto garante o pagamento das indemnizações que, de acordo com a legislação em vigor, possam ser exigidas às pessoas referidas no artigo 4º por danos causados em coisas ou animais, em consequência de acidente de viação ocasionado pelo veículo seguro e até ao limite de 100.000$00 e com uma franquia de 2000$00.

c) Representantes legais das pessoas colectivas ou sociedades responsáveis pelo acidente e familiares destes nos termos da alínea b) Artigo 19º O Instituto não é responsável pela indemnização dos danos materiais quando: a) O acidente intencionalmente provocado pelo segurado; b) O veículo seja conduzido por pessoa sem carta ou licença de condução ou sob a influência do álcool, estupefacientes ou outras drogas ou produtos tóxicos. PARTE IV Da participação dos acidentes e sua liquidação Artigo 20º 1. Em caso de acidente, o proprietário ou proprietários do veículo ou veículos interveniente ou os seus representantes, deverão participá-lo ao Instituto e ao departamento competente na área de ocorrência do sinistro, no prazo máximo de 5 dias, salvo facto de força maior, caso em que o dito prazo se contará desde o momento da sua cessação. 11 2. Em caso de violação do número anterior, o Instituto, tratando-se de acidente do qual resultem lesões corporais, tem direito de regresso sobre o segurado por aquilo que, em consequência da falta ou do atraso, houver pago a mais, não sendo responsável pelas perdas e danos materiais consequentes da participação tardia, ou da sua falta. 3. O condutor ou condutores do veículo ou veículos, bem como os seus proprietários, devem desde logo prover à guarda e conservação dos mesmos, se tal for necessário, para evitar maiores prejuízos. Artigo 21º 1. As participações deverão ser feitas em impresso próprio do Instituto, assinado pelo proprietário ou proprietários e condutor ou condutores do veículos ou veículos intervenientes, depois de respondidas inteira e honestamente todas as perguntas feitas. 2. Os intervenientes no acidente deverão fazer apresentar no Instituto, quaisquer terceiros reclamantes. 3. Suprimido 12 Artigo 22º 1. Ao Instituto é reservado o direito de orientar a liquidação dos acidentes, bem como as divergências que deles possam resultar, obrigando-se os intervenientes a indicar, fornecer e facilitar todos os documentos, testemunhas e outras provas ou elementos ao seu alcance para os preditos fins. 11 Este número tem a redacção dada pelo DL 106/89: a redacção inicial era: 1. Em caso de acidente, o proprietário ou proprietários do veículo ou veículos intervenientes ou os seus representantes deverão participá-lo ao Instituto no prazo máximo de 5 dias, salvo facto de força maior, caso em que o dito prazo se contará desde o momento da sua cessação. 12 A sua redacção inicial era: Nenhuma participação poderá ser tomada em consideração e produzir os efeitos do nº1 do artigo 20º sem que o acidente seja comunicado ao Departamento Policial competente na área de ocorrência do sinistro.

2. O Instituto comunicará, por carta registada, ao proprietário que parcial ou totalmente tenha dado causa ao acidente o resultado da sua decisão sobre a determinação da responsabilidade. 13 3. Presume-se iniludivelmente aceite tal decisão se o destinatário não solicitar a arbitragem das Comissões de Arbitragem no prazo máximo de 20 dias, contados a partir da data do registo ou se a carta for devolvida por insuficiência de endereço ou outro motivo não imputável ao Instituto. 14 4. Aos intervenientes é vedado formular ofertas, tomar compromissos ou praticar algum acto que tenda a reconhecer a responsabilidade do Instituto ou a fixar a natureza e o valor da indemnização, bem como dar conselhos, adiantar dinheiro por conta da indemnização ou sob a responsabilidade do Instituto. 5. Não são considerados como princípio de transacção ou reconhecimento de responsabilidade os actos de humanidade nem prestação de primeiro socorros médicos ou farmacêuticos ou as despesas de transporte a favor das vítimas, sendo as despesas adequadamente realizadas, da responsabilidade do Instituto. PARTE IV Do pagamento da taxa de seguro e documentos comprovativos Artigo 23º Os quantitativos do prémio do seguro automóvel serão fixados de harmonia com a respectiva Tabela. Artigo 24º 1. O prémio do seguro obrigatório será pago antecipadamente e semestralmente, contra a aquisição do selo de controlo e recibo/cartão de seguro obrigatório até 28 de Fevereiro e 31 de Agosto do ano respectivo 15 2. Relativamente aos veículos a motor de duas rodas e aos tractores sujeitos à obrigação de segurar, o prémio será pago nos mesmos prazos e contra recibo/cartão de seguro obrigatório. 3. Nenhum veículo poderá ser posto em circulação sem que se mostre o seguro até final do semestre respectivo. 13 Este número tem a redacção que lhe foi dada pelo DL 106/89. a sua redacção inicial era: 2. Aos intervenientes é vedado formular ofertas, tomar compromissos ou praticar algum acto que tenda a reconhecer a responsabilidade do Instituto ou a fixar a natureza e o valor da indemnização, bem como dar conselhos, adiantar dinheiro por conta da indemnização ou sob a responsabilidade do Instituto. 14 Idem. Anterior redacção: 3. Não são considerados como princípio de transacção ou reconhecimento de responsabilidade os actos de humanidade nem prestação de primeiro socorros médicos ou farmacêuticos ou as despesas de transporte a favor das vítimas, sendo as despesas adequadamente realizadas, da responsabilidade do Instituto. 15 Nova redacção introduzida pelo DL 106/89; a anterior era: 1. O prémio do seguro obrigatório será pago antecipadamente e semestralmente, contra a aquisição do selo de controlo e recibo/cartão de seguro obrigatório, até 31 de Janeiro e 31 de Julho do ano respectivo.

4. Não são considerados em circulação os veículos depositados em qualquer recinto privado por período superior a 2 meses e que tenham feito a prova deste facto junto do Instituto e da Repartição de Viação e Transportes Terrestres 16 5. Os veículos de matrícula estrangeira, sujeitos à obrigação de segurar, não poderão ser desalfandegados sem que se mostre efectuado o seguro durante a sua permanência em Cabo Verde. 17 6. No caso de destruição do veículo seguro, o respectivo proprietário pode pedir o estorno do prémio pelo período não decorrido. 18 7. Se ocorrer um sinistro entre os dias 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro e 1 de Julho e 31 de Agosto, sem que esteja ainda pago o prémio relativo a esse semestre, o mesmo terá que ser liquidado no prazo de 3 dias a contra da data do acidente, sob pena de aplicação das disposições por falta de seguro. Artigo 25º 19 O prazo de validade do seguro corresponde a semestre do ano civil, ou a duodécimos para os casos previstos nos n. os 3, 4, e 5 do artigo 24º Artigo 26º Aos condutores que evidenciem anormal número de acidentes ou manifesta negligência na condução automóvel poderá ser exigido o pagamento de uma taxa suplementar, de acordo com legislação especial. PARTE VI Fiscalização e Penalidades Artigo 27º Os condutores dos veículos ou as pessoas a que se refere o artigo 2º, para além da aplicação do selo a que se referem os n. os 1 e 3 do artigo 24º, serão obrigados a exibir o documento comprovativo da efectivação do seguro, sempre que solicitado pelas autoridades competentes. 16 Idem. Anterior redacção: 4. Os veículos da matrícula estrangeira, sujeitos à obrigação de segurar, não poderão ser desalfandegados sem que se mostre efectuado o seguro durante a permanência em Cabo Verde. 17 Idem. Redacção inicial era: 5. No caso de destruição de veículo seguro, o respectivo proprietário pode pedir estorno do prémio pelo período não decorrido. 18 Idem; 6. Se ocorrer um sinistro entre os dias 1 e 31 de Janeiro e 1 e 31 de Julho sem que esteja ainda pago o prémio relativo a esse semestre, o mesmo terá que ser liquidado imediatamente. Sob pena de aplicação das disposições por falta de seguro. 19 Idem; anterior redacção: O prazo de validade do seguro corresponde a semestres do ano civil, ou a duodécimos para os casos previstos nos n. os 3 e 4 do artigo 24º

Artigo 28º 1. A falta de exibição do documento comprovativo do seguro ou do selo de controlo determina a imediata apreensão do veículo, a qual se manterá enquanto não for feita prova de ter sido efectuado o seguro obrigatório. 2. Em caso de acidente, não existindo seguro, a apreensão só será levantada com o pagamento da indemnização ou a prestação de caução. 3. São de conta do proprietário as despesas de apreensão e guarda do veículo. Artigo 29º Compete à Polícia de Ordem Pública, ao Serviço Nacional de Viação, às autoridades administrativas na área da sua jurisdição, bem como à Guarda Fiscal e aos inspectores de Finanças a fiscalização e controlo das disposições relativas à obrigação de segurar. Artigo 30º 1. Será punido com pena de prisão até 6 meses e multa correspondente aquele que, dolosamente ou com simples negligência, puser em circulação ou consentir que circule veículo sujeito à obrigação de segurar, nos termos do presente diploma, sem que o mesmo tenha sido efectuado. 2. Será punido com multa de 300$ a 3000$ o segurado que, notificado para apresentar o documento comprovativo do seguro, o não exiba no prazo se 10 dias. 3. Será punido com multa de 1000$ a 10000$ quem fizer uso indevido do selo ou dos restantes documentos comprovativos de seguro. 4. Será punido com multa de 200$ a 4000$ o condutor do veículo sujeito a seguro obrigatório que circule sem selo ou outros documentos comprovativos. 5. Os proprietários que violarem o artigo 20º serão punidos com multa de 200$ a 2000$. Artigo 31º O selo e os documentos comprovativos do seguro são considerados documentos autênticos para os efeitos do disposto nos artigos 216º e 222º do Código Penal. PARTE VIII Disposições finais e transitórias Artigo 32º Não necessitam de seguro de carta de menores, os menores não emancipados que, de harmonia com as disposições do Código da Estrada, pretendam obter carta de condução. Artigo 33º São revogadas todas as disposições do Código de Estrada que se referem ao seguro e à responsabilidade civil por acidente de viação. Artigo 34º Para o ano de 1978, o Instituto editará os selos de controlo a adquirir para o período compreendido entre a data da entrada em vigor do presente decreto-lei e o final do ano.

Artigo 35º O presente diploma entra em vigor com o decreto que o regulamentar e na data que este fixar.