23 3 COMUNIDADE TRANSFORMADORA UM OLHAR PARA FRENTE Por que você deve dar este estudo Nas duas semanas anteriores, conversamos sobre dois aspectos de nossa missão comunitária que envolve: (a) olhar para fora, indo e fazendo discípulos de todas as nações, sob uma perspectiva criativa; e (b) olhar para dentro, batizando as pessoas que se achegam e incluindo-as na comunidade, sob uma perspectiva acolhedora, a partir da identidade comunitária de nosso Deus Pai, Jesus e o Espírito Santo. Hoje, nós damos atenção para outro aspecto que envolve uma jornada de transformação, olhando para frente. Este estudo desafiará os participantes a perceberem nossa tendência de resistir às mudanças, sobretudo, naquilo que envolve quem somos. É um convite a olhar para frente e o desafio que está diante de nós como indivíduos e comunidade, que passa pelo nosso caráter, chamado e compromisso com a causa de Cristo. Aceitar Jesus como Salvador é apenas uma etapa inicial de nossa jornada espiritual, a qual nos conduz a uma etapa para vida que envolve aceitá-lo como o Senhor de nossas vidas. É o desafio para nós para depois ser o desafio para quem lideramos.
24 Objetivos Mostrar para o grupo a importância da obediência crescente e contínua ao senhorio de Jesus Cristo a fim de exercermos nosso chamado na missão da igreja. Motivar o grupo ao compromisso e engajamento com a causa de Jesus Cristo como uma jornada de transformação para vida. Dinâmica em Grupo Duração aproximada: 10 minutos 1. Divida seu grupo em duplas. Distribua canetas para cada dupla (ver folha seguinte). Oriente-os da seguinte forma: um deles será o guia e o outro será o peregrino. Peça para que o peregrino feche os olhos e para que o guia posicione a mão do peregrino com a caneta onde está escrito COMECE AQUI. Nota: A fim de que a dinâmica seja interessante, é importante que o peregrino não veja a folha antes de fechar seus olhos. Você pode inclusive distribuir o material de estudo após explicar a dinâmica e o peregrino estar com os olhos fechados. 2. Quando todos estiverem posicionados, instrua cada dupla da seguinte forma: o guia conduzirá o peregrino até a SAÍDA. O guia poderá apenas falar o que o peregrino deve fazer e não pode tocar em sua mão em nenhum momento. O peregrino, por sua vez, não pode abrir os olhos.
25 SAÍDA COMECE AQUI
26 Nota: Dependendo do perfil de seu grupo, você pode optar por uma competição entre as duplas (o que revelará como as duplas encaram situações do dia-a-dia). Você pode também optar por fazer a dinâmica com uma dupla apenas e os demais participantes do grupo podem apenas observar. Outra dinâmica alternativa é formar uma dupla no grupo e fazer o exercício na sala em que o grupo está (o peregrino ficando com os olhos cobertos com um pano e o guia orientando pela sala, de um ponto inicial até um ponto final). O importante é usar a dinâmica para interação do grupo, sabendo da relação com o tema do estudo. Na dinâmica, observe o seguinte: 1. Como as duplas reagiram? a. Peça um retorno do guia. Pergunte se ele se sentiu tentado a pegar na mão do peregrino e fazer para ele. b. Pergunte como foi a experiência para o peregrino. Veja como se sentiu: teve vontade de abrir os olhos? Abriu os olhos? Teve uma sensação de incapacidade e dependência? 2. Aponte para o grupo como a dinâmica ilustra aspectos do dia-adia e que envolvem ouvir orientações e seguí-las. Muitas vezes, não sabemos por onde seguir e nem como enxergar o caminho, mas temos o Guia Jesus - que está conosco ao longo de nossa jornada e nos conduz em nossa missão. A reflexão A dinâmica foi talvez um grande desafio para o grupo. Mas perceba que o desafio da dinâmica não é o que realizamos (o resultado da dinâmica), mas como realizamos (o processo na dinâmica). Muitos atentam para o fato de que precisamos dar atenção ao ser (como
27 realizamos antes do que realizamos). E, em um país marcado pela indisciplina, infrações e impunidade, esse desafio é significativo. 1. A indisciplina no Brasil é fato presente nas mais diferentes áreas. Nas escolas, segundo estudo do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), 67% dos alunos brasileiros disseram que seus professores nunca ou quase nunca têm de esperar um longo período até que a classe se acalme para dar continuidade à aula. A média, dentre os 66 países participantes, é 72%. Os países orientais têm os melhores índices: Japão, China, Cazaquistão e Hong Kong apresentam índices entre 89 e 93%. O estudo foi feito com alunos de 15 anos e referentes ao ano de 2009. 2. A Organização Mundial da Saúde (OMS) adverte que, em cerca de 20 anos, os acidentes de trânsito matarão mais pessoas no mundo, sobretudo jovens, do que a AIDS. Em comparação com o conflito do Iraque, que vitimou 40 mil pessoas nos três primeiros anos, o mesmo número de mortes no trânsito brasileiro ocorre em apenas um ano. Grande parte é fruto de infrações e indisciplinas no trânsito. 3. A ONG Transparência Internacional divulgou o ranking de 2011 dos países menos corruptos do mundo. Dentre 183 países, o Brasil ocupa a 73ª posição com 3,8 (numa escala de 0 a 10). Os primeiros colocados são Nova Zelândia (9,5), Dinamarca (9,4) e Finlândia (9,4). Observe que o Brasil, embora na metade superior dos países menos corruptos, tem um índice baixíssimo, o que revela o alto grau de corrupção na maioria dos países. Das crianças aos adultos, somos, por natureza, indisciplinados, insubmissos e desobedientes. E aqui há um grande desafio para nós como igreja de Cristo e agentes dele em missão. Texto Base (...) vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que lhes ordenei. Mateus 28.19-20a
28 A decisão 1. Antes de ensinar, aprenda. Gostamos de falar para as pessoas aquilo que devem fazer. Difícil é viver aquilo que falamos para os outros fazerem. Ou até mesmo falarmos para nós mesmos o que falamos para os outros. Mas, se temos o chamado para ensinar pessoas, antes, nós precisamos aprender (veja, por exemplo, Marcos 7.1-23). Conta-se que, certa vez, uma mãe foi com seu filho até Gandhi e pediu para que ele falasse para seu filho não comer açúcar. Gandhi orientou para que mãe voltasse com seu filho duas semanas depois. Após duas semanas, a mãe retornou com seu filho. No novo encontro que tiveram, Gandhi instruiu o menino: Não coma açúcar. A mãe, estranhando a situação, perguntou por que Gandhi não havia dito isso duas semanas atrás e poupado o trabalho de retornar ali novamente. Gandhi disse que era porque ele precisava parar de usar açúcar antes de falar isso para o menino. Antes de falar, aprenda. Depois, ensine. 2. Antes de obedecer, ouça. Para obedecermos, um passo essencial é ouvir o que Jesus está dizendo. Se não ouvirmos, corremos o risco de fazermos muitas coisas, mas não as que Deus pediu que fizéssemos. Nossa agenda corrida pode ser um exemplo disso. Muito do que fazemos não foi Deus que pediu para fazermos, mas nós que nos dispusemos a fazer. Isso acontece em nossas famílias, cursos e faculdades, trabalhos e até mesmo na forma como encaramos uma comunidade cristã. E pior: nós nos cobramos por
29 isso. De outro lado, porém, deixamos de fazer o que Jesus Cristo orientou que fizéssemos. Assim, fazemos muito, mas pouco do que deveríamos realizar. Ouvir o que Deus está dizendo é fundamental. Diante disso, nosso papel não é traçarmos os planos que governarão nossas vidas, mas percebermos o plano que Deus já está realizando em nós. Não temos todas as respostas. E nem é nosso papel tê-las. Nosso papel é ouvir e obedecer aquele que as tem: Jesus. 3. Depois de ouvir e aprender, ensine a obedecer. O assunto nos conduz ao desafio deste estudo: a obediência. Somos chamados para sermos servos. Somos chamados para ensinar. Ensinar pela obediência. Ensinar para obediência. Servos ouvem e, então, obedecem. Servos aprendem e, então, ensinam. É comum muitos enxergarem a igreja como um espaço de voluntários. Mas servos não são voluntários. Quem é chamado para obediência não é voluntário. Isso é uma falácia e uma aberração teológica. Não estamos dando uma mãozinha para aquilo que Deus está realizando. Nem fazendo um favor para o pastor ou líder de um ministério da igreja. Biblicamente, somos chamados. Chamados para trabalharmos juntos, em sinergia, na mesma direção. Não é uma realidade individual, mas comunitária. E uma comunidade convocada à transformação não possui mera simpatia e admiração por Jesus, mas torna-se um exército de servos obedientes e fiéis, guiados e orientados por ele. É um grande privilégio e responsabilidade.
30 4. Ensine a obedecer todas as coisas. É interessante notar que não somos convidados apenas a ensinar a obedecer, mas o texto alerta que devemos ensinar a obedecer todas as coisas. Um perigo que corremos é o de fazermos da Bíblia um self-service, do qual nos servimos do que gostamos e é conveniente, descartando o que é confrontativo e exige mudança. Nós somos limitados, mas isso não deve mudar o nosso alvo, que é caminhar rumo à perfeição (Filipenses 3.12-14), mesmo que essa perfeição seja alcançada apenas na eternidade. A maturidade é um desafio. O crescimento, uma busca contínua (Romanos 5.1-5; 12.1-2). E nosso foco envolve olharmos para frente e continuarmos a jornada que está adiante, sendo agentes em transformação para transformação. A ação Nota: Acima você encontrará alguns textos entre parênteses que podem ser trabalhados, caso haja necessidade. Nossa orientação inicial é que trabalhe a partir do texto de Mateus 28.19-20a, texto o qual está sendo construído ao longo desta série de estudos. 1. Hoje, quais são as áreas que mais desafiam você à obediência? Nota: Pense em aspectos que desafiem você e seu grupo à obediência na família, amizade, vida profissional, relacionamentos na igreja, líderes e liderados. Procure levantar com o grupo alguns impedimentos (o que compromete) e algumas práticas a serem cultivadas (o que contribui) para mudar e obedecer a Deus. 2. O que você faz na comunidade é fruto de chamado ou voluntariado? Você tem sido um simpático ou um engajado na causa de Cristo? Nota: Alerte o grupo que a devida compreensão de que somos servos e Jesus é o Senhor deve nos conduzir ao chamado e engajamento.