REABILITAÇÃO DE EDIFICIO. UM CASO DE ESTUDO



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Transcrição:

REABILITAÇÃO DE EDIFICIO. UM CASO DE ESTUDO Manuela Timóteo 1 manuela.fernandes@estbarreiro.ips.pt Pmt.engenharia.geral@gmail.com Ana Brás 2 ana.bras@estbarreiro.ips.pt Resumo O estudo que se apresenta refere-se à reabilitação de 4 lotes no Bairro do Ourives em Lisboa, no âmbito do programa PIPARU -Programa de Investimento Prioritário em Ações de Reabilitação Urbana Ação de reabilitação e Conservação das partes comuns e espaços exteriores, para a Gebalis, EEM. O estudo insere-se num bairro social com problemas de integração social, e mostrase como com pequenas intervenções se podem tornar estes bairros mais acolhedores e dar a estas populações uma melhor qualidade de vida. A análise visou o levantamento das várias anomalias estruturais e construtivas com apresentação de soluções para resolução de problemas identificados. A abordagem incidiu na requalificação de fachadas e adaptação de infraestruturas às novas regulamentações. O levantamento foi executado de forma exaustiva, identificando o maior número possível de indícios com observações visuais, recorrendo a um levantamento fotográfico acompanhado com técnicas de ensaio não destrutivas, elaboradas em conjunto com a ESTBarreiro/IPS. Foram elaboradas fichas de anomalias para cada lote, com identificação da anomalia, técnica de ensaio e solução de resolução. O levantamento incidiu sobre: Fachadas, Coberturas, Zonas Comuns Interiores, Pátios, terraços e logradouros, Espaços exteriores envolventes, incluindo infraestruturas quando necessário e Infraestruturas Prediais. Palavras-chave: Reabilitação, Requalificação, Habitação 1 Professora Adjunta Convidada, ESTBarreiro Instituto Politécnico de Setúbal, Sócia Gerente PMT Engenharia e Consultadoria, lda. 2 Professora Adjunta Convidada, ESTBarreiro Instituto Politécnico de Setúbal.

1 Professora Adjunta Convidada, ESTBarreiro Instituto Politécnico de Setúbal, Sócia Gerente PMT Engenharia e Consultadoria, lda. 2 Professora Adjunta Convidada, ESTBarreiro Instituto Politécnico de Setúbal.

1 Introdução A reabilitação e conservação dos edifícios constituem hoje em dia a maior necessidade do parque edificado do nosso país. Na sua grande maioria os edifícios nas grandes cidades encontram-se danificados e com graves problemas estruturais. A conservação propõe uma manutenção do existente devolvendo qualidade. A reabilitação propõe uma melhoria de qualidade, sendo térmica acústica ou funcional ao nível das instalações. Lisboa tem no seu parque habitacional um conjunto de edifícios que dão resposta a todas as pessoas carenciadas e que são geridos pela Gebalis, EEM Gestão de Bairros Municipais de Lisboa, e cuja taxa de rentabilidade é muito baixa, não sendo por isso possível através das rendas o investimento na reabilitação. Esta entidade recorre assim a programas de investimento europeu para apoio na reabilitação do seu parque edificado. O caso que apresentamos localiza-se em lisboa, Bairro do Ourives, é constituído por 4 edifícios com 22 fogos cada, que apresentam no seu geral graves problemas de infiltrações e escorrências ao nível das fachadas, para além de uma degradação da mesma. 2 Descrição dos Edifícios Os edifícios em estudo foram construídos na década de setenta, e são constituídos por quatro pisos no geral, sendo que um deles tem cave. Todos os edifícios têm uma galeria técnica, na sua base com u acesso muito deficiente. Cada lote tem 22 fogos, com entradas para as frações a partir de uma galeria exterior e com um acesso comum a cada um dos lotes, através de uma escada. Esta escada constituída por betão à vista e separada dos lotes por juntas de dilatação apresenta-se num estado avançado de degradação. São edifícios em betão armado, com paredes em alvenaria simples rebocada, com cerca de 20 cm de espessura, e com vários elementos em betão à vista, nomeadamente guardas de galerias e palas de cobertura. Todas as vigas e pilares estão salientes originando imensas pontes térmicas no edifício. As caixilharias seriam inicialmente em madeira, mas entretanto alguns dos moradores foram substituindo por caixilharia metálica. As coberturas são em desvão ventilado com vigamento em madeira e telha sobre o mesmo. Alguns desvãos estão ilegalmente ocupados, impedindo desta forma o desvão funcionar como tal. 3 Levantamento O levantamento foi executado de forma exaustiva, lote a lote, identificando o maior número possível de indícios com observações visuais e ensaios sempre que necessário, recorrendo a um levantamento fotográfico acompanhado com técnicas de ensaio não destrutivas, incidindo sobre Fachadas, Coberturas,

Zonas Comuns Interiores, Pátios, terraços e logradouros, Espaços exteriores envolventes. Figura 1. Lote C e D Este levantamento foi acompanhado de dossier de projetos existentes. Para melhor se entender o levantamento, foram elaboradas fichas de anomalias para cada lote, com identificação da anomalia, técnica de ensaio e solução de resolução. A análise permitiu-nos concluir que as habitações não possuem conforto térmico e acústico, e têm no geral deficiente ventilação. É notório no interior de alguns fogos, manchas e bolores indiciando isso mesmo. As zonas comuns são corredores, quase todos eles com ocupação indevida e na maioria com acessos condicionados. Salienta-se o abuso de ocupação dos armários dos quadros/contadores de cada piso, por parte dos moradores, bem como o espaço adjacente. Desta forma este levantamento visa os seguintes trabalhos: Tratamento da estrutura de betão, Tratamento da envolvente exterior (vertical e horizontal), Tratamento das juntas de dilatação, Melhoria de desempenho térmico onde necessário, Rede de abastecimento de gás, Redes de águas residuais pluviais designadamente nos pisos térreos e cobertura, Reparações interiores devido a infiltrações, Rede de telecomunicações, Rede Elétrica. 4 Soluções Propostas 1.1 Fachadas As fachadas dos lotes são constituídas por elementos de alvenaria com espessura média de 20 cm, que com o reboco dos dois lados corresponde a uma espessura de 24 cm a 25 cm, com todos os elementos de betão horizontal à vista e salientes. As fachadas no seu geral apresentam manchas de humidade, o que reflete os problemas dos habitantes no que diz respeito a bolores, fungos e escorrimentos de águas no interior dos seus fogos. Desta forma, torna-se indispensável um melhoramento ao nível de fachada incluindo os vãos das habitações, que são antigos e sem estanqueidade para o interior. Para o revestimento de fachadas propõem-se uma solução de reabilitação total, ou seja propõe-se a execução de novos revestimentos para a totalidade do edifício. A

solução que se descreve de seguida foi alvo de um estudo de comportamento térmico e acústico. Para o revestimento de fachadas propõem-se a aplicação do sistema tipo Isodur e Flexdur da Secil Argamassas. O Isodur é uma argamassa seca formulada a partir de ligantes mistos, agregados especiais de muita baixa densidade (EPS) e adições, destinada à execução de um reboco projetado, que permite em simultâneo desempenar e garantir o isolamento térmico sobre os suportes. É um reboco com agregados de muito baixa densidade que pertence à classe T1 com uma condutividade térmica l = 0,07 W. (m/k), que deve ser aplicado em camadas de 20 a 100mm separadas da outra camada superficial por uma rede de fibra de vidro. Este material ao ser aplicado de forma continua sobre toda a fachada promove o tratamento eficaz de todas as pontes térmicas. Para esta solução foi considerada a picagem prévia de toda a fachada. Para o tratamento dos elementos de betão em quadrícula, nomeadamente os elementos que constituem as guardas, propõe-se o fechamento da quadrícula com argamassa e posterior afagamento. 1.2 Caixilharias Atualmente as caixilharias existentes são de correr em alumínio anodizado com vidro simples ou madeira, com estore em PVC branco, com a caixa embutida na parede. Propõe-se para os vãos de janela dos fogos a substituição integral por caixilharia em alumínio à cor natural sem corte térmico e vidro duplo, tipo SAPA CLE ou equivalente com vidros duplo incolores (4mm+10mm+4mm). Propõe-se que o sistema de abertura seja oscilo-batente, para facilitar a ventilação dos fogos. Os estores serão substituídos por estores em alumínio à cor natural, com lâmina injetada com poliuretano como, tipo Represtor modelo FC, que devido ao seu desenho curvo adaptam-se facilmente a qualquer tipo de renovação. As caixas existentes manter-se-ão, no entanto é proposta uma reabilitação através do sistema Flexoterm da Represtor, 1.3 Coberturas As coberturas existentes são coberturas em telha cerâmica, apoiadas em muretes de alvenaria, assentes sobre laje em betão, sem impermeabilização na laje, e com caleiras em betão localizadas junto ao paramento exterior, e que descarregam diretamente para o exterior. O funcionamento da drenagem de águas pluviais da cobertura é deficiente devido a diversos erros, nomeadamente o não encaminhamento da água para tubos de queda. Existem também pequenos terraços e varandas que não têm qualquer tipo de recolha de águas. Propõe-se a execução de uma nova caleira com argamassa, e impermeabilização com tela de toda a zona de beirado. Uma vez que a caleira

terá que ter uma altura suficiente para drenar as águas sem transbordar, propõese a subida da platibanda em 15 cm. 1.4 Núcleo caixas de escadas O núcleo de escadas atual é aberto com comunicação para as galerias através de algumas portas, com guardas construídas em betão com uma quadrícula não regular. Para intervenção nesta zona da fachada é proposta a solução de encerramento da escada, com fechamento dos espaços abertos na guarda com argamassa, de modo a ter um aspeto liso no interior e no exterior. Para o encerramento da fachada em alvenaria de tijolo propõe-se o acabamento em reboco na sua totalidade, tal como proposto em peças desenhadas. É proposta a construção de uma cobertura em laje pré- fabricada com a introdução de uma claraboia, para introduzir luz natural no interior das escadas. Esta laje apoiada em pilares, que se vão apoiar nos pilares existentes só poderá ser construída após reabilitação da estrutura existente e a confirmação da capacidade de carga dos pilares através de ensaios de carga. No núcleo das escadas, junto dos acesso a cada um dos lotes, será construída uma parede para albergar os quadros técnicos (eletricidade, gás e águas) e os atravessamentos verticais das infraestruturas técnicas (Água, Eletricidade, Gás, e intercomunicadores), a courete que a acompanha servirá de passagem vertical de todas as redes para distribuição por piso. 1.5 Estrutura A estrutura da caixa de escadas apresenta anomalias muito graves nomeadamente, fissuração nos elementos à vista com maior incidência nas zonas de escadas e platibandas, com armaduras è vista e perca de recobrimento, com detioração total do betão envolvente. Figura 2 Estrutura existente Observam-se no geral corrosão das armaduras sendo mais severa nos lotes A e B, por ocorrer uma diminuição da secção das armaduras e de secções de betão. De acordo com relatório efetuado pela empresa OZ em 2000, a explicação para o fato de estarmos na presença de armaduras com pouco recobrimento ou com

betão de fraca qualidade são as primeiras a sofrer despassivação. Este fenómeno ocorre devido á carbonatação dos betões constituintes, fato confirmado pelos ensaios atuais. A estrutura foi alvo de ensaios in situ, nomeadamente ensaio de dureza através de um esclerómetro, técnica não-destrutiva que se baseia na relação entre a dureza da superfície do betão e a sua tensão de rotura por compressão. O ensaio do esclerómetro foi acompanhado com o ensaio de durabilidade e o ensaio com o pacómetro para determinar as espessuras das armaduras. Como solução de intervenção prefere-se uma solução que assegure o suficiente grau de reversibilidade, e que assegure uma preservação sustentada dos materiais e das soluções construtivas existentes. Desta forma como o grau de contaminação é muito intensa e está ainda em desenvolvimento propõe-se um conjunto de atividades como técnica de reparação a retirada de toda a massa de betão contaminado e substituí-la por um novo material (por exemplo, betão com polímeros). Para as armaduras expostas, e já com corte registado, propõe-se uma recuperação das armaduras com empalmes de novas armaduras. 1.6 Rede de Abastecimento de água A rede encontra-se instalada embebida nas paredes. Atualmente não existe rede de combate a incêndio, nem qualquer meio de 1ª ou 2ª intervenção. Apesar da rede não ter reclamações, e a pressão da Epal garantir a pressão no ultimo aparelho, propõe-se a substituição de toda a rede predial de abastecimento de água desde a caixa de ramal de ligação até à entrada do fogo pela única razão de durabilidade. 1.7 Rede de Drenagem de águas pluviais Não existe qualquer tipo de rede pluvial. Como solução propõe-se a instalação de uma rede de tubos de queda exteriores em PVC, incluindo a execução de limpeza e impermeabilização de todas as caleiras da cobertura, execução de novas, execução de trop lines e gárgula. Para os terraços/varandas existentes propõe-se também a sua impermeabilização e aplicados novos tubos de queda. 1.8 Rede de Ventilação Na solução de Arquitetura é proposta o encerramento da escada e o encerramento das circulações horizontais. Por este fato e de acordo com a legislação em vigor é necessário ventilar todos os espaços de comunicação. È proposta para a caixa de escadas uma grelha na entrada com área de abertura referente a 1,0 m2, de acordo com as peças desenhadas, bem como uma grelha no topo da escada, com 1,0 m2 também, de acordo com as recomendações do documento LNEC e de acordo com regulamento de segurança contra incêndios. Nos pisos intermédios está proposto uma grelha de ventilação com 0,5 m2..

1.9 Comportamento Térmico e acústico Os edifícios foram caracterizados da seguinte forma: Localização Lisboa, O edifício tem 6 pisos com um em semicave, a exposição solar é Noroeste, Sudeste e Nordeste Sudoeste, Inércia Forte, Parede existente com coeficiente de transmissão térmica estimado em 1.39 W/(m2.ºC), e coeficiente de isolamento sonoro aos sons aéreos exteriores (Rw) de 32.1 db. Cobertura com desvão não ventilado, O edifício situa-se numa zona mista ou sensível, Para os cálculos do índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea provenientes do exterior, foi considerado um tipo de ruído dominante de emissão correspondente a um espectro de ruído rosa (termo de adaptação C).A reabilitação térmica e energética de edifícios constitui uma das vias mais importantes para a redução do consumo de energia para aquecimento, arrefecimento, ventilação e iluminação. Os edifícios foram caracterizados térmica e acusticamente e só posteriormente analisadas as várias medidas de melhoria. As várias medidas de melhoria propostas foram equacionadas juntamente com correções construtivas importantes já identificadas. Pela análise verifica-se que as condições de inverno são muito insuficientes comparadas com o exigido, devido à envolvente exterior (fachadas e vidros) e a todas as pontes térmicas e deficiente ventilação já assinaladas. Neste sentido consideramos ser a solução de Isodur+ Flexdur da Secil argamassas a solução que melhor se apresenta termicamente, que conjugada com a melhoria das caixilharias, são atingidos valores razoáveis para este tipo de construção. 1.10 Segurança contra Incêndios Os edifícios em estudo não cumprem a legislação em vigor de Segurança contra incêndios, em alguns pressupostos. Caraterizam-se essencialmente por inexistência total de qualquer meio de combate de incêndios nas zonas comuns. 1.11 Rede de abastecimento elétrica Do levantamento realizado às infraestruturas elétricas dos lotes considerouse que estes se encontram de uma forma geral em mau estado de conservação. Do levantamento efetuado não foi possível verificar os quadros gerais. Propõe-se a instalação de novos Quadros de Coluna e Quadros de Serviços Comuns em substituição dos atuais, a partir dos quais serão alimentadas as novas colunas a instalar. 5 Conclusão Reabilitar edifícios que não tem valor patrimonial ou que por si só não têm valor arquitetónico, pode não ser interessante do ponto de vista económico ou demais interesses. No entanto do ponto de vista social é urgente esta intervenção, mesmo que a custos muito controlados. Pode-se com pequenas

intervenções dotar os edifícios da sua imagem original, bem como devolver as condições térmicas, acústicas e técnicas às populações.