ORDEM CRONOLÓGICA NA TUTELA JURISDICIONAL: UMA QUESTÃO DE DEMOCRACIA, IGUALDADE E ACESSO À JUSTIÇA



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ORDEM CRONOLÓGICA NA TUTELA JURISDICIONAL: UMA QUESTÃO DE DEMOCRACIA, IGUALDADE E ACESSO À JUSTIÇA Carolina Bonadiman Esteves * RESUMO Na concepção de acesso à justiça no modelo brasileiro de Estado Democrático de Direito, a prestação da tutela jurisdicional deve obedecer à ordem cronológica? A resposta a essa pergunta passa necessariamente pelos seguintes questionamentos secundários: (1) o que se entende por acesso à justiça no modelo de Estado Democrático de Direito? (2) quais são as conseqüências do descumprimento, no processo judicial, dos prazos fixados em lei para a prática de atos por magistrados e auxiliares da justiça? (3) a concepção de prazos impróprios e, no caso de seu descumprimento, a ausência de critérios para a prestação da tutela jurisdicional viola o direito fundamental à igualdade? (4) qual é o fundamento da utilização da ordem cronológica no ordenamento jurídico brasileiro? (5) como resolver situações de desigualdade causadas pela adoção do critério meramente cronológico? (6) seria necessária alguma alteração legislativa para a adoção da ordem cronológica na prestação da tutela jurisdicional ou o ordenamento atual já a permite? Após a utilização do método dedutivo, concluiu-se que, mesmo que não seja possível resolver imediatamente os inúmeros obstáculos ao bom desenvolvimento da atividade jurisdicional e de se tornar preclusivo o prazo para o juiz ou auxiliar da justiça, é necessário e possível buscar * Mestra e doutora em direito processual pela Universidade de São Paulo (USP). Professora (graduação, especialização e mestrado) das Faculdades de Vitória (FDV). Advogada e procuradora do Estado do Espírito Santo (PGE/ES). Contato: carolesteves@terra.com.br

CAROLINA BONADIMAN ESTEVES uma solução para que, dentre os processos semelhantes que dependam da prática de atos semelhantes por magistrados ou auxiliares de justiça, o direito fundamental à igualdade seja respeitado: a adoção da ordem cronológica na prestação da tutela jurisdicional. Essa medida singela, além de já ser aplicada pelo ordenamento jurídico em outras situações, promoveria não só a segurança jurídica como também o próprio acesso à justiça no atual modelo brasileiro de Estado Democrático de Direito. Palavras-chave: Ordem cronológica. Tutela jurisdicional. Administração. Democracia. Igualdade. Acesso à justiça. ABSTRACT In the conception of access to justice in the Brazilian democratic state of law model, the jurisdictional protection must obey the chronological order? The answer to this problem passes necessarily by the following secondary questions: (1) what is understood by access to justice in the democratic state of law model? (2) which are the consequences of the non respect, in the judicial process, of the legal stated periods for practical of acts by judges and the assistant of justice? (3) the conception of improper legal stated periods and, in the case of its non respect, the absence of criteria for the jurisdictional protection violates the fundamental right to equality? (4) which is the bedding of the use of the chronological order in the Brazilian legal system? (5) how should be decided the situations of inaquality caused by the adoption of the mere chronological criteria? (6) for the adoption of the chronological order in the jurisdictional protection, would it be necessary any legislative modification or the current Brazilian legal system already allows it? After the use of the deductive method, it was concluded that, althougt it is not possible to immediately solve the innumerable obstacles to the good development of the jurisdictional activity neither to let occur preclusion over the legal stated period for the judge or the assistant of justice, it is necessary and possible to search a solution so that, amongst the similar processes which depends on the practical of similar acts of judges or assistant of justice, the fundamental right to equality can be respected: the adoption of the chronological order in the jurisdictional protection. This simple measure, beyond is already being applied by the legal system in other situations, would not only promote the juridical security as also the access to justice in the current Brazilian democratic state of law model. Keywords: Chronological order. Jurisdictional protection. Administration. Democracy. Equality. Access to justice. 138 Depoimentos, Vitória, n. 12, p. 137-149, jul./dez. 2007.

Ordem cronológica na tutela jurisdicional: uma questão de democracia, igualdade e acesso à justiça INTRODUÇÃO E mbora a demora do processo possa decorrer de fatores distintos complexidade do assunto, comportamento dos litigantes/ procuradores e atuação do órgão jurisdicional 1, sabe-se que, na prática, o que mais atrasa a prestação da tutela jurisdicional é o grande tempo gasto para a prática de atos processuais por magistrados 2 e por auxiliares da justiça. 3 Grande parte das recentes reformas legislativas que buscam melhorar o acesso à justiça tem se concentrado em resolver vários pontos de estrangulamento do processo civil brasileiro, mas não se tem notícias de solução para um problema que há muito vem atingindo o jurisdicionado: a desigualdade na prestação da tutela jurisdicional nos muitos casos em que os prazos fixados para a prática de atos por magistrados e auxiliares da justiça não são respeitados. Como é notório que o desrespeito a esses prazos decorre de fatores alheios aos serventuários da justiça e inerentes à própria (falta de) estrutura do Poder Judiciário, 4 não se pretende aqui discutir as causas desse descumprimento. Na verdade, constata-se apenas que em razão da interpretação dogmática que prevalece sobre a natureza dos prazos fixados para a prática de atos processuais por magistrados e auxiliares da justiça, e sobre a ausência, no processo, de consequências para o seu descumprimento em vários órgãos do Poder Judiciário os processos atualmente se desenvolvem e são julgados sem uma ordem determinada e apenas conforme a vontade ou o critério dos próprios serventuários. Diante disso, surge o seguinte problema que se pretende enfrentar: na concepção de acesso à justiça no modelo de Estado Democrático de Direito, a prestação da tutela jurisdicional deve obedecer à ordem cronológica? A resposta a essa pergunta passa necessariamente pelos seguintes questionamentos secundários, que serão abordados nessa sequência: (1) o que se entende por acesso à justiça no modelo de Estado Democrático de Direito? (2) quais são as consequencias do descumprimento, no processo judicial, dos prazos fixados em lei para a prática de atos por magistrados e auxiliares da justiça? (3) a concepção de prazos impróprios e, no caso de seu descumprimento, 139

CAROLINA BONADIMAN ESTEVES a ausência de critérios para a prestação da tutela jurisdicional viola o direito fundamental à igualdade? (4) qual é o fundamento da utilização da ordem cronológica no ordenamento jurídico brasileiro? (5) como resolver situações de desigualdade causadas pela adoção do critério meramente cronológico? (6) seria necessária alguma alteração legislativa para a adoção da ordem cronológica na prestação da tutela jurisdicional, ou o ordenamento atual já a permite? 1 ACESSO À JUSTIÇA NO MODELO DE ESTADO DEMO- CRÁTICO DE DIREITO A expressão acesso à justiça pode assumir diversos significados conforme o marco temporal, conforme a cultura de uma determinada sociedade e também conforme a abrangência que se lhe pretenda atribuir. No Brasil, o acesso à justiça na maior parte das vezes vem sendo considerado como acesso ao Poder Judiciário (sentido estrito), mas também pode ser visto como acesso a um ordenamento jurídico justo 5 que não só preveja as normas aplicáveis igualmente a todos como também garanta o seu cumprimento por todos e, inclusive, por todos os três Poderes do Estado (sentido amplo). Em relação ao Poder Judiciário, o acesso à justiça no atual modelo brasileiro de Estado Democrático de Direito pressupõe o respeito, dentre outros, ao direito fundamental à igualdade (art. 5 o, caput, CF/88). Isso porque, desde o momento em que o Estado assumiu o poder-dever de exercer a tutela jurisdicional e passou a exercer a função de dizer e aplicar as normas de direito material, o direito de acesso à justiça consiste não só na previsão de que todos poderão acionar o Poder Judiciário como também na previsão de que a prestação dessa tutela deve respeitar o princípio democrático (art. 1 o da CF/88) e o direito fundamental à igualdade, dele decorrente. Para analisar se a prestação da tutela jurisdicional mais especificamente os atos praticados pelos magistrados e auxiliares da justiça vem observando o mencionado direito fundamental, é preciso analisar, dentre outros aspectos, a interpretação atual das conseqüências do descumprimento, no processo judicial, dos prazos fixados em lei para a prática de atos por magistrados e auxiliares da justiça. 140 Depoimentos, Vitória, n. 12, p. 137-149, jul./dez. 2007.

Ordem cronológica na tutela jurisdicional: uma questão de democracia, igualdade e acesso à justiça 2 CONSEQÜÊNCIAS DO DESCUMPRIMENTO, NO PRO- CESSO JUDICIAL, DOS PRAZOS FIXADOS EM LEI PARA A PRÁTICA DE ATOS POR MAGISTRADOS E AUXILIARES DA JUSTIÇA A prática de atos processuais por magistrados e auxiliares da justiça deve obedecer aos seguintes prazos, fixados nos artigos 189 e 190 do Código de Processo Civil: Art. 189. O juiz proferirá: I - os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias; II - as decisões, no prazo de 10 (dez) dias. Art. 190. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 24 (vinte e quatro) horas e executar os atos processuais no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contados: I - da data em que houver concluído o ato processual anterior, se Ihe foi imposto pela lei; II - da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz. Parágrafo único. Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e a hora em que ficou ciente da ordem, referida no n o II. Trata-se de prazos que, por serem previstos na lei, devem ser respeitados e só podem ser prorrogados nas hipóteses legais (tais como a do art. 187 do CPC). Isso significa que é perfeitamente possível a prática do ato em prazo inferior ao previsto na lei segundo a discricionariedade do serventuário da justiça, mas essa discricionariedade via de regra esbarra no limite temporal máximo e deixa de existir após o seu curso. No caso de descumprimento desses prazos, o CPC prevê o seguinte: Art. 193. Compete ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos que este Código estabelece. Art. 194. Apurada a falta, o juiz mandará instaurar procedimento administrativo, na forma da Lei de Organização Judiciária. [...] Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá representar ao presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei. Distribuída a representação ao órgão competente, instaurar-se-á procedimento para apuração da 141

CAROLINA BONADIMAN ESTEVES responsabilidade. O relator, conforme as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu excesso de prazo, designando outro juiz para decidir a causa. Art. 199. A disposição do artigo anterior aplicar-se-á aos tribunais superiores na forma que dispuser o seu regimento interno. Além dessas medidas administrativas para apurar a conduta do servidor público, foi prevista a responsabilidade civil tanto do magistrado ou auxiliar de justiça quanto do Estado pela demora na prestação da tutela jurisdicional (art. 37, 6 o, da CF/88 c/c artigos 133 e 144 do CPC) e foi previsto o atrelamento da presteza no exercício da jurisdição aos interesses pessoais dos magistrados em suas promoções (art. 93, II, c, da CF/88). 3 PRAZOS IMPRÓPRIOS E O DIREITO FUNDAMENTAL À IGUALDADE Atualmente prevalece a interpretação dogmática 6 no sentido de que os prazos para a prática de atos processuais por magistrados e auxiliares da justiça, fixados nos dispositivos legais acima mencionados, seriam impróprios. Em outras palavras, diferentemente dos prazos fixados para as partes, os prazos fixados para a prática de atos por esses serventuários não são preclusivos no sentido de que, casos sejam descumpridos, não mais se possa praticar o ato processual e, conseqüentemente, não há como eximir esses serventuários de praticar o ato, diante do dever estatal de prestação da tutela jurisdicional. Essa concepção de prazos impróprios faz com que, mesmo após o descumprimento dos prazos legais, os processos judiciais sejam conduzidos e julgados discricionariamente conforme a vontade dos próprios auxiliares da justiça e magistrados, sem nenhum critério pré-estabelecido nem uniformizado já que, embora alguns tribunais adotem critérios, não há uma orientação institucional do Judiciário, gerando desigualdade na prestação da tutela jurisdicional. Portanto, por violar o direito fundamental à igualdade e por não ser compatível com o que se entende por acesso à justiça no modelo de Estado Democrático de Direito, essa interpretação sobre as conseqüências, no processo, do descumprimento dos prazos merece uma releitura e sugere uma reflexão sobre a adoção de 142 Depoimentos, Vitória, n. 12, p. 137-149, jul./dez. 2007.

Ordem cronológica na tutela jurisdicional: uma questão de democracia, igualdade e acesso à justiça uma medida inerente à democracia, que inclusive é adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro em diversas outras situações: a ordem cronológica. 4 A UTILIZAÇÃO DA ORDEM CRONOLÓGICA NO OR- DENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: O EXEMPLO EMBLEMÁTICO DOS PRECATÓRIOS A ordem cronológica consiste na regra segundo a qual deve ser seguida uma ordem de prioridade com base no critério temporal. A adoção desse critério em qualquer situação tem por fundamento não só a melhor administração como também o respeito à igualdade, na medida em que todos os que se submetem a ela são enquadrados na mesma situação de ter que respeitar a ordem de chegada. A igualdade um dos pilares do modelo brasileiro de Estado Democrático de Direito (art. 5 o, caput, CF/88) pode ter dois sentidos: a igualdade formal, dirigida ao Estado como forma de vedar qualquer tratamento discriminatório negativo capaz de privar qualquer grupo de pessoas do gozo das liberdades públicas fundamentais; e a igualdade material, no sentido de que devem-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. No ordenamento jurídico brasileiro, dentre os exemplos de adoção da ordem cronológica (artigos 106, 711 e 978, 2 o, do CPC; artigos 355 e 1.183 do CC/2002; art. 7 o, VIII, da lei n o 8.906/94; art. 35 da lei n o 6.015/73; art. 27, 2 o, da lei n o 8.630/93; artigos 5 o, 92 e 121 da lei n o 8.666/93; art. 212 da LC n o 75/93; etc.), há um emblemático que pode servir de parâmetro para a observância da igualdade (no sentido formal): a ordem de apresentação de precatórios para fins de pagamento pelo Poder Executivo (art. 100, caput, da CF/88, art. 730, II, do CPC e art. 10 da LC n o 101/00). É verdade que essa ordem, por si só, poderia causar desigualdades substanciais ao equiparar situações desiguais, razão pela qual foi criada uma ordem cronológica paralela, com base em um fator de discrímen justificado, 7 objetivando respeitar a igualdade (no sentido material): a fila específica para pagamento de precatórios referentes a créditos de natureza alimentícia (art. 100, primeira parte, da CF/88, súmula n o 655 do STF e súmula n o 144 do STJ). 143

CAROLINA BONADIMAN ESTEVES 5 ADOÇÃO DA ORDEM CRONOLÓGICA NA PRESTAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL: FUNDAMENTO E SOLU- ÇÕES PARA AS DESIGUALDADES MATERIAIS O êxito da utilização da ordem cronológica pelo ordenamento jurídico na situação acima apontada pois as críticas geralmente se referem ao (não) pagamento dos precatórios, mas não ao critério da ordem cronológica a que eles se submetem consiste em mais um motivo a favor de sua adoção para a prestação da tutela jurisdicional, principalmente em relação a prazos processuais, que também são diretamente relacionados ao critério do tempo. Explica-se. No caso da prática de atos jurisdicionais por magistrados e auxiliares da justiça, nota-se o seguinte: quando houver dois processos, em um determinado momento do tempo o ato jurisdicional já puder ser praticado em um desses processos mas não puder ser praticado no outro e se deixar de praticar esse ato para praticar um ato de mesma natureza no outro processo, desrespeitando-se a ordem cronológica, haverá flagrante violação à igualdade. Com efeito, se há um prazo fixado em lei para que um magistrado ou um auxiliar da justiça pratique um ato, pode até ocorrer que, em função dos diversos obstáculos ao bom desenvolvimento da atividade jurisdicional o grande número de processos, o reduzido número de servidores, a elevada carga de trabalho, as precárias condições financeiras do juízo, dentre outros, não seja possível na prática o cumprimento desses prazos. Contudo, se um ato processual for praticado na frente de outro que poderia ou, diante da regra de vedação à autotutela, deveria ter sido praticado antes em outro processo, ocorrerá tratamento discriminatório negativo e haverá violação à igualdade (no sentido formal). Além disso, essa ausência de ordem cronológica viola não só a justiça em sua noção basilar pois, via de regra, qualquer pessoa espera que cada ato jurisdicional praticado em seu processo demore o mesmo tempo que os atos praticados nos demais processos nas mesmas condições como também a segurança jurídica aqui entendida como estabilidade decorrente da certeza de que a norma de direito material previamente existente ao conflito e conhecida por todos será aplicada de modo uniforme a todos e se tornará imutável e o próprio direito constitucional de acesso à justiça no modelo brasileiro de Estado Democrático de Direito. 144 Depoimentos, Vitória, n. 12, p. 137-149, jul./dez. 2007.

Ordem cronológica na tutela jurisdicional: uma questão de democracia, igualdade e acesso à justiça Contudo, para se respeitar a igualdade, no sentido material, seria necessário estabelecer previamente critérios paralelos à mera ordem cronológica para que os desiguais fossem tratados desigualmente e, só então, os iguais fossem tratados igualmente. Em outras palavras, seria necessário estabelecer ordens cronológicas específicas conforme, por exemplo, as espécies de processo (mandados de segurança de um lado e demais processos de outro lado), as espécies de recurso (agravos de instrumento de um lado e demais recursos de outro lado), as espécies de pronunciamento judicial (liminares de um lado e demais decisões de outro), as matérias tratadas nos processos (verbas alimentares e tratamentos de saúde, de um lado, e demais matérias de outro). Para se criar essas filas de atos jurisdicionais, em ordem cronológica, bastaria se considerar como termo inicial, para o juiz, a data da conclusão dos autos e, para os auxiliares da justiça, as datas já fixadas no art. 190, I e II, do CPC. Para se verificar o (des)cumprimento dos prazos fixados em lei para a prática de atos por magistrados e por auxiliares da justiça, bastaria analisar os registros em meio eletrônico ou em papel, que podem ser encontrados tanto nos sítios da internet dos órgãos judiciais quanto nos cartórios ou nas secretarias desses mesmos órgãos. Por fim, para saber se a adoção da ordem cronológica na prestação da tutela jurisdicional depende de alteração legislativa ou se o ordenamento atual já a permite, é preciso analisar os atuais mecanismos de que o ordenamento dispõe para compelir o cumprimento dos prazos fixados na lei para a prática de atos por magistrados e auxiliares da justiça. A Emenda Constitucional n o 45 incluiu no rol dos órgãos do Poder Judiciário (art. 92, I-A, da CF/88) o Conselho Nacional de Justiça, órgão centralizador de fiscalização de natureza externa e superior aos demais órgãos integrantes do Poder Judiciário, 8 ao qual foram atribuídas as seguintes funções, dentre as várias elencadas no art. 103-B, 4 o, I a VII, da CF/88: 4 o Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: 145

CAROLINA BONADIMAN ESTEVES I zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; [...] VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. (grifo nosso) Segundo os dispositivos constitucionais acima transcritos, o Conselho Nacional de Justiça tanto pode exercer o controle dos prazos legais fixados para a prática de atos por magistrados e auxiliares da justiça quanto pode adotar medidas que objetivem o cumprimento desses prazos no processo. Diante disso, para que a tutela jurisdicional fosse prestada com base em um critério institucionalizado e uniforme em todo o país, bastaria que o Conselho Nacional de Justiça editasse uma resolução determinando que, no caso de descumprimento de prazos fixados para a prática de atos processuais por magistrados e auxiliares da justiça, o processo pendente desse ato fosse incluído em uma fila própria na qual fosse adotada a ordem cronológica, de modo que, enquanto o ato não for praticado no primeiro processo da fila, nenhum outro ato poderá ser praticado por aquele órgão jurisdicional em nenhum outro processo semelhante, que se submeta à mesma fila. A adoção dessa medida geraria os seguintes efeitos: a) eliminaria a violação ao direito fundamental à igualdade e ao princípio democrático atualmente constatada na prestação da tutela jurisdicional (permitindo que os magistrados e auxiliares da justiça tenham discricionariedade para praticar os atos processuais, independentemente da ordem cronológica, apenas durante o prazo fixado em lei para sua prática); 146 Depoimentos, Vitória, n. 12, p. 137-149, jul./dez. 2007.

Ordem cronológica na tutela jurisdicional: uma questão de democracia, igualdade e acesso à justiça b) os diferentes processos judiciais e os diferentes atos processuais praticados por magistrados e auxiliares da justiça seriam separados em filas diferentes (eliminando a desigualdade material na prestação da tutela jurisdicional); c) os atos processuais semelhantes praticados por magistrados e auxiliares da justiça em processos judiciais semelhantes tenderiam a ter um tratamento semelhante pelo mesmo órgão jurisdicional (eliminando a desigualdade formal na prestação da tutela jurisdicional); d) evitaria favorecimentos pessoais em relação à maior ou menor duração do processo (promoveria a impessoalidade da Administração Pública); e) continuaria permitindo a adoção de medidas administrativas e a responsabilização civil previstas no CPC e na CF/88 (desestimulando a inobservância da ordem cronológica); e f) como o ordenamento atual já permite a adoção da ordem cronológica na prestação da tutela jurisdicional, não seria necessária nenhuma alteração legislativa (bastando que o CNJ edite uma resolução determinando as já mencionadas consequências do descumprimento da ordem cronológica). g) permitiria que, por meio dos registros (em meio eletrônico ou em papel) de atos dos magistrados e dos auxiliares da justiça, o próprio jurisdicionado ou ente representante de seus interesses fiscalizasse o cumprimento dos prazos fixados em lei para a prática desses atos no seu processo e exigisse o respeito à ordem cronológica (democratizando o acesso à justiça); CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo que não seja possível resolver imediatamente os inúmeros obstáculos ao bom desenvolvimento da atividade jurisdicional e se tornar preclusivo o prazo para o juiz ou auxiliar da justiça, é necessário e possível adotar a ordem cronológica na prestação da tutela jurisdicional, para que, dentre os processos semelhantes que dependam da prática de atos semelhantes de magistrados ou de auxiliares de justiça, haja uma melhor administração do Poder Judiciário e o direito fundamental à igualdade seja respeitado. Essa medida singela de adoção da ordem cronológica, além de já ser aplicada pelo ordenamento jurídico em outras situações, promoveria não só a segurança jurídica como também o próprio acesso à justiça no atual modelo brasileiro de Estado Democrático de Direito. 147

CAROLINA BONADIMAN ESTEVES Por fim, como este trabalho se presta apenas a instigar a reflexão sobre o tema sem a pretensão de formular respostas definitivas e limita-se ao estudo bibliográfico, espera-se que sirva de ponto de partida para pesquisas de campo nas quais se analisem dados concretos dos diversos órgãos jurisdicionais brasileiros, objetivando: (1) verificar se a ordem cronológica vem sendo respeitada em relação à prática de atos por magistrados e auxiliares da justiça; (2) aferir o impacto da adoção da ordem cronológica na prestação da tutela jurisdicional. REFERÊNCIAS CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pelegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números: indicadores estatísticos do poder judiciário ano 2006. Conselho Nacional de Justiça: Brasil, 2006. Disponível em <http://serpensp2. cnj.gov.br/justica_numeros_4ed/relatorio_jn_2006.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2007. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004. SILVA, Paulo Eduardo Alves da. Tempo dos cartórios sobre tempo da justiça estudo de casos em cartórios judiciais do estado de São Paulo. In: XV Congresso de Pesquisa e Pós Graduação em Direito CONPEDI, 2006, Manaus, no prelo, 2006. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Presidente do STJ pede providências urgentes para impedir colapso do Judiciário. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp. area=398&tmp.texto=66088>. Acesso em: 31 mar. 2007. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual cvil. 28 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. TUCCI, José Rogério Cruz e. Tempo e processo. São Paulo: RT, 1997, p. 68. WAMBIER, Luiz Rodrigues et al. Curso avançado de processo civil. 9 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 148 Depoimentos, Vitória, n. 12, p. 137-149, jul./dez. 2007.

Ordem cronológica na tutela jurisdicional: uma questão de democracia, igualdade e acesso à justiça WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Reforma do judiciário: primeiras reflexões sobre a emenda constitucional n.45/2004. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2005. WATANABE, Kazuo. Acesso à Justiça e sociedade moderna. In: GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Participação e Processo. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1988, p. 128. NOTAS 1 TUCCI, José Rogério Cruz e. Tempo e processo. São Paulo: RT, 1997, p. 68. 2 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Presidente do STJ pede providências urgentes para impedir colapso do Judiciário. Disponível em: < http://www. stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=66088>. Acesso em: 31 mar. 2007. 3 SILVA, Paulo Eduardo Alves da. Tempo dos cartórios sobre tempo da justiça estudo de casos em cartórios judiciais do estado de São Paulo. In: XV Congresso de Pesquisa e Pós Graduação em Direito CONPEDI, 2006, Manaus, no prelo, 2006. 4 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números: indicadores estatísticos do poder judiciário ano 2006. Conselho Nacional de Justiça: Brasil, 2006. Disponível em <http://serpensp2.cnj.gov.br/justica_numeros_4ed/ RELATORIO_JN_2006.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2008. 5 WATANABE, Kazuo. Acesso à Justiça e sociedade moderna. In: GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Participação e Processo. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1988, p. 128. 6 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pelegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 1999; THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999; WAMBIER, Luiz Rodrigues et al. Curso avançado de processo civil. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 7 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004, p. 17. 8 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Reforma do Judiciário: primeiras reflexões sobre a emenda constitucional n.45/2004. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2005, p. 500. Recebido para publicação em: 10/12/2007 Aprovado em: 28/12/2007 149