SESSÃO ADMINISTRATIVA Ministro Gilmar Mendes Senhor Presidente da Corte Suprema de Justiça da Nação argentina, distintos colegas participantes do VII Encontro de Cortes Supremas dos Estados-Partes do MERCOSUL e Associados, Conforme ocorrido no VI Encontro, o breve relato sobre as medidas tomadas desde então parece importante para assegurar a efetividade e a continuidade das deliberações do Fórum Permanente de Cortes Supremas do MERCOSUL. Sob essa perspectiva, nossos principais objetivos seriam avançar onde obtivemos êxito, buscar soluções alternativas onde encontramos dificuldades, alterar o rumo de procedimentos que não foram eficazes. Abordarei brevemente as principais iniciativas que foram objeto do VI Encontro das Cortes Supremas, em Brasília em 21 de novembro último. Secretaria do Fórum Permanente Por ocasião do VI Encontro de Cortes Supremas, foi aprovado o Regulamento da Secretaria do Fórum Permanente de Cortes Supremas do MERCOSUL e Associados. No Brasil, essa Secretaria foi instituída pela Portaria nº 242, de 12 de dezembro de 2008. Solicitou-se às demais Cortes Supremas a indicação de interlocutores junto a Secretaria, a qual passaria a exercer suas funções ad referendum até a confirmação oficial de sua composição, por todos os Estados-Partes e Associados, durante o presente VII Encontro de Supremas Cortes. Até o presente, contudo, não recebemos resposta das Cortes. A Secretaria Permanente, durante o primeiro semestre de 2009, tratou de atividades destinadas a implementar as decisões dos acordos firmados âmbito do VI Encontro de Cortes Supremas, a saber, dar funcionamento ao Banco de Jurisprudência do MERCOSUL, efetivar o Intercâmbio de Magistrados e Servidores Judiciais e o Intercâmbio de Estudantes de Direito. Também colaborou para organizar o VII Encontro de Cortes Supremas.
Diante do exposto, reitero o pedido de que as Cortes Supremas, nos termos definidos pelo Regulamento firmado no âmbito do VI Encontro, indiquem, o quanto antes, seus respectivos interlocutores junto ao citado órgão. Intercâmbio de Magistrados Com relação ao Acordo para promover o Programa de Cooperação e Intercâmbio de Magistrados e Servidores Judiciais, o STF manteve intensa troca de comunicações com as Supremas Cortes dos Estados Partes e Associados, com vistas a obter a indicação de juízes de primeira instância interessados em participar do Programa de Intercâmbio no STF em Brasília. Em abril, o STF recebeu os juízes Juan Freddy Gonzáles Gonzáles, indicado pelo Tribunal Constitucional da Bolívia, e a juíza Dora Szafir Slotolow, indicada pela Suprema Corte de Justiça do Uruguai. Ambos participaram de atividades organizadas pelo Tribunal para que conhecessem sua estrutura e funcionamento, assim como características gerais do sistema judiciário brasileiro. Os relatórios sobre suas respectivas experiências encontram-se disponíveis na página de Cooperação Internacional do site do STF. Nas tratativas a respeito, verificaram-se dificuldades das demais Cortes com relação à duração proposta para o programa, inicialmente de um mês, assim como restrições orçamentárias. Em resposta, o STF sugeriu períodos menores, de quinze dias, e mostrou-se disposto a buscar o necessário auxílio financeiro, por meio de Acordos com associações de juízes e magistrados do Brasil. Apesar disso, em maio e junho as atividades previamente agendadas para o Programa tiveram que ser canceladas, devido à ausência de indicações de juízes por parte das Cortes. A Secretaria Permanente reiterou consultas para solicitar a indicação de juízes para os meses subseqüentes, bem como sobre a possibilidade de que juízes brasileiros fossem recebidos naquelas Cortes. Da parte do STF, há interesse de que dois juízes de cada país participem deste Intercâmbio, previsto para se repetir até novembro.
Em agosto, o Dr. Edgar Patrício Herrera e a Dra. Ruth Bienvenida Seni, Juízes da Corte Constitucional do Equador, participaram do programa e visitaram o Supremo Tribunal Federal em Brasília. A fim de consolidar tal iniciativa e torná-la institucional, solicito que as Supremas Cortes avaliem, na brevidade possível, a possibilidade de indicar e receber magistrados regularmente. Caso não possa haver comprometimento com essa regularidade, colocaria em pauta a opção de que as Cortes implementassem o referido Intercâmbio esporadicamente, em resposta a eventuais manifestações de interesse por parte dos magistrados. Intercâmbio de Estudantes de Direito O Projeto Teixeira de Freitas para o intercâmbio de estudantes de Direito foi objeto de três instrumentos: o Protocolo de Intenções para a Elaboração de Programa de Cooperação e Mobilidade de Estudantes e Docentes, firmado em 24 de Novembro de 2006 (por ocasião do IV Encontro); o Acordo para o Programa de Mobilidade Estudantil e Acadêmica, de 09 de Novembro de 2007 (V Encontro), e o Termo de Compromisso entre os Tribunais e as Cortes Supremas do MERCOSUL e Associados, com a Finalidade de Promover o Intercâmbio para Estudantes de Direito de 21 de Novembro de 2008 (VI Encontro de Cortes Supremas). Em junho de 2009, o STF informou às Supremas Cortes do MERCOSUL sobre a assinatura do Acordo de Cooperação com a Fundação Universidade de Brasília FUB, destinado a implementar o programa de intercâmbio acadêmico jurídico-cultural para estudantes do curso de Direito dos países do MERCOSUL e associados. Comunicamos às Cortes Supremas e Tribunais Constitucionais sobre a disponibilidade de 6 vagas para estudantes de Direito que, durante um semestre acadêmico, cursariam, na Universidade de Brasília, matérias relacionadas à literatura jurídica e cultural e línguas, podendo concomitantemente participar de programa de estágio junto ao STF. Nesse estágio, são realizadas diversas atividades, entre as quais pesquisa legislativa, de jurisprudência e de doutrina, leitura de acórdãos e respectiva indexação, assim como análise de processos e procedimentos judiciais no Brasil, relacionados aos temas discutidos durante os Encontros de Cortes Supremas, a saber,
Mandado de Captura, criação da Carta de Direitos Fundamentais e do Tribunal de Justiça do MERCOSUL. A fim de viabilizar tal iniciativa no segundo semestre acadêmico de 2009, se consultou sobre a possibilidade de recebimento de estudantes brasileiros pelas Cortes e universidades, nas mesmas condições daquelas apresentadas pelo Brasil. A Universidade de Brasília, por sua vez, contatou várias universidades dos países membros do MERCOSUL, em especial, Argentina e Chile, das quais obteve, de grande parte delas, respostas positivas. Em agosto, o STF recebue os primeiros seis participantes do Programa de Estágio dos países do MERCOSUL: dois estudantes da Argentina, dois do Paraguai e uma do Chile, que também estão estudando neste semestre na Universidade de Brasília. Para consolidar o Projeto Teixeira de Freitas, seria necessário associar as atividades universitárias ao estágio dos estudantes brasileiros junto às Supremas Cortes. Até o momento, contudo, não houve respostas das Cortes. Aparentemente, em grande medida, algumas Cortes não lograram estabelecer entendimento com as universidades de seus países sobre o intercâmbio de estudantes provenientes de países do MERCOSUL. Diante do exposto, sugiro que as Supremas Cortes se manifestem sobre o interesse em continuar com esse Projeto para que a iniciativa seja institucionalizada, com amparo no princípio da reciprocidade. Peço também informações sobre a viabilidade de estágio de estudantes junto às Cortes Supremas, além de dados sobre o desenvolvimento de cooperação das Cortes com universidades de seus respectivos países. Somente diante dessas informações teremos elementos para, também no Brasil, continuar os trabalhos e promover convênio do STF com outras universidades e Tribunais de outros entes federativos do país. Banco de Jurisprudência do MERCOSUL O Banco de Dados do MERCOSUL foi criado por meio do Acordo de cooperação celebrado entre os Tribunais e Cortes Supremas do MERCOSUL e Associados, para o intercâmbio de informações e de publicações através da utilização de um Banco de Dados de Jurisprudência do MERCOSUL e de um Banco de Dados de
Jurisprudência Constitucional, firmado em Brasília, em 9 de novembro de 2007, por ocasião do V Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL e Associados, quando o STF se comprometeu a disponibilizar espaço virtual para inserção de dados. No ano de 2007, buscou-se colocar em funcionamento o Banco de Dados de Jurisprudência do MERCOSUL, atendendo o disposto na cláusula quinta do Acordo de cooperação. A concretização da iniciativa seria um indicador importante da maturidade da cooperação em curso. O Conselho Nacional de Justiça brasileiro incluiu a indexação sobre a normativa MERCOSUR na Tabela Unificada de Assuntos de processos judiciais. Essa Tabela, atualmente em fase de testes, será utilizada por todos os tribunais brasileiros para catalogar o assunto dos processos judiciais. Assim, em futuro próximo, poder-se-á identificar todos os casos no Brasil em que a normativa MERCOSUL seja objeto de litígio. No VI Encontro, quanto ao Banco de Dados de Jurisprudência Constitucional, sugeriu-se a utilização do referencial do sistema CODICES, Banco de Dados da Comissão Européia para Democracia através do Direito (Comissão de Veneza), em virtude de Convênio firmado entre aquela Comissão de Veneza e a Conferência Iberoamericana de Justiça Constitucional, da qual são membros todos os Estados-Partes do MERCOSUL e associados. Entendeu-se que, em razão do compromisso de inserir dados no sistema CODICES, conforme referencial por ele determinado, ter-se-ia encontrado solução para o problema de definição de referencial que orientasse a inserção de informações no Banco de Dados do MERCOSUL. Por meio de comunicações eletrônicas, a Secretaria Permanente solicitou às Cortes do Fórum a indicação de interlocutores para tratar o assunto, no que foi atendida pelas Cortes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Em 12/03/2009 foram encaminhadas aos citados interlocutores orientações sobre o Sistema CODICES para cadastramento de jurisprudência, link para seu Thesaurus em inglês e francês, assim como Manual do Banco de Dados do MERCOSUL com informações para habilitação de representante das Cortes junto ao sistema de informática. Em abril último, encaminharam-se as versões do Thesaurus em português e em espanhol, gentilmente elaboradas pelos Tribunais de Portugal e da Espanha. Até 30 de junho, a Argentina havia providenciado inclusão no Banco de Dados de dez decisões em espanhol, o Brasil incluiu vinte decisões em português e em inglês e o Uruguai cinco decisões em espanhol, sobre relevantes controvérsias
constitucionais, tais como a prisão perpétua de menores infratores na Argentina, a constitucionalidade de ação penal privada pelos delitos de difamação e injúria no Uruguai e o direito de minoria parlamentar na criação de Comissões Parlamentares de Inquérito no Brasil. Considerações finais Diante desse breve relato, reitero sugestão de que as Supremas Cortes indiquem à Secretaria Permanente seus respectivos interlocutores para os temas mencionados. Em segundo lugar, sugiro que avaliem, com a devida atenção, o interesse em implementar as iniciativas de Intercâmbio de Magistrados e Intercâmbio de Estudantes, e de providenciar regular inserção de dados sobre suas decisões no Banco de Dados de Jurisprudência do MERCOSUL. Em se confirmando o interesse na continuidade dessas iniciativas, encareceria a tomada de medidas concretas para levar adiante de tais programas. Muito obrigado.