A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E O OLHAR DOS TECNÓLOGOS EM RADIOLOGIA NO BRASIL

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Transcrição:

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E O OLHAR DOS TECNÓLOGOS EM RADIOLOGIA NO BRASIL Aline Fernanda Firmino Duarte (CEFET-MG) RESUMO: Este trabalho pretende promover um estudo acerca das relações entre trabalho e Educação Profissional, a fim de investigar o acesso dos profissionais, da área de radiologia, ao mercado de atuação profissional. Assim, os mesmos esperam que os cursos superiores de tecnologia possuam enfoque nos processos específicos de sua área profissional e procuram aliar teoria e prática a fim de possibilitar ao futuro tecnólogo o desenvolvimento de determinadas habilidades e competências em um tempo médio menor do que aqueles praticados pelos cursos superiores tradicionais. Os tecnólogos são, portanto, profissionais de nível superior graduados nos cursos superiores de tecnologia (CST) com formação voltada para a produção e a inovação científico-tecnológica e para a gestão de processos de produção de bens e serviços (BARBOSA, 2009). Além disso, a conclusão do CST permite a continuidade dos estudos em nível de pós-graduação (lato sensu ou stricto sensu). Dessa forma, esse estudo tem como objetivo principal a identificação do campo de atuação profissional, atual e futuro, dos tecnólogos em radiologia no mercado de trabalho, delineando os fatores técnicos e sociais que estabelecem o formato desse campo, bem como as possibilidades de sua sustentação e mesmo de sua expansão. Seus objetivos são diagnosticar a percepção que as empresas têm em relação à inserção desses tecnólogos em sua estrutura produtiva, caracterizar os fatores organizacionais que favorecem ou dificultam a inserção dos mesmos na estrutura produtiva e ainda avaliar a demanda potencial por tecnólogos, caracterizando os possíveis eixos (e eventuais recursos considerados válidos) de atuação no sentido de construir socialmente ou expandir o campo de atuação profissional dos tecnólogos em questão. A problemática aqui proposta está em torno de como se constitui e/ou se constrói uma profissão. Se a legislação é pré-requisito para a atuação profissional? Como o tecnólogo em radiologia se relaciona com as outras profissões? Como é a relação entre as outras profissões? Como essa profissão aparece e se impõe no mercado? E, se há demanda social para absorver esses tecnólogos? Com isso, os novos padrões de organização do trabalho e da produção alteraram não só os conteúdos do trabalho e as qualificações envolvidas, como também modificaram a forma de utilização da força de trabalho. O mercado de trabalho passou a valorizar mais os trabalhadores que, além do domínio técnico de suas atividades, fossem capazes de assumir uma atitude mais propositiva e colaborativa, trabalhando em equipe, demonstrando iniciativa e prontidão para o contínuo aprendizado. Simultaneamente, para aqueles trabalhadores afetados pela redução do emprego industrial e do emprego assalariado, colocou-se a necessidade de capacitá-los tanto a enfrentar mudanças intersetoriais de ocupação quanto a desenvolver e gerir novas atividades que lhes possibilitassem gerar renda em um contexto de crescentes níveis de desemprego (ALMEIDA, 2003). Assim, os tecnólogos são profissionais capacitados a entender os processos produtivos (visão holística) e suas tendências, ao mesmo tempo em que possuem uma forte preparação em determinada especialidade daquela área de atuação profissional (vertente tecnológica definida por tendências de desenvolvimento). São profissionais preparados para pensar globalmente e agir localmente (VITORETTE, J.M.B., 2001 e ALMEIDA, Marilis, 2003). Portanto, a profissão é reconhecida pelo sistema CONTER/CRTR pela Resolução n. 7 de 22 de maio de 1998. Mas vale ressaltar que, mesmo sem os Tecnólogos serem citados na Lei 7394/85, a sua formação acadêmica atende a todos os incisos do artigo 1 da mesma. Para tanto, espera-se que essa

modalidade de ensino cumpra o papel de formar mão-de-obra específica a determinados setores, a estrutura de oferta de cursos deve se basear na demanda do mercado de trabalho regional. PALAVRAS-CHAVE: Tecnólogo em Radiologia. Mercado de Trabalho. Identidade Profissional. 1 Introdução 1.1 A descoberta da radiação e início da profissão Em oito de novembro de mil oitocentos e noventa e cinco, o físico alemão, Wilhelm Conrad Röntgen percebe sua mão projetada numa tela enquanto trabalhava com radiações em seu laboratório. Röntgen percebeu que um tubo que ele manipulava tinha a capacidade de emitir um tipo de onda que consegui atravessar os corpos que estavam em sua trajetória. Para provar sua descoberta, documentou a imagem da mão esquerda de sua esposa; gerando a primeira radiografia do mundo. Por ser uma onda invisível, Röntgen chamou-a de Raio-X. Esta descoberta rendeu-lhe o prêmio Nobel de física em mil novecentos e um. Em mil oitocentos e noventa e sete, o Dr. José Carlos Ferreira Pires foi o primeiro médico a instalar um aparelho de Raio-X no Brasil, na cidade de Formiga, Minas Gerais. A partir deste momento, as técnicas radiológicas foram evoluindo continuamente. Novos aparelhos foram sendo desenvolvidos, técnicas específicas de trabalho foram aprimoradas e a necessidade de profissionais habilitados para atender a esta demanda se fez. Ao contrário disso, o ensino da radiologia brasileira começou com o curso ministrado pelo professor Roberto Duque Estrada, em quinze de julho de mil novecentos e dezesseis, em trinta lições teórico-práticas, ilustradas com material selecionado do arquivo do Gabinete de Radiologia da Santa Casa. A Escola de Medicina e Cirurgia foi inaugurada em 1921, e em 1932 criou a primeira cátedra do país em Radiologia. Antes do aparecimento das primeiras cátedras nas faculdades, o aprendizado da prática radiológica só existia nos serviços de radiologia das cadeiras de clínicas médicas. A partir da década de cinquenta, o ensino da radiologia se dividia entre grupos. O curioso é que cada um dos grupos tinha uma determinada vocação para um assunto específico, o que constituía na época um fato singular e incomum. Assim, o Dr. Rodolfo Roca era especialista em pulmão, do mesmo modo que o Dr. Amarino. Ubirajara Martins médico especialista em tubo digestivo, o mesmo ocorrendo com

Hermilo Guerreiro, Valdir de Lucas Felício Jahara, que dedicava-se a exames do crânio, enquanto Alberto Álvares e José Raimundo Pimentel cuidavam do esqueleto. O curso de especialização do professor Caminha se tornou o primeiro em pós-graduação em Radiologia do país, com o reconhecimento oficial do Ministério da Educação na década de trinta. Na década de sessenta aparece no cenário da radiologia brasileira a figura de Abércio Arantes Pereira. Desde mil novecentos e sessenta e oito, se consagrou como um dos principais radiologistas da área de ensino, dirigindo o Instituto Estadual de Radiologia Manoel de Abreu e depois o Serviço de Radiologia do Hospital do Fundão. Em mil novecentos e setenta e dois, foi criado o Departamento de Radiologia e logo depois o professor Lopes Pontes, diretor da Faculdade de Medicina, nomeia Nicola Caminha como chefe. A primeira tese de Mestrado em Radiologia foi defendida por Hilton Augusto Koch, em mil novecentos e setenta e sete, que assumiu a direção do Departamento, em mil novecentos e noventa e quatro. A regulamentação da profissão, o sonho dos técnicos em radiologia do Brasil, tornou-se realidade, em mil novecentos e setenta e cinco quando o Deputado Federal Dr. Gomes do Amaral deu entrada com o processo na Câmara dos Deputados Federais, que foi aprovado, encaminhando para o Congresso Federal. Em vinte e nove de outubro de mil novecentos e oitenta e cinco, foi sancionada pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República Dr. José Sarney e pelo Excelentíssimo Senhor Ministro do Trabalho Dr. Almir Pazzianoto a Lei número 7.394 que regula o exercício da profissão de Técnico em Radiologia e dá outras providências. Esta legislação vem normatizar e organizar o regime profissional dos profissionais que trabalham com radiação no Brasil. Este foi o primeiro instrumento legal que pautou a regulamentação da profissão. A época em que esta lei foi regulamentada e aprovada, não havia no Brasil a demanda por Tecnólogos em Radiologia. Logo, o texto da lei, trata especificamente dos Técnicos em Radiologia em toda sua redação. O texto indica explicitamente quais as exigências necessárias para que um cidadão seja considerado um profissional das técnicas radiológicas. Cita ainda a regulamentação da carga horária de trabalho desta categoria, a criação das escolas para a formação adequada dos profissionais da radiologia e seus programas de ensino, a criação dos conselhos nacionais e regionais de radiologia e o piso salarial ofertado à categoria.

1.2 Cursos tecnológicos no Brasil Os cursos superiores de tecnologia no Brasil não se constituem em uma modalidade nova de formação superior. Eles datam do século XIX e desde então muitas experiências foram desenvolvidas na tentativa de se instalar cursos superiores de curta duração. Os cursos que existiram naquela época, de curta duração de nível superior, com uma carga horária reduzida em relação aos cursos tradicionais existentes ligados às faculdades, tiveram como objetivo a formação de profissionais para desempenhar atividades específicas. Até mil novecentos e dezoito, tivemos notícias de cursos superiores de curta duração na história da educação brasileira, porém, este assunto ficou sem ser discutido por um longo tempo, sendo retomado na década de quarenta, com a Constituição de 1946, com o projeto da LDB Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional. Com relação ao diploma dos cursos superiores de tecnologia, o Decreto Federal nº 464, de mil novecentos e sessenta e nove, no Art. 9º - Parágrafo Único permite que os diplomas dos cursos criados com relação ao Art. 18 da Lei 5.540/68 possam ser registrados e apresentem validade em conformidade com o Art. 27 da mesma Lei. Os Cursos Superiores de Tecnologia surgiram, no final dos anos sessenta, e início dos anos 70. Para Bastos (1991), estes cursos tinham como objetivo atender a uma parte do mercado, que emergiu através da constatação de que as ocupações do mercado de trabalho estavam se ampliando e se diversificando, exigindo qualificação e novos profissionais. Em contrapartida, a formação educacional continuava arraigada em degraus, nos três níveis - elementar, médio e superior - não abrindo neles espaço para outras formas de aprendizagem profissional. Neste período, em meio ao milagre econômico, na década de setenta, os Cursos de Tecnólogos buscavam ser uma alternativa ao ensino de terceiro grau de graduação plena. Com características de currículos menos densos, com mais especificidades, mais práticos e intensivos, com menor duração e maior terminalidade, ou seja, eles foram criados na tentativa de conter a demanda por vagas nas universidades e propiciar uma rápida formação de técnicos com uma formação de curta duração para que eles pudessem atuar no mercado de forma intermediária entre o técnico de nível médio e o profissional de graduação plena da universidade. A esse tipo de profissional caberia o envolvimento com a execução de tarefas, sendo que ao graduado na universidade caberia a tarefa de concepção. Frente a um novo sistema de organização do trabalho, a ação do Estado na educação profissional se tornou mais forte gerando alterações na organização didático-pedagógica para se adaptar ao novo ambiente da industrialização. Oliveira (2003) ressalta que a educação

profissional, como campo preferencial das intervenções massivas do Governo Federal, promove modificações substantivas no seu ethos organizacional e didático-pedagógico para adequar a formação da força laboral a um novo cenário econômico. Assim, as transformações sociais provocadas pelo capitalismo, direcionaram a educação profissional para atender as demandas geradas pelo mercado de trabalho, com o conhecimento voltado para resolver os problemas das indústrias. A submissão do ensino à economia cria uma relação de dependência onde a escola oferece o que o mercado de trabalho quer, reproduzindo o conhecimento necessário para o desenvolvimento tecnológico. A estrutura dos cursos foi um instrumento para adequar o ensino superior brasileiro ao contexto do País. Na realidade, criou-se uma ampliação da estrutura do ensino superior que implicava um novo status profissional que oferecia uma formação prática e técnica. A educação tecnológica deve se relacionar com outras dimensões que não dizem respeito somente aos aspectos de aplicações técnicas, mas também aos aspectos social, econômico, às políticas do processo de produção, bem como à reprodução da tecnologia. Na construção da concepção de educação tecnológica, busca-se evitar a fragmentação do conhecimento, procurando vincular a concepção à execução, os conhecimentos científicos aos caminhos de suas aplicações e uma constante reflexão crítica sobre a ação, rompendo, assim, a utilização das técnicas como forma de dominação econômica. No presente cenário histórico, se faz necessário a interação entre o processo produtivo e o desenvolvimento tecnológico, que é um ponto fundamental para que ocorra a democratização da tecnologia. Segundo Barbosa (2009), os cursos superiores de tecnologia possuem enfoque nos processos específicos de cada área profissional e procuram aliar teoria e prática a fim de possibilitar ao aluno o desenvolvimento de determinadas habilidades e competências em um tempo médio menor do que aqueles praticados pelos cursos superiores tradicionais. Em relação à situação da formação dos Tecnólogos no Brasil. Ao longo das décadas de setenta e oitenta, outras experiências de cursos de tecnologia foram realizadas, tanto em escolas técnicas federais como em universidades públicas e privadas, sendo que alguns foram extintos e outros transformados em cursos de duração plena. Contudo, foi em 1979 que ocorreu a primeira grande manifestação dos estudantes dos cursos de tecnologia, com a realização de uma greve pelos estudantes paulistas no período de abril a agosto daquele ano. Essa paralisação foi motivada em função do preconceito que os tecnólogos enfrentavam ao ingressar no mercado de trabalho, decorrente do corporativismo dos engenheiros e dos órgãos de registro e fiscalização do exercício profissional. Assim, mesmo com os cursos superiores de tecnologia no Brasil, existindo há tantos anos, o mercado de trabalho ainda tem certa dificuldade em absorver os tecnólogos. Porém,

não se sabe se essa aversão ocorre pela dificuldade que as empresas apresentam em avaliar o campo de atribuição destes profissionais, ou em função de um (pré) conceito em relação ao prazo de conclusão dos cursos que são de graduação curta, ou outros motivos quaisquer. Observando a crescente demanda Européia e Norte Americana, percebe-se que os alunos formados por cursos tecnológicos já correspondem à grande parte dos diplomas expedidos. No Brasil, nos últimos anos, é perceptível o aumento no número de cursos de tecnologia. O número de matrículas em cursos superiores de tecnologia representava em 1998 7% dos alunos no ensino superior brasileiro. De acordo com o mais recente censo da educação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), pois em 2004 havia 4.163.733 matrículas no ensino superior. No ensino tecnológico, eram 153.307. O que demonstra a necessidade de expansão do ensino tecnológico, que começou a ser feita pelo Ministério da Educação em 2003 ao aumentar os investimentos e ampliar as matrículas na rede federal. O número de cursos superiores de tecnologia cresceu 96,67% entre 2004 e 2006, passando de 1.804 para 3.548 em todo o país, segundo dados do Ministério da Educação. Só no Estado de São Paulo, de 1998 a 2004, a quantidade de alunos ingressantes nas graduações tecnológicas aumentou 395%, de acordo com o Censo Nacional da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Segundo o secretário de Educação Tecnológica do MEC, Eliezer Pacheco, a expansão da educação tecnológica deu-se, principalmente, pela iniciativa privada que, nos últimos anos, foi favorecida pela política nacional. A Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, impedia a União de expandir a educação profissional. Mas, em 2005, a lei foi alterada pelo Congresso Nacional e a União pôde expandir sua rede de educação tecnológica. Essa alteração ocorreu em novembro de 2005 e passou a permitir à União criar escolas técnicas, agrotécnicas federais e unidades descentralizadas quando não for possível fazer parcerias com estados ou municípios, ONGs e o setor produtivo. De acordo com a legislação anterior, a União só poderia criar escolas se estados, municípios, ONGs ou instituições do setor produtivo se responsabilizassem pela manutenção. Com isso, a medida prejudicava as regiões brasileiras com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Diante disso, a mudança viabilizou o início do plano de expansão da rede federal, que prevê a construção de cinco escolas técnicas federais, quatro escolas agrotécnicas federais

e 33 unidades descentralizadas (Uned) vinculadas aos centros federais de educação tecnológica (Cefets). Com isso, observamos que este estudo tem como objetivo principal a identificação do campo de atuação profissional, atual e futuro, dos tecnólogos em radiologia no mercado de trabalho, delineando os fatores técnicos e sociais que estabelecem o formato desse campo, bem como as possibilidades de sua sustentação e mesmo de sua expansão. Seus objetivos específicos são diagnosticar a percepção que as empresas têm em relação à inserção desses tecnólogos em sua estrutura produtiva, caracterizar os fatores organizacionais que favorecem ou dificultam a inserção dos mesmos na estrutura produtiva e ainda avaliar a demanda potencial por tecnólogos, caracterizando os possíveis eixos (e eventuais recursos considerados válidos) de atuação no sentido de construir socialmente ou expandir o campo de atuação profissional dos tecnólogos em questão. A problemática aqui proposta está em torno de como se constitui e/ou se constrói uma profissão identitária. Se a legislação é pré-requisito para a atuação profissional? Como o tecnólogo em radiologia se relaciona com as outras profissões? Como é a relação entre as outras profissões? Como essa profissão aparece e se impõe no mercado? E, se há demanda social para absorver esses tecnólogos? 2. O futuro tecnólogo e as leis que os regem 2.1 O perfil dos alunos dos cursos de tecnologia e as legislações brasileiras No Brasil ainda há questões que dizem respeito ao valor do título, como características sociais que estão intervindo nas relações de trabalho. O doutor ainda é um título desejado no Brasil. Em cadastros escolares e sites de relacionamentos, a maioria dos tecnólogos não se apresenta como tecnólogo. Segundo Barbosa (2009), uma série de estudos sobre os sentidos da formação superior no Brasil, sobre a legislação e as políticas públicas nessa área indica que, tanto quanto em países socialmente mais avançados, a diversificação técnica e institucional do ensino superior tende a produzir mudanças nos padrões de percepção e valorização dos títulos universitários, tanto pelos indivíduos que os recebem quanto pelas empresas que os contratam.

Tanto as empresas, quanto os próprios tecnólogos desvalorizam a função do tecnólogo. Porém, o saber apreendido por estes profissionais é de extrema importância para as empresas. Há uma disputa entre o diploma e o conhecimento real, advindo da escola e/ou da experiência. Baseado nas informações advindas da pesquisa realizada por Barbosa pode-se dizer que de maneira geral, os alunos que optam por cursos tecnológicos, têm uma origem social mais modesta, têm idade média de vinte e cinco anos, trabalham e são responsáveis parcialmente no sustento de suas famílias, em sua grande maioria advinda do sistema público de ensino, fica claro então que o conjunto desses alunos pode ser classificado como sendo bem próximo dos grupos situados na base da pirâmide social. A maioria dos alunos enxerga nos cursos de tecnologia uma oportunidade de ingressar no mercado de trabalho de forma rápida e objetiva. Com isso, percebe-se claramente que os cursos tecnológicos se tornaram um importante recurso social, elemento decisivo nas trajetórias pessoais e profissionais. Uma informação de especial interesse para a instituição, diz respeito às formas pelas quais os estudantes tomam conhecimento dos cursos superiores tecnológicos. Dado o fato de que são cursos recentes, e não têm o mesmo nível de difusão ou de aceitação dos cursos acadêmicos tradicionais, destaca-se a importância desse item. Com isso, as respostas parecem indicar que há bastante espaço para a propaganda institucional, seja nas escolas do ensino médio, seja nos meios de comunicação de massa. (BARBOSA, 2009). Dentro de um grupo com representantes de diferentes setores sociais, se pedirmos uma definição para a palavra tecnólogo, provavelmente escutaremos diferentes versões. É difícil construir uma identidade para o tecnólogo devido aos aspectos culturais brasileiros. Portanto, o tecnólogo tem que ter não só uma base científica que o sustente no mercado de trabalho, mas, também deve pensar e fazer com possibilidades de inventar e reinventar o saber. 2.2 A situação do tecnólogo em radiologia no Brasil Até o momento é comum escutarmos de outros profissionais os seguintes questionamentos: Mas para que serve um tecnólogo? O técnico e o médico já não fazem todo

o trabalho necessário? Um elevado número de pessoas vê nos cursos de tecnologia apenas a oportunidade de obter um diploma de curso superior em um curto espaço de tempo. Na atual situação política, econômica e social que vivemos, os cursos de tecnologia representam uma boa saída para atender prontamente a demanda do mercado de trabalho por profissionais habilitados e ao mesmo tempo manter o giro econômico. Entre os mais variados setores do mercado de trabalho, a saúde é um dos setores que mais se destaca e necessita de profissionais especialistas. Há uma necessidade de profissionais que tenham qualificação técnica e habilidade para trabalhar com as novas tecnologias na aquisição de imagens diagnósticas e nas aplicações das radiações ionizantes. Os cursos superiores de tecnologia em radiologia, de maneira geral, oferecem aos futuros profissionais as condições necessárias para que eles consigam dominar as práticas radiológicas com êxito, associando a compreensão teórica das operações a executar bem como agilidade e foco. Desta forma, o tecnólogo em radiologia consegue transitar do universo acadêmico para o mercado de trabalho. A profissão é fiscalizada pelo sistema CONTER/CRTR (Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia/Conselho Regional de Técnicos em Radiologia). Este sistema representa os técnicos e também os tecnólogos em radiologia. A Lei 7394/85 que regulamenta a profissão do técnico, não faz nenhuma menção ao tecnólogo em radiologia. A profissão do tecnólogo veio a ser reconhecida através da RESOLUÇÃO Nº 7 de vinte e dois de maio de mil novecentos de noventa e oito. Ainda assim, a formação acadêmica dos tecnólogos em radiologia atende claramente ao disposto em todos os incisos do artigo primeiro da Lei 7394/85, como podemos observar nas Leis 7394/85 e 7.394, de 29 de outubro de 1985 que Regula o Exercício da Profissão de Técnico em Radiologia, e dá outras providências. Assim e de acordo com a presidência da república, o Congresso Nacional decreta e sanciona a seguinte Lei: Art. 1º - Os preceitos desta Lei regulam o exercício da profissão de Técnico em Radiologia, conceituando-se como tal todos os Operadores de Raios X que, profissionalmente, executam as técnicas: I - radiológica, no setor de diagnóstico; II - radioterápica, no setor de terapia; III - radioisotópica, no setor de radioisótopos; IV - industrial, no setor industrial; V - de medicina nuclear. (BRASIL, 1985). A partir de então e mesmo havendo um bom relacionamento interpessoal entre os profissionais filiados ao sistema CONTER/CRTR, não há agilidade necessária por parte do sistema para gerar as definições das funções que os tecnólogos e técnicos em radiologia devem ter respeitando sua diferença de formação acadêmica e atuação profissional. Nota-se,

então, que os tecnólogos em radiologia ficam prejudicados por não terem tantas ofertas de vagas em concursos públicos, ou seja, a oferta é reduzida e desrespeita e formação de nível superior do tecnólogo. Segundo o Parecer 436/2001, este profissional deve estar apto a desenvolver, de forma plena e inovadora atividades em uma determinada área profissional e deve ter formação específica para: a) aplicação, desenvolvimento, pesquisa aplicada e inovação tecnológica e a difusão de tecnologias; b) gestão de processos de produção de bens e serviços; e, c) o desenvolvimento da capacidade empreendedora. Ao mesmo tempo, essa formação deverá manter as suas competências em sintonia com o mundo do trabalho e ser desenvolvida de modo a ser especializada em segmentos (modalidades) de uma determinada área profissional. Assim, estas características somadas à possibilidade de terem duração mais reduzida das que os cursos de graduação, atendendo assim ao interesse da juventude em dispor de credencial para o mercado de trabalho, podem conferir a estes cursos uma grande atratividade, tornando-se um potencial de sucesso. (BRASIL, 2001). Observa-se, portanto, que as resoluções e os pareceres que foram sendo expedidos ao longo dos anos vieram delineando suavemente um arcabouço para a profissão, porém, até o momento não há uma definição, uma identidade para estes profissionais. Muitos ainda se sentem perdidos, em sua grande maioria são contratados com desvio de função. São raros os profissionais que tem em seu registro profissional o mesmo que foi descrito em seu diploma de curso superior. Mas, segundo o Parecer 29/2002, os novos modos de organização da produção, combinados com as crescentes inovações tecnológicas, requerem que todos os trabalhadores contem com escolaridade básica e com adequada e contínua qualificação profissional. Além disso, um novo profissional passa a ser demandado pelo mercado: o tecnólogo. Embora tenha pontos de atuação profissional situados nas fronteiras de atuação do técnico e do bacharel, o tecnólogo tem uma identidade própria e específica em cada área de atividade econômica e está sendo cada vez mais requerido pelo mercado de trabalho em permanente ebulição e evolução. Surge, portanto, o problema da definição do perfil profissional e da formação do tecnólogo, cada vez mais requerido pelo mundo do trabalho. Ao se estruturar uma proposta de formação de tecnólogo, é preciso evitar superposições e lacunas em relação aos cursos técnicos e em relação aos cursos superiores de formação de bacharéis, sobretudo, em áreas de forte domínio das ciências. (BRASIL, 2002). Com isso, o problema da definição do perfil profissional e da formação do tecnólogo se torna cada vez mais evidente. Com o surgimento desta nova modalidade profissional se faz necessário impedir falhas em relação aos cursos técnicos e aos cursos de graduação de bacharéis. Baseado no Parecer 29/2002, pode-se afirmar que entre os referenciais para caracterização do tecnólogo devem ser destacados os seguintes problemas: a natureza de sua

área de atuação, a densa formação tecnológica, a demanda de mercado, o tempo de formação e o perfil do profissional demandado. A Formação acadêmica profissional tecnológica tem se mostrado numa demanda forte na atualidade. Pois, de acordo com o Parecer 29/2002, um primeiro sinal de importância da tecnologia encontra-se nessa posição singular entre o doutrinário e o teórico, de um lado, e o técnico e o prático, de outro. Aqui é que se encontra uma das riquezas da tecnologia: a de ser uma ponte ou um ponto de intermediação entre esses dois conjuntos de categorias. Da perspectiva curricular, é elemento capaz de estabelecer o elo entre a formação geral e a educação especial, dois universos ainda justapostos ao nosso processo de educação escolar. Assim, esse poder que a tecnologia possui para combinar elementos de diferentes ordens aproxima a teoria da prática e estimula o pensamento inventivo, este sim, capaz de desenvolver o desejo de aprender tão ausente em nossas escolas. (BRASIL, 2002). Diante disso, as constantes e ágeis mudanças que a sociedade sofre, a velocidade com que novos conhecimentos são gerados e informações são repassadas, são os principais desafios enfrentados pelos países. As formas de produção são constantemente impactadas por novas tecnologias que vem a alterar hábitos, valores e tradições sociais. A participação do Brasil como economia forte no mundo depende fundamentalmente da capacitação tecnológica para que o país consiga atender as demandas do mercado interno e externo. Porém, o progresso tecnológico causa modificações nos meios de produção e na qualificação do trabalhador. Nota-se então, a extrema importância dos tecnólogos na sociedade atual. Portanto, o Parecer 29/2002 diz que os Cursos Superiores de Tecnologia surgem como uma das principais respostas do setor educacional às necessidades e demandas da sociedade brasileira. De acordo com o Parecer CNE/CES no 776/97, que oferece a orientação para a definição de Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação, o estabelecimento de um currículo mínimo, pelo antigo Conselho Federal de Educação, não proporcionou aos cursos de graduação a qualidade almejada, além de desencorajar a inovação e a diversificação da formação ofertada. Já a atual LDB cria condições para quebrar as amarras que os burocratizavam, flexibilizando-os e possibilitando a sua contínua adequação às tendências contemporâneas de construção de itinerários de profissionalização e de trajetórias formativas e de atualização permanente, em consonância com a realidade laboral dos novos tempos. Nessa perspectiva, o referido parecer assinala que as novas diretrizes curriculares devem contemplar elementos de fundamentação essencial em cada área do conhecimento, campo do saber ou profissão, visando promover no estudante a capacidade de desenvolvimento intelectual e profissional autônomo e permanente, e também buscando reduzir a duração da formação no nível de graduação. (BRASIL, 2002). Observa-se ainda através da leitura das legislações que normatizam os cursos de tecnologia que o objetivo principal destes cursos é