Projeto Solar - Uma Experiência de Sucesso na Gestão de Resíduos Sólidos



Documentos relacionados
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO

é lei Agora Política Nacional de Resíduos Sólidos poder público, empresas, catadores e população Novos desafios para

RESÍDUO SÓLIDO: UM PROBLEMA SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO.

Segurança, Meio Ambiente e Saúde QHSE

Prêmio ANTP-ABRATI de Boas Práticas

1. Nome da Prática inovadora: Coleta Seletiva Uma Alternativa Para A Questão Socioambiental.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL & SAÚDE: ABORDANDO O TEMA RECICLAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

TÍTULO: Plano de Aula RECICLANDO. Anos iniciais. 4º ano. Ciências. Ser Humano e Saúde. 2 aulas (50 minutos cada) Educação Presencial

RESPEITO E CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos VANTAGENS DA LOGÍSTICA REVERSA NOS EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS

PROJETO DE LEI Nº 433/2015 CAPÍTULO I DOS CONCEITOS

TERMO DE REFERÊNCIA PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS)

Of. nº 21 /2015. Guaporé, 25 de junho de 2015.

Uso racional de Água, Papel e Copo na Administração Pública

RECICLAGEM DE MATERIAL ALTERNATIVO 1. Beatriz Bastos Mora². Estèfanie Mattos Ciciliotti 2. Rayssa De Almeida 2. Thayna Silveira Alpohim 2

1. OBJETIVO 2. APLICAÇÃO 3. REFERÊNCIAS 4. DEFINIÇÕES E ABREVIAÇÕES GESTÃO DE RESÍDUOS

Micro-Química Produtos para Laboratórios Ltda.

PREFEITURA MUNICIPAL DE VILA VELHA Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável

REVISÕES C - PARA CONHECIMENTO D - PARA COTAÇÃO. Rev. TE Descrição Por Ver. Apr. Aut. Data. 0 C Emissão inicial. RPT RPT RCA RPT 04/01/11

Resíduos Sólidos Acondicionamento. Gersina N. da R. Carmo Junior

IDENTIFICAÇÃO DE PERCEPÇÃO E DOS ASPECTOS ESTRUTURAIS QUANTO AOS RESIDUOS SÓLIDOS NO BAIRRO ANGARI, JUAZEIRO-BA.

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DAS EMPRESAS ELETROBRAS

Projeto de Incentivo à Reciclagem

Prática Pedagógica: Coleta de Lixo nas Escolas

TÍTULO: PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS

Amanda Aroucha de Carvalho. Reduzindo o seu resíduo

OFICINA DE IDENTIFICAÇÃO DE PLÁSTICOS. Grupo Pauling Escola José Gomes Filho

O ENGAJAMENTO DA INDÚSTRIA DE TINTAS NA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

Município de Capanema - PR

Gerenciamento: CONAMA, Resolução n o 5 de 05/09/1993 :

É o termo geralmente utilizado para designar o reaproveitamento de materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto.

VI CICLO DE PALESTRAS COPAGRESS 15ANOS

Missão. Quem somos: Promover o conceito de Gerenciamento Integrado do Resíduo Sólido Municipal; Promover a reciclagem pós-consumo;

COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO E INTEGRAÇÃO CAMPUS EMPRESA IF-SUDESTE DE MINAS GERAIS CAMPUS MURIAÉ

MINUTA DE RESOLUÇÃO ABILUMI

UNISAL ARTIGO PARA MOSTRA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL AMERICANA 2011

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA

Projetos Eficiência Energética 2014

"PANORAMA DA COLETA SELETIVA DE LIXO NO BRASIL"

DICAS PRÁTICAS PARA O CONSUMO CONSCIENTE

Programa de Gestão Estratégica da chapa 1

Orientações para elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS

Política de Responsabilidade Socioambiental PRSA

RESÍDUOS SÓLIDOS Gerenciamento e Controle

PROJETO DE LEI N.º 4.194, DE 2012 (Do Sr. Onyx Lorenzoni)

A VISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA IMPLANTAÇÃO DA LEI 12305/10

Ideal Qualificação Profissional. Projeto Cultive esta ideia

RESPONSÁVEL PELA APRESENTAÇÃO ORAL: Lourival Rodrigues dos Santos

4 ª OFICINA DE CAPACITAÇÃO PARA A APLICAÇÃO DA RESOLUÇÃO CONAMA N N 362/2005

SITE DW Made For Minds, 24 de Julho de 2015

CHAMAMENTO PARA A ELABORAÇÃO DE ACORDO SETORIAL PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMA DE LOGÍSTICA REVERSA DE MEDICAMENTOS EDITAL Nº 02/2013

Do lixo ao valor. O caminho da Logística Reversa

7. RECICLAGEM 7.1 RECICLAGEM DE EMBALAGENS Latas de Alumínio

III RESÍDUOS SÓLIDOS DE UMA ESCOLA - QUANTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E SOLUÇÕES

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO DOMINGOS DO NORTE SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

A EVOLUÇÃO DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMEÇA NA ESCOLA: COMO O LIXO VIRA BRINQUEDO NA REDE PÚBLICA EM JUAZEIRO DO NORTE, NO SEMIÁRIDO CEARENSE

Mensagem do Ministério Público do Estado de Goiás

NORMA TÉCNICA. 1. Finalidade

Criar cursos de graduação, tanto presenciais quanto à distância, e pós-graduação multidisciplinares.

PROGRAMA DE COLETA SELETIVA

Ana Loureiro Diretora de Comunicação, Imagem e Documentação

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS LEI /2010

POTENCIAL DA RECICLAGEM EM CUIABÁ E NO ESTADO DE MATO GROSSO

PROJETO DE LEI N.º, DE 2011 (Do Sr. Deputado Marcelo Matos)

Ideal Qualificação Profissional

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

1. Introdução As funções da embalagem Classificação das embalagens Principais características dos materiais de embalagem 6

o ojet Pr a Consciênci 1 Resíduos

Responsabilidade Ambiental do INOVINTER

PROJETO DE LEI N., DE 2015 (Do Sr. DOMINGOS NETO)

TG Triturador de Garrafas Pet. José Ricardo Lyra Palmeiro Evandro Luiz dos Santos Lopes. Átila Henrique Ferreira Jones Vasconcelos Freitas da Silva

Secretaria Municipal de meio Ambiente

O marco mundial da nova ordem ambiental é minimizar o lixo. Desde 1992, os 170 países presentes na conferência da ONU sobre Meio Ambiente e

Compras Públicas Sustentáveis

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL MUNICÍPIO DE CANOAS

Prof. Paulo Medeiros

PROPRIEDADE REGISTRADA. O que fazer para alcançar ar o Desenvolvimento Empresarial Sustentável?

1 Nº 1 - Fevereiro de 2011

A atuação do poder público de Santa Catarina na implantação de políticas de atendimento ao tratamento de resíduos sólidos pelo setor privado.

ANÁLISE DA COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM ARCOS- MG: POSTURA OPERACIONAL E PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO

é o processo biológico de decomposição e de reciclagem da matéria orgânica contida em

Prefeitura Municipal de Alta Floresta - MT

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE LEI Nº / DECRETO NO /2010

Meio ambiente: a conscientização começa pela educação. Implementação. Coleta Seletiva Solidária

PLANO DE SUSTENTABILIDADE E LEGADOS FEIRA DO EMPREENDEDOR 2015

LIXO ELETRÔNICO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL

22 o. Prêmio Expressão de Ecologia

Cooperativa de Ensino A Colmeia. Projeto Curricular de Escola

"PANORAMA DA COLETA SELETIVA E RECICLAGEM NO BRASIL"

Educação Ambiental INSTITUTO BRASIL SOLIDÁRIO. Luis Eduardo Salvatore. Programa de Desenvolvimento da Educação - PDE

Sustentabilidade Bartholomeu Consultoria de Imóveis

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos

BR 448 RODOVIA DO PARQUE GESTÃO E SUPERVISÃO AMBIENTAL MÓDULO II EDUCADORES

A GESTÃO DOS RESÍDUOS DE OBRA EM UMA COMPANHIA DE SANEAMENTO CERTIFICADA

SECRETARIA MUNICIPAL DA AGRICULTURA, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE

MBA em Design Estratégico

Transcrição:

Projeto Solar - Uma Experiência de Sucesso na Gestão de Resíduos Sólidos Pinheiro, R. S. 1 ; Branco, O. D. 2 ; Garcia J. B. 3 ; Barbosa, S. 4 ; Campolin A. I. 5 e Galvani F. 6. 1. rubens@cpap.embrapa.br; 2. oslain@cpap.embrapa.br; 3. jgarcia@cpap.embrapa.br; 4. barbosa@cpap.embrapa.br; 5. alda@cpap.embrapa.br; 6. fgalvani@cpap.embrapa.br. EMBRAPA PANTANAL Rua 21 de Setembro, l880 - C.P. 109, CEP: 79320-900, Corumbá, MS. Telefone: (67) 3233-2430. Resumo O Projeto SOLAR foi implementado na Embrapa Pantanal em 2001 com a perspectiva de gerenciar os resíduos sólidos gerados na Unidade. O Projeto SOLAR estimula a prática da coleta seletiva na fonte geradora. Isso contribui na interação e envolvimento dos atores que desenvolvem suas atividades profissionais dentro da organização em busca de um desenvolvimento que atenda as necessidades do presente sem comprometer o meio ambiente para as futuras gerações. Dessa forma, o SOLAR é um sistema, onde esses atores (chefias, empregados, colaboradores, bolsistas, estagiários, mirins e comunidade) mantêm um compromisso de preservação ambiental e de combate às formas de poluição. Essas ações envolvem um sincronismo em cada atividade desempenhada: S: Segurança - isenção de riscos, ou seja, procura adotar procedimentos e normas para a coleta; O: Organização, - o apoio gerencial é fundamental para o desenvolvimento do projeto; L: Limpeza - um ambiente saudável promove mais qualidade de vida para todos; A: Acondicionar - guardar de forma selecionada esses materiais recicláveis; R: Reciclar - o processo final de todas as ações, que é o encaminhamento de todos esses materiais para a reciclagem. O compromisso ambiental e a preocupação com os resíduos sólidos recicláveis, na Embrapa Pantanal, tem sido tão importante que alguns empregados realizam coleta seletiva em suas residências e direcionam esses materiais para a empresa no dia do descarte. A equipe do SOLAR busca desenvolver mecanismos de divulgação e reflexão que, ao longo os anos, contribuem para manter o projeto ativo e, ao mesmo tempo, agregar novos participantes. Vale frisar que a Unidade integra o Projeto ISOEMBRAPA (MODERNIT), Difusão do processo de certificação da Embrapa Meio Ambiente nas unidades da Embrapa, que visa colaborar para a melhoria da gestão da empresa e, o PROJETO SOLAR está alinhado às diretrizes e objetivos do ISOEMBRAPA.

Introdução O Anteprojeto de Lei de 1999 que institui a Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos declara os geradores de resíduos sólidos serão responsáveis pelo transporte, armazenamento, reciclagem, tratamento e disposição final dos seus resíduos. A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 275 de 25 de abril de 2001 considera que a reciclagem de resíduos deve ser incentivada, facilitada e expandida no país, para reduzir o consumo de matérias-primas, recursos não-renováveis, energia e água. Também considera que a necessidade de reduzir o crescente impacto ambiental associado à extração, geração, beneficiamento, transporte, tratamento e destinação final de matérias-primas, provocando o aumento de lixões e aterros sanitários e que as campanhas de educação ambiental, providas de um sistema de identificação de fácil visualização, de validade nacional e inspirado em formas de codificação adotadas internacionalmente, são essenciais para efetivarem a coleta seletiva de resíduos, viabilizando a reciclagem de materiais. A partir destas novas demandas por parte do governo e do apelo crescente da sociedade brasileira para a questão ambiental, motivaram os funcionários da Embrapa Pantanal, com o apoio da direção da empresa, a promover a prática de um processo de coleta seletiva de lixo do material descartado diariamente na Unidade. Tal motivação foram às bases para se criar em 2001, o PROJETO SOLAR. Existem vários fatores que são preponderantes na opção de uma empresa por implementar um processo de coleta seletiva e reciclagem de seus excedentes industriais. Estes fatores dependem, de forma intrínseca, da estratégia estabelecida pelo empresário em seu plano gerencial, observando-se os fatores econômicos, ambientais e sociais de sua empresa. A coleta seletiva de lixo é um processo educacional, social e ambientalista que se baseia no recolhimento de materiais potencialmente recicláveis (papéis, plásticos, vidros, metais) previamente separados na origem. Esses materiais, após seu beneficiamento-enfardamento e acúmulo para comercialização, são vendidos às industrias recicladoras, que os transformam em novos materiais. A reciclagem é parte do processo de reaproveitamento do lixo, protegendo o meio ambiente e a saúde da população. Para que haja uma otimização da reciclagem, é necessário trabalhar a comunidade com os princípios da coleta seletiva de lixo. O sistema deve ser implantado em bairros, empresas, escolas, escritórios, postos de combustíveis, centros comerciais e outros locais que facilitem a coleta de materiais recicláveis. Um programa de coleta seletiva de lixo é parte de um sistema amplo de gestão integrada dos resíduos sólidos que contemple também a coleta regular e disposição final adequada dos resíduos inaptos para reciclagem (materiais tóxicos). A coleta seletiva de lixo não é uma atividade lucrativa do ponto de vista de retorno financeiro imediato. No entanto, é fundamental considerar os ganhos ambientais e sociais, que são bastante expressivos. A coleta seletiva de lixo é parte integrante e fundamental de um projeto de reciclagem e, quando bem gerenciada, contribui decisivamente para aumentar a eficácia na reciclagem. Na Embrapa Pantanal, o projeto de coleta seletiva de lixo ou simplesmente, PROJETO SOLAR foi institucionalizado em outubro de 2001 através de uma Instrução de Serviço Interna com a participação de empregados de diferentes setores: Rubens da Silva Pinheiro (Setor de Administração), João Batista Garcia (Setor de Laboratórios), Romero de

Amorim (in memória) e Oslain Domingos Branco (Setor de Campos Experimentais), constituindo a equipe SOLAR. A equipe SOLAR vem atuando desde então, na divulgação das atividades relativas à coleta seletiva na Embrapa Pantanal através de informações sobre esses materiais recicláveis por meio de e-mails, informativos e palestras educativas na Unidade e nas escolas da região, a fim de sensibilizar e conscientizar a comunidade, enfim, a sociedade na questão dos resíduos sólidos recicláveis. O Projeto SOLAR estimula a prática da coleta seletiva previamente na fonte geradora. Isso contribui na interação e envolvimento dos atores que desenvolvem suas atividades profissionais dentro da organização em busca de um desenvolvimento que atenda as necessidades do presente sem comprometer o meio ambiente para as futuras gerações. Dessa forma, o SOLAR é um sistema, onde esses atores (chefias, empregados, colaboradores, bolsistas, estagiários, mirins e comunidade) mantêm um compromisso de preservação ambiental e de combate às formas de poluição. Essas ações envolvem um sincronismo em cada atividade desempenhada: S: significa segurança, isenção de riscos, ou seja, procura adotar procedimentos e normas para a coleta; O: significa organização, o apoio gerencial é fundamental para o desenvolvimento do projeto; L: significa Limpeza, um ambiente saudável promove mais qualidade de vida para todos; A: significa Acondicionar, guardar de forma selecionada esses materiais recicláveis; R: significa Reciclar, o processo final de todas as ações, que é o encaminhamento de todos esses materiais para a reciclagem Motivos para a implantação do projeto O tema resíduos sólidos tem sido objeto de acalorados debates e decisões, tanto nacionais quanto internacionais, que apontam para uma mudança de postura frente aos princípios mais elementares de desenvolvimento sustentável, quais sejam: produção e consumo responsáveis. Sabemos que todas as energias deste País, nos próximos anos, serão dedicadas ao crescimento sustentado da economia. E sabemos que as energias da indústria serão dedicadas à obtenção de novos saltos de produtividade e de novos níveis de competitividade. O Brasil procurará construir um novo modelo de produção, que será socialmente responsável, e que terá como objetivos a eficiência máxima, o custo otimizado e um desperdício tendendo a zero. A motivação da implementação de uma coleta seletiva denominada projeto SOLAR na Embrapa Pantanal baseou-se principalmente na contribuição efetiva para reduzir, por meio da reciclagem e/ou reaproveitamento a sobrecarga de resíduos gerados, bem como o desperdício de matérias primas e energia. Neste sentido, a implementação do projeto SOLAR na Embrapa Pantanal objetivou: a) Busca de resultados imediatos Através do envolvimento de todos os setores da empresa; Melhoria da qualidade dos produtos e serviços; Melhorar a inter-relação entre os funcionários;

b) Melhoria no ambiente de trabalho Maior qualidade de vida para todos; Redução dos riscos de acidentes; Combate às formas de poluição; c) Capacidade para a qualidade total Desperta o sentido de aperfeiçoamento; Viabiliza a implantação de outros programas; Descrição das atividades SOLAR S - Segurança A empresa deve ser responsável no que diz respeito às condições de segurança. A segregação de alguns excedentes sólidos, particularmente os papéis, papelão, solventes e óleos lubrificantes, representam fontes potenciais de incêndio em empresas. A coleta seletiva deve ser feita de modo a minimizar ou eliminar riscos de sinistros. É responsabilidade da empresa prevenir acidentes do trabalho causados pela manipulação do lixo, oferecendo aos funcionários equipamentos adequados, como: capacetes, óculos, máscaras, protetores de ouvido, luvas e botas. Os custos inerentes à aquisição de equipamentos de segurança devem ser computados na implementação do projeto. Na Embrapa Pantanal o serviço especializado em engenharia de segurança e medicina do trabalho em conjunto com o setor de recursos humanos têm o compromisso fundamental de coordenar as ações e os objetivos do projeto. Nessas ações são adotados critérios e procedimentos baseados em normas de segurança com o intuito de analisar os materiais que podem ser reciclados e manipulados pelos funcionários. O - Organização O comprometimento da direção da empresa é decisivo para o sucesso de um Programa de Prevenção à Poluição. É também essencial que, todas as pessoas que não estejam diretamente envolvidas no planejamento e execução do programa, sejam sistematicamente informadas do seu andamento, para que possam assimilar todas as mudanças resultantes dessa implantação. A Embrapa considera que um programa de Gestão Ambiental é antes de tudo um processo educativo. Tal processo inicia-se pela ciência e pelo envolvimento direto da direção da Embrapa e de suas Unidades, demonstrando seu comprometimento com toda a comunidade. Particularmente, a chefia da Embrapa Pantanal comprometeu-se moralmente e financeiramente com a aplicação e divulgação do projeto SOLAR e, tem apoiado desde sua implementação, tornando assim, um modelo de gestão e qualidade. Assumindo sua responsabilidade no processo e promovendo o envolvimento dos funcionários nas atividades do projeto.

L - Limpeza Em um processo de gerenciamento de resíduos sólidos como é o caso do projeto SOLAR, procura-se facilitar a participação dos funcionários na questão da limpeza, para que estes se conscientizem das várias atividades que compõem o projeto e os custos requeridos e/ou economizados para sua realização, bem como se conscientizem de seu papel como agente consumidor e, por conseqüência, gerador de lixo. A conseqüência direta dessa participação traduz-se na redução da geração de lixo, na manutenção da limpeza nos setores da Unidade, no acondicionamento e disposição para a coleta adequada e, como resultado final, em operações de serviços menos onerosas. Além disso, vantagens como melhora para a disposição para o trabalho, motivação para a produtividade, melhor apresentação de produtos e serviços e valorização da imagem da empresa são observados. A - Acondicionamento Os resíduos segregados devem ser embalados em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam a ações de punctura e ruptura, impermeáveis, respeitáveis os limites de peso de cada saco, sendo proibido o esvaziamento e seu reaproveitamento, conforme estabelecido na norma NBR 9191/2000. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. Esses materiais que poderão ser reciclados são acondicionados em coletores especiais ou embalados de acordo com a sua categoria e posteriormente prensados e pesados e, entregue aos clientes que utilizam desses materiais para outra finalidade. Esses materiais podem passar ou não por um processo de trituração dependendo da necessidade para facilitar o acondicionamento. R - Reciclagem A equipe SOLAR, comissão designada pela chefia da Unidade, mantém contatos com as empresas que operam na reciclagem dos materiais, para posterior encaminhamento desses materiais. Na cidade de Corumbá, MS onde está localizada a Embrapa Pantanal, são raras as empresas que trabalham com a reciclagem do lixo. Assim, o Projeto SOLAR tem enviado para empresas de reciclagem apenas resíduos de papel e plásticos. Conforme a NBR 10004 que classifica os resíduos sólidos quanto a sua periculosidade, o papel e o papelão, papéis servidos (banheiros/escritórios), barricas de papelão e embalagens de papel pertencem a classe II Não Inertes. Podem ter propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade, ou solubilidade em água. Podem ser enviados a aterros sanitários municipais ou usinas de triagem e reciclagem. O papel é um resíduo orgânico. Os coletores são na cor azul conforme a resolução CONAMA n o 275. As aparas de papel, denominação para papel usado, podem ser recolhidas por um sistema de coleta seletiva ou por um sistema comercial, utilizado há anos, que envolve os catador de papel e o aparista. Os principais fatores de incentivo a reciclagem de papel, além dos econômicos, são a preservação de recursos naturais (matéria-prima, energia e água), a minimização da poluição e a quantidade de lixo que vai para os aterros. Conforme a NBR 10004, os copos descartáveis servidos, as bombonas plásticas e os baldes plásticos são do tipo sólido pertencentes a classe III Inertes. Os coletores são na cor vermelha a resolução CONAMA n o 275. Os plásticos são artefatos produzidos a partir de resinas, polímeros, geralmente sintéticos e derivados do petróleo. Os plásticos são divididos em duas categorias principais: termofixos e termoplásticos.

Os termofixos representam cerca de 20% do total consumido no país, uma vez moldado por um dos processos de transformação, não podem sofrer novos ciclos de processamento, pois não fundem novamente. Os termoplásticos são materiais que podem ser reprocessados várias vezes pelo mesmo ou por outro processo de transformação. Quando submetidos ao aquecimento a temperaturas adequadas podem ser novamente moldados. Como exemplos podem ser citados: polietileno de baixa densidade (PEBD): as principais aplicações são em frascos espremíveis, brinquedos, ampolas de soro, embalagens para produtos medicinais, linear de tambores, para proteção de alimentos na geladeira ou microondas, sacolas de supermercados, sacos industriais, sacos para lixo, filmes flexíveis, lonas agrícolas, etc.; polietileno de alta densidade (PAAD): usado na confecção de engradados para bebidas, baldes, produtos químicos, bombonas, tubos para líquidos e gás, tanques de combustível, autopeças, etc.; policloreto de vinila (PVC): usado em garrafas de água mineral, tubos e conexões para água, calçados, cabos elétricos, equipamentos médicocirúrgicos, lonas, esquadrias, revestimentos, etc.; polipropileno (PP); politereftalato de etileno (PET): utilizados na fabricação de garrafas e embalagens para refrigerantes, águas, sucos, óleos comestíveis, medicamentos; cosméticos, produtos de higiene e limpeza, destilados, isotônicos, cervejas, entre vários outros. Embalagens termoformadas, chapas e cabos para escova de dente são outros exemplos de utilização da resina. poliestireno (PS) usado nas embalagens (principalmente copos e potes para indústria alimentícia), copos descartáveis e caixas de CDs/fitas cassete; Etapas do projeto As etapas do projeto SOLAR seguem abaixo: Apresentação e aprovação do projeto pela Chefia da Unidade Primeiramente foi direcionado um espelho do projeto para a chefia da Unidade para análise e posteriormente à sua aprovação. A chefia designou por ordem de serviço uma comissão, que atuou em conjunto com o setor de recursos humanos da Unidade e o serviço especializado em engenharia de segurança e medicina do trabalho na implementação do projeto. Apresentação do projeto para os funcionários Foi realizada uma reunião inaugural para que todos pudessem conhecer a forma que o projeto foi estruturado, para que o envolvimento de todos os funcionários nas ações do projeto acontecesse de forma gradual e sistemática. Fase de sensibilização dos funcionários Considerada uma das fases mais importante no projeto, pois o apoio e adesão por parte dos funcionários foram determinantes para que o grau de participação e conscientização fosse o mais amplo possível.

Para que o projeto tivesse uma boa aceitação para o público interno foi necessário fazer diversas atividades de sensibilização, capacitação e mobilização do corpo de funcionários com vistas à incorporação da coleta seletiva na Unidade. O processo de sensibilização antecedeu as demais ações pois é um processo de Educação Ambiental e deveria permear todas as demais etapas do projeto, desta forma seria possível sensibilizar o público interno na incorporação dos conceitos de responsabilidade, desenvolvimento sustentável, qualidade de vida, precaução e conservação ambiental culminando com a adesão de todos os atores no projeto e incorporando as questões ambientais à cultura organizacional local. As atividades desta etapa foram realizadas através de palestras e panfletagem. Treinamento dos funcionários multiplicadores das ações A incorporação dos princípios da responsabilidade, de precaução e conservação ambiental à cultura organizacional se constrói com o aprimoramento da percepção ambiental das pessoas que elaboram políticas, planos e regulamentam e desenvolvem os processos que geram os resultados relativos a sua competência social. A Unidade inicia um fluxo de transformação e incorporação de novos conceitos, a partir do treinamento e capacitação de pessoas que se habilitam para promover mudanças nos processo, que reflete também na qualidade do ambiente. A Divisão de Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMT), representada pelo Técnico de Segurança do Trabalho, senhor Rubens da Silva Pinheiro e o Setor de Recursos Humanos da Embrapa Pantanal promoveram treinamento de capacitação dos funcionários que iriam atuar como multiplicadores das ações. Aquisição dos coletores para o desenvolvimento do projeto O serviço especializado de engenharia de segurança e medicina do trabalho adotou critérios de normatizar os tipos de coletores que poderiam ser utilizados no acondicionamento desses materiais. Resultados O compromisso ambiental e a preocupação com os resíduos sólidos recicláveis, na Embrapa Pantanal, tem sido tão importante que alguns empregados realizam coleta seletiva em suas residências e direcionam esses materiais para a empresa no dia do descarte. Reduzir, reutilizar e reciclar é um compromisso de todos para garantir a sustentabilidade no planeta. Porém, há necessidade de se utilizar diferentes estratégias educativas, para garantir a assimilação dos conhecimentos e desenvolver a noção de responsabilidade ambiental nos diferentes espaços da empresa. Este desafio levou a equipe do SOLAR a desenvolver mecanismos de divulgação e reflexão que, ao longo os anos, contribuem para manter o projeto ativo e, ao mesmo tempo, agregar novos participantes. A Tabela 1 é um exemplo do impacto da coleta seletiva, divulgada periodicamente para todos os funcionários da unidade. Embora a preocupação não seja o resultado financeiro da reciclagem, os recursos arrecadados trazem benefícios sociais e ambientais incomensuráveis, como, por exemplo: Aquisição de material escolar para a escola da fazenda Nhumirim, campo experimental da unidade; Aquisição de fraldas geriátricas para a sociedade beneficente de Corumbá;

Aquisição de material de primeiros socorros para a Unidade e Campos Experimentais; Aquisição de cestas básicas para os prestadores de serviços terceirizados, que atuam na Unidade e Campos experimentais; Auxílio financeiro em atividades internas da Embrapa Pantanal; Oficinas de educação ambiental nas escolas de Corumbá, MS. (Figura 1); Tabela 1 Coleta seletiva de papel e plástico na Embrapa Pantanal desde a implementação do Projeto SOLAR Ano PAPEL PLASTICO VIDRO TOTAL R$ (Kg) (Kg) (Kg) (Kg) 2001(nov-dez) 116 4-120 12,00 2002 (jan-dez) 542 6,45-548,5 54,84 2003 (jan-dez) 669 96,50-765,50 76,55 2004 (jan-dez) 2.434 78-2.512 251,12 2005 (jan-dez) 2.770 110-2.880 288,00 2006 (jan-dez) 2.911 248-3159 315,00 2007 (jan-dez) 3.050 294-3.344 334,40 2008 (jan-abr) 340 60-400 40,00 TOTAL 12.832 896,95 13.729 1.371,91 Cabe destacar que, periodicamente a equipe SOLAR divulga para todos os funcionários através de correio eletrônico e outros veículos de divulgação (cartazes, notas, etc), a maior quantidade de material que foi enviado para reciclagem, como forma de estimular e manter o processo de reciclagem na Embrapa Pantanal. Figura 1 Funcionários da Embrapa Pantanal atuando em oficina pedagógica em escola de Corumbá.

2). Valor ambiental de nossas ações no projeto SOLAR Outra forma de sensibilizar as pessoas é publicar, nos informativos internos (Tabela Tabela 2: Quadro de Curiosidades apresentado em informativos internos na Embrapa Pantanal. PROJETO SOLAR (Período 2001-2008) Desde sua implantação, os valores ambientais, resultante das ações dos funcionários da Embrapa Pantanal através do Projeto SOLAR permitiram: Preservação de 257 árvores; Evitou que 4.490 m 2 de área que fosse desflorestada; Economia de 264.640 litros de água; Economia de 15.398,4 litros de combustível; Diminuição da geração de resíduos na fonte; Economia de recursos naturais; Diminuição da poluição e ampliação da visão ambiental de nossos funcionários. CURIOSIDADES: Uma tonelada de papel reciclado substitui o plantio de 350 m 2 da monocultura do eucalipto; Uma tonelada economiza 20.000 litros de água; Uma tonelada economiza 1.200 litros de combustível; A reciclagem de 1 tonelada de papel representa a não derrubada de 20 árvores, reduziremos em 71% o consumo de energia elétrica e também em 74% a poluição do ar, enquanto a reciclagem de 1 tonelada de metal significa a economia de 5 toneladas de bauxita. Conclusões Hoje o projeto SOLAR é uma atividade educativa consolidada tanto interna como externamente. A equipe que coordena o projeto tem sido muito requisitada por escolas e outras instituições para relatar a experiência e realizar oficinas de reciclagem. A confecção de fantoches, brinquedos, vidros decorados, entre outros produtos da reciclagem, elaborados segundo a criatividade e habilidade de cada empregado que atua voluntariamente no projeto chama atenção, principalmente de professores e alunos e estimula a prática da reciclagem em diferentes ambientes.

Referências Bibliográficas COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM (CEMPRE). Disponível em <URL: http://www.cempre.org.br >. Acesso em 23/04/2008. EMBRAPA, 2006. Diretrizes para a implantação de Gestão Ambiental nas Unidades da Embrapa. Brasília, DF. Setembro, 2006. FIESP. Manual de coleta seletiva. Disponível em <URL: http://www.fiesp.com.br/publicacoes/pdf/ambiente/manual_coleta_seletiva.pdf>. Acesso em 23/04/2008. NATURAL LIMP. Disponível em <URL: http://www.naturallimp.com.br/index3.htm> Acesso em: 23/04/2008. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. *Resolução Conama 275*. 2001. Disponível em <URL: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/res27501.html>. Acesso em: 23/04/2008. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. *Lei de Crime Ambiental nº 9605/98*. 1998. Disponível em <URL: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano1.cfm?codlegitipo=1&ano=1998>. Acesso em: 23/04/2008. POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: Anteprojeto de Lei - Proposição de 30 de junho de 1999. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA. Disponível em <URL: http://www.creapr.org.br/crea2/html/projetos_lei/1991_integra.pdf>. Acesso em 23/04/2008. PROJETO RECICLAR UFV. Disponível em <URL:http://www.projetoreciclar.ufv.br>. Acesso em: 23/04/2008. RECICLAR MATERIAIS RECICLÁVEIS. Disponível em <URL: http://www.reciclar.net/meioambiente.asp> Acesso em 23/04/2008.