UMA CONTRIBUIÇÃO À INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS DE RESTRIÇÃO AO LIVRE COMÉRCIO NO ÂMBITO DA O.M.C. E A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NACIONAL.



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Transcrição:

UMA CONTRIBUIÇÃO À INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS DE RESTRIÇÃO AO LIVRE COMÉRCIO NO ÂMBITO DA O.M.C. E A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NACIONAL. A CONTRIBUTION TO INTERPRETATION OF RULES THAT RESTRICT THE FREE TRADE IN W.T.O. AND THE PROTECTION OF NATIONAL CULTURAL HERITAGE. Fernando Fernandes da Silva RESUMO Neste artigo analisamos o art. XX do GATT/94 e a sua aplicabilidade nas hipóteses em que o Estado proíbe a exportação dos bens pertencentes ao seu patrimônio cultural como exceção ao princípio do livre comércio em vigor no ordenamento jurídico da O.M.C. PALAVRAS-CHAVE: DIREITO INTERNACIONAL - O.M.C. - PRINCÍPIO DO LIVRE COMÉRCIO - BEM CULTURAL - PATRIMÔNIO CULTURAL NACIONAL. ABSTRACT We analyze in this essay the art. XX of GATT/94 and its applicability in hypothesis that States prohibit the exportation of cultural property that belongs to national cultural heritage as principle of free trade exception in force in juridical system of W.T.O. KEYWORDS: INTERNATIONAL LAW. - W.T.O. - PRINCIPLE OF FREE TRADE - CULTURAL PROPERTY - NATIONAL CULTURAL HERITAGE. Professor de Direito de Direito Internacional do Meio Ambiente do Curso de Pós- Graduação em Direito Ambiental da Faculdade da Saúde Pública da Universidade de São Paulo/NISAM e de Fundamentos de Direito Internacional Público e Privado do Programa de Mestrado em Direito Internacional da Unisantos Universidade Católica de Santos.

SUMÁRIO: INTRODUÇÃO; I A CONCEPÇÃO DO SISTEMA INTERNACIONAL ECONÔMICO PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945); II - A O.M.C. E O SEU QUADRO INSTITUCIONAL. III A O.M.C. E O SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS. IV A O.M.C. E OS BENS CULTURAIS. CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS. INTRODUÇÃO O objeto deste estudo é expor no âmbito da Organização Mundial do Comércio (O.M.C.) seu sistema de solução de controvérsias e a aplicação das regras do seu ordenamento jurídico a exemplo do GATT/94 e do Acordo Constitutivo da O.M.C. (1994) que permitam aos Estados estabelecerem restrições ao livre comércio, com base nas disposições do art. XX do GATT/94, no que concerne à proteção do patrimônio cultural nacional. Neste sentido, esclarecemos que os principais tópicos a serem desenvolvidos neste estudo são: (1) a descrição dos mecanismos de solução de litígios no âmbito da O.M.C.; (2) a delimitação do ordenamento jurídico da O.M.C., em especial uma análise jurídica que permita compreender a inserção do GATT/94 e os seus efeitos jurídicos no ordenamento jurídico da O.M.C.; (3) a interpretação do art. XX do GATT/94 e a caracterização dos seus efeitos jurídicos no ordenamento jurídico da O.M.C.; (4) uma análise de decisões dos órgãos de solução de litígios da O.M.C. no que diz respeito à aplicação do art. XX do GATT/94 e a sua adequação ao seu ordenamento jurídico desta organização. Em face desta exposição sumária, podemos salientar que o nosso objetivo neste estudo é: (1) oferecer aos estudiosos do Direito, em especial aos estudantes, contribuições para reflexões acerca dos fundamentos básicos de Direito Internacional Econômico a

exemplo da identificação dos sujeitos e das fontes jurídicas - através da análise de casos internacionais que tratam de conflitos econômicos; (2) oferecer aos estudiosos do Direito, em especial aos estudantes, contribuições para reflexões acerca do funcionamento do órgão de solução de controvérsias, no âmbito da O.M.C. Conseqüentemente, o impacto econômico, social, político e jurídico - que as suas decisões acarretam nas relações internacionais; (3) oferecer aos estudiosos do Direito, em especial aos estudantes, contribuições para reflexões acerca dos valores éticos que estão sendo considerados nessas decisões, a partir da identificação e da análise dos fundamentos jurídicos de tais decisões. Diante deste quadro apresentado, esta é em síntese a proposta de nosso estudo a ser apresentado no XV Congresso Nacional do CONPEDI, que se realizará no mês de novembro, deste ano, em Manaus/AM. I A CONCEPÇÃO DO SISTEMA INTERNACIONAL ECONÔMICO PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945). O embrião do atual sistema econômico internacional foi concebido na Conferência de Bretton Woods (1944), instituída para estabelecer uma estrutura normativa nas relações econômicas internacionais, coordenada por três organizações internacionais: Fundo Monetário Internacional (F.M.I.), Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (B.I.R.D.) e Organização Internacional do Comércio (O.I.C.). Em linhas gerais, competem ao F.M.I. as funções de manutenção do equilíbrio das balanças de pagamentos dos seus Estados membros; ao B.I.R.D., a reconstrução dos Estados assolados pelas conseqüências da Segunda Guerra Mundial; e a O.I.C., a regulamentação do comércio internacional. Na década de cinqüenta, ao B.I.R.D. foram agregadas duas outras organizações: a Corporação Financeira Internacional e a Associação Internacional de Desenvolvimento. Além disso, o Banco Mundial passou a dirigir as suas ações para a cooperação financeira nos Estados em desenvolvimento. Em parte, esta reorientação ocorreu em virtude dos maciços investimentos americanos feitos nos Estados Europeus, em face do Plano Marshall (1947), o que esvaziou a função inicial do B.I.R.D.

A Conferência de Bretton Woods (1944) foi permeada por duas propostas: a primeira, da autoria do representante inglês e economista John Mainard Keynes; a segunda, da autoria do então funcionário do tesouro norte-americano, H. D. White. A proposta inglesa consistia na criação de uma União Internacional de Compensação, com base em uma moeda de conta internacional denominada bancor. 1 Os Estados Membros da União abririam nela contas, devendo os saldos dos balanços de pagamentos ser liquidados mediante lançamentos, de débito ou crédito, nos livros de escrituração nela existentes. 2 A proposta americana, considerada vencedora, proporcionou a criação do B.I.R.D. e do F.M.I. No que diz respeito à O.I.C., em 1947 foi instituída a Conferência de Havana para a sua criação. Entretanto, o Congresso norte-americano vetou a entrada dos E.U.A. naquela organização, o que impediu o seu funcionamento. Outra conferência foi realizada em Genebra, onde 23 Estados firmaram um acordo referendando apenas o Capítulo VI da Carta de Havana, intitulado Política Comercial, onde se concentravam as regras relativas ao comércio e às tarifas. O referido Capítulo VI tornou-se um acordo independente denominado de GATT (General Agreement on Tariffs and Trade). O GATT não é uma organização internacional, mas um tratado de caráter multilateral, cujo número de Estados signatários foi sendo ampliado ao longo dos anos. Além disso, as conferências subseqüentes instituídas para a sua reformulação deram-lhe um caráter institucional próximo à noção clássica de organização internacional. Aliás, segundo Alberto do Amaral Júnior um tratado multilateral que, com o passar do tempo, deu origem a uma organização internacional de fato (...). 3 Assim, o GATT possuía uma Conferência Geral reuniões periódicas dos representantes dos seus Estados Membros, denominadas de rounds; um secretariado, com sede em Genebra e a criação 1 Cf. Bruno Ratti. Comércio Internacional e Câmbio. 10ª edição. São Paulo: Edições Aduaneiras, 2001, p. 261. 2 Cf. Bruno Ratti. Comércio Internacional e Câmbio. 10ª edição. São Paulo: Edições Aduaneiras, 2001, p. 261. 3 Cf. Alberto do Amaral Júnior. A Organização Mundial do Comércio: estrutura institucional e solução de controvérsias. In: Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo. São Paulo, volume 07, número 14, julho/ dezembro de 2004, p. 127.

do cargo de Diretor Geral. Esta institucionalização proporcionou uma regulamentação mais extensa do comércio internacional, com a introdução de regras relativas aos subsídios, às medidas antidumping e ao comércio de aeronaves civis, como se observa das decisões da Rodada Tóquio (1973-1979). Outro dado significativo desta institucionalização foi estabelecer um modo de solução de conflito denominado de panel, com base no artigo XXIII, que foi aperfeiçoado com a adoção pelos Estados Membros do GATT do Acordo de Notificação, Consulta, Solução de Controvérsias e Vigilância (1979). II - A O.M.C. E O SEU QUADRO INSTITUCIONAL. No final da Rodada Uruguai (1986-1994) foi celebrado, em Marraqueche, o Acordo Constitutivo da O.M.C. - Organização Mundial do Comércio. O artigo II, parágrafo 4º, deste Acordo dispõe que: O Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio de 1994, conforme se estipula no Anexo 1ª (denominado a seguir GATT 1994 ) é juridicamente distinto do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio com data de 30 de outubro de 1947, anexo à Ata Final adotada por ocasião do encerramento do segundo período de sessões da Comissão Preparatória da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Emprego, posteriormente retificado, emendado ou modificado (denominado a seguir GATT 1947 ). A respeito desta disposição, Alcides G. R. Prates comenta o seguinte: O artigo estabelece em seu último parágrafo a diferenciação entre o GATT 1947 e o GATT 1994. GATT 1947 é o Acordo e a instituição de facto que orientou as relações comerciais internacionais desde a década de quarenta até nossos dias. GATT 1994, novidade criada pela Rodada Uruguai, é o GATT de 1947 expurgado de uma série de dispositivos caídos em desuso ou contraditórios com os princípios da OMC. A distinção jurídica entre ambos é importante porque define que só serão membros da OMC os que forem membros do GATT 1994. 4 Assim, o GATT/94 insere-se no ordenamento jurídico da O.M.C. a fim de regulamentar o comércio internacional. 4 Cf. Comentários sobre o Acordo Constitutivo da OMC. In: Guerra Comercial ou Integração Mundial pelo Comércio?: a OMC e o Brasil (Paulo Borba Casella e Araminta de Azevedo Mercadante coordenadores). São Paulo: editora LTr., p. 98.

A O.M.C. é uma típica organização intergovernamental internacional, pelo fato dos seus órgãos decisórios serem compostos por representantes dos seus Estados Membros. Possui personalidade jurídica internacional 5, que lhe permite a celebração de tratados internacionais, a exemplo do Acordo de Sede. 6 Os seus órgãos principais são a Secretaria, a Conferência Ministerial, e o Conselho Geral, assessorado pelo Conselho para o Comércio de Bens, pelo Conselho para o Comércio de Serviços e pelo Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionadas com o Comércio denominado de Conselho de TRIPS. A Secretaria é chefiada pelo Diretor-Geral da O.M.C., composta por funcionários internacionais com atribuições exclusivamente internacionais não podendo aceitar instruções de qualquer governo ou autoridade externa à O.M.C. 7 Em geral congregam funções típicas de organização dos trabalhos e das conferências, de administração da organização e de mediadores ou conciliadores nos conflitos entre os Estados Membros relativos aos Acordos Comerciais contemplados pela estrutura normativa da O.M.C. A Conferência Ministerial é composta por todos os Estados Membros da O.M.C. e se reunirá a cada dois anos. É o principal órgão legislativo daquela organização, pois terá a faculdade de adotar decisões sobre todos os assuntos compreendidos no âmbito de qualquer dos Acordos Comerciais Multilaterais, caso assim o solicite um Membro, em conformidade com o estipulado especificamente em matéria de adoção de decisões no presente Acordo e no Acordo Comercial Multilateral relevante. 8 O Conselho Geral é o órgão diretivo, também, composto por todos os Estados Membros da O.M.C., devendo se reunir em todas as situações necessárias. Além disso, deverá desempenhar as funções da Conferência Ministerial quando esta não estiver reunida. 9 Outra atribuição, relevante, é exercer as funções do Órgão de Solução de Controvérsias, que possui a competência para ter o seu próprio presidente e adotar regras de 5 Cf. artigo VIII, 1, do Acordo de Marraqueche (1994). 6 Cf. artigo VIII, 5, do Acordo de Marraqueche (1994). 7 Cf. artigo VI, 4, do Acordo de Marraqueche (1994). 8 Cf. artigo IV, 1, do Acordo de Marraqueche (1994). 9 Cf. artigo IV, 2, do Acordo de Marraqueche (1994).

procedimentos necessárias para o desempenho das suas funções. 10 As funções do Órgão de Solução de Controvérsias estão previstas no Entendimento sobre Solução de Controvérsias, que será tratado no tópico seguinte. III A O.M.C. E O SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS. O sistema de solução de controvérsias da O.M.C. prevê diversos instrumentos para a solução dos conflitos. A primeira medida são as consultas. Os Estados Membros comprometem-se a se consultarem mutuamente a fim de obterem uma solução de forma amigável. Dispõe o artigo 4, 2, do Entendimento: Cada Membro se compromete a examinar com compreensão a argumentação apresentada por outro Membro e a conceder oportunidade adequada para consulta com relação a medidas adotadas dentro de seu território que afetem o funcionamento de qualquer acordo abrangido. As solicitações de consultas devem ser apresentadas por escrito, contendo as razões e os fundamentos da reclamação, assim como, o embasamento legal desta reclamação. 11 Caso não haja solução para o conflito no prazo de sessenta dias, as partes envolvidas no conflito poderão requerer a constituição de um grupo especial para proferir uma decisão. O grupo especial é composto por pessoas qualificadas, funcionários governamentais ou não, incluindo aquelas que tenham integrado um grupo especial ou a ele apresentado uma argumentação, que tenham atuado como representantes de um Membro ou de uma parte contratante do GATT 1947 ou como representante no Conselho ou Comitê de qualquer acordo abrangido ou do respectivo acordo precedente, ou que tenha atuado no Secretariado, exercido atividade docente ou publicado trabalhos sobre direito ou política comercial internacional, ou que tenha sido alto funcionário na área de política comercial de um dos Membros. 12 O grupo especial poderá ser composto por três integrantes, ou salvo acordo entre as partes, por cinco integrantes, 10 Cf. artigo IV, 3, do Acordo de Marraqueche (1994). 11 Cf. artigo 4, 4, do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias. 12 Cf. artigo 8, 1, do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias.

devendo atuar à título pessoal, ou seja, não podem ser representantes de governo ou de uma organização internacional. 13 Compete ao Órgão de Solução de Controvérsias, no prazo de sessenta dias a contar da data da distribuição do relatório, elaborado pelo grupo especial, adotá-lo, salvo se por consenso decidir de forma contrária ou se uma das partes decidir-se pela apelação ao Órgão de Apelação. A apelação deverá limitar-se às questões de direito tratadas pelo relatório do grupo especial e às interpretações jurídicas por ele formuladas. 14 A apelação examinada pelo Órgão de Apelação poderá acarretar a confirmação, a modificação ou a revogação das conclusões e decisões jurídicas do grupo especial. 15 Os relatórios do Órgão de Apelação deverão ser acatados pelo Órgão de Solução de Controvérsias, salvo se no prazo de trinta dias, contados a partir da distribuição do referido relatório aos Membros, decidir pela não adoção por consenso. 16 Assim, o grupo especial ou Órgão de Apelação podem concluir que uma medida adotada por um Estado Membro é incompatível com um acordo inserido no ordenamento jurídico da O.M.C. Portanto recomendarão que tal Membro adote medidas compatíveis com o referido acordo. Além das recomendações, tais instâncias indicarão os meios pelos quais as recomendações serão implementadas. Conforme os comentários de Alberto Amaral Júnior se as recomendações não puderem ser adotadas num prazo razoável poderá a parte vencedora aplicar temporariamente a compensação e a suspensão das concessões ou de outras obrigações. Ainda, conforme o mesmo autor: Se dentro dos 20 dias seguintes à data de expiração do prazo razoável não se houver acordado uma compensação satisfatória, a parte vencedora poderá solicitar do OSC autorização para suspender a aplicação de concessões ou outras obrigações em relação ao membro derrotado na demanda. Referida autorização será equivalente ao montante dos prejuízos sofridos. A suspensão de concessões ou outras obrigações deverão ser temporárias e vigorar até que a medida considerada incompatível tenha sido suprimida, até que o membro que deva implementar as recomendações e decisões forneça uma solução para os prejuízos havidos ou até que uma solução mutuamente satisfatória seja encontrada. 17 13 Cf. artigo 8, 5 e 8, do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias. 14 Cf. artigo 17, 6, do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias. 15 Cf. artigo 17, 13, do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias. 16 Cf. artigo 17, 14, do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias. 17 Cf. Alberto do Amaral Júnior. A Organização Mundial do Comércio: estrutura institucional e solução de controvérsias. In: Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo. São Paulo, volume 07, número 14, julho-dezembro de 2004, p. 134.

Nada impede que as partes adotem voluntariamente ou os bons ofícios, ou a conciliação ou a mediação, como medidas para a solução do conflito, assegurando-se que as diligências sejam confidenciais, assim como, as posições defendidas pelas partes. 18 O Entendimento não prevê um procedimento para tais medidas. Admite-se, também, que o Diretor-Geral possa oferecer ex officio essas medidas para as partes, a fim de resolver a controvérsia. IV A O.M.C. E OS BENS CULTURAIS. No artigo XX do GATT/94 encontramos as regras relativas à restrição ao livre comércio. Em relação aos bens culturais, assim dispõe o art. XX, aliena f : Art. XX. Exceções Gerais Desde que essas medidas não sejam aplicadas de forma a constituir quer um meio de discriminação arbitrária, ou injustificada entre os países onde existem as mesmas condições, quer uma restrição disfarçada ao comércio internacional, disposição alguma do presente capítulo será interpretada como impedimento à adoção ou à aplicação, por qualquer membro, das medidas:... (f) impostas à proteção dos tesouros nacionais de valor artístico, histórico ou arqueológico;... Portanto, um Estado Membro da O.M.C. pode restringir a exportação de bens culturais que pertençam ao seu patrimônio cultural nacional. A expressão tesouros nacionais não é usual nas publicações relativas ao tema dos bens culturais. Entretanto, tal expressão não perde o significado no sentido de indicar os principais bens, aqueles mais 18 Cf. artigo 5, 1 e 2, do Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias.

preciosos ligados às nações e aos Estados. Tratam-se dos bens mais representativos em relação à formação de uma nação ou comunidade, ou bens relativos às riquezas culturais de um Estado que possuem atributos múltiplos: artístico, histórico ou arqueológico. Observamos que desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e em especial desde a criação da UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, à Ciência e à Saúde a expressão patrimônio cultural nacional é a mais representativa do significado aqui exposto. É o que se conclui dos tratados aprovados sob o patrocínio da UNESCO: (a) Convenção para a Proteção dos Bens Culturais em Caso de Conflito de Armado (1954); (b) Convenção sobre as Medidas a Serem Adotadas para Proibir e Impedir a Importação, Exportação e Transferência de Propriedade Ilícitas dos Bens Culturais (1970); (c) Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972) e; (d) Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático (2001). Em suma, o Estado pode restringir a exportação dos bens culturais protegidos com base nas convenções acima mencionadas, se as ratificou; ou com base na sua própria legislação. No Brasil, por exemplo, o Decreto-Lei 25/37 disciplina o instituto do tombamento e o seu regime jurídico de proteção em relação aos bens culturais. Por outro lado, observamos que o art. XX, tradicionalmente foi utilizado como argumento à restrição do livre comércio, nos casos de defesa do meio ambiente, com base nas alíneas b e g : b) necessárias à proteção da saúde e da vida das pessoas e dos animais ou à preservação dos vegetais ; e g) relativas à conservação dos recursos naturais esgotáveis, se tais medidas forem aplicadas conjuntamente com restrições à produção ou ao consumo nacionais. 19 19 Nossas conclusões a respeito se basearam em excelente estudo de Vera Sterman Kanas, que lista e analisa os casos de aplicação do art. XX do GATT/47, inclusive sob a vigência das normas da O.M.C. Aspectos Jurisprudenciais do Tratamento do Meio Ambiente na OMC: Um Estudo sobre a Aplicação do Art. XX do GATT. In: Direito do Comércio Internacional: Pragmática, Diversidade e Inovação Estudos em Homenagem ao Prof. Luiz Olavo Baptista (Maristela Basso, Maurício de Almeida Prado, Daniela Zaitz - organizadores). Curitiba: Juruá Editora, 2005, p. 523-524.

Em suma, não há registro de caso na vigência do GATT/47 e na vigência do ordenamento jurídico da O.M.C. que teve como controvérsia a aplicação da regra do art. XX, alínea f, mencionada. CONSIDERAÇÕES FINAIS A proteção dos bens culturais, atualmente, é um dos grandes temas da agenda global, ao lado da proteção do meio ambiente, do combate ao terrorismo, do combate ao narcotráfico, do combate à lavagem de dinheiro, apenas para citarmos os temas mais conhecidos. Entretanto, não detectamos nenhum caso no âmbito da O.M.C. que tenha como objeto controvérsia em relação à aplicação da alínea f do art. XX do GATT/94, embora cremos que num futuro próximo este tema adquirirá relevância e poderá ser objeto de exame por parte das instâncias da O.M.C. Isto porque, vários bens culturais de caráter artístico valem milhões de dólares a exemplo das pinturas dos grandes mestres da História da Arte assim como, vários outros possuem um valor científico extraordinário, a exemplo dos bens fósseis. Neste sentido, além do desenvolvimento dos estudos necessários a respeito deste tema, é claro, que no âmbito da O.M.C., a celebração de um acordo relativo ao comércio dos bens culturais é extremamente necessário, dada a riqueza que os bens representam em múltiplos aspectos. Por outro lado, enquanto não houver uma regulamentação mais clara a respeito, propomos que o tema do patrimônio cultural seja inserido numa perspectiva de proteção ao meio ambiente aliás, como as doutrinas jurídicas modernas já reconhecem. Conseqüentemente, além da aplicação do art. XX aplica-se ao tema do comércio dos bens culturais o preâmbulo do Acordo de Marraqueche (1994) que se refere à proteção ambiental. Vejamos:

Reconhecendo que as suas relações na esfera da atividade comercial e econômica devem objetivar a elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e um volume considerável e em constante elevação de receitas reais e demanda efetiva, o aumento da produção e do comércio de bens e de serviços, permitindo ao mesmo tempo a utilização ótima dos recursos mundiais em conformidade com o objetivo de um desenvolvimento sustentável e buscando proteger o preservar o meio ambiente e incrementar os meios de fazê-lo, de maneira compatível com suas respectivas necessidades e interesses segundo os diferentes níveis de desenvolvimento econômico, (...) (grifamos). O preâmbulo do Tratado é um importante instrumento de interpretação da sua parte dispositiva. A Doutrina Internacional considera que esta função interpretativa é exercida na forma supletiva, assim denominada para suprir as lacunas de um tratado. Neste sentido, confira o preâmbulo das Convenções de Haia de 1899 e 1907 que nos casos não previstos na parte dispositiva do tratado devem-se observar os princípios e o costume internacional relativo ao direito de guerra, assim compreendido: sob a salvaguarda e sob o império dos princípios do direito das gentes, tal como resultam dos usos estabelecidos entre nações civilizadas, das leis da humanidade e das exigências da consciência pública. A função interpretativa também é externada no sentido de que o preâmbulo contenha os objetivos do tratado a fim de aplicar de forma precisa a sua parte dispositiva. Desta forma, ao conferirmos ao preâmbulo do Acordo de Marraqueche (1994) uma forma de interpretação supletiva podemos ampliar o escopo de atuação do Órgão de Solução de Controvérsias no sentido de que a proteção ambiental e, por via de conseqüência, dos bens culturais alcance mais espaço nas considerações daquele Órgão nos casos submetidos à sua análise. Em outras palavras, o tema da proteção ambiental não se restringirá apenas nos casos que dizem respeito à restrição de importação de bens, mas em todos os casos afetos ao comércio, ao meio ambiente e ao patrimônio cultural. REFERENCIAS

ADUANEIRAS. Resultados da Rodada Uruguai do GATT. São Paulo: ed. Aduaneiras, 1995. AMARAL JÚNIOR Alberto do. A Organização Mundial do Comércio: estrutura institucional e solução de controvérsias. In: Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo. São Paulo, volume 07, número 14, julho-dezembro de 2004, p. 127-136. GREENWALD, Joseph. Solución de Controvérsias en La OMC. In: Foro Internacional (Revista Trimestral Publicada por El Colegio de México). Volume XLI, abril-junio, 2001, número 2, p. 271-282. KANAS, Vera Sterman. Aspectos Jurisprudenciais do Tratamento do Meio Ambiente na OMC: Um Estudo sobre a Aplicação do Art. XX do GATT. In: Direito do Comércio Internacional: Pragmática, Diversidade e Inovação Estudos em Homenagem ao Prof. Luiz Olavo Baptista (Maristela Basso, Maurício de Almeida Prado, Daniela Zaitz - organizadores). Curitiba: Juruá Editora, 2005, p. 523-524. LOPES, Silvia Regina Pontes. Uma Análise Crítica do Sistema de Composição de Controvérsias da OMC Frente a Uma Sociedade Internacional Supercomplexa. In: Revista de Informação Legislativa. Brasília: ano 39, janeiro/março 2002, número 153, p. 79-97. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 10ª edição. São Paulo: Edições Aduaneiras, 2001. SOARES, Guido Fernando Silva. A Proteção Internacional do Meio Ambiente. São Paulo: ed. Manole, 2003.