FERRAZ EO; SILVEIRA Controle HRO; da ALVARENGA qualidade sanitária ICA; VALADARES de sementes SV; de tomate LESTE cereja DRL; SALES tratadas NP; com COSTA extratos CA. de 2008. plantas Controle da qualidade sanitária de sementes de tomate cereja tratadas com extratos de plantas. Horticultura Brasileira 26: S2367-S2371. CONTROLE DA QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE TOMATE CEREJA TRATADAS COM EXTRATOS DE PLANTAS Elza de Oliveira Ferraz 1 ; Helbert Rezende de Oliveira Silveira 1 ; Ivan Caldeira Almeida Alvarenga 1 ; Samuel Vasconcelos Valadares 1 ; Daniela Rita Batista Leste 1 ; Nilza Pereira Sales 1 ; Cândido Alves Costa 1 1 UFMG, Instituto de Ciências Agrárias, C.P. 135, Cep 39404-006, Montes Claros, Minas Gerais; e-mail: elza.o.ferraz@hotmail.com RESUMO O tomate cereja é uma hortaliça fruto de grande valor econômico, muito saborosa e apreciada por muitos consumidores. O uso de sementes de alta qualidade sanitária e fisiológica é de grande importância na implantação da lavoura, sendo responsável pelo sucesso do empreendimento. Uma das alternativas no controle de fitopatógenos envolve o uso de extratos vegetais, buscando explorar suas propriedades fungitóxicas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a incidência de fungos patogênicos em sementes da linhagem de tomate cereja CH-152, após tratamento com extratos aquosos de neem capim citronela e alecrim pimenta em diferentes concentrações. Os tratamentos mais eficientes foram o fungicida de princípio ativo Carbendazim seguido do extrato aquoso de alecrim pimenta a 15% p/v. As espécies de fungos que mais ocorreram nas sementes da linhagem CH-152 foram Aspergillus flavus, presente em 28% das sementes e Fusarium sp. presente em 2,3% das sementes. PALAVRAS-CHAVES: Lycopersicon esculentum, Plantas medicinais, Extrato de plantas. ABSTRAT Health quality control of cherry tomato seeds treated with extracts of plants Cherry tomato is a vegetable fruit of great economical value, appreciated by many consumers. Seed health and physiological quality is important to the success of the enterprise. Vegetable extracts are an alternative to the control of phytopathogens, because of it s antifungal activities. The objective of this work was to evaluate the incidence of fungus in cherry tomato seeds of the line CH-152, treated with aqueous extracts of Azadirachta indica L., Cymbopogon nardus L. and Lippia sidoides Cham. at different concentrations. The most efficient treatments were the fungicide active principal Carbendazim followed by the aqueous extract of Lippia sidoides Cham. (15%). Aspergillus flavus and Fusarium sp. observed in 28% and 2,3% of the seeds respectively were the most common fungi founded. KEYWORDS: Lycopersicon esculentum, Medicinal plants, Extract of plants. INTRODUÇÃO A cultura do tomate vem ocupando um lugar de destaque dentre os cultivos de hortaliças no Brasil. S2367
Dados do IBGE referentes aos últimos anos indicam um cultivo anual entre 55 mil a 60 mil hectares (Pierro, 2000). As culturas de hortaliças, sem exceção, estão sujeitas a várias doenças e, devido às suas características, exigem a adoção de práticas agrícolas que criam em torno da planta um microclima e condições favoráveis à ocorrência de doenças. Assim, a produção econômica de muitas hortaliças depende, principalmente, do uso de medidas de controle eficientes, sendo a principal destas o uso de sementes sadias (Marinho et al., 1995). A presença de microrganismos após o ponto de maturação fisiológica, ou no armazenamento das sementes, é sempre uma séria ameaça à sanidade das sementes. Elevadas porcentagens de sementes infeccionadas estão associadas a um decréscimo no poder germinativo e menor desenvolvimento de plântula nos seus primeiros estádios (Yorinori, 1982). Para Roberts (1972) fungos de sementes podem ser responsáveis, além da transmissão de doenças na parte aérea e radicular da plântula, pelo decréscimo na qualidade fisiológica das sementes e morte de plântulas. A procura por novos agentes antimicrobianos, a partir de plantas, é intensa devido à crescente resistência dos microorganismos patogênicos frente aos produtos sintéticos. O uso destes pesticidas a longo prazo, causa impactos negativos para a sociedade e para o meio ambiente devido à poluição causada pelos resíduos químicos. Trabalhos desenvolvidos com extratos brutos ou óleos essenciais, obtidos a partir de plantas medicinais têm indicado o potencial das mesmas no controle de fitopatógenos (Bautista-Baños et al., 2003; Moreira et al., 2004). Uma das alternativas pesquisadas envolve o uso de extratos vegetais, buscando explorar suas propriedades fungitóxicas. A literatura tem registrado a eficiência de extratos, obtidos de uma gama enorme de espécies botânicas, em promover a inibição do desenvolvimento de vários fitopatógenos de natureza fúngica (Wilson & Wisniewski et al., 1994). Além do uso na medicina popular, as plantas medicinais têm sido estudadas como uma forma de controle alternativo para doenças de plantas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a incidência de fungos em sementes da linhagem CH-152 de tomate cereja após tratamento com extratos aquosos de neem (Azadirachta indica L.), capim citronela (Cymbopogon nardus L.) e alecrim pimenta (Lippia sidoides Cham.) em diferentes concentrações. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido nos Laboratórios de Fitopatologia e Plantas Medicinais do Núcleo de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais. As sementes de tomate cereja da linhagem CH-152 foram removidas dos frutos por meio de fermentação anaeróbia para a retirada da mucilagem e depois lavadas em água corrente. As plantas utilizadas para se fazer os extratos foram coletadas no Horto de Plantas Medicinais no Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. Para avaliar a atividade antifúngica dos extratos vegetais, foram realizados ensaios in vitro. Os tratamentos foram: T1, T2 e T3, neem; T4, T5 e T6, capim citronela e T7, T8 et9, alecrim pimenta nas respectivas concentrações de 15, 20 e 25% p/v; T10, testemunha com água destilada, T11, fungicida com princípio ativo Carbendazim na dosagem de 0,5g Kg -1 de semente e T12 com cloro a 2%. O extrato aquoso foi feito através de infusão com folhas frescas das plantas e logo após foi feita a imersão das sementes com o extrato ainda morno. As sementes tratadas com os extratos aquosos e fungicida foram deixadas em tratamento por 20 minutos. S2368
A testemunha tratada com água destilada foi lavada por 30 segundos por três vezes e a testemunha tratada com a solução de hipoclorito de sódio foi lavada com a solução uma vez e passadas em água destilada por duas vezes durante 30 segundos. Após esse período essas foram colocadas em placas de Petri sendo distribuídas uniformemente 50 sementes por placa de Petri contendo três folhas de papel de filtro esterilizadas e umedecidas com ágar-água a 1%. As placas contendo as sementes tratadas foram colocadas em incubadora BOD a uma temperatura de 25 0 C com 2000 lux (12 horas de luz e 12 horas de escuro). Após 7 dias de incubação foi realizada a avaliação da fauna fúngica das sementes, presença de colônias de fungos nos tratamento e a identificação dos mesmos nas sementes colonizadas, conforme Neergaard (1979). As sementes foram analisadas individualmente em lupa e microscópio ótico e o resultado foi submetidos à análise de variância, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade. Os dados referentes à porcentagem de sementes sadias foram transformados em arco seno x /100. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os tratamentos mais eficientes foram o fungicida com princípio ativo Carbendazim seguido do extrato aquoso de capim citronela e alecrim pimenta na concentração de 15% p/v. Os outros tratamentos apresentaram um menor poder de controle, sendo o menos eficiente a solução de hipoclorito de sódio na concentração de 2% e água destilada. O extrato de neem não apresentou um efeito fungicida significante, porém o seu uso já é comprovado cientificamente para o controle de insetos e nematóides. Quanto às espécies de fungos que mais ocorreram na variedade CH foram o Aspergillus flavus, presente em 28% das sementes e Fusarium sp. presente em 2,3% das sementes, seguido de Curvularia sp., Rhizopus sp. e Cladosporium sp.. Estes fungos provocam danos qualitativos e progressivos quando se aproximam do embrião conforme Cícero & Silva, (2003). O extrato aquoso de capim citronela e de alecrim pimenta mostrou-se como uma alternativa no controle de fitopatógenos em sementes de tomate cereja, podendo ser preparado e aplicado pelo próprio produtor quando fizer o tratamento das sementes, além de ser um produto de baixo custo e aquisição. Outro fator relevante é a necessidade de diminuição do uso de defensivos agrícolas, principalmente na cultura do tomate cujo manejo sanitário é muito dependente de produtos químicos, devido à resistência dos patógenos, poluição ao meio ambiente e da toxidade ao homem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUTISTA-BAÑOS S; HERMANDEZ LM; BOSQUEZ-MOLINA E; WILSON CL. 2003. Effects of chitosan and plant extracts on growth of Colletotrichum gloeosporioides, anthracnose levels and quality of papaya fruit. Crop Protection. 22: 1087-1092. CÍCERO MC & SILVA WR. 2003. Danos mecânicos associados a patógenos e desempenho de sementes de milho. Piracicaba: USP-ESALQ, (SP). (Tese Mestrado). S2369
MARINHO VL de; MARQUES AS dos A; BUSO GSC; PARENTE PMG. 1995. Importância da quarentena no controle de doenças transmitidas por sementes de hortaliças. Horticultura Brasileira 13: 3-6. MOREIRA M R; PONCE AG; DEL VALLE CE; ROURA SI. 2004. Inhibitory parameters of essential Oils to reduce a foodborne pathogen. LWT. 38: 565-570. NEERGAARD P. 1979. Seed Pathology. London: McMillan Press. 839p. PIERRO AC. 2000. Tomates qualidade que se planta. Cultivar 1: 10-14 ROBERTS EH. 1972. Viability of seeds. Londres: Chapman and Hall. 448p. WILSON CL; WISNIEWSKI ME. 1994. Biological control of postharvest plant diseases of fruits and vegetables: theory and practice. Boca Raton: CRC Press, 465p. YORINORI JT. 1982. Doenças da soja causadas por fungos. Informe Agropecuário 8: 40-46. Tabela 1. Porcentagem de sementes sadias em relação à diferentes tratamentos (Percentage of healthy seeds in relation to different treatments) Montes Claros, UFMG, 2007. Tratamento Médias (%) 11 99,50 A 7 50,00 AB 8 32,66 BC 5 20,66 BCD 9 20,00 BCD 3 20,00 BCD 6 18,66 BCD 1 22,66 BCD 4 17,33 BCD 2 12,00 BCD 12 6,00 CD 10 0,50 D Nota 1. As medias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente no teste Tukey a 5% de probabilidade. S2370
Porcentagem de sementes contaminadas 30 25 20 15 10 5 0 28,00 Aspergillus flavus Tipos de fungos e suas incidências na variedade CH 2,07 0,73 0,43 0,10 Fusarium sp. Curvularia sp. Rhizopus sp. Cladosporum sp. Fungos Figura 1. Fungos e respectivas incidências em semente de tomate cereja linhagem CH-152 (Fungi and respective incidences in seed of cherry tomato line CH-152) Montes Claros, UFMG, 2007. S2371