INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE SIC NA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DO COMPÓSITO α-sialon-sic RESUMO

Documentos relacionados
ESTUDOS PRELIMINARES EM CERÂMICAS COVALENTES: COMPOSIÇÃO Si 3 N 4 -AlN-Y 2 O 3. RESUMO

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO NITRETO DE SILÍCIO OBTIDO POR PRENSAGEM UNIAXIAL A QUENTE

ESTUDO DAS PROPRIEDADES DE CERÂMICAS DO SISTEMA Si 3 N 4 -AlN-Y 2 O 3 PARA APLICAÇÕES ESTRUTURAIS.

Recente Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos para Aplicações Tribológicas

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE CORTE A BASE DE SiAlONs NA USINAGEM DA LIGA Ti-6Al-4V

RESUMO

OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE FERRAMENTAS UTILIZANDO SINTERIZAÇÃO NORMAL

Análise das propriedades de ferramenta de corte ceramicas de nitreto de silicio (Si 3. ) cutting tool using different addictive

Efeito do tempo e do tipo de aditivo na infiltração de compactos de SiC

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DAS INCLUSÕES DE 3Y-ZrO 2 EM COMPÓSITOS CERÂMICOS DE ALUMINA-ZIRCÔNIA PARA APLICAÇÃO COMO FERRAMENTA CERÂMICA

PRODUÇÃO DE NOVAS FERRAMENTAS CERÂMICAS DE ALTO POTENCIAL

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO COMPÓSITO CERÂMICO Al 2 O 3 - NbC, PRENSADO À QUENTE (HP)

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

PRODUÇÃO DE COMPÓSITO CERÂMICO VISANDO APLICAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CORTE

MOLHABILIDADE DO SiC PELOS ADITIVOS AlN/RE 2 O 3 (RE 2 O 3 ÓXIDO DE TERRAS RARAS)

MATERIAIS DE CONSTRUÇÂO MECÂNICA II M 307 TRABALHO PRÁTICO N.º 2. Estudo do processamento e evolução microestrutural de um vidro cerâmico

Departamento de Engenharia de Materiais DEMAR-FAENQUIL, Polo Urboindustrial, gleba AI-6, s/n, cep , Lorena-SP Brasil.

Análise Microestrutural e de Fases de um Carbeto Cementado Dopado com Terras-Raras Sinterizado por Fase Líquida

SINTERIZAÇÃO DE CERÂMICAS À BASE DE ALUMINA, ZIRCÔNIA E TITÂNIA

Estudo do nitreto de alumínio para aplicações termo-mecânicas. (Study of aluminum nitride for thermomechanical applications)

ANÁLISE DE PROPRIEDADES MECÂNICAS DE COMPÓSITOS CERÂMICOS DE ALUMINA-ZIRCÔNIA PARA APLICAÇÃO COMO FERRAMENTAS DE CORTE

MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DO COMPÓSITO Si 3 N 4 /TaC

Cerâmica 54 (2008)

PROPRIEDADES MECÂNICAS DO COMPÓSITO ALUMINA-ZIRCÔNIA

Resistência a oxidação de cerâmicas de carbeto de silício sinterizadas por fase líquida

Cerâmica 49 (2003) 6-10

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II (EM307) 2º Semestre 2005/ Materiais para Ferramentas

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

ANÁLISE DE TRINCAS CAUSADAS POR CHOQUE TÉRMICO EM CARBETO DE SILÍCIO

DETERMINAÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE DE CERÂMICAS À BASE DE NITRETO DE SILÍCIO.

PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

AVALIAÇÃO DA DUREZA E TENACIDADE À FRATURA DE CERÂMICAS DO SISTEMA ZRO 2 -Y 2 O 3 -TIO 2 PREPARADAS POR CO-PRECIPITAÇÃO

INFLUÊNCIA DA MICROESTRUTURA NA RESISTÊNCIA AO CHOQUE TÉRMICO DO SIC

INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DE CORTE NA USINAGEM DE CARBONO- CARBONO COM FERRAMENTAS CERÂMICAS

O 3. (Study of the viability to produce SiC ceramics by Y 2. -AlN spontaneous infiltration)

O 3. Engenharia e Ciencia dos Materiais, Universidade de S. Francisco, Itatiba, SP, Brasil. Resumo. Abstract

Aula 2 Propriedades Mecânicas de Cerâmicas

SINTERIZAÇÃO SEM PRESSÃO DE COMPÓSITOS ZrB2/SiC COM ADIÇÃO DE AlN:Y2O3. Escola de Engenharia de Lorena-EEL-USP

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SINTERIZAÇÃO NAS PROPRIEDADES DAS CERÂMICAS BIOCOMPATÍVEIS ZrO 2 E Al 2 O 3

EFEITO DA ADIÇÃO DE SEMENTES DE BETA-Si 3 N 4 NA MICROESTRUTURA E TENACIDADE À FRATURA DO NITRETO DE SILÍCIO

visando produção de nanocompósitos de ZrO 2

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

PREPARAÇÃO DE MULITA A PARTIR DE MATÉRIAS-PRIMAS NATURAIS. Departamento de Engenharia de Materiais, UFPB, , João Pessoa, Brasil

AVALIAÇÃO DA ADIÇÃO DO PÓ DE RESÍDUO DE MANGANÊS EM MATRIZ CERÂMICA PARA REVESTIMENTO

DETERMINAÇÃO DA TENACIDADE À FRATURA EM COMPÓSITOS CERÂMICOS Si 3 N 4 SiC (w) UTILIZANDO OS MÉTODOS DE IMPRESSÃO VICKERS E BARRA ENTALHADA

SÍNTESE E CARCATERIZAÇÃO DE BETA FOSFATO TRICÁLCICO OBTIDO POR MISTURA A SECO EM MOINHO DE ALTA ENERGIA

3 Materiais e Métodos

PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS DE CERÂMICAS PARA OBSERVAÇÃO MICROESTRUTURAL

DESENVOLVIMENTO DE COMPÓSITO CERÂMICO AL 2 O 3 ZrO 2 REFORÇADA COM ÓXIDO DE TERRA RARA PARA SISTEMA DE ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE PETRÓLEO CRU.

EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DE REFORÇOS DE TITÂNIA NAS CARACTERÍSTICAS MICROESTRUTURAIS DE CERÂMICAS DE ALUMINA

DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS A BASE DE ALUMINA PARA USO EM BLINDAGEM

RESUMO. Palavras-chaves: Infiltração, nitreto de alumínio, óxido de alumínio, óxido misto de terras raras, carbeto de silício.

CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE METAL DURO WC-6Co (%massa) SINTERIZADO VIA SPS (SPARK PLASMA SINTERING)

INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO A PRESSÃO REDUZIDA NAS PROPRIEDADES ELÉTRICAS DO SISTEMA SnO 2 -TiO 2 -Co 2 O 3 -Ta 2 O 5 -Cr 2 O 3

EFEITO DO TEOR DE COBALTO NA SINTERIZAÇÃO DO COMPÓSITO CERÂMICO Al 2 O 3 - Co

SINTERIZAÇÃO EM MICRO-ONDAS DE CERÂMICAS DE ZIRCÔNIA ESTABILIZADA COM ÍTRIA SINTETIZADAS POR COPRECIPITAÇÃO

5. CARACTERIZAÇÃO POR MICROSCOPIA ELETRONICA DE TRANSMISSÃO E VARREDURA.

ESTUDO DE SINTERIZAÇÃO E PROPRIEDADES DE COMPÓSITOS DE MATRIZ DE ALUMINA REFORÇADOS COM NbC, TiC e TaC

CARACTERIZAÇÃO DE COMPÓSITOS SUPERABRASIVOS DE TiB2 UTILIZANDO AlN COMO LIGANTE*

INFLUÊNCIA DA ATMOSFERA NO COMPORTAMENTO DO LÍQUIDO DO SISTEMA Sm 2 O 3 /Al 2 O 3 NA SUPERFÍCIE DO CARBETO DE SILÍCIO.

AVALIAÇÃO DE CERÂMICA DENSA A BASE DE NITRETO DE ALUMÍNIO SINTERIZADA VIA SPS

MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DE COMPÓSITOS BIOATIVOS DE NITRETO DE SILÍCIO

ESTUDO DA DESAGLOMERAÇÃO E SINTERIZAÇÃO DE PÓS DE ALUMINA-TiC OBTIDOS POR MOAGEM REATIVA

Sinterização ultrarrápida por micro-ondas do compósito mulita-cordierita. (Microwave fast sintering of mullite-cordierite composite)

INFLUÊNCIA DA MICROESTRUTURA NAS PROPRIEDADES ELÉTRICAS DE LIGAS Al-Mg-Th E Al-Mg-Nb

SINTERIZAÇÃO DO AÇO RÁPIDO AO MOLIBDÊNIO AISI M3:2

GUILHERME AUGUSTO CANOSA FABIO MATUEDA. Caracterização de cerâmicas a base de nitreto de silício para aplicações estruturais

3URFHGLPHQWR([SHULPHQWDO

Metalurgia do Pó. Introdução

ANÁLISE MICROESTRUTURAL DE PÓ DE ALUMÍNIO SINTERIZADO OBTIDO PELA MOAGEM DE ALTA ENERGIA DE LATAS DE BEBIDAS

Engenharia e Ciência dos Materiais II. Prof. Vera Lúcia Arantes

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II (EM307) 2º Semestre 2005/ Sinterização

INFLUÊNCIA DA ADIÇÂO DE NbC NA SINTERIZAÇÂO POR METALURGIA DO PÓ DO BRONZE-ALUMÍNIO

OTIMIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE INCLUSÕES METÁLICAS EM COMPÓSITOS DO TIPO CERÂMICA-METAL RESUMO

EFEITO DA MOAGEM DE ALTA ENERGIA E DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO NA DENSIFICAÇÃO DE UM PÓ COMPÓSITO Nb-20%Cu

FABRICAÇÃO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ METÁLICA DA LIGA DE ALUMÍNIO AA1100 COM REFORÇO CERÂMICO DE ÓXIDO DE ZINCO ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE METALURGIA DO PÓ*

O Compósito ZrO 2 -Al 2 O 3 para Aplicação como Implante Odontológico

EFEITO DA VARIAÇÃO DE PRESSÃO NA ETAPA DE COMPACTAÇÃO DA LIGA FE-NI-MO NO PROCESSO DA METALURGIA DO PÓ.

SINTERIZAÇÃO DE WC-CO COM ATMOSFERA DE ARGÔNIO, PREPARADO EM MOINHO ATRITOR

Moagem Fina à Seco e Granulação vs. Moagem à Umido e Atomização na Preparação de Massas de Base Vermelha para Monoqueima Rápida de Pisos Vidrados

ESTUDO PRELIMINAR DA OBTENÇÃO DE ZIRCÔNIA ESTABILIZADA COM ÍTRIA VIA GÉIS DE AMIDO DE MILHO

Estudo da sinterização da zircônia dopada com óxidos de terras raras a 5 GPa de pressão. (Sintering of rare earth-doped zirconia under 5 GPa pressure)

ALUMINA COM ADIÇÕES DE NIÓBIA, SÍLICA E MAGNÉSIA PARA PROTEÇÃO BALÍSTICA*

23º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2018, Foz do Iguaçu, PR, Brasil

ESTUDO DO EFEITO DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO NA SINTERIZAÇÃO DE CAVACOS FERROSOS

PROPRIEDADES DOS AÇOS RÁPIDOS AISI M3:2 PRODUZIDOS POR METALURGIA CONVENCIONAL E TÉCNICAS DE METALURGIA DO PÓ

ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASES OCORRIDAS DURANTE OS PROCESSOS DE DEFORMAÇÃO E RECRISTALIZAÇÃO EM LIGAS DE Ti-Nb-Si.

ESTUDO COMPARATIVO DE AMOSTRAS SINTERIZADAS DE NiTi 1

Ciência dos Materiais II. Materiais Cerâmicos. Prof. Vera Lúcia Arantes

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE Ca NA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DO SrTiO3

ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS SINTERIZADOS DE AÇO FERRÍTICO REFORÇADO COM 3% DE WT DE TaC.

ESTUDO DA MICROESTRUTURA DE CERÂMICAS POROSAS DE ALUMINA A 1450ºC E 1550ºC

Avaliação da temperatura de sinterização em refratário de alta alumina com agregado de mulita e adição de zircônia

MATERIAIS DE CONSTRUÇÂO MECÂNICA II EM 307 TRABALHO PRÁTICO N.º 1. Observação e análise microscópica de diferentes tipos de materiais cerâmicos

SENSORES CERÂMICOS PARA MONITORAMENTO DE UMIDADE RELATIVA DO AR EM PLATAFORMAS DE COLETAS DE DADOS AMBIENTAIS (PCDS) DO INPE

OBTENÇÃO DE VITRO-CERÂMICOS DE CORDIERITA ATRAVÉS DA SINTERIZAÇÃO E CRISTALIZAÇÃO DE PÓS DE VIDRO

Transcrição:

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 1 INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE SIC NA MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DO COMPÓSITO α-sialon-sic C. A. Kelly 1,C. Santos 1, S. Ribeiro 1, J. V. C. Souza 2, O. M. M. Silva 3 E-mail: claudio@ppgem.faenquil.br 1 FAENQUIL-DEMAR, Pólo Urbo-Industrial, Gleba AI-6, s/n, Lorena, Cep. 12600-000 2 FEG-UNESP, Av. Dr. Ariberto Ferreira da Cunha, 333, Guaratinguetá-SP, Cep. 12516-410 3 CTA-IAE/AMR, Pça Marechal do Ar Eduardo Gomes, 50, S. J. Campos-SP, Cep. 12228-904 RESUMO Neste trabalho a influência da quantidade de SiC nos resultados de propriedades mecânicas e microestrutura do compósito α-sialon-sic foi avaliada. Foi utilizada uma mistura de AlN-CTR 2 O 3 (9:1 % mol) como aditivo, com objetivo de obter α-sialon como matriz. Nos compósitos de α-sialon-sic desenvolvidos nesse trabalho, as quantidades de SiC variaram de 0 20 % em peso. As misturas de pós foram homogeneizadas, e em seguida submetidas a prensagem uniaxial e isostática a frio. Os compactos foram sinterizados a 1950 o C durante 1h sob 1MPa N 2, em forno com elemento resistivo de grafite. Uma diminuição nos valores de microdureza Vickers e tenacidade a fratura são observados em amostras com quantidades superiores a 10% de SiC. As análises de fases obtidas por difração de raios X e microscopia eletrônica de varredura (MEV) indicaram a presença de α-sialon e β- SiC, como fases principais. Palavras-chaves: α-sialon, β-sic, compósitos, microdureza Vickers, tenacidade a fratura, microestrutura. 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, um grande número de pesquisas vem sendo realizado, com o objetivo de explorar e conciliar as excelentes propriedades das cerâmicas de nitreto de silício (Si 3 N 4 ) e carbeto de silício (SiC), visando a aplicações estruturais, principalmente em altas temperaturas (1-4).

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 2 A adição de SiC na forma de placas ou whiskers, faz-se necessário devido principalmente a redução da resistência a fratura do Si 3 N 4 a temperaturas acima de 1200 o C, como conseqüência do amolecimento e fluxo viscoso da fase de contorno de grão (1,4-13). Nas pesquisas realizadas sobre compósito de Si 3 N 4 -SiC, tem sido mostrado a grande influência do SiC (placas, whiskers ou fibras) em relação as alterações microestruturais causadas a matriz de Si 3 N 4, atingindo de maneira direta as propriedades mecânicas como dureza, tenacidade a fratura, resistência a ruptura entre outras (5-9,11,13). O aumento da porosidade e a diminuição da taxa de crescimento dos grãos na matriz de Si 3 N 4 em função do aumento da quantidade de SiC nos compósitos Si 3 N 4 - SiC, são algumas das alterações microestruturais observadas nos recentes estudos referentes a este compósito. O SiC afeta substancialmente a taxa de densificação, por meio da inibição do rearranjo dos grãos, o qual ocorre pelo processo de soluçãoreprecipitação (5,6,13). Com objetivo de contribuir para o conhecimento e desenvolvimento tecnológico, esse trabalho foi proposto visando analisar a influência da quantidade de SiC nas variações microestruturais e suas conseqüências nas propriedades mecânicas do compósito em questão. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Materiais As matérias primas utilizadas foram: Si 3 N 4 de alta pureza (H.C.Starck- Alemanha), β-sic tipo Grade BF-12 da H. C. Starck, AlN tipo Grade C (fine) da HCST, CTR 2 O 3 (óxido misto de ítrio e terras raras) produzido no DEMAR- FAENQUIL, nitrogênio (N 2 ) tipo B50, da Air lliquid Brasil S/A. 2.2. Métodos Para o desenvolvimento deste trabalho foram preparadas cinco misturas cujas composições e densidade relativa a verde dos compactos, estão listadas na Tabela I.

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 3 Código das amostras Tabela I Composição e densidade relativa a verde das amostras. Composição (% em peso) Densidade relativa a verde (% D.T.) Si 3 N 4 β-sic AlN CTR 2 O 3 A-SNCA20 0 58,90 ± 0,20 B-SNCA20 5 58,27 ± 0,12 C-SNCA20 75,30 10 13,52 11,18 59,36 ± 0,52 D-SNCA20 15 57,91 ± 0,06 E-SNCA20 20 58,45 ± 0,17 Obs: A mistura SNCA20 era uma mistura pronta, a qual somente foram adicionadas diferentes quantidades de β-sic. As misturas de pós (SNCA20 + β-sic) foram homogeneizadas via úmido, em moinho planetário de bolas por 2h, a 1000 rpm, em meio álcool etílico. Em seguida as suspensões foram secas em filtro à vácuo e em estufa a 100 o C. Posteriormente, os pós foram peneirados e compactados em prensa uniaxial a 30 MPa e isostaticamente a 300 MPa. Após compactação as amostras em forma de pastilhas apresentavam dimensões de 15 mm de diâmetro e 5 mm altura. Anterior a sinterização, as amostras foram envolvidas em leito de pó constituído de 70% Si 3 N 4 + 30 % BN e acondicionadas em cadinho de grafite. As sinterizações foram realizadas em forno ASTRO da Thermal Technology, tipo 1000-4560-FP-20, nas condições apresentadas na Tabela II. Tabela II Condições em que foram realizadas as sinterizações. Código das amostras A-SNCA20 B-SNCA20 C-SNCA20 D-SNCA20 E-SNCA20 Condições de Sinterização Temp. amb. 1400 o C (25 o C/min) Em 1400 o C injeção de 0,1 MPa N 2 1400 o C - 1750 o C (0,1 MPa N 2, 25 o C/min) 1750 o C injeção de 1 MPa N 2 e isoterma de 0,5h 1750 o C - 1950 o C (1 MPa N 2, 10 o C/min) 1950 o C isoterma de 1h 1950 o C Temp. amb. (inércia do forno). As massas específicas das amostras sinterizadas foram determinadas pelo método de Arquimedes e as perdas de massas determinadas pela medida de massas antes e após sinterização. Para caracterização microestrutural e mecânica,

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 4 as amostras foram lixadas e polidas com pasta de diamante até granulometria de 1µm. O polimento das amostras foi realizado em politriz automática tipo IGAN WURTZ, mod. PHOENIX 4000. As observações microestruturais foram realizadas após ataque químico das superfícies, utilizando KOH:NaOH (na proporção 1:1) em temperatura de 500 0 C, por 3 minutos. Os ensaios de microdureza foram realizados em microdurometro tipo MICROMET 2004 da BUEHLER, utilizando carga de 2kgf e tempo de indentação de 30 segundos, a partir do qual determinou-se a tenacidade a fratura do material, utilizando a equação (A) (14). K IC = 0.16(E/H) 1/2.F.b -3/2 (A) Em que: K IC = tenacidade a fratura [MPa.m 1/2 ]; E = módulo de elasticidade do material [GPa]; Hv = microdureza Vickers [GPa]; b = tamanho da trinca [µm] e F = carga ao corpo de prova [N]. Os valores de tenacidade à fratura foram corrigidos, considerando a influência da porosidade no crescimento e propagação das trincas durante indentação, segundo a equação (B) (14). K IC = K IC0. e -bp (B) Onde K IC = tenacidade a fratura real do material [MPa.m 1/2 ]; K IC0 = tenacidade à fratura medida pela indentação; b = constante de proporcionalidade (β-si3n4 = 7,1) (14) ; P = porosidade do material. As análises das fases presentes foram determinadas por difração de raios X, usando radiação Cu-Kα. Foi utilizada velocidade de varredura de 0,02 o /segundo. As fotomicrografias das amostras sinterizadas foram obtidas mediante uso de microscópio eletrônico de varredura (MEV), utilizando-se elétrons secundários. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Densidade relativa e perda de massa Os resultados de densidade relativa e perda de massa das amostras sinterizadas são mostrados na Figura 1.

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 5 98 3,6 96 3,4 Densidade relativa (% D.T.) 94 92 90 88 86 84 82 Densidade relativa Perda de massa 3,2 3,0 2,8 2,6 Perda de massa (%) 80 2,4 78 0 5 10 15 20 % β-sic (% em peso) Figura 1 Densidade relativa e perda de massa das amostras sinterizadas. Uma diminuição da densidade relativa e o aumento da perda de massa dos compósitos em função do aumento da quantidade de SiC, na matriz cerâmica, são observados. Tal comportamento é explicado devido ao fato de que a adição de SiC inibe o rearranjo, e o subseqüente processo de solução-reprecipitação dos grãos da matriz cerâmica (SiAlON) na fase líquida [5,6,13]. 3.2. Difração de raios X das amostras sinterizadas Os resultados de difração de raios X das amostras sinterizadas são mostrados na Figura 2. Figura 2 Difratogramas de raios X das amostras sinterizadas

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 6 Nessa Figura, somente as fases α-sialon e β-sic são identificadas, indicando que grande parte da fase intergranular foi consumida na formação de α-sialon durante a sinterização, e a fase intergranular remanescente manteve-se provavelmente amorfa. É notado que a intensidade do pico principal da fase β-sic (2θ = 35,6 0 ) aumenta com aumento da quantidade de SiC, no compósito em estudo, sem nenhuma transformação β α SiC. 3.3. Microscopia Eletrônica de Varredura das amostras sinterizadas As fotomicrografias das amostras sinterizadas são mostrados na Figura 3. Uma observação comparativa entre as micrografias mostradas na Figura 3 indica que a adição de SiC na mistura Si 3 N 4 -AlN-Y 2 O 3 leva a inibição do crescimento dos grãos alongados de SiAlON durante a sinterização. Na amostra sem adição de SiC (Figura 3a) observa-se a presença de grãos alongados e com considerável razão de aspecto (relação: comprimento/diâmetro). Com aumento da quantidade de SiC (Figuras 3b a 3e), uma redução da razão de aspecto e do tamanho médio dos grãos tem sido observado. Esse fenômeno é explicado pela redução da fase líquida e aumento de SiC presente no sistema. Um dos motivos da redução da fase líquida, é a incorporação de Al, O e Y na estrutura do Si 3 N 4 para formação de uma solução sólida, resultando numa redução considerável da densificação do material, conforme observado na Figura 1. O aumento de SiC inibe o rearranjo dos grãos α SiAlON, pois parte do líquido remanescente é espalhado na superfície das partículas de SiC, a qual não sofre transformação de fase, conforme observado na Figura 2. Desta maneira, a redução da fase líquida e aumento da quantidade de SiC, desfavorece o crescimento dos grãos α (α SiAlON) durante a transformação α α, inibindo a taxa de crescimento no eixo c, com predominância de grãos menores e de baixa razão de aspecto, obtidos durante sinterização.

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 7 Figura 3 Microestrutura dos compósitos SiAlON-SiC : a) 0% Sic, b)5% SiC; c) 10%SiC; d) 15%SIC; e) 20%SiC. 3.4. Tenacidade a fratura e microdureza Vickers Os resultados de tenacidade a fratura e microdureza Vickers das amostras sinterizadas são apresentados na Figura 4. O comportamento à dureza dos materiais compósitos desenvolvidos nesse trabalho é função direta dos resultados apresentados anteriormente, os quais

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 8 indicam grande influência da quantidade de SiC. Aumentando o teor de SiC, que por sua vez apresenta dureza maior que os SiAlONs, era de se esperar que os valores de dureza fossem maiores. Porém, devido ao grau de porosidade das amostras, é observado para materiais com quantidades acima de 10% de SiC, uma redução considerável da dureza. Com um nível de poros entre 8% e 20% para as amostras com mais de 10% de SiC, o volume de material resistente aos esforços compressivos de indentação fica reduzido, assim a dureza do material reduz drasticamente. 20 8 7 HV (GPa) 16 12 8 HV K IC 6 5 4 3 KIC (MPa.m1/2 ) 4 2 0 5 10 15 20 % β-sic (% em peso) 1 Figura 4 Microdureza Vickers e tenacidade à fratura das amostras sinterizadas. Os aspectos microestruturais e o nível de porosidade foram os principais fatores a serem considerados nos resultados de tenacidade à fratura. O aumento de SiC no material reduz a densificação, além disso uma quantidade cada vez menor de grãos de SiAlON alongados são produzidos. Esses aspectos microestruturais diminuem os efeitos tenacificantes de mecanismos tais como: ponte e deflexão de trincas, nos compósitos em estudo. CONCLUSÕES Nos compósitos de SiAlON-SiC desenvolvidos neste trabalho, verificou-se a formação de α-sialon e β-sic, como fases cristalinas, em todas as misturas analisadas.

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 9 O aumento da quantidade de SiC nos compósitos estudados, promove uma diminuição na densificação, principalmente para amostras com quantidades de SiC acima 10 % em peso, onde é observado uma queda brusca dessa propriedade. O aumento da porosidade é refletido diretamente nos resultados de dureza e tenacidade a fratura, os quais estão intimamente ligados a microestrutura, que também é influenciada pelo aumento da quantidade de SiC, que inibe o crescimento de grãos da matriz (α-sialon) diminuindo a razão de aspecto do mesmo durante processo de sinterização. AGRADECIMENTOS - A CAPES pelo apoio financeiro. - Claudinei dos.santos (Processo n 0 01/08682-6) agradece à FAPESP, pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. W. Dressler, R. Riedel, Int. Of Refractory Metals and Hard Materials, 15, (1997), p. 13. 2. H. Kaya, Composites Science and Technology, 59, (1999), 861. 3. C. G. Papakonstantinou, P. Balaguru, R. E. Lyon, Composites: Part B, 32, (2001) 637. 4. M. Poorteman, P. Descamps, F. Cambier, M. Plisnier, V. Canonne, J. C. Descamps, J. Euro. Ceram. Soc., 23, (2003), 2361. 5. P. Greil, G. Petzow, H. Tanaka, Ceram. Int., 13, (1987), 19. 6. A. Bellosi, G. De Portu, Mat. Sci. Eng., A109, (1989), 357. 7. K-T. Hwang, C-S. Kim, K-Ho Auh, D-Soo Cheong, K. Niihara, Mat. Let., 32, (1997), 251. 8. M. Herrmann, C. Schuber, A. Rendtel, H. Hübner, J. Am. Ceram. Soc., 81 (5), (1998), 1095. 9. M Poorteman, P. Descamps, F. Cambier, A. Poulet, J. C. Descamps, J. Euro. Ceram. Soc., 19, (1999), 2375. 10. S. A. Baldacim, C. A. A. Cairo, C. R. M. Silva, J. Mat. Proc. Tech., 119,

28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 10 (2001), 273. 11. M. Panneerselvam, K. J. Rao, Bull. Mater. Sci, 25 (7), (2002), 593. 12. Y-H. Koh, H-W. Kim, H-Ee Kim, Scripta Materialia, 44 (2001), 2069. 13. J-F. Yang, T. Ohji, T. Sekino, C-L. Li, K. Niihara, J. Euro. Ceram. Soc., 21, (2001), 2179. 14. R. R. F. Silva, Cinética de Sinterização e Desgaste de Pastilhas de Corte do Sistema Si 3 N 4 -CeO 2 -AlN. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1992. 357 p. Tese de Doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais. INFLUENCE OF SiC AMOUNT IN THE MICROSTRUCTURE AND MECHANICAL PROPERTIES OF THE α-sialon SiC COMPOSITE ABSTRACT In this paper the influence of SiC amount in the mechanical properties and microstrucrure of the α-sialon-sic composite was analysed. The AlN:CTR 2 O 3 (9:1 mol %) mixture was used as additive, with objective of to obtain α-sialon as matrix. In α-sialon-sic composites developed in this paper, the SiC amount varied of 0 20 wt %. The powder mixtures were homogeneized, then submitted the uniaxial and cold isostatic pressing. The compacts were sintered at 1950 o C for 1h under 1 MPa N 2 in furnace with graphite resistive element. A decrease in the microhardness and fracture toughness are observed in samples with amounts upper to 10 wt % of SiC. The phases analyses obtained by X-ray diffraction and Scanning Electron Microscopy (SEM) indicated the presence α-sialon and β-sic, as main phases. KEYWORDS: α-sialon, β-sic, composites, Vickers microhardness, fracture toughness, microstructure.