RESISTÊNCIA TENSIONAL DO PERICÁRDIO BOVINO COMPARADA COM A DA VEIA SAFENA MAGNA

Documentos relacionados
Jornal Vascular Brasileiro ISSN: Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular. Brasil

Estudo comparativo de propriedades biomecânicas da porção central do tendão de Aquiles congelado e a fresco

CARLOS EDUARDO DEL VALLE RESISTÊNCIA TECIDUAL DA VEIA SAFENA MAGNA: COMPARAÇÃO DA PORÇÃO PROXIMAL E DISTAL

RELATÓRIO DE ENSAIO N 16059/2017

ESTUDO NUMÉRICO E EXPERIMENTAL DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDOS À COMPRESSÃO DIAMETRAL

Escola Politécnica/UFRJ

ESTIMATIVA DE VIDA SOB FLUÊNCIA DE FIOS DE POLIETILENO DE ALTO MÓDULO ATRAVÉS DA METODOLOGIA DE LARSON- MILLER

CIV 1111 Sistemas Estruturais na Arquitetura I

Propriedades Mecânicas Fundamentais. Prof. Paulo Marcondes, PhD. DEMEC / UFPR

ANÁLISE ESTATÍSITICA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS CERÂMICOS CONTENDO RESÍDUO MUNICIPAL

7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE A ENERGIA DE IMPACTO ABSORVIDA E A ESPESSURA DOS CORPOS DE PROVA DE CHARPY-V*

Henrique Bauer. Dissertação de Mestrado

Avaliação da Licitação de Lotes de Frequência para LTE Utilizando a Teoria de Opções Reais

Estabilidade. Marcio Varela

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ENCRUAMENTO DE METAIS ATRAVÉS DA MORFOLOGIA DAS IMPRESSÕES DE DUREZA NA ESCALA MACROSCÓPICA

4 Determinação Experimental das Propriedades Estatísticas das Fibras de Carbono

Comparação de estratégias de construção de poços marítimos incorporando incertezas

Investigações numéricas e experimentais da mecânica dos aneurismas em tubos isotrópicos de borracha

AVALIAÇÃO DA COMPRESSÃO DE UMA LIGA DE ALUMÍNIO: EXPERIMENTAL X NUMÉRICO

Materiais de Construção II

ESTUDO DO PROCESSO DE LAMINAÇÃO DE FIOS DE COBRE: INFLUÊNCIA DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E DA TEMPERATURA DE PROCESSAMENTO

SÉRGIO MILTON MARTINS DE OLIVEIRA PENIDO

9 ENSAIO DE FLUÊNCIA. Ensaios Mecânicos - Prof. Carlos Baptista EEL

LISTA DE TABELAS. Página

Roxana Olarte Enciso. Comportamento de Pilares Esbeltos de Concreto de Alta Resistência Sujeitos à Flexão Composta Reta. Dissertação de Mestrado

CURVAS LIMITES DE RESISTÊNCIA PARA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE ESTRUTURAL DE CHAPAS PLANAS COM COMPORTAMENTO ANISOTRÓPICO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA THIAGO GONDIM SACRAMENTO EMPREGO DA ABRAÇADEIRA DE NÁILON NA ORQUIECTOMIA EM CAPRINOS

2 Fundamentos para a avaliação de integridade de dutos com perdas de espessura e reparados com materiais compósitos

Dados para o Projeto

Prof. Willyan Machado Giufrida Curso de Engenharia Química. Ciências dos Materiais. Propriedades Mecânicas dos Materiais

Validação de ensaios de cabos condutores de energia elétrica realizados em máquinas de tração vertical

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ENSAIO DE VIGAS DE MADEIRA LAMELADA COLADA

A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DE SIMULAÇÃO NUMÉRICA NA OTIMIZAÇÃO DE PROJETOS DE MECANISMOS DE VÁLVULA GAVETA*

Palavras-chave: biomaterial, resistência, tração. Keywords: biomaterial, resistence, traction. Introdução: Anais do 38º CBA, p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS CONTROLE DE QUALIDADE INDUSTRIAL Aula 03 TENSÃO

Avaliação da telelaringoscopia no diagnóstico das lesões benignas da laringe

Capítulo 4 Propriedades Mecânicas dos Materiais

UNIÃO DE MATERIAIS ADESIVOS À CERÂMICA E AO POLÍMERO

RETALHOS ÂNTERO-LATERAL DA COXA E RETO ABDOMINAL EM GRANDES RECONSTRUÇÕES TRIDIMENSIONAIS EM CABEÇA E PESCOÇO

6 Resultado dos Ensaios de Caracterização Mecânica de Rocha

Materiais de Construção II

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CEILÂNDIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

Análise matemática de tecidos biológicos com propriedade viscoelástica não linear com o auxílio de ferramentas computacionais Área/subárea:

X Olimpíada de Engenharia Civil da UFJF Pontes de Papel

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105) ENSAIOS MECÂNICOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E FLEXÃO

COMPORTAMENTO MECÂNICO NA RUPTURA DE PRISMAS DE BLOCOS DE CONCRETO

LISTA DE TABELAS. Características antropométricas e cardiovasculares de. repouso dos indivíduos... 32

Capítulo 3: Propriedades mecânicas dos materiais

RELATÓRIO DE ENSAIO Nº CCC/ /13 MASSA PRONTA PARA ASSENTAMENTO ENSAIOS DIVERSOS

Sistema extrator minimamente invasivo para o tendão do quadríceps ART /2015-PT

Professor: Estevam Las Casas. Disciplina: MÉTODOS DE ELEMENTOS FINITOS MEF TRABALHO

Tabela 1 Características dos voluntários selecionados para o ensaio de bioequivalência. D.P.I. = desvio do peso ideal; D.

Personalidade de marcas de fast-food: uma comparação entre consumidores jovens brasileiros e americanos

XX SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Bianca Martins Dias graduando em Engenharia Civil do Centro Universitário de Patos de Minas UNIPAM. (2)

X Olimpíada de Engenharia Civil da UFJF Pontes de Papel

- 1 - SISTEMAS ESTRUTURAIS SE 1. Fernando de Moraes Mihalik

Análise do Modelo de Apreçamento de Opções GARCH em Opções de Compra da Telebras

Estudo teórico-experimental sobre a estabilidade estrutural de painéis de cisalhamento ( Shear Wall ) do sistema construtivo Light Steel Framing

Verificação Experimental da Aderência CFC-Concreto com Carregamento de Impacto

Capítulo 3 Propriedades Mecânicas dos Materiais

Modelagem em Experimentos Mistura-Processo para Otimização de Processos Industriais

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ COORDENAÇÃO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DADOS PARA DIMENSIONAMENTO

Análise teórica e experimental de cantoneiras conectadas por uma aba sujeitas à compressão

ESTUDO DO DESGASTE ABRASIVO DE AÇO CARBONITRETADO EM DIFERENTES RELAÇÕES AMÔNIA/PROPANO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO ANDRE TAUCEI SCHELLENBERGER

PROPRIEDADES MECÂNICAS I Fundamentos

Estudo de caso: Análise de custo-efetividade da enoxaparina para profilaxia em pacientes cirúrgicos com câncer

MÓDULO 2: Propriedades mecânicas dos metais. Deformação elástica, Deformação plástica

Aplicação da Estatística de Weibull na Avaliação da Tensão de Ruptura a Flexão de Revestimento Cerâmico

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O COMPORTAMENTO DAS ROCHAS SOB TENSÃO revelado pelos ensaios triaxiais

Cálculo de Índices de Segurança em Sistemas de Energia Elétrica Baseado em Simulação no Domínio do Tempo

2 Concreto Estrutural

AGENESIA DO SEGUNDO PRÉ-MOLAR INFERIOR: AVALIAÇÃO OCLUSAL E RADICULAR DO CORRESPONDENTE DECÍDUO

Journal Club (set/2010)

Bônus Corporativos: Um estudo sobre as variáveis que afetam o rating de uma emissão

Simulação de Diferentes Tratamentos Térmicos na Aceitação do Aço 2,25Cr-1Mo Adotado em Equipamentos para Hidrotratamento de Derivados de Petróleo

GMEC7301-Materiais de Construção Mecânica Introdução. Módulo II Ensaios Mecânicos

FENÔMENOS DOS TRANSPORTES. Pressão e Estática dos Fluidos

Tensões. Professores: Nádia Forti Marco Carnio

Análise numérica e experimental da mecânica de formação de aneurismas da aorta abdominal

Carregamentos Combinados

INFLUÊNCIA DA SOLDA NA VIDA EM FADIGA DO AÇO SAE 1020

Fernanda Magalhães Rumenos Guardado. Estudo sobre a IS Intertemporal na Economia Brasileira

Conteúdo. Resistência dos Materiais. Prof. Peterson Jaeger. 3. Concentração de tensões de tração. APOSTILA Versão 2013

MECSOL34 Mecânica dos Sólidos I

Ensaio biomecânico da túnica albugínea bovina conservada em glicerina 98% para utilização como membrana biológica

Influência das Variantes Genéticas Funcionais do Sistema Renina-Angiotensina na Doença Arterial Coronária.

ANÁLISE DE PRECIPITAÇÃO EM PELOTAS-RS UTILIZANDO TRANSFORMADA WAVELET DE MORLET

PROPRIEDADES MECÂNICAS DE

INFLUÊNCIA DA LARGURA DA MESA DA VIGA DE SEÇÃO I NA RESISTÊNCIA DA LIGAÇÃO COM O PILAR TUBULAR DE SEÇÃO CIRCULAR RESUMO

PROJETO ESTRUTURAL. Marcio A. Ramalho ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND

a) Os três materiais têm módulos de elasticidade idênticos. ( ) Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia PMT 3110

ESTUDO COMPARATIVO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS ATRAVÉS DE ENSAIO DE TRAÇÃO EM CORPOS DE PROVA NORMALIZADOS E EM COMPONENTES

PATRÍCIA HELENA DE ANDRADE SARTORI OLIVEIRA PROCESSO APROXIMADO PARA CONSIDERAÇÃO DA NÃO- LINEARIDADE FÍSICA DE PILARES EM CONCRETO ARMADO

ENGENHARIA CIVIL CONCRETO ARMADO AMACIN RODRIGUES MOREIRA. UTFPR Campus Curitiba Sede Ecoville Departamento de Construção Civil

Transcrição:

MARCIO MIYAMOTTO RESISTÊNCIA TENSIONAL DO PERICÁRDIO BOVINO COMPARADA COM A DA VEIA SAFENA MAGNA Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre. Programa de Pós- Graduação em Clínica Cirúrgica do Departamento de Cirurgia, Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Jorge R. Ribas Timi Coordenador: Prof. Dr. Jorge E. Fouto Matias CURITIBA 2006

A minha família, pela transmissão dos princípios norteadores da minha vida e da minha profissão. ii

AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Jorge R. Ribas Timi, pelos ensinamentos e seu trabalho de orientação e incentivo à pós-graduação. Ao Prof. Dr. Jorge Eduardo Fouto Matias, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica da Universidade Federal do Paraná, pela oportunidade nos oferecida à conclusão do projeto. Ao Prof. Dr. Ricardo C. Rocha Moreira, mestre e amigo, por todos as oportunidades, conselhos e ensinamentos ao longo da minha carreira. Ao Dr. Eduardo Murilo Novak pela amizade, ensinamentos e colaboração na realização desta tese. Ao Dr. Carlos Eduardo Del Valle, pelo companheirismo, colaboração e participação na elaboração desta tese. Aos Drs. Isidoro Celso Stanischesk, Mário Martins e Célio Teixeira Mendonça pela amizade e por compartilharmos do mesmo espírito científico. A Prof a. Dra. Silvia Emiko Shimakura, pela orientação nas análises estatísticas. Ao Dr. Marcos Saito Babá, pela amizade e orientação na área da Patologia. A todos meus familiares e amigos, que proporcionaram um ambiente ideal para a conclusão das tarefas. iii

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS... vi LISTA DE TABELAS... vii LISTA DE ABREVIATURAS... viii RESUMO... ix ABSTRACT... x 1 INTODUÇÃO... 1 1.1 OBJETIVOS... 4 2 REVISÃO DA LITERATURA... 5 2.1 USO DO REMENDO NA ENDARTERECTOMIA DE CARÓTIDA... 5 2.2 PERICÁRDIO BOVINO... 8 2.2.1 Obtenção e Preparo do Pericárdio Bovino... 8 2.2.2 Uso do Pericárdio Bovino como Enxerto... 10 2.2.3 Uso de Pericárdio Bovino como Remendo na Endarterectomia de Carótida... 12 2.3 VEIA SAFENA MAGNA... 15 2.3.1 Anatomia da Veia Safena Magna... 15 2.3.2 Estrutura da Parede Venosa... 16 2.3.3 Uso do Remendo de Veia Safena Magna na Endarterectomia da Carótida... 16 2.4 OUTROS MATERIAIS UTILIZADOS COMO REMENDO... 19 2.5 ENSAIO DE TRAÇÃO... 22 2.6 ENSAIOS MECÂNICOS DE MATERIAIS UTILIZADOS COMO REMENDO... 23 3 MATERIAIS E MÉTODO... 27 iv

3.1 OBTENÇÃO E PREPARO DOS MATERIAIS... 27 3.1.1 Pericárdio Bovino... 27 3.1.2 Veia Safena Magna Proximal... 28 3.2 REALIZAÇÃO DO ENSAIO DE TRAÇÃO... 30 3.3 ESTUDO ESTATÍSTICO... 34 3.3.1 Analise Estatística entre os Grupos... 34 3.3.2 Análise da Correlação entre a Espessura e a Força de Ruptura... 35 4 RESULTADOS... 36 4.1 COMPARAÇÃO DA FORÇA DE RUPTURA ENTRE OS GRUPOS... 36 4.2 COMPARAÇÃO DA FORÇA MÁXIMA ENTRE OS GRUPOS... 36 4.3 COMPARAÇÃO DA RELAÇÃO FRUP/FMAX ENTRE OS GRUPOS... 37 4.4 COMPARAÇÃO DA TENSÃO DE RUPTURA ENTRE OS GRUPOS... 37 4.5 CORRELAÇÃO DA ESPESSURA DO REMENDO X FORÇA DE RUPTURA... 38 5 DISCUSSÃO... 40 6 CONCLUSÕES... 51 REFERÊNCIAS... 52 FONTES CONSULTADAS... 60 APÊNDICE 1 RESULTADOS GERAIS DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO... 61 ANEXO 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO... 64 v

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - CURVA DE TENSÃO x DEFORMAÇÃO... 22 FIGURA 2 - SEGMENTO DE PERICÁRDIO BOVINO... 28 FIGURA 3 - ILUSTRAÇÃO DO PADRÃO DE REFLUXO DA VEIA SAFENA MAGNA... 29 FIGURA 4 - SEGMENTO DE VEIA SAFENA DE COXA APÓS DILATAÇÃO E PREPARO 30 FIGURA 5 - A) MÁQUINA UNIVERSAL DE ENSAIO MECÂNICO COMPUTADORIZADA B) GARRAS DE PRESSÃO PNEUMÁTICA VISÃO EM PERFIL C) GARRAS DE PRESSÃO PNEUMÁTICA VISÃO ANTERO-POSTERIOR... 31 FIGURA 6 - FIXAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA NAS PINÇAS PNEUMÁTICAS... 31 FIGURA 7 - A) PERICÁRDIO BOVINO E B) VEIA SAFENA APÓS RUPTURA... 32 FIGURA 8 - MEDIDA DE ÁREA DA SECÇÃO TRANSVERSAL DOS CORPOS DE PROVA... 33 FIGURA 9 - MEDIDA DA ESPESSURA DO PERICÁRDIO BOVINO (A) E DA VEIA SAFENA MAGNA (B), REALIZADAS EM SUA PORÇÃO MAIS ESTREITA... 33 FIGURA 10 - GRÁFICO DE CORRELAÇÃO ENTRE ESPESSURA E FRUP NO GRUPO I... 39 FIGURA 11 - GRÁFICO DE CORRELAÇÃO ENTRE ESPESSURA E FRUP NO GRUPO II... 39 FIGURA 12 - A) SUPERFÍCIE LISA DO PERICÁRDIO BOVINO E B) SUPERFÍCIE RUGOSA DO PERICÁRDIO BOVINO... 43 vi

LISTA DE TABELAS TABELA 1 - UNIDADES DE MEDIDA DE TENSÃO: CONVERSÃO E CORRELAÇÃO... 34 TABELA 2 - COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS I E II, EM RELAÇÃO À FORÇA DE RUPTURA MÉDIA (FRUPm)... 36 TABELA 3 - COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS I E II, EM RELAÇÃO À FORÇA MÁXIMA MÉDIA (FMÁXm)... 36 TABELA 4 - COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS I E II, EM RELAÇÃO À FRUP/FMAX... 37 TABELA 5 - COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS I E II, EM RELAÇÃO A ÁREA TRANSVERSAL DOS REMENDOS... 37 TABELA 6 - COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS I E II, EM RELAÇÃO A TENSÃO DE RUPTURA MÉDIA (TRUPm)... 38 TABELA 7 - COMPARAÇÃO ENTRE OS SUBGRUPOS DO GRUPO II, EM RELAÇÃO A ESPESSURA MÉDIA E (TRUPm)... 61 TABELA 8 - RESULTADOS DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO NO GRUPO I... 62 TABELA 9 - RESULTADOS DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO NO GRUPO II... 63 vii

LISTA DE ABREVIATURAS Atm - atmosfera mmhg - Milímetro de mercúrio Kgf - Quilograma-força Lb - Libra Ppm - Partículas por milhão Mpa - Megapascal viii

RESUMO O pericárdio bovino é um enxerto biológico amplamente utilizado como substituto vascular. O uso deste material como remendo na endarterectomia de carótida é uma alternativa aceitável à utilização da veia safena magna. Apesar de pouco utilizado, o pericárdio bovino apresenta algumas vantagens sobre a veia safena magna como: facilidade de obtenção, menor tempo operatório e principalmente menor índice de ruptura. O objetivo desse estudo foi avaliar a resistência tensional do pericárdio bovino em comparação com a resistência da veia safena magna e em relação a espessura do remendo. Neste estudo foram analisados dois grupos de tecidos utilizados como remendos: o grupo I, de remendos de pericárdio bovino (n=20) e o grupo II de remendos de veia safena magna retirada ao nível da coxa (n=20). Os remendos foram recortados com dimensões iguais (50mm x 5mm) e preparados de modo habitual a sua aplicação. Os grupos foram comparados em relação à resistência tecidual à tração axial, utilizando-se a máquina universal de ensaio mecânico computadorizada, da marca Instron, modelo 4467 (Instron, London, UK). Os principais parâmetros analisados foram: a força de ruptura (FRUP), a força máxima (FMÄX), a tensão de ruptura (TRUP) e a correlação da espessura do remendo com a FRUP. Os dois grupos foram comparados utilizando-se o teste t de Student e a correlação da espessura com a FRUP foi calculada pelo coeficiente de correlação linear de Pearson. A FRUP obtida no grupo I foi 1,97 + 0,51 Kgf, significativamente maior do que no grupo II que foi de 1,36 + 0,59 Kgf, (p= 0.001230). A FMÁX do grupo I foi significativamente maior que no grupo II (2,27 + 0,58 vs 1,51 + 0,53 Kgf; p= 0.0001087). A TRUP média para o pericárdio bovino foi significativamente maior (193,99 + 43,05 Kgf / cm 2 ) do que no grupo da veia safena magna (49,19 + 22,96 Kgf / cm 2 ), (p= 7.603e-16). A correlação entre a espessura dos materiais analisados e a FRUP foi considerada moderada pelo coeficiente de correlação linear de Pearson (r=0,5032993) para o grupo dos remendos de pericárdio bovino. Para o grupo dos remendos de veia safena, essa correlação foi considerada baixa (r=0,3062166). Os autores concluem que a resistência à tensão de ruptura do pericárdio bovino foi considerada adequada neste estudo (TRUP= 193,99 + 43,05 Kgf / cm 2 ). Além disso, a resistência tensional do pericárdio bovino, avaliada através da FRUP neste ensaio de tração, correlaciona-se moderadamente com a espessura do remendo (r=05032993). O remendo de pericárdio bovino apresenta maior resistência à ruptura do que o remendo de veia safena magna retirada da região da coxa (193,99+ 43,05 vs 49,19 + 22,96). Palavras Chave: Pericárdio; Bovinos; Resistência tecidual; Veia safena; Endarterectomia de carótida ix

ABSTRACT Bovine pericardium (BP) is a biological graft thoroughly used as vascular graft. Carotid endarterectomy using bovine pericardium is an acceptable alternative to the use of autologous vein patch, mainly the great saphenous vein. Bovine pericardium presents some advantages on the great saphenous vein (GSV). It is easily obtained and provides a shorter operative time and lower rupture rate. The aim of this study was to evaluate the tissue resistance of the bovine pericardium patch in comparison with great saphenous vein. The materials were divided into two groups: group I, bovine pericardium patch (n=20); and group II, great saphenous vein patch (n=20), harvest from the thigh. Both, bovine pericardium and saphenous vein were prepared in the same dimensions (50mm x 5mm) and tested using the Universal Machine of Mechanical Assay Equipment (Instron, London, UK). The patches were tested in the longitudinal axis until the point of material failure. The following parameters were addressed: failure force (FF), ultimate force (UF) and failure stress (FS). Statistical analysis was calculated using the Student "t" test and Pearson linear correlation. Failure force in group I was 1,97 + 0,51 Kgf, and in group II was of 1,36 + 0,59 Kgf (p = 0.001230). Ultimate force in group I was significantly higher than in the group II (2,27 + 0,58 vs 1,51 + 0,53 Kgf; p = 0.0001087). Failure stress in bovine pericardium patch group was significantly higher (193,99 + 43,05 Kgf / cm 2 ) in comparison with great saphenous vein group (49,19 + 22,96 Kgf / cm2), (p = 7.603e-16). A moderate correlation between thickness and failure force was obtained in the bovine pericardium group (r=0,5032993). The Pearson correlation was considered low (r=0,3062166) in the great saphenous vein patch group. In conclusion, the failure stress related to the bovine pericardium group was considered appropriate in this study (FS = 193,99 + 43,05 Kgf / cm 2 ). Besides, failure force has a just moderate correlation with patch thickness in the group I. The great saphenous vein patch presents lower failure force in comparison with bovine pericardium patch. Keywords: Pericardium; Cattle; Tissue resistance; Saphenous vein; Carotid endarterectomy x